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Escritura clássica no foco da Cia Fiandeiros

Companhia Fiandeiros de Teatro realiza segunda edição do projeto Espaço Fiandeiros Dramaturgia neste mês de junho

Companhia Fiandeiros realiza segunda edição do projeto de Dramaturgia neste mês de junho

A Companhia Fiandeiros de Teatro investe nos processos formativos em artes nesses 12 anos de trajetória. Em 2009, o grupo criou a Escola de Teatro Fiandeiros, que veio suprir uma demanda de formação artística no Recife. Para se ter uma ideia de que existe procura pelo aprendizado na área, somente neste semestre são cinco turmas e 119 alunos matriculados. E os aprendizes já participaram de 13 peças ao longo desses anos.

O texto teatral é uma preocupação constante da trupe. Tanto é assim que no seu repertório constam montagens com escrituras originais compostas a partir de pesquisas inspiradas na dramaturgia pernambucana: Vozes do Recife – um concerto poético (2004), O capataz de Salema (2005), Outra vez, era uma vez…. (2008) e Noturnos (2011).

De 16 a 19 de junho o grupo realiza a primeira etapa da segunda edição do projeto Espaço Fiandeiros – Dramaturgia, com incentivo do Funcultura. O programa é composto de leituras dramáticas dos textos clássicos Antígona, de Sófocles; O canto do cisne, de Tchekhov e A tempestade, de Shakespeare, seguido de debates. Além da palestra A dramaturgia clássica e o teatro contemporâneo: tensões, relações e interseções, com professor da UFPE Rodrigo Dourado, que vai contar com tradução simultânea em Libras.

As leituras serão interpretadas por atores profissionais e alunos da Escola de Teatro Fiandeiros. No segundo semestre haverá apresentação de solos a partir de personagens extraídos das leituras, com participação de diretores convidados.

Na primeira edição do projeto, em 2013, o foco foi sobre os textos inéditos de autores pernambucanos. Desta vez o grupo propõe reflexões e conexões entre história, sociedade, dramaturgia e contemporaneidade à partir dessas obras clássicas.

PROGRAMAÇÃO
Dia 16/06 (terça-feira), às 19h30
Palestra A dramaturgia clássica e o teatro contemporâneo: tensões, relações e interseções – com Rodrigo Dourado

Leitura dramática seguida de debate:

Dia 17/06 (quarta-feira), às 19h30
Antígona, de Sófocles
Direção: Daniela Travassos
Elenco: Sandra Rino, Ivo Barreto, André Riccari, Eduardo Japiassú e Lili Rocha

Dia 18/06 (quinta-feira), às 19h30
O canto do cisne, de Anton Tchekhov
Direção: Manuel Carlos
Elenco: Ricardo Mourão e André Filho

Dia 19/06 (sexta-feira), às 19h30
A tempestade, de William Shakespeare
Direção: André Filho
Elenco: Domingos Soares, Célio Pontes, Marília Linhares, Jefferson Larbos, Carlos Duarte Filho, Geysa Barlavento, Pascoal Fillizola, Manuel Carlos, Luís Távora, Wellington Júnior e Quiércles Santana.

FICHA TÉCNICA DO PROJETO
Concepção e coordenação geral: Daniela Travassos
Produção executiva: Renata Teles e Jefferson Figueirêdo
Estágio em produção: Tiago Gondin (Faculdade Senac)
Realização: Companhia Fiandeiros de Teatro / Espaço Fiandeiros

SERVIÇO
Espaço Fiandeiros – Dramaturgia
Quando: De 16 a 19 de junho, sempre às 19h30
Dia 16 de junho: palestra A dramaturgia clássica e o teatro contemporâneo: tensões, relações e interseções, com Rodrigo Dourado
Dia 17 de junho: leitura dramática de Antígona, de Sófocles + debate
Dia 18 de junho: leitura dramática de O canto do cisne, de Tchekhov + debate
Dia 19 de junho: leitura dramática de A tempestade, de Shakespeare + debate
Onde: Espaço Cultural Fiandeiros: Rua da Matriz, 46, 1º andar, Boa Vista, Recife
Quanto: Entrada franca
Informações: (81) 4141.2431

