Martin Luther King (1929-1968) é um mártir dos direitos civis dos negros em todo o mundo, um líder que “teve a força de amar aqueles que jamais puderam o amar de volta”. Pastor protestante e ativista político estadunidense que pregava a não violência, ele foi assassinado em 4 de abril de 1968 no auge do movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos. Era um tempo de Malcolm X, dos Panteras Negras e, em especial, de Martin Luther King.
Herói que lutava contra a segregação racial norte-americana, o personagem era também humano e cheio de contradições. E esse viés é explorado na dramaturgia da norte-americana Katori Hall, no espetáculo O Topo da Montanha. Lázaro Ramos defende o personagem icônico (e também divide a direção com Fernando Philbert) e Taís Araújo interpreta a camareira Camei. A peça faz uma única sessão neste sábado (29 de abril de 2017) no Teatro Guararapes, numa produção local da Art Rec Produções.
Mesmo abordando um episódio de quase 50 anos, O Topo da Montanha traz um apelo atual ao explorar temas como genocídio da juventude negra e racismo. Mas o espetáculo também mostra quanto as mulheres negras são incríveis nesse mundo que insiste em colocá-las no papel de mula do mundo.
O Topo da Montanha toca na invisibilização das mulheres negras que são mortas ou têm seus filhos assassinados ainda hoje pela polícia e o poder público rechaça o genocídio. Mas também exalta a força feminina.
Em Memphis, no estado americano do Tennessee, na Igreja de Mason, no dia 3 de abril de 1968, Luther King terminou seu último discurso I’ve been to the Mountaintop, em que apoiou uma greve de lixeiros e reforçou seu posicionamento contrário ao recurso da violência na defesa de qualquer direito. Nesse cenário, um dia antes de seu assassinato cometido na sacada do Hotel Lorraine, do quarto 306, se passa a encenação.
A peça de Katori ficciona os pensamentos e ações do líder negro, exausto das preocupações, naquele quarto de hotel sozinho, cansado, com vontade de tomar um café e fumar um cigarro. Uma funcionária leva café até o quarto, os dois flertam e travam uma conversa. O embate verbal com a camareira evidencia os buracos do discurso pacifista. E Camea expõe razões opostas ao de King, em defesa da violência. As falas dela estão repletas de chistes e ironia.
A dramaturga desconstruiu em sua obra fictícia a imagem de homem perfeito e ressalta as incoerências e pequenas falhas do seu protagonista, que o tornam maior. No jogo de provocações, Camae mostra que o reverendo é humano como qualquer outro, apesar de suas qualidades. E como na música de Chico Buarque pode ter pereba, marca de bexiga ou vacina, tem lombriga ou ameba e faz pecado, e no seu caso está em tentação no desejo de trair a mulher.
A peça de Katori estreou em Londres, em 2009. Ganhou versão na Broadway, em 2011, com Samuel L. Jackson, no papel de Martin Luther King, e Angela Bassett. No Brasil, O Topo da Montanha ficou em temporada por quase um ano em São Paulo, e passou por teatros em Campinas, Curitiba, Belo Horizonte, Salvador e Ribeirão Preto.
Ficha Técnica
Texto: Katori Hall
Direção: Lázaro Ramos
Codireção: Fernando Philbert
Tradução: Silvio Albuquerque
Consultoria Dramatúrgica: Angelo Flávio
Assistência de direção:Thiago Gomes.
ElencoLázaro Ramos eTaís Araújo
Voz Inicial da Mãe de Martin Luther king: Léa Garcia
Preparação vocal:Edi Montecchi
Cenografia:André Cortez
Assistência de Cenografia: Carmem Guerra
Construção Cenário: Ono Zone Estúdio/ Fernando Bretas e Waldir Rosseti
Iluminação de Walmyr Ferreira
Assistência de Iluminação: Marcos Freire
Figurinos:Teresa Nabuco
Trilha sonora: Wladimir Pinheiro
Desenho de Som: Laércio Salles
Projeções: Rico Vilarouca e Renato Vilarouca
Fotos de estúdio: Jorge Bispo
Fotos de cena: Valmyr Ferreira e Juliana Hilal
Projeto gráfico: Dorotéia Design, Adriana Campos e Tamy Ponczyk
Revisão: Regina Stocklen
Assessoria de imprensa: Antonio Trigo
Comunicação para Web de Urgh.us
Direção, edição e imagens dos vídeos para Internet: Thiago Gomes
Serviços de camareira de Solange Carneiro
Contraregragem: Fabiano Motomoto
Operação de luz: Kadu Moratori
Operação de som e projeção: Fernando Castro
Serviços técnicos de projeção: Bruno Mattos
Supervisão técnica de projeção: Alexandre Bastos – Novamídia
Assistência técnica e de produção: Igor Dib
Assistência de administração:Jandy Vieira
Administração Lei Rouanet:Thiago Oliveira
Produção executiva e administração: Viviane Procópio
Administração geral: André Mello
Direção de produção: Radamés Bruno
Produção:BR Produtora
Produtores associados:André Mello, Lázaro Ramos;Taís Araújo
Lei Federal de Incentivo à Cultura
Patrocínio:Porto Seguro Seguros
Transportadora Oficial:Avianca
Realização:Sesc, Ministério da Cultura, Governo Federal – Brasil Pátria Educadora
SERVIÇO
O Topo da Montanha
Dia 29 de abril (sábado), às 21h
Teatro Guararapes – Centro de Convenções de Pernambuco
Informações: (81) 3182.8020
Duração: 90 minutos
Classificação: 12 anos
Gênero: Comédia dramática
Ingressos:
Plateia: R$ 90 (inteira) e R$ 45 (meia)
Balcão: R$ 70 (inteira) e R$ 35 (meia)
* À venda na bilheteria do teatro (segunda a sexta, das 9h às 17h; sábado, das 9h às 13h), loja da Ticketfolia e www.eventim.com.br