Premiados do Shell, Rio de Janeiro. Fotos: Marcos Issa/Argosfoto
Sem as provocações que marcaram a cerimônia de São Paulo, a entrega na 23ª edição do Prêmio Shell de Teatro, do Rio de Janeiro, realizada na noite de ontem, no Jockey Club da Gávea, consagrou o espetáculo Pterodátilos. A montagem arrebatou os troféus em todas as categorias em que concorreu: Marco Nanini e Mariana Lima por suas atuações e Daniela Thomas pelo cenário, formado por um palco móvel, que gira e se desmonta “como a família”. Pterodátilos é uma encenação que comemora os 45 anos de profissão de Nanini.
A comédia ácida, do norte americano Nicky Silver, critica a exarcebação do consumo e expõe a decadência familiar. Sob direção de Felipe Hirsch, Nanini interpreta dois personagens. Artur é presidente de um banco e chefe de uma família que está desmoronando e Ema, a filha desnorteada, carente de afeto e que se julga grávida. Já Mariana Lima faz Grace, a mãe alcoólatra e consumista.
A elegante Nathalia Timberg, homenageada da noite, foi aplaudida de pé em seu discurso: “Vida no teatro é um sonho vivido em estado de vigília. Hoje estou vivendo o sonho do reconhecimento pelos meus pares”. A atriz dedicou o prêmio, emocionada, ao amigo e produtor Marcos Montenegro.
Jô Bilac venceu a disputa na categoria melhor autor, por Savana glacial. Também estavam concorrendo o pernambucano Newton Moreno, com o texto Maria do Caritó, Pedro Brício por Comédia russa e Denise Crispun e Melanie Dimantas por A carpa. João Fonseca foi considerado o melhor diretor por Maria do Caritó.
O Shell criado em 1989 e que oferece uma premiação individual de R$ 8 mil, também foi destacado como importante para a classe. “O teatro precisa muito disso”, comentou Nanini, referindo-se à longevidade do prêmio.
Participaram do júri a atriz e bailarina Fabiana Valor, o diretor do grupo AfroReggae João Madeira, o iluminador Jorginho de Carvalho, o dramaturgo, diretor e ator Sergio Fonta e a pesquisadora e professora de História do Teatro Brasileiro Tânia Brandão.
Vencedores do 23º Prêmio Shell de Teatro do Rio de Janeiro
Música:
Marcelo Alonso Neves por As conchambranças de Quaderna
Iluminação:
Tomás Ribas por Rock Antygona
Figurino:
Marcelo Pies por Hair
Cenário:
Daniela Thomas por Pterodátilos
Categoria especial:
André Curti e Artur Ribeiro pela singular linguagem corporal aplicada no espetáculo Fragmentos do desejo
Direção:
João Fonseca por Maria do Caritó
Autor:
Jô Bilac por Savana glacial
Ator:
Marco Nanini por Pterodátilos
Atriz:
Mariana Lima por Pterodátilos
Homenagem:
Nathalia Timberg pela magnitude de sua carreira teatral, pródiga em desempenhos construídos com densidade, elegância e competência.