O ator e diretor Jérôme Savary morreu ontem à noite, de câncer de laringe que se generalizou, aos 70 anos, no hospital franco-britânico Levallois-Perret (Hauts-de-Seine), no subúrbio de Paris.
A família fez o anúncio nesta terça-feira.
O que os jornais franceses dizem é que o fundador do Grand Magic Circus, que dirigiu também o Centre Dramatique de Montpellier, Chaillot, l’Opéra-Comique, nunca perdeu a sua verve e inventividade. Jérôme Savary reinventou o teatro de rua e encantou gerações de crianças e adultos em todo o mundo com sua banda The Magic Circus.
Ele nasceu em Buenos Aires, na primavera de 1942. Mas foi na França que Jérôme Savary encontrou seu caminho em 1965, fundando sua primeira empresa, a Phoenix que breve se tornaria o Grand Magic Circus. Filho de um francês e de uma norte-americana, ele era partidário da democratização do teatro. Investiu em encenações vanguardistas de autores clássicos, comédias musicais, adaptações de textos de Julio Verne, assim como dos quadrinhos de Asterix.
Esteve a frente de encenações como D’Artagnan (1988), Le Bourgeois Gentilhomme (1989), Sonho de uma Noite de Verão (1990), Fregoli (1991), Os arruaceiros (1992), Noite de Reis (1992), A Megera Domada (1993), Aruro Ui (1994), Pierre Dac, meu mestre 63 (1994) e os musicais Zazou (1990 ) e Marilyn Montreuil (1991). Além de Bye Bye Show Biz, (1985), Cyrano de Bergerac, de 1983, A Mulher do Padeiro, em 1985, e os musicais A história da porco que queria perder peso para caber Cochonette, em 1984, As Aventuras de porco na Amazônia, em 1985, Cabaret, em 1987 e The Legend of Jimmy, em 1990.
Montou óperas em toda a Europa: em La Scala, em Milão (Anacreon ou Amor fugaz, 1983), Festival de Bregenz, Áustria (A Flauta Mágica em 1985, Contos de Hoffman em 1988, Carmen, em 1991), Varsóvia (O Barbeiro de Sevilha, em 1992) e o Grand Théâtre de Genève ( Perichole em 1982, A Viúva alegre em 1983, A viagem Lua em 1985, La Vie Parisienne, em 1990).
O professor e encenador Antonio Cadengue lembra, em sua conta do Facebook, que Jérôme Savary trouxe ao Recife, no Teatro Santa Isabel, pelos idos dos anos 1980, “um espetáculo inimaginável pelo tom onírico e pela graça, quase circunspecta. Talvez, entre os brasileiros que tenham cultivado seu legado, ao seu modo, tenha sido Cacá Rosset. É uma perda para os que o admiravam. É o teatro que, agora, se entristece”.
A professora e pesquisadora Deolinda Vilhena, especialista em cultura francesa também postou na sua página o comunicado do prefeito de Paris, Bertrand Delanoë, sobre a morte de Jérôme Savary. “A isso eu chamo de ‘avoir la classe’, ter classe é isso, o resto é besteira…”, reforça Deolinda.
Igualzinho no Brasil, não é? Os artistas de teatro têm muito prestígio…
Abaixo o comunicado do prefeito de Paris Bertrand Delanoë
“Recebo com emoção a morte de Jérôme Savary, uma figura-chave da vida cultural francesa durante quase 50 anos. Por sua audácia, impertinência, seu talento para a inovação, a sua generosidade, sua insaciável sede para o show, ele tem uma renovação permanente de criação. Defensor da democratização cultural, ele ofereceu inesquecíveis performances ao público.
No cruzamento da música, teatro, cinema, sala de música e ópera, a carreira parisiense e internacional, que influenciou gerações de artistas e plateia. O nascimento do Magic Circus na direção da Opéra Comique, por meio da liderança forte do Teatro Nacional de Chaillot, inaugurado em “caixas de sonho” Paris encantamento infinito potencial.
Eu também mantenho boas recordações do espetáculo “Liberdade Liberdade” grande dança popular criada há 60 anos da libertação de Paris, onde ele foi capaz de unir os parisienses e reviver a alegria que tomou a capital 25 de agosto de 1944.
Em nome de Paris e em meu nome pessoal, dirijo as minhas condolências à sua família e entes queridos”.