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O caráter traça destino de Macbeth

6D ©Joao Caldas Fº

Thiago Lacerda no papel de Macbeth. Foto: João Caldas Filho

Uma das características da montagem de Ron Daniels com Thiago Lacerda no papel de Macbeth é a clareza, a transparência do processo de contaminação do mal por uma figura até então aclamada como virtuosa.  Os poderes sombrios rondam e o protagonista debate-se para cometer o monstruoso crime. Essa falha humana atravessa o palco na danação desse homem que vendeu sua alma. Com mais maturidade do que em Hamlet, também dirigido por Daniels, Thiago Lacerda, ergue um general que retorna da guerra atiçado em sua ambição perversa de se tornar rei. Sua atuação vai num cromatismo do grande homem ao diabólico. A tradução e adaptação feitas por Daniels e Marcus Daud, mais coloquial, foca no protagonista.

O espetáculo integra o  Repertório Shakespeare, composto pelas encenações de Macbeth e Medida por Medida, de William Shakespeare, em cartaz no Teatro RioMar. O projeto dá sequência à parceria entre o diretor Ron Daniels e o ator Thiago Lacerda após a montagem de Hamlet. Montar Shakespeare – uma tragédia e uma comédia – já é um arrojo de produção. E viajar com as montagens – com uma equipe de 25 pessoas – uma demonstração de paixão pelo teatro.

Ao voltar da guerra, os generais Macbeth e Banquo (Marcos Suchara) ouvem de três criaturas uma profecia: o primeiro se tornará rei e o segundo será pai de muitos reis. Banquo reconheceu o mal em si mesmo e resistiu. Os sentimentos de ambição inflamam Macbeth, que até pensa em desistir da ideia de matar o rei da Escócia, mas é incitado a seguir em frente por Lady Macbeth. Um série de assassinatos são cometidos para encobrir o crime inicial.

A maquiavélica Lady Macbeth destila crueldade; vai do controle da falsidade ao descontrole. A atriz desliza com elegância pelos humores da personagem que se torna sonâmbula e passa a lavar incessantemente as mãos para tirar manchas imaginárias de sangue. Lady Macbeth se suicida sem que ninguém se importe.

O abuso de poder em Macbeth leva ao delírio e à alucinação, destacado em cenas como a da visão do espectro de Banquo.

É bom ouvir a clareza com que Lacerda diz suas falas, cada significado. Seus solilóquios revelam a natureza do combate interno que enfrenta. Ele mostra a degradação total do ser humano, que se deixa influenciar por forças sinistras e decide, com seu livre arbítrio, pelo mal. Lady Macbeth também expressa seu texto com força. Mas algumas frases, das bruxas e de outros personagens não eram bem entendidas da plateia alta, e não sei se por uma opção da direção de criar distorções e ruídos.

A cenografia de André Cortez, com os painéis de Alexandre Orion – inspirada no quadro Operários (Tarcila do Amaral) – e  cortinas de tiras transparentes, ganha impacto no decorrer da peça, ao virar um mural com caveiras. O efeito está vinculado à luz de Fábio Retti.

O figurino é escuro e acinzentado, mas é reservado para Lady Macbeth um vestido vermelho, anúncio do trono de sangue, da paixão.

O caráter é o destino de Macbeth.

É um espetáculo forte, intenso. Que tem um bom ritmo, mas dilata em algumas cenas.

FICHA TÉCNICA

Com Ana Kutner, André Hendges, Fábio Takeo,  Felipe Martins, Lourival Prudêncio, Lui  Vizotto, Luisa Thiré, Marco Antônio Pâmio, Marcos Suchara, Rafael Losso, Stella de Paula, Sylvio Zilber, Thiago Lacerda