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Na Jerusalém do Agreste

Paixão de Cristo de Nova Jerusalém. Foto: Pollyanna Diniz

Paixão de Cristo de Nova Jerusalém. Foto: Pollyanna Diniz

Quando perguntam se ele é humorista, Tiago Gondim responde que é ator. Que adora fazer comédia, é verdade. Mas quem diria que um dos sonhos desse cara, integrante do grupo Os embromation, era participar da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém? Pois é. E conseguiu: está lá fazendo o apóstolo João não só por talento ou merecimento, mas porque realmente correu atrás do papel.

“Sempre fui religioso, fui coroinha. E algumas coisas loucas acontecem, né? Em 2010 vim aqui com meu irmão e disse a ele que um dia estaria no espetáculo. Carlos Reis (um dos diretores, ao lado de Lúcio Lombardi) até foi ver A morte do artista popular (espetáculo com texto de Luís Reis e direção de Antonio Edson Cadengue), peça que eu fiz em 2010, e lá conheceu Roberto Brandão, que fez o papel ano passado”, conta.

Ainda não era daquela vez – mas como o mundo gira, Gondim fez uns trabalhos no Shopping RioMar e conheceu um maquiador que conseguiu um teste. “Fiz o teste numa quarta e na sexta recebi a resposta. Depois disso vi muita coisa, filmes, sentei com os meus pais, que sabem muito da Bíblia, e li o evangelho de João”.

Tiago está no espetáculo de Nova Jerusalém no momento em que acompanhamos uma volta dos atores pernambucanos aos papeis principais – Jesus é interpretado por José Barbosa desde o ano passado; e Maria, encenada por Luciana Lyra. “Não dá para dizer que é um movimento definitivo, porque os interesses comerciais existem e o elenco muda muito, mas é uma sinalização importante e o público respondeu muito bem”, explica o ator e assistente de direção José Ramos.

“Digo que faço um percurso de conversão no espetáculo. Começo com o demônio que faz a tentação de Cristo, e aí vem o templário, que está na prisão de Cristo, o cirineu que ajuda Jesus a carregar a cruz e ainda o servo de Arimateia, que tira Jesus da cruz e leva para o túmulo”, conta José Ramos, há 14 anos assistente de direção, responsável principalmente pelo time de figuração. “O ator no teatro é fundamental e o papel da figuração é servir ao teatro, mas em grupo. O importante ali não é ser indivíduo, mas multidão”, complementa.

Se todos os anos há algumas mudanças, em 2013 a mais gritante é o figurino: estão sombrios, escuros. E pesados também, conta o ator Ricardo Mourão, que interpreta Caifás. “A gente ainda está se adaptando, limitou um pouco a movimentação. Você carrega a roupa junto com você. Mas é uma questão de adaptação mesmo. Digo que 2013 é a versão mais atualizada do Caifás”, brinca.

Jesus e Maria

José Barbosa gosta de dizer que o espetáculo da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém é um veículo de evangelização. O pernambucano de Limoeiro tem a responsabilidade de interpretar Jesus pelo segundo ano. “Boa parte do ano é dedicada mesmo à Paixão de Cristo. E isso limita um pouco até outros trabalhos, trabalhos publicitários, por exemplo. A primeira pergunta é se eu posso cortar o cabelo, tirar a barba! Mas ainda faço muita coisa de publicidade sim, inclusive fora de Pernambuco, outros trabalhos como ator e também sou ilustrador, designer gráfico”, conta Zé.

José Barbosa interpreta Jesus pelo segundo ano

José Barbosa interpreta Jesus pelo segundo ano

O ator construiu um personagem doce, mas extremamente forte, que com a sua delicadeza e discurso realmente emociona o público. E, neste segundo ano, ele conseguiu aprimorar ainda mais o seu trabalho de corpo, a expressão. Talvez isso tenha sido facilitado pelo feliz encontro com a atriz Luciana Lyra, pernambucana radicada em São Paulo há muitos anos, integrante do elenco dos Os Fofos Encenam, dramaturga, diretora, mestra e doutora em Artes Cênicas, pós-doutoranda em Antropologia pela Universidade de São Paulo (USP).

