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Nem toda bixa é igual…
Crítica de A Doença do Outro

 

Ronaldo Serruya idealizou, escreveu o texto e atua em A Doença do Outro. Fotos: Jonatas Marques /Divulgação

Da primeira vez que assisti ao espetáculo A Doença do Outro, idealizado, escrito e protagonizado por Ronaldo Serruya, com direção de Fabiano Dadado de Freitas, me perturbou a transição  rápida entre o relato e o apelo para a festa, que encerra a apresentação. Cerca de um ano depois fui lá de novo (reassisto, quando a peça me diz muito), na reestreia, desta vez no auditório do Sesc Ipiranga, em São Paulo.

Faço comparações de memória com a outra sessão no Centro Cultural São Paulo, naquela estrutura com a que é exibida agora. Confesso que sinto falta da profundidade espacial do porão e dos elementos simbólicos que o lugar suscita. Serruya disse que pensou na montagem para ali mesmo, naquela sala miúda do Ipiranga ou algo parecido. A  Doença  do  Outro integra a programação do Teatro Mínimo, projeto criado em 2011 pela equipe do Sesc Ipiranga. Bem, o espaço é importante, mas não é o principal.

Serruya expõe os estados – as cores e as tensões – da sua convivência com o vírus HIV. Para falar desses percursos com pessoas de uma plateia supostamente empática – mas que provavelmente nem de longe sentiu na carne o estigma da doença – o ator se derrama em uma generosidade atroz.

Cada um de nós se distingue dos demais por suas qualidades, encaradas positivamente ou não. Algumas condições são temporárias. Aliás, todas, como salienta o artista, mas que às vezes duram mais tempo e dão a sensação de perenidade, de ser mais do que uma circunstância. É bonito como Serruya nos lembra disso. Do imponderável. Ele, Fabiano Dadado de Freitas e equipe, fazem um corte cirúrgico na existência.

Peça-palestra-performance está em cartaz no Sesc Ipiranga, em São Paulo, dentro do projeto Teatro Mínimo. 

A Doença do Outro é um espetáculo desconfortável. Que vai incomodando aqui e ali; nas nossas certezas de bem-estar, e nas armadilhas de poder que o capitalismo criou com as fantasias de proteção, imunidade, impermeabilidade. O dicionário indica que proteção vem do latim protectio.onis, “esconder”; a pensar.

Tudo está por um triz. Acaso, coincidência, acidente, os acontecimentos marcantes têm um teor disso aí. Viver é correr riscos. O conforto é traiçoeiro, descobre quem se deslocou.

Com coragem o ator abre passagem na sua história para expor seu corpo político. Um corpo pleno de vida que atua no presente, fala, ouve, subverte, performa, faz conexões filosóficas, celebra, dança, se revolta, se indigna, que movimenta as circunstâncias.

Na palestra-peça-perfomance, Serruya convoca os textos de Susan Sontag e os conceitos da socióloga Patricia Hill Collins, além de imagens que que entraram pelos nossos olhos, adubaram o terreno da subjetividade vindas de poderosas máquinas de fazer gente como o cinema e a música.

Em Doença como metáfora, a escritora norte-americana Susan Sontag analisa as fantasias sentimentais ou punitivas quando se passa para o reino dos doentes; os estereótipos e as estigmatizações a partir da linguagem; enfim, as metáforas lúgubres desse lugar e a libertação do seu jugo. O livro completou 40 anos em 2018 e foi escrito no torpor da descoberta de um câncer em 1976. Naquela época, a luta contra o câncer era bem mais difícil.

Sontag refletiu nesses escritos sobre o poder da linguagem, as palavras que tramavam um jogo perverso como presença do Mal no mundo. Metáforas que praticamente naturalizavam os aspectos negativos de determinadas enfermidades ao longo da história da humanidade. 

A DOENÇA É A ZONA NOTURNA DA VIDA, uma cidadania mais onerosa. Todos que nascem têm dupla cidadania, no reino dos sãos e no reino dos doentes. Apesar de todos preferirmos só usar o passaporte bom, mais cedo ou mais tarde nos vemos obrigados, pelo menos por um período, a nos identificarmos como cidadãos desse outro lugar.
Susan Sontag

A ensaísta analisa especificamente duas patologias, a tuberculose e o câncer. A tuberculose se encontra associada ao romantismo, aos sentimentais e apaixonados, forjando um imaginário quase lírico. Já o câncer ocupa no livro um lugar mais tenebroso, de invasão que arrasa e destrói tudo por dentro. Atualmente o câncer não ostenta o peso de outras épocas.

