Arquivo da tag: Tatto Medinni

Depois de quase um ano e meio, Prefeitura paga fomento

Recebi uma ligação do ator Tatto Medinni dando uma boa notícia: finalmente, um ano e cinco meses depois de ter o seu resultado divulgado, o Prêmio de Fomento às Artes Cênicas da Prefeitura do Recife foi pago. A premiação contempla cinco propostas com R$ 20 mil cada. Mesmo que o valor seja pequeno, é um apoio que não pode ser perdido pela classe.

Neste caso específico, algumas montagens até já foram realizadas, como é o caso de Minha cidade, de Ana Elizabeth Japiá. A diretora inclusive fez um empréstimo para fazer a produção, contando com o fomento. Ana tinha me contado um tempo atrás que já tinha nova temporada prevista no Marco Camarotti, mas não sabia se iria conseguir cumprir por conta da grana.

Outra produção contemplada foi Um rito de mães, rosas e sangue, com direção de Claudio Lira, que estreou em maio do ano passado e coincidentemente está voltando em temporada este fim de semana, no Teatro Hermilo Borba Filho. A montagem é formada por três quadros com adaptações de Bodas de sangue, Yerma e A casa de Bernarda Alba, todos de Federico Garcia Lorca. A peça que tem um elenco numeroso – Ana Maria Ramos, Auricéia Fraga, Andrêzza Alves, Daniela Travassos, Luciana Canti, Sandra Rino, Lêda Oliveira, Lano de Lins e Zé Barbosa – fica em cartaz sábados e domingos, às 20h, até 28 de agosto. Ingressos: R$ 15 e R$ 7,50.

Auricéia Fraga em Um rito de mães, rosas e sangue. Foto: Tuca Siqueira

Postado com as tags: , , , , , , , , , , , , , , , ,

Eclipse total do amor

Antes da estreia, tão assoberbados que estavam para cumprir prazos com o edital de financiamento, eles não imaginaram qual seria a reação do público à montagem. Não tinham nem material de divulgação. A atriz Hermila Guedes foi assistir a um dos últimos ensaios e disparou: “vocês têm uma pérola nas mãos”. Veio a estreia no Teatro Capiba, que fica dentro do Sesc de Casa Amarela, já no final da Avenida Norte. Apesar de ser um teatro estruturado, consolidado, não é uma casa tão conhecida pelo público ou de fácil acesso no fim de semana. Ainda mais com um campeonato de futebol no Arruda que deixava as ruas por ali tomadas de torcedores.

Mesmo assim, na estreia, lotação máxima. E no outro dia, no fim de semana seguinte e por toda a temporada. Mas o reconhecimento público veio mesmo no último festival Janeiro de Grandes Espetáculos, quando a peça O amor de Clotilde por um certo Leandro Dantas ganhou os prêmios de melhor montagem pelos júris oficial e popular.

As mocinhas de O amor de Clotilde. Fotos: Ivana Moura

Hoje, às 20h, o espetáculo da Trupe Ensaia aqui e Acolá comemora um ano de trajetória com uma apresentação especial no Santa Isabel. Por coincidência, na trama, o primeiro encontro que presenciamos entre a mocinha Clotilde e o galante Leandro Dantas é no teatro da Praça da República, reduto burguês no Recife do século 19. O comerciante Jaime Favais, pai de Clotilde, cai no sono num dos camarotes enquanto no palco a trama de E o vento levou se desenrola.

O amor de Clotilde por um certo Leandro Dantas é inspirada no livro A emparedada da Rua Nova, de Carneiro Vilela, que conta a história de um pai que emparedou a filha viva porque ela estaria grávida. Dizem até que a lenda foi baseada em fatos verídicos. De qualquer forma, nessa releitura melodramática que bebe no circo-teatro, uma pesquisa sobre os estudos de Marco Camarotti (1974-2004), a trama toma outros rumos e merece final feliz.

