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Não nos matem! Não nos maltratem!

Cicatriz (Toni Rodrigues - Divulgação) (17)

Peça Cicatriz apresenta histórias recheadas por traumas, opressões, abusos e discriminações contra pessoas da comunidade LGBT. Elenco é formado por Barbara Brendel, Fábio Queiroz, Flávio Moraes, Igor Cavalcanti Moura, Jandson Miranda, Milton Raulino, Nilo Pedrosa, Ricardo Andrade, Rodrigo Porto, Sophia William e Waggner Lima. Foto: Toni Rodrigues/ Divulgação

Cicatriz

Produção recifense faz duas únicas apresentações no Teatro Barreto Junior. Foto: Toni Rodrigues/ Divulgação

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Cicatriz expõe feridas da comunidade LGBT e clama por respeito. Foto: Tony Rodrigues /Divulgação

A travesti Quelly da Silva, 35 anos, foi morta e teve o coração arrancado em Jardim Marisa, na região do Campo Belo, em Campinas (SP). A transexual Myrella, 29 anos, enforcada e encontrada morta num terreno baldio no Centro de Balneário Camboriú, no Litoral Norte catarinense. A travesti ‘Fernanda da biz’, esfaqueada por 80 vezes antes de ter a cabeça esmagada, na cidade de Rio Brilhante, a 158 quilômetros de Campo Grande. O transexual Tadeu Nascimento, 24 anos, espancado, recebeu tiro fatal na cabeça no bairro de São Cristóvão, em Salvador. O cabeleireiro Plínio Henrique de Almeida Lima, 30 anos, sofreu uma facada mortal na avenida Paulista, em São Paulo. José Ribamar Alves Frazão foi morto à paulada e teve o corpo incendiado quando ainda estava vivo, na cidade de Cachoeira Grande, na região maranhense do Munim.  Esses assassinatos violentos compõe uma estatística aterrorizante para a população LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Travestis) no Brasil. São algumas vítimas da homotransfobia no país.

As violências vivenciadas por personagens reais e inventados são elaboradas e expostas no espetáculo Cicatriz, produção recifense que faz sessões sábado (09/02) e domingo (10/02), no Teatro Barreto Júnior, no Recife. São histórias emblemáticas , que trazem à tona a crueldade do machismo, do patriarcado, do capitalismo, da arrogância.

De acordo com a ONG Grupo Gay da Bahia (GGB), uma pessoa LGBT foi morta a cada 20 horas no Brasil em 2018. 

Segundo a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), entre 2013 e 2014 foram registrados pelo menos 770 casos de violência contra pessoas LGBT na América Latina, sendo que 594 pessoas foram assassinadas.

Dois exemplos representativos: em 2012, uma lésbica afrodescendente começou a chamar a atenção de um líder paramilitar na região de Antioquia (Colômbia). Ela o rejeitou e, em consequência, foi abusada sexualmente em duas ocasiões pelo líder e por um grupo de acompanhantes do mesmo, em função de sua orientação sexual. Além disso, foi perseguida e hostilizada ao tentar fazer uma denúncia formal sobre o ocorrido. Outro caso emblemático foi o assassinato de Daniel Zamudio, um jovem chileno morto em 2012 ao sair de um bar em um parque de Santiago. Quatro jovens o atacaram e o torturaram durante horas com alto grau de crueldade, em função de sua orientação sexual, deixando nele marcas de suásticas na pele, pernas quebradas e queimaduras. Zamudio faleceu depois no hospital.
VIOLÊNCIA CONTRA PESSOAS LGBT – Goethe-Institut – Brasilient

Ser LGBT é um fator de risco à própria vida numa sociedade em que grupos políticos e religiosos querem controlar socialmente como os outros exercem sua sexualidade ou constroem suas identidades. Pertencer a essa comunidade é ser potencialmente alvo de hostilizações e violência nas ruas, mutilação de membros, prática das “violações corretivas” e outras crueldades.

“Crime de ódio” ou, “crime por preconceito” em variados níveis de maltrato são praticados por bandos “fora da lei”, autoridades estatais e indivíduos ou grupos sociais que se posicionam contra a diversidade sexual e de gênero.

A população LGBT é afetada diretamente pela violência e ódio na política.

85 denúncias de assassinatos de LGBT em 2018, somente até julho, foram contabilizadas pelo governo, segundo dados do Ministério dos Direitos Humanos (agora Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos). Esses números oficiais alarmantes não impediram que o governo de Jair Bolsonaro (PSL) retirasse a população LGBT das diretrizes de políticas públicas do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, como constava anteriormente. A Medida Provisória 870 foi assinada em 1º de janeiro, dia da posse presidencial, .