Uma década depois, Sontag direciona suas reflexões para as metáforas associadas à Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, AIDS ou SIDA. O ensaio Aids e suas metáforas foi publicado num momento em que ter HIV era encarado praticamente como uma sentença de morte. Essa realidade mudou com as descobertas da ciência e atualmente uma pessoa portadora de HIV pode ter a mesma expectativa de vida do que alguém que não tenha o vírus.

Serruya convoca pensadoras como Susan Sontag e Patricia Hill Collins para embasar sua argumentação artística

Patricia Hill Collins desenvolveu o conceito de imagens de controle para falar da feminilidade de mulheres negras. Ou melhor, para detectar os elementos operacionais de dominação para o exercício da violência simbólica. Da manipulação dentro do sistema de poder no padrão ocidental branco eurocêntrico. Mas as articulações podem ser aplicadas a outras realidades. Como já disse a escritora ativista Winnie Bueno, são scripts de como determinados grupos devem se portar. 

Para mostrar a força das imagens de controle, a peça-palestra-perfomance projeta na cena trechos do filme Filadélfia (1993) e outras para atacar essas representações do que seria viver com o vírus. 

A doença do Outro tem produção da Corpo Rastreado. Fotos: Jonatas Marques /Divulgação

A Aids já chegou à sua quarta década, mas as metáforas sombrias, que remetem à condenação, prosseguem sua função de estigmatizar e discriminar. A Doença do Outro rechaça essa posição que continua sendo alimentada, acerca das enfermidades.

Serruya chega à cena usando uma grande máscara de gás. Convoca as pensadoras para fundamentar sua argumentação na peça-manifesto ou palestra performativa ou conferência artística. Traça uma breve história social em torno da Aids e faz as conexões com o diagnóstico recebido em 2014. Situa seu corpo no campo dos que são considerados dissidentes e/ou subalternizados.

Fala das heranças, de Fucô (adorei a grafia, Dadado), de Cazuza, etc. Acena que honra o legado de luta, mas celebra a vida em cena.

Projeta, expõe, sacode os panfletos SILÊNCIO = MORTE. Não dá para calar. E ele pede para a plateia repetir coletivamente a palavra Aids, Aids, Aids. Falar, ouvir. É preciso registrar em bom som a sobrevivência dos vaga-lumes.

O diálogo da videoarte com a cenografia (trabalhos assinados por Caio Casagrande, Evve Avila e Mauricio Bispo) assume um papel preponderante nesta montagem. O videografismo ocupa as projeções sinalizando tempos, contribuindo nas pulsações.

Estamos vivos, apesar da mira. O artista destaca que um corpo portador do HIV é um corpo perigoso, recusado, fracassado e sigiloso para a maioria dos mortais. Erguer essa peça foi uma forma de recusar o silêncio e a culpabilização.

Dadado lembra no programa do espetáculo que derrubamos no voto um governo comprometido com a necropolítica. Isso muda muito.

Sinaliza caminhos que é preciso dizer de si para dizer do mundo. A autoescritura como ativismo político. Para afrontar a construção de terceiros, para erguer imagens positivas sobre si, por meio de uma autorrepresentação.

 O teor festivo desse manifesto pela vida ganhou outras camadas para mim. Uma pandemia no meio, um governo massacrante que já vai tarde.  No entanto, é preciso cantar, dançar. “Apesar de tantas mortes no caminho: passado presente e futuro, porque as mortes nunca cessam” pontua o autor-performer. Mais que nunca é preciso contagiar a cidade de alegria. Isso também é um gesto revolucionário.

Ficha técnica:

Idealização, Texto e Atuação: Ronaldo Serruya 
Direção: Fabiano Dadado de Freitas

Cenografia: Evee Avila e Mauricio Bispo 
Figurino: Luiza Fardin 

Luz: Dimitri Luppi 

Trilha Sonora Original: Camila Couto 

Operação som e vídeo mapping: David Costa 

Assistente e operação de luz: Paloma Dantas 

Videoarte: Caio Casagrande, Evve Avila e Mauricio Bispo 

Produção: Corpo Rastreado

Serviço 
A Doença do Outro 

Onde: Sesc Ipiranga (Rua Bom Pastor, 822 – Tel. 3340-2000) 
Duração: 60 minutos
Classificação indicativa: 14 anos 
Quando: Até 11 de dezembro de 2022 
Sextas, 21h30; sábados, 19h30; domingos, 18h30. 
Ingressos: R$ 30,00 (inteira); R$ 15,00 (meia); R$ 9,00 (credencial plena)

 

Este texto integra o projeto arquipélago de fomento à crítica, com apoio da Corpo Rastreado.