“Foi um encontro muito feliz com José Barbosa em cena. Ele é muito talentoso. E há muito tempo estudo o feminino. Então é a coroação de um trabalho, poder voltar a Nova Jerusalém fazendo Maria”, explica Luciana, que fez a concepção de uma Maria embuída do trágico. Entre 2001 e 2004 Luciana esteve no espetáculo fazendo outros papeis, como o de cortesã.

José Barbosa e Luciana Lyra

José Barbosa e Luciana Lyra

No elenco deste ano estão ainda Marcos Pasquim, como Herodes, Carlos Casagrande como Pilatos, e Carol Castro interpretando Madalena. Carol, aliás, surpreende com a sua atuação. Está muito bem em cena. Conseguiu medir os gestos, as expressões, não está caricata, mas também não é engolida pela superprodução.

Paixão sem Diva
Ano passado, Diva Pacheco, atriz que por tantos anos interpretou Maria, idealizadora de Nova Jerusalém ao lado do marido Plínio Pacheco, estava com a saúde debilitada. Ainda assim, estava nos bastidores e sua presença era celebrada pelos atores. Ano passado Diva faleceu e o seu corpo foi, inclusive, enterrado no jardim da Pousada da Paixão. Este ano, além de Diva, algumas outras presença fazem falta, como Xuruca Pacheco, filha de Plínio e Diva, que era responsável pelo figurino da encenação.

Outro filho do casal – Robson Pacheco – tomou para si a responsabilidade de levar Nova Jerusalém a trilhar os próximos passos. “Temos que pensar, por exemplo, em aumentar a temporada. Mas ainda não foi possível”. Foi Robson quem organizou o relançamento do livro Réu, réu, se desta eu escapei, já sei que vou pro céu, de Diva Pacheco, escrito em 1973. “Tiramos algumas coisas que ela falava muito da família e deixamos mais a parte em que ela fala sobre a construção daqui mesmo, as histórias”, explica. O livro será relançado hoje, depois da apresentação do espetáculo.

Paixão de Cristo de Nova Jerusalém
Quando: hoje e amanhã, às 18h
Quanto: R$ 90 (sexta) e R$ 70 (sábado)
Informações: (81) 3732-1129 / 1180

Temporada termina neste sábado

Temporada termina neste sábado

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Paixão que deixa saudades

Dentro das muralhas de Nova Jerusalém. Foto: Pollyanna Diniz

Parece que faz tanto tempo desde a Semana Santa! É..não só parece, faz mesmo! Ainda assim, não queria deixar de compartilhar aqui como fiquei feliz em ver a performance de José Barbosa como Jesus na Paixão de Cristo de Nova Jerusalém. Foi o Satisfeita, Yolanda? quem primeiro disse que Zé tinha conseguido o papel! (Lembram?!)

Meses depois, lá estava ele: seguro, ciente da importância da sua atuação, mas muito tranquilo – suave e ao mesmo tempo impactante como pede o personagem. Uma surpresa para mim foi Caco Ciocler como Judas. No dia em que vi a encenação, o ator enfrentou alguns problemas no áudio – para quem estava pertinho, parecia que ele não tinha decorado o texto direito, não sabia o tempo da fala. Ainda assim, Caco conseguiu humanizar a figura de Judas de uma forma muito interessante. Como ele mesmo disse, alguém tinha que fazer o papel de traidor para que tudo aquilo acontecesse e o cristianismo fosse o que é hoje.

Caco Ciocler como Judas

Para completar este post, recebemos uma colaboração especial do ator Ricardo Mourão (obrigada, Mourão!):

“No décimo segundo ano de participação na Paixão de Cristo de Nova Jerusalém, repasso esses anos com gratidão e alegria. Mais um ano de encenação, novidades que engrandecem o espetáculo, expectativas e uma convivência de dezesseis dias dentro da muralhas da cidade teatro acabam nos sensibilizando, nos fazendo refletir sobre nossa arte e a grandiosidade de nosso trabalho.