Para viver e sobreviver LGBTs devem lutar até mesmo contra o governo, já que Bolsonaro pai alardeou em entrevistas que é “homofóbico, com muito orgulho” e que preferiria ter um filho morto a um filho homossexual.

É assustador!!!

O espetáculo Cicatriz adota um discurso de luta cotidiana e resistência pelo direito à vida. Encenado pelo ator e diretor Antônio Rodrigues, da Cênicas Cia. De Repertório, a peça traça um painel de histórias de ofensa, traumas, opressões, abusos e discriminações contra a comunidade LGBT em diferentes épocas, contextos e esferas sociais. Cicratiz junta fatos reais, vivências pessoais do elenco de 11 atores e livre inspiração em recortes da obra do escritor e dramaturgo Caio Fernando Abreu.

“Em pleno século 21, ainda há pessoas que acham que LGBTfobia não existe, quando há gays, lésbicas e transexuais sendo agredidos física e psicologicamente apenas por serem quem são”, argumenta Antônio. Ele defende que a montagem é um grito de protesto e empoderamento, uma intervenção através da arte para sensibilizar o público e gerar reflexões sobre o lugar do LGBT na sociedade atual.

“Queremos que as pessoas se coloquem no lugar deles e se perguntem – Como eu me sentiria estando naquela pele? Eu saberia enfrentar essas dores?”, convoca o diretor para a empatia, solidariedade e reconhecimento desses corpos, que vibram de desejos e não suportam mais tanta violência .

SERVIÇO:
Espetáculo Cicatriz
Quando: sábado e domingo, 9 e 10 de fevereiro de 2019
Onde: Teatro Barreto Júnior (Rua Estudante Jeremias Bastos, S/N, Pina – Recife/PE)
Horário: sábado, às 20h; domingo, às 19h
Ingressos: R$ 40 (inteira) /R$ 20 (meia). À venda na bilheteria do teatro, 2 horas antes do espetáculo.

FICHA TÉCNICA:
Direção geral: Antônio Rodrigues
Assistência de direção: Sônia Carvalho
Direção musical:
Douglas Duan
Desenho de luz e operação:
Rogério Wanderley
Figurinos e adereços:
Álcio Lins
Texto:
criação coletiva
Elenco:
Barbara Brendel, Fábio Queiroz, Flávio Moraes, Igor Cavalcanti Moura, Jandson Miranda, Milton Raulino, Nilo Pedrosa, Ricardo Andrade, Rodrigo Porto, Sophia William e Waggner Lima.
Apoio:
Cênicas Cia. De Repertório
Realização:
Antônio Rodrigues Produções

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A barra pesa na prisão

Sistema25 aborda a vida na prisão. Na foto de Camila Sergio, Will Cruz e Ricardo Andrade

Sistema 25 aborda a vida na prisão. Na foto de Camila Sergio, os atores Will Cruz e Ricardo Andrade

Sistema 25 é um experimento cênico no sentido mais potente desse termo. Que vai se transformando. Que encara o risco para não cair na acomodação. Com um elenco de 25 atores, com direito a revezamento de papeis e com entradas e saídas de vários integrantes. O espetáculo foi urdido em 12 meses de ensaios para a construção de 30 cenas e 7 canções originais. Os intérpretes compartilham a situação de encarceramento com 25 espectadores que ocupam a mesma geografia. O sistema prisional brasileiro é a camada macro exposta nesta montagem dos grupos Cênico Calabouço e Teatral Risadinha, com direção de José Manoel Sobrinho.

Num dia de visitas no presídio ocorre uma rebelião. E é nesse ambiente tenso, opressor, que esses personagens revelam suas individualidades contaminadas pelo coabitação tão próxima em celas minúsculas.

“Vinte e cinco homens empilhados, espremidos, esmagados de corpo e alma entre grades de ferro e paredes úmidas e frias, num cubículo onde mal caberiam oito pessoas e seus desesperos, seus tédios, suas desesperanças e o tenebroso ócio”, escreveu o dramaturgo Plínio Marcos em texto que inspirou a peça.

A “Cena da Origem” da encenação é o conto Em Osasco, do livro Inútil Canto e Inútil Pranto pelos Anjos Caídos, que forneceu o mote para a criação das narrativas. E para encorpar essa dramaturgia foram somadas pesquisas sobre homens presos. Para criar esse estado-limite de intimidade e de desumanidade

A encenação foi erguida sem patrocínio. Foram mais de 12 meses de ensaios, idas e vindas. Já fez algumas curtas temporadas no Teatro Marco Camarotti, no Espaço Experimental. Faz 16 apresentações na CAIXA Cultural Recife, de quinta a sábado, de 4 a 27 de agosto.