Iniciativa de crítica teatral.

 

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Crise e Insurreição, uma mostra de experimentos cênicos do Grupo XIX de Teatro

Feminino Abjeto 1. Foto: Laio Rocha / Divulgação

Plantar Cavalos. Foto: Giorgio D’Onofrio / Divulgação

Memórias de Cabeceira. Foto: Eduardo Figueiredo / Divulgação

O Projeto XIX Ano 19: Crise e Insurreição é uma mostra com os experimentos cênicos criados nos núcleos de pesquisa do Grupo XIX de Teatro, de São Paulo, orientados por Janaina Leite, Juliana Sanches, Luiz Fernando Marques, Rodolfo Amorim e Ronaldo Serruya. A trupe completa 19 anos neste estranho ano de 2020. Com a pandemia da Covid-19, o coletivo comemora com apresentações online, grátis, entre os dias 12 e 22 de novembro, por meio da plataforma Zoom. Cada espetáculo faz duas apresentações.

Participam da mostra os espetáculos Acorda, Alice! Através Da Tela, com direção geral de Juliana Sanches; Memórias de Cabeceira, com direção de Rodolfo Amorim; Plantar Cavalos Para Colher Sementes, com direção, concepção e pesquisa de Ronaldo Serruya; Feminino Abjeto 1, com direção e concepção de Janaina Leite; Feminino Abjeto 2, também com direção de Janaina Leite. Além da Mostra Abjeta III, com vários trabalhos estreados em ou processo, entre eles Tudo é Lindo em Nome do Amor, de Bruna Betito e Debora Rebecchi, um percurso irônicopelo mito do amor romântico.

Desde sua criação, o Grupo XIX de Teatro faz investigações importantes e ousa avançar nas possibilidades da cena como exercício estético e micropolítico. O espaço histórico da cidade de São Paulo guiou algumas produções, como o premiado Hysteria, que explora as complexas relações sociais da mulher brasileira na virada do século XIX. Uma viagem no tempo para questionar os mecanismos do poder. Hygiene, que trata dos trabalhadores que habitavam os cortiços do Rio no século XIX segue a mesma pisada.

Outras peças que são resultado da pesquisa autoral do grupo são Arrufos, Marcha Para Zenturo (em parceria com o Grupo Espanca), Nada Aconteceu, Tudo Acontece e Tudo Está Acontecendo, Estrada do Sul (em parceria com o Teatro Dell’Argine) e Teorema 21.

Com a pesquisa sobre habitação e moradia no Brasil a turma chegou à Vila Operária Maria Zélia. Da primeira residência até hoje, foram muitas ações, uma troca permanente com a comunidade e a inserção definitiva da Vila Maria Zélia no mapa cultural da cidade de são Paulo.

A criação colaborativa, o uso de espaços não-convencionais e a relação próxima ao público são marcas dessa trajetória. A “Vila” é hoje um espaço de pesquisa, difusão e formação que abriga projetos como os Núcleos de Pesquisa que acolhem anualmente cerca de cem artistas, além de diversos espetáculos e oficinas.

MOSTRA DE EXPERIMENTOS CÊNICOS

De 12 e 22 de novembro, por meio da plataforma Zoom.
Ingressoshttps://www.sympla.com.br/grupoxixdeteatro

Acorda Alice. Foto Anoca Freitas / Divulgação

ACORDA, ALICE! ATAVÉS DA TELA!
Dias 12 e 14 de novembro – Quinta-feira, às 21h, e Sábado, às 19h

O tempo atravessa o encontro dessas mulheres, das que chegam e das que já estavam lá. A passagem das horas gera insegurança. Como o tempo marcou a carne de cada uma delas? O espetáculo percorre os ciclos femininos, da menina, adolescente, adulta e anciã. Com o apoio uma das outras, elas seguem fazendo perguntas, numa dança de cumplicidade e sororidade em que a experiência de estarem juntas, valorizando cada uma delas é o que mais importa.