Texto: William Shakespeare
Tradução: Marcos Daud e Ron Daniels
Concepção e Direção: Ron Daniels
Curadoria Artística: Ruy Cortez
Instalação cênica – Painéis: Alexandre Orion
Instalação cênica – Cenografia: André Cortez
Figurinos: Bia Salgado
Desenho de Luz: Fábio Retti
Composição e trilha original: Gregory Slivar
Diretor assistente: Gustavo Wabner
Preparação corporal e direção de movimento: Sueli Guerra
Coordenador de ação: Dirceu Souza
Visagismo: Westerley Dornellas
Preparação vocal: Lui Vizotto
Preparação de luta: Rafael Losso
Cenotécnica: Fernando Brettas | Onozone Studio
Figurinistas assistentes: Alice Salgado e Paulo Barbosa
Indumentária e adereços: Alex Grilli e Ivete Dibo
Costureiras: Francisca Lima Gomes e Marenice Candido de Alcantara
Camareiras: Conceição Telles e Regina Sacramento
Projeto de sonorização: Kako Guirado
Operador de som: Renato Garcia
Operadora de luz: Kuka Batista
Diretor de palco: Ricardo Bessa
Edição de texto: Valmir Santos
Foto de cena: João Caldas
Foto do processo – Still: Adriano Fagundes
Design Gráfico: 6D
Assessoria de Imprensa | SP: Adriana Monteiro
Assessoria de Imprensa | RJ: Vanessa Cardoso
Relações institucionais: Guilherme Marques e Rafael Steinhauser
Administração: Flandia Mattar
Assistente administrativa: Mara Lincoln
Assistência de produção: Claudia Burbulhan, Diego Bittencourt, Marcele Nogueira e
Paulo Franco
Produção Executiva: Luísa Barros
Direção de Produção: Érica Teodoro
Produção: CIT-Ecum, TRL e Pentâmetro
Realização: Sesc, CIT-Ecum, TRL e Pentâmetro

ELENCO – PERSONAGENS

Thiago Lacerda: Angelo (Medida por Medida), Macbeth (Macbeth)

Marco Antônio Pâmio: Duque (Medida por Medida), Macduff (Macbeth)

Luisa Thiré: Isabella (Medida por Medida), Lady Macbeth (Macbeth)

Sylvio Zilber: Éscalo (Medida por Medida), Duncan e Velho Seward (Macbeth)

Marcos Suchara: Lucio (Medida por Medida), Banquo (Macbeth)

Lourival Prudêncio: Pompeu (Medida por Medida), Sargento, Porteiro e Doutor (Macbeth)

Felipe Martins: Cotovelo e Barnabé (Medida por Medida), Feiticeira, Mensageiro, Assassino (Macbeth)

Ana Kutner: Mariana, Freira (Medida por Medida), Feiticeira, Lady Macduff, Enfermeira (Macbeth)

Rafael Losso: Claudio (Medida por Medida), Malcolm (Macbeth)

André Hendges: Superintendente (Medida por Medida), Ross e Oficial (Macbeth)

Fabio Takeo: Frei Thomas, Guarda + Franchão (Medida por Medida), Lennox (Macbeth)

Stella de Paula: Julieta, A Sra. Bem-passada (Medida por Medida), Feiticeira, Fleance e Mensageiro Branquela (Macbeth)

Lui Vizotto: Lelé, Guarda, Frei Pedro (Medida por Medida), Donalbain, Assassinos, filho de Macduff (Macbeth)

Lei Federal de Incentivo à Cultura
Realização: Opus Promoções e Ministério da Cultura, Governo Federal – Brasil, Ordem e Progresso

SERVIÇO
Macbeth: dia 8 de julho (sexta), às 21h30 e 9 de julho (sábado), às 18h
Duração: 1h40
Classificação: 14 anos
Gênero: tragédia
Medida por Medida: dia 9 de julho (sábado), às 21h
Duração: 1h50
Classificação: 14 anos
Gênero: comédia

Teatro RioMar Recife: Av. República do Líbano, 251, 4º piso – RioMar Shopping
www.teatroriomarrecife.com.br

Ingressos:
Balcão Nobre: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia)
Plateia Alta: R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia)
Plateia Baixa: R$ 110 (inteira) e R$ 55 (meia)

Canais de vendas oficiais: bilheteria do Teatro RioMar Recife (terça a sábado, das 12h às 21h, e domingos e feriados, das 14h às 20h)
Vendas online: www.ingressorapido.com.br
Televendas: 4003-1212