Este ano, conosco estão Caco Cicler, Ellen Roche, Mouhamed Harfouch e Larissa Maciel, trazendo um novo frescor e a inevitável troca de experiências. Pessoas talentosas e empenhadas em fazer um belo trabalho, buscadores como todos nós, encantados com tudo, ávidos por poder contribuir da melhor forma para a encenação. O aprendizado tem sido constante e as cenas crescem com esses colegas e novos amigos.
Nossos queridos colegas José Barbosa, Wilma Gomes e Ricardo Neves defenderam papéis de destaque nesta edição, um presente para todos nós! Assim como todos os demais colegas, que igualmente desempenham seu trabalho com vontade e profissionalismo!

Tendo inovações no figurino, iluminação, efeitos especiais e som, a Paixão de Cristo se reinventa a cada ano, diante de uma mesma história, com os mesmos personagens, diante de um público enorme, que vibra, aplaude e participa atento em todas as cenas. Um desafio constante!

A mecânica do espetáculo consumiria muito tempo e páginas para que pudesse retratar fielmente o que vemos todos os dias.

Acredito ser bastante difícil para o público e até para colegas de profissão precisar o imenso trabalho envolvido nessa encenação. São inúmeros profissionais, trabalhando em conjunto, para que tudo saia a contento. Um verdadeiro batalhão de técnicos faz dos bastidores um espetáculo à parte. Da alimentação, infraestrutura de acomodações, alimentação, contra regragem, guarda roupa, maquiagem, publicidade, som, luz, diretores, assistentes e coordenadores de área até a figuração e pessoal de apoio interno e externo, são mais de quinhentas pessoas envolvidas diretamente com a montagem. Para que tudo funcione, cada grupo trabalha com afinco e competência.

Os diretores Carlos Reis e Lucio Lombardi, juntamente com o presidente da Sociedade Teatral de Fazenda Nova, Robinson Pacheco, são os regentes dessa imensa “máquina” de sonhos. Avaliações diárias, conversas e reuniões, orientações individuais e em grupo dão ao elenco o acompanhamento necessário e o apoio essencial.

Nesses doze anos defendendo o papel do Sumo Sacerdote Caifás, sinto como estar aqui me engrandece, mais do que como profissional, como ser humano. Diante da história, do “sonho de pedra” de Plínio e Diva Pacheco, ouvindo os relatos emocionados de queridos colegas, que aqui estão há décadas, como Jones Melo, João Ferreira, Hugo Martins e Ednaldo Lucena, para citar apenas alguns, percebo o privilégio de fazer parte dessa história.

Estar em “Nova Jerusalém” está além de mais um simples trabalho. É entrar em contato com uma história de luta, de entrega e paixão. É ter o prazer de vivenciar o encantamento! Muitas outras temporadas venham!”

(texto de Ricardo Mourão para o Satisfeita, Yolanda?)

Ricardo Mourão como Caifás

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Pernambucano Zé Barbosa é o Cristo de Nova Jerusalém 2012

Ator Zé Barbosa. Foto: Beatriz Braga

O personagem Jesus da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém será interpretado pelo ator Zé Barbosa, pernambucano de Limoeiro que já integra o elenco do megaespetáculo – ele defendeu o papel, como substituto. Seu amigo e colega de elenco Ricardo Mourão espalhou a boa nova no facebook.

Desde que a produção de Fazenda Nova fez mudanças radicais, com a saída de José Pimentel, já passaram pelo papel de Cristo em Nova Jerusalém Fábio Assunção, Marcelo Valente (pernambucano que ficou por 3 anos), Luciano Szafir, Eriberto Leão, Murilo Rosa, Carmo Dalla Vecchia, Thiago Lacerda. Além de Herson Capri (1999), como lembra Carlos Pinto.