Ficha Técnica
Dramaturgismo: Juliana Sanches.
Texto: Acorda Coletivo.
Montagem audiovisual, edição e finalização: Val Hidalgo.
Direção Geral: Juliana Sanches.
Assistência de Direção Audiovisual: Alice Stamato.
Figurino: Juliana Sanches e Acorda Coletivo.
Iluminação: Acorda Coletivo.
Elenco: Alice Stamato, Cacau Fonseca, Carol Andrade, Ericka Leal, Jaqueline Beatriz, Joice Tavares, Juliana Roberta, Larissa Alves, Leticia Stamatopoulos, Lídia Engelberg, Lidi Seabra, Ligia Fonseca, Mahê Machado, Mariela Lamberti, Priscilla Nina, Rebecca Leão, Renata Dalmora, Rita Damasceno, Samira Aguiar e Victória de Paula.
Atrizes que estiveram no processo: Lorena Barreto, Paloma Dantas e Vanusa Di Santi.
Produção: Acorda Coletivo.
Realização: Acorda Coletivo.
Fotos: Anoca Freitas, Gabriela Burdmann, Giorgio D’Onofrio e Marília Apolônio.
Classificação: 14 anos.
Duração: 50 minutos.

MEMÓRIAS DE CABECEIRA
Dias 13 e 15 de novembro – Sexta e domingo, às 20h

Memórias de Cabeceira. Foto: Jonatas Marques / Divulgação

A memória dos atores sobre seus avós conduz essa experiência cênica, que propõe vasculhar os espaços de saudade também do público. Os atores investigam suas lembranças preciosas dos avós, desses netos-atores que visitam arquivos de um passado que aciona espaço/tempo de afeto comum a muitos de nós.

Ficha Técnica:
Direção: Rodolfo Amorim.
Elenco: Bruno Canabarro, Cleuber Gonçalves, Natália Ribeiro e Vinícius Titae.
Dramaturgia, Figurinos e Cenografia: Coletivo Analógico de Teatro.
Duração: 50 minutos.
Classificação: Livre.

PLANTAR CAVALOS PARA COLHER SEMENTES
Dias 14 e 15 de outubro – Sábado, às 21h30, e Domingo, às 18h

Plantar Cavalos. Foto: Jonatas Marques / Divulgação

Plantar Cavalos Para Colher Sementes é uma peça-manifesto de caráter performativo livremente inspirada no manifesto Falo Por Minha Diferença, do ativista chileno Pedro Lemebel. É a denúncia de um corpo que está morrendo, e que precisa gritar para se manter vivo. O trabalho dirigido por Ronaldo Serruya promove uma espécie de confronto para abalar a perversa estrutura que engendra discursos e mecanismos racistas, homofóbicos, misóginos e transfóbicos, e tensionar em nós o que é reprodução da norma e incapacidade de desprogramar o previsto.

Ficha técnica:
Direção, concepção e pesquisa: Ronaldo Serruya.
Assistente de direção: Bruno Canabarro.
Manifestantes: Ailton Barros, Ana Vitória Prudente, Be Gonzales, Camila Couto, Carlos Jordão, Gabi Costa, Ericka Leal, Mateus Menezes, Patrícia Cretti, Tatiana Ribeiro.
Iluminação: Dimitri Luppi Slavov.
Fotos e vídeos: Jonatas Marques.
Produção: Gabi Costa, Mateus Menezes e Tatiana Ribeiro.
Realização: Grupo XIX de Teatro.
Agradecimento especial: Vana Medeiros.
Classificação: 16 anos.
Duração: 50 minutos.

FEMININO ABJETO 1 + bate-papo com diretora e performers
Dia 20 de novembro – Sexta-feira, às 20h

Feminino Abjeto. Foto Jonatas Marques / Divulgação

O conceito de “abjeção” proposto por Julia Kristeva para investigar as representações do feminino e a a obra da artista espanhola Angélica Liddell são as inspirações do trabalho, orientado por Janaina Leite. Performado por mulheres e duas pessoas não-binárias, o espetáculo, tomou por eixo principal a figura de uma mãe “mais arcaica que real”, como campo de recusa, mas também identificação em relação a certa “transmissão da feminidade”. O espetáculo estreou em 2017.