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Duas facetas do poder em Shakespeare

Thiago Lacerda interpreta o usurpador Macbeth, na tragédia do bardo inglês. Foto: João Caldas Filho

Thiago Lacerda interpreta o usurpador Macbeth, na tragédia do bardo inglês. Foto: João Caldas Filho

O personagem Duque, da comédia Medida por medida, de William Shakespeare, desafia: “Vamos ver se o poder muda com os homens ou os homens com o poder”. Na volta triunfante da guerra, o general Macbeth se depara com três criaturas misteriosas, videntes, que profetizam que Macbeth será rei. Ao saber do vaticínio, a ambiciosa Lady Macbeth atiça seu marido a matar o rei Duncan, da Escócia. Com a descoberta do crime, os filhos de Duncan, Malcolm e Donalbain, sentindo-se ameaçados, fogem e Macbeth é coroado.

“O tempo está fora dos eixos (The time is out of the joint)”, detecta Hamlet, o príncipe da Dinamarca. Essa ruptura na regra no caso de Macbeth pelo golpe, pela usurpação do poder produz instabilidade. A política pode adquirir uma ação devastadora no mundo. O poder se torna uma armadilha. O poder aciona uma força descomunal, de dimensão trágica. Na tirânica gestão de Macbeth, a política se transforma no reino do horror.

O projeto Repertório Shakespeare chega ao Recife para duas apresentações da tragédia Macbeth na sexta (8), às 21h30, e no sábado (9), às 18h. E da comédia Medida por Medida, no sábado (9), às 21h, no Teatro RioMar Recife.

O programa é assinado pelo brasileiro Ron Daniels, (nascido Ronaldo Daniel) diretor honorário da Royal Shakespeare Company, e que carrega no currículo mais de 40 montagens do dramaturgo inglês, na Europa, Japão e Estados Unidos. Daniels é um dos fundadores do Teatro Oficina. Em 2012, encenou Hamlet, com Thiago Lacerda no papel principal.

O mesmo elenco, de 13 atores, se reveza nas duas peças. As montagens também usam o mesmo cenário, assinado por André Cortez, e que contam com um painel no fundo do palco composto por caras de pessoas, criado por Alexandre Orion.

Escritas no século XVI, as peças parecem que falam do Brasil de hoje. Ela expõe sentimentos e questões que atravessam os tempos e as geografias. Traição, luta pelo poder, ambição, amor, ódio, corrupção, dilemas éticos e morais nas esferas pública e privada, afetos ao extremo.

Macbeth, o tirano temido e cruel, vive atormentado por fantasmas de arrependimento, assustado e vigilante contra possíveis ataques. O enigma da maldade ganha escala altíssima e o ser humano se debate com pulsões violentas e selvagens. As traduções são assinadas pelo diretor em parceria com Marcos Daud e imprimem um tom mais coloquial ao texto.

Medida por medida. Foto: Joao Caldas Fº

Medida por medida. Foto: Joao Caldas Fº

Já em Medida por medida o território é de paz, mas mergulhado em corrupção e imoralidades. O Duque resgata uma antiga lei para punir os abusos. Mas transfere a missão para seu vice, o conselheiro moralista Angelo, interpretado por Thiago Lacerda. O Duque se afasta do poder, mas se disfarça de frei para fiscalizar tudo à distância.

Com Luisa Thiré e Marco Antônio Pâmio nos papéis principais, a obra começa com fantasias carnavalescas e balões de festa e depois de percorrer bordeis e as entranhas políticas sinaliza com esperança no final.

