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Geraldo Julio – Visitas e promessas

Geraldo Julio e Marcos Frota. Foto: Andrea Rêgo Barros

Geraldo Julio e Marcos Frota. Foto: Andrea Rêgo Barros

Uma visita do ator Marcos Frota ao prefeito do Recife rendeu a promessa da implantação do que seria o Núcleo Nordeste da Universidade Livre do Circo – Unicirco. “Ficamos muito felizes porque é um projeto que abre uma janela pra o jovem recifense viver sua realização profissional e pessoal através da arte e da cultura. Vamos nos mobilizar imediatamente para identificar uma área onde possa ser instalada a unidade do Unicirco no Recife e vamos apoiar institucionalmente também, ajudando a encontrar parceiros”, disse Geraldo Julio na notícia que foi divulgada pelo site da Prefeitura.

Os meios de comunicação simplesmente replicaram: “O prefeito do Recife, Geraldo Julio, se reuniu com o ator Marcos Frota nesta segunda-feira (11) e colocou em pauta um tema importante para o desenvolvimento da cultura no Estado: a implantação de um centro de formação circense na capital pernambucana. A proposta tem como principal objetivo tirar da violência e das drogas jovens em situação de risco”, diz a matéria do portal NE10.

Um adendo: lembro que, no começo do ano, quando o maestro Israel de França chegou ao Recife para participar do Janeiro de Grandes Espetáculos, depois da violência que sofreu na Espanha, ele também foi recebido por Geraldo Julio. E saiu de lá com a promessa de que, junto com a PCR, desenvolveriam um projeto para inclusão social de crianças carentes por meio da música. A nota do site da prefeitura ainda diz: “O formato será definido futuramente”. E o prefeito destacava: “O Maestro Israel já é o símbolo do potencial da cultura recifense que se espalha pelo Brasil e pelo mundo. Vamos difundir a vida, o exemplo, o símbolo que ele representa para todas as crianças da nossa cidade. Vamos exaltar a força da cultura; uma pessoa que tem a história de luta, de aprendizado”.

Precisa dizer mais algo? Precisa sim. Precisa de uma resposta. Foi o que fez Fátima Pontes, coordenadora executiva da Escola Pernambucana de Circo (EPC), que usou o Facebook para se manifestar. Embora não seja um posicionamento institucional da Escola, mas da coordenadora e de seus integrantes; e que eles reafirmem que não são contra o projeto capitaneado por Marcos Frota, o texto é um questionamento não só importante, mas necessário.