Ficha Técnica:
Direção e concepção: Janaina Leite.
Performers/autorXs: Bruna Betito, Cibele Bissoli, Débora Rebecchi, Emilene Gutierrez, Flo Rido, Gilka Verana, Juliana Piesco, Letícia Bassit, Maíra Maciel, Oli Lagua, Ramilla Souza e Sol Faganello.
Assistência de direção: Tatiana Caltabiano.
Dramaturgismo: Janaina Leite e Tatiana Ribeiro.
Preparação Stiletto: Kaval.
Preparação Haka: Allan Melo.
Iluminação: Afonso Alves Costa.
Operação de som: Marina Meyer.
Fotografia: Laio Rocha.
Câmera: Roberto Setton, Camila Couto e Vinicius Vitti.
Edição: Sol Faganello.
Classificação: 18 anos.
Duração: 90 minutos.

FEMININO ABJETO 2
Dia 22 de novembro – Domingo, às 19h

Feminino Abjeto 2. Foto: André Cherri / Divulgação

Em 2018, Janaina Leite propôs uma nova investigação a partir da figura da mãe, agora em um núcleo de pesquisa composto por 34 homens e duas pessoas não-binárias. Se o masculino se constrói como “reatividade ao feminino”, como propõe Safiotti, em Feminino Abjeto 2, analisou as relações com as figuras arcaicas de pai e mãe, a fim de encontrar a gênese de uma virilidade que se confunde com violência e autoritarismo. O espetáculo estreou em dezembro do mesmo ano, cumpriu duas temporadas na Vila Maria Zélia, no Teatro de Container da Cia Mungunzá́ (Luz/São Paulo) e se apresentou no Sesc Belenzinho na mostra Dramaturgias 2.

Ficha técnica:
Direção e dramaturgismo: Janaina Leite.
Performers/autores: Alexandre Lindo, André Medeiros Martins, Andrea Sá, Carlos Jordão, Chico Lima, Dante Paccola, Diego Araújo, Eduardo Joly, Filipe Rossato, Guilherme Reges, Gustavo Braunstein, Jeffe Grochovs, João Duarte, João Pedro Ribeiro, Leonardo Vasconcelos, Lucas Asseituno, Marco Barreto, Nuno Lima, Thompson Loiola.
Assistência de direção e dramaturgismo: Ramilla Souza.
Iluminação: Maíra do Nascimento e Marcus Garcia.
Criação e operação de som e trilhas: Eduardo Joly.
Fotografia: André Cherri, Michel Igielka, Liz Dórea, Flaviana Benjamin, Carol Rolim, Mateus Capelo.
Vídeos: André Cherri; Diego Araújo, Guilherme Dimov, Victor Rinaldi; Filipe Rossato, Gabriel Pessoto, Fernanda Wagner, Marina Rosa, Juba Bezerra (Poro Produções).
Arte original: Miguel Sanchez; Andrés Nigoul (Duo Dinâmico).
Núcleo de Comunicação: Thompson Loiola (99 Comunicação) e Alexandre Lindo.
Núcleo de Produção e Projetos: João Pedro Ribeiro, Thompson Loiola, Ramilla Souza, Lucas Asseituno, André Medeiros Martins.
Classificação: 18 anos.
Duração: 90 minutos.

MOSTRA ABJETA III
Dia 21 de novembro – Sábado, das 14h às 18h

Feminino Abjeto. Mostra Núcleos de Pesquisa 2017 Foto Jonatas Marques / Divulgação

Já realizada no Teatro de Contêiner e no Teatro Centro da Terra, a Mostra Abjeta junta cenas autorais desdobradas a partir ou em relação à experiência de Feminino Abjeto 1. Entre trabalhos em processo ou já estreados, essa mostra propõe uma versão on-line desses experimentos, revelando a apropriação singular de cada artista a partir das questões originais, mas desdobradas em trabalhos que exploram performance e gênero no teatro.

Ilariê, de Ramilla Souza: Ramilla tem um obsessão pela Xuxa dos anos 90. Ela revisita suas memórias de infância e a construção da própria subjetividade a partir dessa referência.
Duração: 20 minutos.

Chef Psi – Como Comer Como Como, de Maíra Maciel: Chef psi é uma estranha psiquiatra e chef de cozinha que tenta preparar o prato perfeito. Nessa preparação, ela traz memórias e pensamentos sobre o processo de transformação do animal na comida e da comida no corpo das pessoas.
Duração: 35 minutos.