FICHA TÉCNICA

Com Ana Kutner, André Hendges, Fábio Takeo,  Felipe Martins, Lourival Prudêncio, Lui  Vizotto, Luisa Thiré, Marco Antônio Pâmio, Marcos Suchara, Rafael Losso, Stella de Paula, Sylvio Zilber, Thiago Lacerda

Texto: William Shakespeare
Tradução: Marcos Daud e Ron Daniels
Concepção e Direção: Ron Daniels
Curadoria Artística: Ruy Cortez
Instalação cênica – Painéis: Alexandre Orion
Instalação cênica – Cenografia: André Cortez
Figurinos: Bia Salgado
Desenho de Luz: Fábio Retti
Composição e trilha original: Gregory Slivar
Diretor assistente: Gustavo Wabner
Preparação corporal e direção de movimento: Sueli Guerra
Coordenador de ação: Dirceu Souza
Visagismo: Westerley Dornellas
Preparação vocal: Lui Vizotto
Preparação de luta: Rafael Losso
Cenotécnica: Fernando Brettas | Onozone Studio
Figurinistas assistentes: Alice Salgado e Paulo Barbosa
Indumentária e adereços: Alex Grilli e Ivete Dibo
Costureiras: Francisca Lima Gomes e Marenice Candido de Alcantara
Camareiras: Conceição Telles e Regina Sacramento
Projeto de sonorização: Kako Guirado
Operador de som: Renato Garcia
Operadora de luz: Kuka Batista
Diretor de palco: Ricardo Bessa
Edição de texto: Valmir Santos
Foto de cena: João Caldas
Foto do processo – Still: Adriano Fagundes
Design Gráfico: 6D
Assessoria de Imprensa | SP: Adriana Monteiro
Assessoria de Imprensa | RJ: Vanessa Cardoso
Relações institucionais: Guilherme Marques e Rafael Steinhauser
Administração: Flandia Mattar
Assistente administrativa: Mara Lincoln
Assistência de produção: Claudia Burbulhan, Diego Bittencourt, Marcele Nogueira e
Paulo Franco
Produção Executiva: Luísa Barros
Direção de Produção: Érica Teodoro
Produção: CIT-Ecum, TRL e Pentâmetro
Realização: Sesc, CIT-Ecum, TRL e Pentâmetro

ELENCO – PERSONAGENS

Thiago Lacerda: Angelo (Medida por Medida), Macbeth (Macbeth)

Marco Antônio Pâmio: Duque (Medida por Medida), Macduff (Macbeth)

Luisa Thiré: Isabella (Medida por Medida), Lady Macbeth (Macbeth)

Sylvio Zilber: Éscalo (Medida por Medida), Duncan e Velho Seward (Macbeth)

Marcos Suchara: Lucio (Medida por Medida), Banquo (Macbeth)

Lourival Prudêncio: Pompeu (Medida por Medida), Sargento, Porteiro e Doutor (Macbeth)

Felipe Martins: Cotovelo e Barnabé (Medida por Medida), Feiticeira, Mensageiro, Assassino (Macbeth)

Ana Kutner: Mariana, Freira (Medida por Medida), Feiticeira, Lady Macduff, Enfermeira (Macbeth)

Rafael Losso: Claudio (Medida por Medida), Malcolm (Macbeth)

André Hendges: Superintendente (Medida por Medida), Ross e Oficial (Macbeth)

Fabio Takeo: Frei Thomas, Guarda + Franchão (Medida por Medida), Lennox (Macbeth)

Stella de Paula: Julieta, A Sra. Bem-passada (Medida por Medida), Feiticeira, Fleance e Mensageiro Branquela (Macbeth)

Lui Vizotto: Lelé, Guarda, Frei Pedro (Medida por Medida), Donalbain, Assassinos, filho de Macduff (Macbeth)

Lei Federal de Incentivo à Cultura
Realização: Opus Promoções e Ministério da Cultura, Governo Federal – Brasil, Ordem e Progresso

SERVIÇO
Macbeth: dia 8 de julho (sexta), às 21h30 e 9 de julho (sábado), às 18h
Duração: 1h40
Classificação: 14 anos
Gênero: tragédia
Medida por Medida: dia 9 de julho (sábado), às 21h
Duração: 1h50
Classificação: 14 anos
Gênero: comédia

Teatro RioMar Recife: Av. República do Líbano, 251, 4º piso – RioMar Shopping
www.teatroriomarrecife.com.br

Ingressos:
Balcão Nobre: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia)
Plateia Alta: R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia)
Plateia Baixa: R$ 110 (inteira) e R$ 55 (meia)