Jorge de Paula, também ator, diretor e cenógrafo

Clotilde ama Leandro, um galante que jura amá-la também. Mas o seu primo português quer impedir que o dinheiro do tio comerciante vá parar em outras mãos que não as suas. A trama tem movimentos exagerados e marcados, choro ou riso desmedidos, colorido extravagante, referências à cultura pop, inclusive nas dublagens de músicas, sucessos das décadas de 1980 e 1990 – os momentos mais engraçados da peça.

No ensaio que o grupo fez na última terça-feira no Santa Isabel, pergunto o que mudou na peça desde a estreia. “Apesar da aceitação do público, nós recebemos críticas e quando elas batem muito no mesmo ponto, nós avaliamos, conversamos. A peça já mudou muito. Hoje, por exemplo, estamos estudando mudar uma das músicas da dublagem”, conta o diretor e ator Jorge de Paula, que assina ainda o cenário. A duração da montagem – que chegou a ser encenada em Arcoverde em quase duas horas – também foi modificada. Agora, a peça se desenrola em divertidas 1h30 de sessão.

O sucesso da peça em terras pernambucanas rendeu convites ao grupo. “Tomou outra dimensão. Uma repercussão interestadual”, diz o ator Tatto Medinni, para gargalhada geral do elenco. O grupo segue para o festival Cena contemporânea, em Brasília, no início de setembro, e logo depois para o Porto Alegre em Cena. Antes disso, no mês de agosto vai a Surubim, aqui mesmo em Pernambuco. A apresentação no Santa Isabel é também uma forma de arrecadar dinheiro para o transporte do cenário. Recado dado. Ao invés do cinema no sábado à noite, a programação de hoje é ir ao teatro. Até lá, o ensaio serve para deixar tudo prontinho e garantir que música e canto estejam na sincronia certa e que nenhum aplique no cabelo da mocinha vá cair justo no meio da dança.

Antes de entrar em cena

O amor de Clotilde por um certo Leandro Dantas
Quando: hoje, às 20h
Onde: Teatro de Santa Isabel – Praça da República, s/n, Recife
Quanto: R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada)
Informações: (81) 3355-3323

Na cena que acontece no Santa Isabel

Postado com as tags: , , , , , , , , , ,

Essas dívidas serão pagas?

Deve ser liberada hoje a primeira parcela da dívida de R$ 250 mil que a Fundarpe tem com o Janeiro de Grandes Espetáculos deste ano. Na semana passada, numa das matérias da série Dívida Cultural, publicada no Viver (Diario de Pernambuco) do dia 15 ao dia 19, a produtora Paula de Renor dizia que ainda não tinha recebido a quantia e comentava as dificuldades de honrar os pagamentos com os artistas que participaram do festival.

Produtora Paula de Renor, do Janeiro de Grandes Espetáculos, aguarda pagamento

Quando questionada, a assessoria de imprensa da Fundarpe enviou um e-mail à redação afirmando que R$ 100 mil já haviam sido pagos no início do ano. A informação não era correta. Na última quinta-feira, a Fundarpe admitiu que não tinha feito o pagamento e se comprometeu a quitar a primeira parcela em, no máximo, dois dias úteis; ou seja, hoje.

Outras dívidas mostradas na série, como o Prêmio de Fomento às Artes Cênicas (da esfera municipal), que teve o resultado divulgado em março de 2010, ainda não foram pagas. “Tentei entrar em contato, mas as pessoas estavam em reunião”, afirmou, na última sexta-feira, Tatto Medinni, contemplado com R$ 20 mil. De acordo com a prefeitura, o prêmio será pago até o fim do mês.

Além de apontar as dívidas financeiras que órgãos como a Secretaria de Cultura do Recife e a Fundarpe têm com artistas, festivais e produtores, a série discutiu também as políticas (ou a ausência delas) na área cultural e ouviu gestores e secretários.

Na web – Nas redes sociais (e aqui no Satisfeita, Yolanda?), muitos artistas se pronunciaram. Giordano Castro, do grupo Magiluth, comentou: “Para tudo há sempre uma resposta por parte do poder público… falta agora atitude!”.