Corpo Errado, de Florido Fogo: Abrir os buracos da corpa para negar a entrada das expectativas cisgêneras koloniais. Imagens de horror, deboches, delírios e monstruosidades para acessar dramaturgias da trans-fisicalidade ancestro/futura e eufórica.
Duração: 40 minutos

Não Ela: O Que é Bom Está Sempre Sendo Destruído, de Oliver Olívia e Lucas Miyazaki: Um retrato de um casal que começou a morar junto ao mesmo tempo em que um deles começou seu processo de transição de gênero: um homem cisgênero que percebe seu então companheiro trans masculino. É a exposição de um texto-depoimento-carta inteiro de autoria do dramaturgo cisgênero. Uma peça sobre transfobia, machismo, misoginia e amor.
Duração: 25 minutos.

Tudo é lindo em nome do amor, com Debora Rebecchi e Bruna Betito

Tudo é Lindo em Nome do Amor, de Bruna Betito e Debora Rebecchi: É uma travessia cênica através do mito do amor romântico. Para essa versão remota, duas atrizes invocam clichês do nosso imaginário amoroso e compartilham com o público uma festa de casamento virtual. A experiência pretende abrir caminhos para questionar papéis de gênero e os modos como fomos ensinados a amar.
Duração: 40 minutos

Salivas, de Emilene Gutierrez: O trabalho parte de uma escavação individual onde a carne-gordura-baba-vísceras tomam o espaço central, pornograficamente explícitos, do processo. É tentativa de tornar corpo uma espécie de subjetividade feminina, buscando encontrar possíveis caminhos/espaços entre a origem e o fim das coisas, dos desejos, dos abismos.
Duração: 35minutos

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Derivas erótico-sociológicas de Túlio Carella

Orgía Ou De Como Os Corpos Podem Substituir As Ideias, do Teatro Kunyn

Orgía Ou De Como Os Corpos Podem Substituir As Ideias, do Teatro Kunyn

Foi nos anos 1960, na cidade do Recife, que um discreto professor universitário deixou emergir seus secretos desejos homoeróticos e mergulhou na prática homossexual registrada em detalhes no seu caderno. Essas memórias são descritas no livro Orgia, Os Diários de Tulio Carella. A publicação inspirou o Teatro Kunyn, dirigido por Luiz Fernando Marques, a montar a peça itinerante Orgia ou De Como os Corpos Podem Substituir as Ideias, que estreou em 2015. A encenação integra a programação do Trema! Festival de Teatro e faz três apresentações na cidade, de hoje a sexta-feira. A peça começa no Espaço Pasárgada e o público segue para um apartamento, onde será encenado o primeiro ato.

Nessa primeira parte, Carella (interpretado por Ronaldo Serruya, Paulo Arcuri e Luiz Gustavo Jahjah), está de malas prontas para viajar ao Brasil. Contratado pela Universidade Federal de Pernambuco, ele deixa a mulher em Buenos Aires e se encanta com os corpos de homens, do cais do porto e de outros pontos da cidade.O público participa dessa festa de despedida. De lá, segue até o Parque 13 de Maio, munido de aparelhos de MP3 para ouvir as falas sobre as descobertas do dramaturgo argentino.

Serruya, Arcuri e Jahjah circulam e contracenam com os 12 atores pernambucanos selecionados para a oficina Deriva. O espetáculo OrgÍa discute a homoafetividade na esfera pública e vasculha a reação da cidade diante da multiplicidade de desejos.

FICHA TÉCNICA
Criação: Teatro Kunyn (Luiz Fernando Marques, Luiz Gustavo Jahjah, Paulo Arcuri e Ronaldo Serruya)
Direção: Luiz Fernando Marques
Atuação: Luiz Gustavo Jahjah, Paulo Arcuri E Ronaldo Serruya
Dramaturgia Ato I e Ato Ii: Teatro Kunyn
Dramaturgia Ato Iii: Alexandre Dal Farra
Direção De Arte: Yumi Sakate
Iluminação: Wagner Antônio
Assistente De Iluminação: Robson Lima
Desenho De Som: Alessa
Produção: Fernando Gimenes
Realização: Teatro Kunyn E Lei De Fomento Ao Teatro Para A Cidade De São Paulo

SERVIÇO
Orgia Ou De Como Os Corpos Podem Substituir As Ideias
Teatro Kunyn (SP)
Quando: 10, 11 e 12 de maio, às 14h30
Onde: Espaço Pasárgada
Quanto: R$ 20 e R$ 10
Duração: 120 minutos
Recomendação: 18 anos

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