Canais de vendas oficiais: bilheteria do Teatro RioMar Recife (terça a sábado, das 12h às 21h, e domingos e feriados, das 14h às 20h)
Vendas online: www.ingressorapido.com.br
Televendas: 4003-1212

Promoção
Na compra de um ingresso inteiro para qualquer um dos espetáculos, adquirido apenas na bilheteria do teatro, ganhe 50% de desconto na compra do outro – limitado a 100 ingressos.
– 50% de desconto para titulares do Cartão Alelo Cultura, na compra de um ingresso, pago com o Cartão Alelo Cultura (vale-cultura), adquirido somente na bilheteria do Teatro RioMar Recife – limitado a 100 ingressos;
– 50% de desconto para titular e acompanhante do jornal do Comercio nos primeiros 100 ingressos.

*Descontos não cumulativos a demais promoções e/ou descontos;
** Política de venda de ingressos com desconto: as compras poderão ser realizadas nos canais de vendas oficiais físicos, mediante apresentação de documentos que comprovem a condição de beneficiário. Nas compras realizadas pelo site e/ou call center, a comprovação deverá ser feita no ato da retirada do ingresso na bilheteria e no acesso à casa de espetáculo.
***A lei da meia-entrada mudou: agora o benefício é destinado a 40% dos ingressos disponíveis para venda por apresentação. Veja abaixo quem têm direito a meia-entrada e os tipos de comprovações oficiais em Pernambuco:
– IDOSOS (com idade igual ou superior a 60 anos) mediante apresentação de documento de identidade oficial com foto.
– ESTUDANTES mediante apresentação da Carteira de Identificação Estudantil (CIE) nacionalmente padronizada, em modelo único, emitida pela ANPG, UNE, UBES, entidades estaduais e municipais, Diretórios Centrais dos Estudantes, Centros e Diretórios Acadêmicos. Mais informações: www.documentodoestudante.com.br
– PESSOAS COM DEFICIÊNCIA E ACOMPANHANTES mediante apresentação do cartão de Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social da Pessoa com Deficiência ou de documento emitido pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que ateste a aposentadoria de acordo com os critérios estabelecidos na Lei Complementar nº 142, de 8 de maio de 2013. No momento de apresentação, esses documentos deverão estar acompanhados de documento de identidade oficial com foto.
– JOVENS COM ATÉ 15 ANOS mediante apresentação de documento de identidade oficial com foto.
– JOVENS PERTENCENTES A FAMÍLIAS DE BAIXA RENDA (com idades entre 15 e 29 anos) mediante apresentação da Carteira de Identidade Jovem que será emitida pela Secretaria Nacional de Juventude a partir de 31 de março de 2016, acompanhada de documento de identidade oficial com foto.
– PROFESSORES E SERVIDORES DO SISTEMA ESTADUAL DE ENSINO mediante apresentação de carteira funcional emitida pela Secretaria Estadual de Educação, Carteira Profissional, documento de comprovação de filiação à instituição representativa de professores ou servidores de instituições de ensino. Estão aptos ao benefício os servidores lotados na Secretaria de Educação, Universidade de Pernambuco – UPE, Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco – FUNDARPE, Conservatório Pernambuco de Música e os servidores lotados nos centros profissionalizantes SECTMA – Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente.
**** Caso os documentos necessários não sejam apresentados ou não comprovem a condição
do beneficiário no momento da compra e retirada dos ingressos ou acesso ao teatro, será exigido o pagamento do complemento do valor do ingresso.

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Por uma Paixão humanizada

Thiago Lacerda na Paixão de Cristo de Nova Jerusalém. Foto: Nando Chiappetta

Os números gostam da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém. O megaespetáculo apresentado durante nove dias atraiu 75 mil pessoas, sendo 61% de novos visitantes. De acordo com uma pesquisa realizada pela Fafire junto ao público, 78% consideraram a encenação excelente e 21% boa. É uma montagem que tem um potencial de sucesso por décadas.

Mas por trás dos números, e acima deles, estão as pessoas, as relações estabelecidas no interior das muralhas, que encantam milhares de espectadores. Nos bastidores, as turbulências parecem que foram maiores do que em outras temporadas. Um comentário aqui, outro ali, deixavam no ar certa insatisfação. Talvez a centralização de poder ou a distribuição de tarefas hercúleas.