As sessões acontecem às 19h nas quintas e sextas-feiras e às 15h e 19h aos sábados. Os ingressos custam R$ 10 e R$ 5 (meia) e estarão à venda nas quartas-feiras que antecedem o primeiro dia de apresentação da semana, respectivamente: 3, 10, 17, e 24 de agosto. O espetáculo dura 2h40 minutos.
Espetácuo faz 16 apresentações na Caixa Cultural Recife. Foto. Camila Sergio

As partituras de ação foram edificadas pelos atores-dramaturgos-narradores, sob o comando do encenador José Manoel Sobrinho continua em processo.

Criaturas que em condições indignas mas que mantém códigos de honra. Entre lutas por pequenos e podres poderes, os encarcerados expõem também suas fragilidades, afeto, desejo de proteção, medo, lealdade, cumplicidade, traição. Há de tudo, exposto com uma lupa da degradação do ser humana.

A direção musical é de Samuel Lira, e no elenco estão atores Alberto Braynner, André Xavier, Beto Nery, Breno Fittipaldi, Bruno Britto, Cláudio Siqueira, Eddie Monteiro,Edinaldo Ribeiro, Emanuel David D´Lúcard, Flávio Santos, Geraldo Cosmo, Guto Kelevra, Hypolito Patzdorf, Marcílio Moraes, Neemias Dinarte, Nelson Lafayette, Nildo Barbosa, Normando Roberto Santos, Otacilio Júnior, Paulo André Viana, Pedro Dias, Ricardo Andrade, Robson Queiroz, Samuel Bennaton e Will Cruz.

Seminários –  A encenação agrega a ações de debate político-social sobre os sistemas existentes dentro e fora das grades, com três encontros, sempre às 19h. Ensaio sobre o Amor, no dia 10/08, Ensaio sobre a Força, dia 17/08 e Ensaio sobre a Dor, no dia 24/08. Haverá trechos da peça para incitar o debate com especialistas. A entrada é gratuita, com senhas distribuídas a partir das 18h.

Ficha técnica:

Encenação José Manoel Sobrinho
Assistente Direção Breno Fiitipaldi e Neemias Dinarte
Dramaturgia Beto Nery, Breno Fittipaldi, Billé Ares, Bruno Britto, Cláudio Siqueira, Edinaldo Ribeiro, Eddie Monteiro, Emanuel David D´Lúcard, Geraldo Cosmo, José Manoel Sobrinho, Marcílio Moraes, Neemias Dinarte, Robson Queiroz, Samuel Bennaton, Will Cruz
Direção Musical Samuel Lira
Músicas André Filho, Eduardo Espinhara e Geraldo Maia
Letras André Filho, Eduardo Espinhara, Emanuel David D´Lúcard, Marcílio Moraes, Romildo Luis, Samuel Bannaton, Thyago Ribeiro e Will Cruz
Coreografia do Tango Rogério Alves
Elenco Alberto Braynner, André Xavier, Beto Nery, Breno Fittipaldi, Cláudio Siqueira, Eddie Monteiro, Edinaldo Ribeiro, Emanuel David D´Lúcard, Flávio Santos, Gleison Nascimento, Geraldo Cosmo, Guto Kelevra, Hypolito Patzdorf, João Neto, Marcílio Moraes, Neemias Dinarte, Nelson Lafayette, Nildo Barbosa, Normando Roberto Santos, Otacilio Júnior, Paulo André Viana, Pedro Dias, Ricardo Andrade, Robson Queiroz, Samuel Bennaton, Sandro Sant´na e Will Cruz
Design e operação de Iluminação Luciana Raposo
Assis de Operação Júnior Brow
Arte VisualBeto Saulo
Produção Executiva de Carminha Lins, Virginia Grécia e Paulo Ferrera.

Serviço:
SISTEMA 25
Local: CAIXA Cultural Recife
Endereço: Av. Alfredo Lisboa, 505, Bairro do Recife, Recife/PE
Data: 4 a 27 de agosto de 2016, de quinta a sábado.
Horário: 19h nas quintas e sextas-feiras e 15 e 19h nos sábados.
Ingresso: R$ 10,00 e R$ 5,00 (meia) – vendas nas quartas-feiras que antecedem os dias de apresentação da semana, respectivamente: 3, 10, 17 e 24 de agosto, a partir das 10h e exclusivamente na bilheteria do espaço.
Informações: (81) 3425-1915

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