“Realmente, ser prefeito de uma cidade requer muito mais do que ser gestor. Requer conhecer o que a cidade produz em todos os âmbitos e principalmente no âmbito da Cultura, numa cidade como Recife e toda a sua riqueza cultural. O que mais nos impressiona na forma como são tratadas algumas questões de parcerias para implantação de projetos, sejam eles em que esfera forem, é a questão “amigos do rei”. Pois bem, respeito o trabalho realizado por Marcos Frota como ator, produtor, ou mesmo gestor de projeto social… Só que como é que um Prefeito diz que vai apoiar um projeto de circo numa cidade onde existem 02 projetos de circo social com mais de 15 anos cada e que lutam através de editais públicos para se manterem, sem nenhum apoio direto de nenhuma instância governamental? Há, na cidade de Recife, a Escola Pernambucana de Circo e o Arricirco, dois projetos com reconhecimento nacional e que atendem cada um em média 500 crianças, adolescentes e jovens por ano gratuitamente. Por que não apoiar esses projetos? Como é que se vai dar um terreno a Marcos Frota de graça, sem ele passar por nenhum edital público? Por que ele é amigo do rei? Que diferença tem o projeto do Marcos Frota dos dois citados acima? Como é que o Prefeito vai dar um terreno para Marcos Frota, quando até hoje a Escola Pernambucana de Circo luta para ter pelo menos condições de manter sua sede, toda equipada como é e que serve de exemplo nacional para os que de fora aqui chegam? O Arricirco está até hoje provisoriamente num prédio antigo da Sudene/UFPE, que o cedeu porque não consegue reformá-lo. A Escola Pernambucana de Circo está atrás de apoio para reformar e ampliar sua sede, mas nunca procuramos nenhum político para apoio a essa reforma. Estamos fazendo projetos para editais públicos e é assim que sempre procuramos recursos para nossa ações e também através dos serviços que prestamos com apresentações e oficinas e que, por sinal, quando somos contratados pela Prefeitura, aguardamos meses para receber o cachê. Isso é conosco, mas também com diversos grupos e trupes de artistas circenses na cidade. Isso sem falar nos circos tradicionais que não tem apoio da Prefeitura para se regularizarem, tirarem alvará, etc… Como nos sentimos quando fazemos projetos a todo tempo para nos manter e manter as atividades todas gratuitas e da melhor qualidade, quando nem o resultado do SIC saiu ainda, quando não se tem nenhuma resposta do Fundo de Incentivo às Artes Cênicas da cidade desde a gestão passada? Bom, isso só aumenta nossa indignação pela falta de respeito e compromisso desse Prefeito, que diz estar montando “uma nova prefeitura” quando na verdade está desmontando tudo que poderia ser aproveitado, que o diga a decisão sobre a Escola Municipal de Artes João Pernambuco, que o diga os teatros sem administração e tantas outras mancadas desse Prefeito na área da Cultura na cidade de Recife. Senhor Prefeito, cadê a igualdade de direitos? Para que são criados editais públicos se uma pessoa de fora da cidade tem acesso a coisas que ninguém da cidade nunca teve? Pergunte quantos grupos de teatro, dança, música precisam de espaços para pelo menos ensaiar e não encontram? Quantos grupos de teatro e dança nessa cidade não tem espaço para trabalhar? A prioridade é Marcos Frota, por que? Ressalto e deixo bem claro: NÃO queremos esse tratamento de “amigo do rei”. Queremos igualdade no tratamento a todo e qualquer produtor cultural, de toda e qualquer área da Arte e da Cultura que faz a história dessa cidade. Afinal, os editais públicos são uma conquista da classe artística no país, justamente para acabar com as políticas de balcão. Mas parece que elas estão de volta e com toda força!” (Fátima Pontes)

Na página de Geraldo Julio no Facebook, o post sobre a visita de Marcos Frota teve até esta manhã 165 compartilhamentos.

Ilusão - Um ensaio melodramático circense, espetáculo da Escola Pernambucana de Circo. Foto: Paulo Estevan

Ilusão-Um ensaio melodramático circense, espetáculo da Escola Pernambucana de Circo. Foto: Paulo Estevan

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Histórias bem contadas da realeza

Cena do espetáculo Seu Rei Mandou…, da Cia. Meias Palavras. Foto: Ivana Moura

O menino coisa linda gosta de teatro, mas naquele domingo estava abusado. Mesmo com tantas crianças sentadas no chão ele preferiu o colo da avó, que tem uma paciência de Jó e um amor infindo. Fez seu showzinho particular ao derrubar os meus óculos e insistiu em voltar para casa. Mas o encanto estava tão perto de começar que a avó aguentou a rara chatice daquele pequeno, que vai completar três anos mês que vem, e apresentava sinais de sono.

Entra em cena o ator, palhaço, bonequeiro e contador de histórias Luciano Pontes para narrar a trajetória de três reis. Ele é acompanhado pela flauta e tambor do músico Gustavo Vilar no espetáculo Seu Rei Mandou…, da Cia. Meias Palavras. E o domador de ferinhas hipnotiza a plateia do Teatro Marco Camarotti, no Sesc de Santo Amaro.

Luciano Pontes interage com o público

Tudo é muito simples na encenação. Palco limpo, com poucos objetos de cena, como uns paninhos que servem de tapetes e outras coisinhas, leques e umas pernas de bailarina. Mas repleto de poesia e humor. As três histórias vêm da tradição oral: A lavadeira real, O rato que roeu a roupa do rei e O rei chinês Reinaldo Reis. E são recontadas de forma deliciosa e magnética. A habilidade de Luciano em lidar com crianças é admirável.

Equaliza fluxos, destaca palavras, tira proveito de repetições de falas e movimentos e passeia com propriedade por vários personagens. Ainda sabe dar bronca em criança com tanta delicadeza que parece brincadeira.

Graça e leveza em montagem para encantar crianças e adultos

E esse ator com graça de palhaço conduz com sua voz e manobras do corpo e das mãos os miúdos e grandinhos por terras encantadas. É possível se compadecer da solidão do monarca sem herdeiros, com o destino trágico da princesa ou a felicidade óbvia que as pessoas só reconhecem depois de muitas reviravoltas.