Desde 1997, quando os atores de projeção nacional passaram a ocupar os papeis principais, o perfil da Paixão de Nova Jerusalém mudou. O primeiro a substituir José Pimentel no papel principal foi Fábio Assunção. O último, Thiago Lacerda, que aos 33 anos se despediu do personagem. Ele interpretou Jesus por sete vezes, sendo três delas (em 2004, 2008 e agora) no Agreste pernambucano.

Exuberante é uma palavra que traduz a peça, pelos cenários suntuosos, som e luz, belos figurinos e atuações em sua maioria convincentes. Depois da maratona de apresentações, da convivência forçada com centenas de pessoas, Lacerda fez uma avaliação e deu sugestões para o futuro da Paixão.

Ator foi o Cristo de Nova Jerusalém na temporada 2011

entrevista >> Thiago Lacerda

“Jesus pode ser qualquer ator, pernambucano ou não”

Como você avalia suas três participações em Nova Jerusalém?
Estou muito feliz, gratificado. É a sensação de ter mais uma vez passado por aqui e feito com carinho, de forma plena. Desta vez foi ótimo, o elenco unido. E isso depende da maneira como as pessoas se comportam. Quando você lida com artistas, com vaidades, com liberdade criativa, com a loucura de cada um, quando você tem muita gente, as coisas podem “meio” que desandar. Mas não. A gente conseguiu orquestrar tudo com muita honestidade. Pessoalmente algumas coisas no início foram meio confusas, mas tudo foi resolvido, de alguma forma as coisas foram ditas, foram percebidas. Espero que eu tenha contribuido para que esse sonho do Plínio (Pacheco) perdure. E não tenho dúvidas de que isso depende de cada uma das pessoas que estão em cena e das que estão fora de cena, principalmente. A dedicação das pessoas que fazem isso acontecer, das meninas que trabalharam aqui, dos homens, que muitas vezes ficam dias sem ir para casa. Torço para que cada vez mais essas pessoas sejam respeitadas, integradas, que esse mecanismo seja mais participativo. Acho que isso aqui tem uma importância cultural gigantesca, é muito maior do que Fulano, Beltrano, eu, enfim, quem quer que seja. Minha única intenção sempre foi contribuir para que isso continue reverberando. Eu botei um tijolinho na história da encenação de Fazenda Nova e fico muito orgulhoso.

Que sugestões você daria para que o espetáculo melhore?
Gostaria de ver esse espetáculo maior. Fiquei brincando, pedindo cenas e passagens que julgo importantes. Queria ver Salomé nesse espetáculo, João Batista, Lázaro, Verônica, Madalena lavando os pés de Jesus. É uma questão de resolver isso cenicamente, mas é possível. O que diz respeito à administração, produção, me parece que a coisa tomou um tamanho muito grande. E percebo o Robinho (Robson Pacheco), por exemplo, que é o grande condutor de tudo isso, numa posição dificílima, porque ele tem um gigante nas mãos. Fico pensando que ele vai precisar de ajuda autônoma, para conduzir melhor tudo isso. Me parece que, em alguns momentos, ele vai precisar delegar. A Xuruca, na minha maneira de ver, por exemplo, é uma figura importante artisticamente, na lida com os artistas. A questão financeira de tudo isso deve ser uma grande loucura. Mas acho que ele tem que tratar isso de uma forma humana. Não sei, não posso falar muito sobre isso, mas torço para que a coisa aconteça de uma forma cada vez mais humana. Acho muito complicado você ter jornadas de trabalho tão longas. Pessoas entram aqui seis horas da manhã e saem meia-noite. Tudo bem, são 15 dias por ano, mas chega no oitavo dia, nono dia, ainda faltam mais cinco, seis, as pessoas já estão exauridas. Acho que as jornadas deveriam ser mais humanas, para as pessoas que não aparecem. Mas não sei o que isso significa em relação ao todo. Mas sinto as pessoas muito tensas, cansadas. E ouvi algumas vezes: “ah, próximo ano eu não faço mais, não dá”. Existem grandes parceiros da Sociedade Teatral e esses parceiros precisam ser preservados. Mas eu admiro muito a capacidade de colocar o gigante de pé. Então eu perdoo qualquer impasse, qualquer vacilo, porque é humano também, né?