E agora Zé Barbosa. Além de parabenizar o ator, conversei com Zé Barbosa sobre esse momento de alegria para sua carreira. “Eu sou stand-in desde 2009. Sei todas as marcas, textos, tudo que você imaginar. Tive a experiência de assumir o personagem, por um dia em 2010, quando Eriberto foi receber um prêmio da Globo. Naquele dia fiquei preocupado com a reação do público. Respirei e entrei. Lá havia 8.500 pessoas”, lembra Zé Barbosa. “Agora que vou assumir por uma temporada inteira. Não consigo definir com exatidão o que estou sentindo, mas é uma coisa muito boa”, comenta.

Ele faz 32 anos dia 29 de dezembro. E recebeu seu presente de Natal adiantado. “A Paixão de Cristo faz 45 anos e volta um pernambucano ao papel de Jesus. isso é um presente sem tamanho”.

A montagem é dirigida por Carlos Reis e Lúcio Lombardi. Reis interpretou Jesus por nove anos, de 1969 a 1977. E ambos participam do espetáculo: Reis como Herodes e Lombardi no papel do príncipe do templo.

Intérprete conhece bem o papel, pois já fez substituições.

– Finalmente chegou a vez de Zé Barbosa ficar com o papel principal em Nova Jerusalém?
Quanto a questão do personagem, eu tenho a certeza do ano de 2012. Sim. Segundo o diretor Carlos Reis, eu sou o Jesus 2012. Mas até agora essa é a única certeza que eu tenho.

– Você se sente preparado para a maratona?
Eu sou stand-in desde 2009. Sei todas as marcas, textos, tudo que você imaginar. Tive a experiência de assumir o personagem, por um dia em 2010, quando Eriberto foi receber um prêmio da Globo. Naquele dia fiquei preocupado com a reação do público. Respirei e entrei. Lá havia 8.500 pessoas. Agora que vou assumir por uma temporada inteira. Não consigo definir com exatidão o que estou sentindo, mas é uma coisa muito boa. Desde que fui chamado por Carlos Reis no final de 2008, ele falava que gostaria de um pernambucano no personagem. E disse que queria que eu fosse esse pernambucano.

– Você já interpretou o Cristo em outras produções, fora Nova Jerusalém?
Em 2008 eu tinha participado da Paixão do Monte da Fé que acontece em Paudalho. No ano de 2009 Já estava como stand-in em Nova Jerusalém.

– Como você encara as possíveis comparações com outros atores, principalmente os globais
Em relação às comparações, isso será inevitável, mas não é uma coisa que me preocupe. Vou colocar verdade e alma. Isso é o que eu quero passar com meu trabalho.

– O que você tem a dizer sobre esse papel?
Jesus Cristo pessoa, ser humano. Ele se fez carne e habitou entre nós. Revolucionário e pregador do amor e da paz. Interpretar esse homem que tem esta história, que teve a vida terrena que teve… Que morreu por amor e ressuscitou…e recontar essa história em Nova Jerusalém. É um sonho…

Zé Barbosa encarou multidão ao substituir Eriberto Leão

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Paixão de Cristo de Nova Jerusalém – temporada 2011

Thiago Lacerda aos 33 anos se despede do papel de Jesus. Fotos: Ivana Moura

Para cristãos ou não, ateus, agnósticos, crentes ou descrentes, Nova Jerusalém – a cidade cenográfica onde é realizada há 44 anos a encenação da Paixão de Cristo no Agreste pernambucano – é um impacto de beleza. Só isso já valeria a pena se deslocar para conferir a representação dos derradeiros dias, morte e ressureição de Jesus. Um chamariz a mais neste ano é despedida do ator Thiago Lacerda do papel principal. Ele encarnou Jesus sete vezes, sendo duas delas em Fazenda Nova, em 2004 e 2008. Agora, aos 33 anos, ele quer fechar o ciclo. Mas deixa aberto que pode até voltar, mas para viver outros personagens.

A temporada deste ano da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém começou quinta-feira, com apresentações para convidados do governador (que levou muitos prefeitos), da produção e a imprensa. Cerca de duas mil pessoas acompanharam a primeira sessão deste ano da encenação no maior teatro ao livre do mundo, como é conhecido e admirado.