Há punhados de inveja e tirania, bravura e bondade, astúcia e final feliz. É um exercício maravilhoso de ator, que faz rir e pensar e embala nosso coração nas cores de um mundo mais definido. É uma montagem leve e fácil de levar para qualquer lugar. Para alegrar adultos e crianças.

Durante a apresentação, o lindo de viver Rocco Wicks deixou a choradeira de lado. O sono deu lugar ao interesse. Do interesse ao envolvimento no espetáculo foi um pulo. Riu de gargalhar, repetiu palavras, interagiu e no final aplaudiu com entusiasmo. Conclusão: o bom teatro faz bem para o humor e afasta o pantim dos meninos. Recomendo sem moderação.

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Macbeth em essência

<i>Macbeth</i>. Fotos: Pollyanna Diniz

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O general Macbeth volta vitorioso de uma guerra. Em recompensa é condecorado pelo rei Duncan, da Escócia. As bruxas fazem vaticínios a respeito do futuro de Macbeth e anunciam que ele será rei. Banquo, outro general do exército do rei Duncan, recebe a notícia de que não será rei, mas pai de uma poderosa dinastia. Macbeth fica insuflado pelas profecias das bruxas e a ideia do assassinato lhe perturba o espírito; e, instigado pela mulher, a pérfida Lady Macbeth, mata o rei e assume o trono. Depois tece uma fileira de crimes. A trama revela o lado mais perverso do homem. O enredo é conhecido e cada encenador o conduz da sua forma.

Macbeth é considerada a peça mais soturna de William Shakespeare (1564-1616). A tragédia deve ter sido escrita entre 1603 e 1607, com a primeira encenação em 1611. Nessa época, as mulheres não atuavam no teatro. Gabriel Villela, diretor da montagem apresentada neste fim de semana no Teatro de Santa Isabel, optou por um elenco somente de homens, como ocorria nas encenações shakespearianas. Dessa forma, o casal Macbeth é interpretado por Marcello Antony e Claudio Fontana, que dividem a cena com Helio Cicero, Marco Antônio Pâmio, Carlos Morelli, José Rosa, Marco Furlan e Rogerio Brito. Os intérpretes são maduros e o elenco é harmonioso.

A encenação de Gabriel Villela é compacta. O diretor cria um narrador (Carlos Morelli), inexistente no Macbeth original. A montagem valoriza a narrativa e o narrador convoca o espectador a imaginar. O narrador traz um livro na mão, e é como se a encenação saísse das páginas daquele livro. A tradução do inglês de Marcos Daud opta pela prosa direta e isso facilita uma narrativa límpida.

O espetáculo tem uma teatralidade bem demarcada. Villela reduziu as situações dramáticas. A movimentação coreográfica dos atores cria uma beleza e traça desenhos no palco e de postura. O corpo e os gestos são contidos. A utilização de recursos do teatro Nô japonês permite que algumas ações sejam apenas sugeridas. O sangue vertido aparece na forma de fiapos de lã vermelha. O diretor nesta montagem prioriza o texto e a poética de Shakespeare. As bases centradas na voz dos atores e nas palavras do bardo inglês.

Para regular a voz, o encenador contou em sua equipe com a italiana Francesca Della Monica, que desenhou a concepção de voz do espetáculo. Ela desenvolveu uma prática que denomina de antropologia da voz e que articula a espacialização da voz e de abertura da textura vocal para o campo dos mitos. A ideia é que a plateia desenhe as imagens enquanto ouve os atores. Mas tem muito mais gente nos bastidores para garantir a clareza desse belo espetáculo. Babaya é responsável pela direção de texto. A musicalidade da cena ficou a cargo de Ernani Maletta. Gabriel Villela contou com três assistentes de direção, César Augusto, Ivan Andrade e Rodrigo Audi.

Marcello Antony dá o texto sem nenhum coloquialismo. Da sua boca saem palavras graves e fortes e sua postura apresenta a deterioração do espírito do seu personagem. Claudio Fontana interpreta Lady Macbeth com brilhantismo. Ele evita a caricatura e o falsete. E o resultado é impressionante. Fontana se apropria da imagem de uma gueixa. O ator expressa feminilidade deslizando pelo palco. Ele usa uma máscara branca de gueixa e uma túnica negra esvoaçante. Marco Antônio Pâmio está forte na pele de Banquo. Rogerio Brito, Marco Furlan e José Rosa fazem as três bruxas e arrancam humor e ironia de várias situações.