O que você acha de termos um Jesus pernambucano?
Acho ótimo. Não vejo porque não, nem porque sim. Pode ser qualquer ator. Os atores pernambucanos são talentosos o suficiente para liderar um elenco desses, para liderar um espetáculo desses. Aqui mesmo tinham alguns atores que poderiam perfeitamente fazer esse personagem. A questão de ser um ator nacional é uma questão comercial. E comercialmente faz sentido. Mas não acho que seja fundamental. Seria incrível revelar um ator pernambucano para o Brasil através desse espetáculo próximo ano. Acharia ótimo que fosse um ator pernambucano, desde que ele seja capaz de fazer bem o personagem; acharia ótimo que fosse um ator de fora de Pernambuco, desde que ele seja capaz de fazer bem. De onde o cara é? Sinceramente não me interessa muito! Me interessa ver o resultado e que ele tenha carisma, força, inteligência. Que tenha talento.

De uma das últimas vezes que conversamos, você disse que tinha um projeto no teatro, mas não podia revelar. Já pode?
Vou montar um Shakespeare ano que vem. Era para ser esse segundo semestre, mas tive que jogar um pouquinho para lá.

Tragédia?
Sim.

Macbeth?
Calma! Vai ser uma tragédia, vai ser um clássico, vai ser um Shakespeare. Mas certamente venho para Pernambuco, porque tive uma experiência com Calígula lá no Recife e não tem sentido montar outro espetáculo e não viajar o Brasil e não vir para cá.
E fora esse, quais são os novos projetos?
Fiz uma participação nessa novela que está no ar, no Cordel Encantado. Tenho também uma apresentação com o maestro Isaac Karabtchevsky em São Paulo, dia 18 de maio, um projeto dele que eu sou parceiro. A narração de uma peça do Mendelssohn para Sonho de uma noite de verão, do Shakespeare. Tenho um filme para rodar em Portugal, que eu não sei se vou conseguir rodar no meio do ano. Tenho O tempo e o vento para rodar no início do ano que vem, com direção do Jayme Monjardim, adaptação da obra do Érico Veríssimo. E tenho esse espetáculo no segundo semestre.

Macbeth?
Não é o Macbeth. Ainda. Mas… Agora entre maio e fevereiro provavelmente eu vou fazer a próxima novela das seis. O Jayme (Monjardim) já falou comigo. Ficou só de acertar uma questão de personagem. Existe uma ideia, que é falar dos Médicos sem fronteira; e eu me apaixonei pela ideia, porque me interessam os personagens. O personagem é o meu principal foco de interesse.

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Paixão de Cristo de Nova Jerusalém – temporada 2011

Thiago Lacerda aos 33 anos se despede do papel de Jesus. Fotos: Ivana Moura

Para cristãos ou não, ateus, agnósticos, crentes ou descrentes, Nova Jerusalém – a cidade cenográfica onde é realizada há 44 anos a encenação da Paixão de Cristo no Agreste pernambucano – é um impacto de beleza. Só isso já valeria a pena se deslocar para conferir a representação dos derradeiros dias, morte e ressureição de Jesus. Um chamariz a mais neste ano é despedida do ator Thiago Lacerda do papel principal. Ele encarnou Jesus sete vezes, sendo duas delas em Fazenda Nova, em 2004 e 2008. Agora, aos 33 anos, ele quer fechar o ciclo. Mas deixa aberto que pode até voltar, mas para viver outros personagens.

A temporada deste ano da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém começou quinta-feira, com apresentações para convidados do governador (que levou muitos prefeitos), da produção e a imprensa. Cerca de duas mil pessoas acompanharam a primeira sessão deste ano da encenação no maior teatro ao livre do mundo, como é conhecido e admirado.