O diretor do grupo teatral Totem, Fred Nascimento, afirmou que “o desrespeito do poder público para com a classe é muito pior (vai além das dívidas financeiras). Os grupos sabem o que é conseguir uma pauta nos teatros municipais, espaço para ensaios, então, nem se fala. Não existe democracia, muito menos transparência de critérios. Só resta o poder”.

O artista Diogo Todé lembrou que existem dívidas também no setor de artes plásticas e, neste caso, com a população, que pagou para que artistas realizassem trabalhos para o 47º Salão de Artes Plásticas de 2008, que nunca foi realizado. “O Salão de Pernambuco distribuiu bolsas de pesquisa e não houve exibição destes trabalhos. Então a primeira gestão do atual governador sequer concluiu um único salão”.

Postado com as tags: , , , , , , , , , ,

Prêmio de fomento ainda sem pagamento

Antes pouco do que nada. Mesmo que os artistas recifenses sempre tenham brigado por um aumento no valor do Prêmio de Fomento às Artes Cênicas da Prefeitura do Recife, era assim que a categoria encarava a verba de R$ 100 mil concedida anualmente pelo órgão a cinco propostas de montagem de espetáculo. O valor é dividido por cinco projetos, ou seja, R$ 20 mil para cada projeto. O problema é que nem o compromisso do ‘pouco’, a PCR tem honrado.

O resultado do prêmio foi divulgado no mês de março do ano passado e, até agora, nenhum dos contemplados recebeu o seu prêmio. O ator Tatto Medinni, por exemplo, é um dos que teve o projeto, intitulado Jr., aprovado. ´Nós já tínhamos até data para estrear. Seria no dia 15 de outubro. Tinha agendado pauta no Espaço Muda, mas tive que desmarcar`, explica. O espetáculo seria uma parceria entre Medinni e Jorge de Paula. Os dois estariam em cena e assinariam a direção. O texto foi escrito por Marcelino Freire para Tatto Medinni.´O projeto trata sobre o conceito de fronteira. Nas funções mais técnicas, como cenário, figurino, luz, iríamos trabalhar com pessoas que não são do teatro, mas sem dinheiro não deu para prosseguir`, lamenta.

Ana Elizabeth Japiá ainda está pagando o empréstimo que fez para saldar dívidas adquiridas durante o processo de montagem e temporada do espetáculo infantil Minha cidade. ´Nós estreamos, mas fica o constrangimento de adiar pagamentos. É muita burocracia, desorganização e desinformação. Depois eles cobram qualidade, como foi na programação dos 160 anos do Santa Isabel, que não agregou nenhuma montagem daqui`. A peça deveria entrar em cartaz novamente, mas a incerteza com relação à liberação do fomento adiou os planos. ´É um desrespeito, desde o próprio secretário de Cultura, Renato L, que é desconectado do fazer teatral`, critica.

A peça Um rito de mães, rosas e sangue, que tem dez pessoas no elenco, também já estreou. ´Acabei pagando muitas coisas do meu próprio bolso, principalmente da parte técnica`, explica o diretor Claudio Lira. ´Acho lamentável. Cultura não é só carnaval, maracatu. Teatro tem que ser contemplado. Sentimos o desprezo nas políticas públicas`, finaliza Lira.

Promessa – Ao ser procurada pela reportagem do Diario, a Secretaria de Cultura deu um prazo para a liberação do pagamento. ´É a primeira vez que o prêmio de Fomento às Artes Cênicas será pago pelo Fundo Municipal de Cultura (antes era pago pela própria Secretaria) e isso gerou alguns entraves burocráticos que já estão sendo solucionados. Dentro de, no máximo, dez dias o pagamento da premiação será efetuado`, diz a nota. (Matéria minha publicada na edição desta quinta-feira (10), no Diario de Pernambuco)

Postado com as tags: , , , , , , ,