Fafá de Belém interpreta Maria no megaespetáculo do Agreste pernambucano

Fafá de Belém, a eterna musa das Diretas Já, também está no elenco, no papel de Maria. “Minha relação com Maria é de antes de eu nascer. Sou Fátima em homenagem à Nossa Senhora de Fátima”, contou depois da apresentação de quinta-feira. Ela disse que para compor o papel também levou para a cena o lado humano, da mãe. “Ela gerou o filho e ele foi pro mundo… mas quando ele volta humilhado, martirizado, ela tem, na minha leitura, o delírio humano. Da mãe que no último momento acredita que o Senhor não vai cumprir com o que ficou acordado e que vai salvá-lo”.

A encenação é grandiosa e isso requer uma sincronização entre gestual largo dos atores e o áudio gravado com antecedência. No meio disso, a emoção dos atores. A atriz Vanessa Lóes, esposa de Thiago Lacerda, que desta vez faz Madalena, comentou que isso limita a emoção do ator, mas a maioria do elenco reconhece essa dificuldade. Quem olha de longe não faz ideia. O ator Sidney Sampaio é estreante na Paixão e talvez o mais jovem Pilatos da história de Nova Jerusalém.

Vanessa lóes como Madalena. Foto: Nando Chiappetta

A atuação do protagonista é apaixonada, mas tem algo de contido. Uma maturidade para o papel que às vezes se expressa até na introspecção. Sidney Sampaio, traz um tom mais reflexivo para o seu Pilatos. Ele saboreia o texto e faz o público prestar mais atenção nas falas sobre o poder. Fafá de Belém como Maria tem dois momentos de destaque. Quando Jesus carrega a cruz e na Pietà. Vanessa tem um desempenho discreto. Os diretores Carlos Reis e Lúcio Lombardi poderiam pensar em ampliar um pouco os papéis femininos.

Os quatro atores mais famosos desta montagem foram unânimes em elogiar a mão-de-obra local. Os atores que têm papel com falas e os figurantes, recrutados entre os moradores do Brejo da Madre de Deus. “O elenco local é maravilhoso, tem pessoas que já estão na peça há 20, 30 anos, que trazem muita generosidade, eles são nossos orientadores maiores”, ressaltou Fafá de Belém. “É uma quantidade enorme de atores pernambucanos de talento, que muitas vezes a gente lá de baixo não tem oportunidade de conhecer”, complementa Lacerda.

É verdade, são muitos bons atores pernambucanos no elenco. Alguns me chamaram mais atenção desta vez, como Ricardo Mourão, Ednaldo Lucena, Severino Florêncio, Alberto Brigadeiro, Zé Barbosa (que eu já confundia com o próprio Cristo), Júlio Rocha, Jones Melo, João Ferreira. Mas tem muitos outros.

Depoimentos

“Madalena é uma personagem forte e misteriosa. É um presente para qualquer atriz. Lamento fazer em etapas esse trabalho. Primeiro a gente grava e no outro dia a gente faz a interpretação. Gostaria de fazer Madalena com liberdade de atuação como um todo… É maravilhoso trabalhar com Thiago”.
Vanessa Lóes – Madalena

“Pilatos era um grande egoísta. Fica a lição de que a omissão pode levar a consequências bem graves. É um grande desafio, nunca tive oportunidade de vivenciar algo semelhante. Eu aprendi muito nesses dias. Trocando com atores mais experientes, buscando informações, vou sair daqui com outra bagagem”.
Sidney Sampaio – Pilatos

“O grande desafio é esquecer quem somos e fazer parte de um contexto, para uma encenação como essa. É tirar o ego do artista bem-sucedido, conhecido. Vocês não sabem as coisas que a gente ouve ali…Pra mim a cena mais forte é a Pietà. Espero que essa Maria fique carinhosa no coração de todos como está no meu”.
Fafá de Belém – Maria

“Não dá pra passar por esse personagem sem repensar uma série de coisas… Meu Jesus apesar de proposta tradicional, tem subtexto revolucionário… Prefiro acreditar nesse personagem como homem a quem foi dada uma tarefa. Essa é uma história de perseverança e disciplina. Ele tem desejo, vacila, tem defeito”.
Thiago Lacerda – Jesus

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