Fafá de Belém interpreta Maria no megaespetáculo do Agreste pernambucano

Fafá de Belém, a eterna musa das Diretas Já, também está no elenco, no papel de Maria. “Minha relação com Maria é de antes de eu nascer. Sou Fátima em homenagem à Nossa Senhora de Fátima”, contou depois da apresentação de quinta-feira. Ela disse que para compor o papel também levou para a cena o lado humano, da mãe. “Ela gerou o filho e ele foi pro mundo… mas quando ele volta humilhado, martirizado, ela tem, na minha leitura, o delírio humano. Da mãe que no último momento acredita que o Senhor não vai cumprir com o que ficou acordado e que vai salvá-lo”.

A encenação é grandiosa e isso requer uma sincronização entre gestual largo dos atores e o áudio gravado com antecedência. No meio disso, a emoção dos atores. A atriz Vanessa Lóes, esposa de Thiago Lacerda, que desta vez faz Madalena, comentou que isso limita a emoção do ator, mas a maioria do elenco reconhece essa dificuldade. Quem olha de longe não faz ideia. O ator Sidney Sampaio é estreante na Paixão e talvez o mais jovem Pilatos da história de Nova Jerusalém.

Vanessa lóes como Madalena. Foto: Nando Chiappetta

A atuação do protagonista é apaixonada, mas tem algo de contido. Uma maturidade para o papel que às vezes se expressa até na introspecção. Sidney Sampaio, traz um tom mais reflexivo para o seu Pilatos. Ele saboreia o texto e faz o público prestar mais atenção nas falas sobre o poder. Fafá de Belém como Maria tem dois momentos de destaque. Quando Jesus carrega a cruz e na Pietà. Vanessa tem um desempenho discreto. Os diretores Carlos Reis e Lúcio Lombardi poderiam pensar em ampliar um pouco os papéis femininos.

Os quatro atores mais famosos desta montagem foram unânimes em elogiar a mão-de-obra local. Os atores que têm papel com falas e os figurantes, recrutados entre os moradores do Brejo da Madre de Deus. “O elenco local é maravilhoso, tem pessoas que já estão na peça há 20, 30 anos, que trazem muita generosidade, eles são nossos orientadores maiores”, ressaltou Fafá de Belém. “É uma quantidade enorme de atores pernambucanos de talento, que muitas vezes a gente lá de baixo não tem oportunidade de conhecer”, complementa Lacerda.

É verdade, são muitos bons atores pernambucanos no elenco. Alguns me chamaram mais atenção desta vez, como Ricardo Mourão, Ednaldo Lucena, Severino Florêncio, Alberto Brigadeiro, Zé Barbosa (que eu já confundia com o próprio Cristo), Júlio Rocha, Jones Melo, João Ferreira. Mas tem muitos outros.

Depoimentos

“Madalena é uma personagem forte e misteriosa. É um presente para qualquer atriz. Lamento fazer em etapas esse trabalho. Primeiro a gente grava e no outro dia a gente faz a interpretação. Gostaria de fazer Madalena com liberdade de atuação como um todo… É maravilhoso trabalhar com Thiago”.
Vanessa Lóes – Madalena

“Pilatos era um grande egoísta. Fica a lição de que a omissão pode levar a consequências bem graves. É um grande desafio, nunca tive oportunidade de vivenciar algo semelhante. Eu aprendi muito nesses dias. Trocando com atores mais experientes, buscando informações, vou sair daqui com outra bagagem”.
Sidney Sampaio – Pilatos

“O grande desafio é esquecer quem somos e fazer parte de um contexto, para uma encenação como essa. É tirar o ego do artista bem-sucedido, conhecido. Vocês não sabem as coisas que a gente ouve ali…Pra mim a cena mais forte é a Pietà. Espero que essa Maria fique carinhosa no coração de todos como está no meu”.
Fafá de Belém – Maria

“Não dá pra passar por esse personagem sem repensar uma série de coisas… Meu Jesus apesar de proposta tradicional, tem subtexto revolucionário… Prefiro acreditar nesse personagem como homem a quem foi dada uma tarefa. Essa é uma história de perseverança e disciplina. Ele tem desejo, vacila, tem defeito”.
Thiago Lacerda – Jesus

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