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Gritos de Artaud

Cartas de Rodez é apresentado hoje, no Teatro Barreto Júnior

Cartas de Rodez participou do Palco Giratório de 2005, com sessões lotadas no Teatro Hermilo Borba Filho.

Saí encantada como a maioria do público, mas cheguei a fazer comparações com a legendária montagem do ator Rubem Correia na década de 1980.

Na época, escrevi: “Enquanto Correia interpretava um Artaud arrebatador, delirante e mágico, o gênio incompreendido que sofria violentas agressões e reagia fisicamente, Stéphane Brodt trabalha com uma interpretação mais cerebral, que exibe repetições de gestos delirantes, tudo minuciosamente estudado para expor Artaud em momentos de crise, que vão das súplicas às revoltas de quem está encurralado”.

As duas peças estão guardadas na memória, hoje, sem comparações.

Cartas de Rodez
volta agora pelo mesmo Palco Giratório, em sessão única hoje, às 21h, no Teatro Barreto Júnior.

As cartas do título foram escritas entre 1943 a 1946 pelo poeta, dramaturgo, ator e teórico francês Antonin Artaud (1895-1948) e endereçadas ao Dr. Fediére, médico responsável pelo manicômio de Rodez.

Antonin Artaud que desde os 15 anos já manifestava seu sofrimento e se viciou, por prescrição médica, em drogas como o ópio, em 1937, no auge de seu envolvimento com o que acreditava serem forças mágicas, foi internado como louco. Passou nove anos de sua vida em manicômios, os seis últimos no Hospital Psiquiátrico de Rodez.

O doutor Ferdière reconheceu sua importância intelectual, o livrou dos maus-tratos do hospício Ville-Évard e o transferiu para Rodez, numa zona da França não atingida pela ocupação alemã na Segunda Guerra. O médico incentiva Artaud a retomar a atividade literária. Mas o poeta genial apresentava outra face para seu salvador, o de algoz.

No espetáculo, são exibidas as reivindicações de Artaud a seu médico, os momentos em que foi submetido a eletrochoques e instantes febris em que deu vazão a sua genialidade delirante.

A peça enfoca os tormentos de Artaud num monólogo interpretado pelo francês Stéphane Brodt e dirigido por Ana Teixeira. A montagem rendeu a Brodt e Ana Teixeira os prêmios Shell de Melhor Ator e Direção, em 1998 e o Prêmio Mambembe de melhor espetáculo.

Como explicou o ator Stéphane Brodt, a pesquisa do Amok está fundamentada em dois eixos: Antonin Artaud e Etiennne Decroux, de quem a trupe herdou também uma técnica específica para o trabalho do ator, a mímica corporal dramática. Arianne Mnouchkine e o Théâtre du Soleil – grupo francês onde Stephane Brodt foi integrante durante quatro anos – são outra fonte para seu método de trabalho.

Peça do Amok Teatro

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