O figurino tem muito de Gabriel Villela e ele assina o figurino em parceria com Shicó do Mamulengo, que também esteve com o diretor na montagem Sua Incelença, Ricardo III. A indumentária de guerra (coletes, armaduras e escudos) foi confeccionada a partir de 30 malas antigas de couro e papelão.

Pilares compostos a partir de teares mineiros sobrepostos formam uma grande torre. O cenário é de Marcio Vinicius. As cadeiras que ocupam o centro do palco em algumas cenas são de um cinema desativado de Carmo do Rio Claro, cidade natal do diretor. A iluminação é de Wagner Freire e a direção de movimento de Ricardo Rizzo.

Foram três apresentações de Macbeth no Recife, no Teatro de Santa Isabel, com casa lotada. Um ótimo Gabriel Villela. E como já disse Shakespeare: “A vida não passa de uma história cheia de som e fúria, contada por um louco e significando nada”.

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Sejam bem-vindos, Bonecos do Mundo!

Babau, do Mão Molenga, participa do Sesi Bonecos

O festival Sesi Bonecos é um dos que mais gosto. Desde a primeira vez que assisti me apaixonei. Gosto da ideia de democratizar o “biscoito fino”, da ousadia da produtora Lina Rosa Vieira de não perguntar ao público se queria mesmo esse festival. Um parêntese – o que possivelmente NÃO iria acontecer. Talvez o que ganhasse a pesquisa fosse um festival de pagode ou de axé (sem nenhum preconceito com os dois gêneros, porque o mundo é grande). Mas bonecos, aqueles serezinhos mágicos que surpreendem até os seus atores-manipuladores, isso era tido como coisa de crianças. Digo era porque a iniciativa de Lina Rosa e sua equipe já mudou esse panorama.

Pois bem, Sesi Bonecos do Mundo volta ao Recife com 14 espetáculos nacionais e internacionais. Desta vez, o evento migrou do Marco Zero para o Parque 13 de Maio (e algumas apresentações no Teatro de Santa Isabel). Participam grupos do Japão, Coreia, Itália, Argentina, Inglaterra e Rússia. Além do Brasil, é claro. A programação vai de 7 de a 9 no Teatro de Santa Isabel e nos dias 10 e 11 no Parque 13 de Maio. A pré-estreia para convidados será no dia 6, no auditório da Fiepe.

Todos os espetáculos vão contar com audiodescrição e tradução simultânea em libras, que também é uma forma de democratizar o bem cultural.

Companhia japonesa Kakashi-za vem pela primeira vez ao Brasil com seu teatro de sombras

Pela primeira vez no Brasil, a companhia de Teatro de Sombras japonesa Kakashi-za é uma das grandes atrações. Sombras de mão é um espetáculo que apresenta várias silhuetas de animais e outras figuras criadas pelas mãos ágeis dos atores. Esse mundo é inventado com luz e mãos acrobatas. O grupo conta uma história de amor entre animais, com personagens projetados, em sucessão de cenas com paisagens exóticas. Hand shadow shows (Sombras de mão) é um espetáculo sem palavras.

Espetáculo A história de Dallae aborda a Guerra da Coreia (1950–1953) com fantoches

 

Esperança e a capacidade de superação são palavras de ordem do espetáculo A História de Dallae, do Grupo Art Stage San, da Coreia. Sob o olhar de uma criança – Dallae, a peça mostra os esforços de uma família durante a Guerra da Coreia. A peça mistura teatro de bonecos e dança com delicadeza.

Marina e Marina, a sereiazinha da companhia PeQuod

 

A companhia carioca PeQuod traz para o Sesi Bonecos Marina, espetáculo inspirado no clássico do escritor dinamarquês Han Christian Andersen. A montagem junta a secular técnica do Teatro Aquático de Bonecos do Vietnã com as composições de Dorival Caymmi, com direção e arranjos originais de Fabiano Krieger.

Marina é uma sereia que se apaixona por um pescador que cai na água depois que seu barco naufraga numa tempestade. Para viver esse amor, ela faz alguns sacrifícios. As cenas ocorrem, em sua maior parte, dentro de quatro enormes aquários que compõem o cenário e que juntos pesam três toneladas. Marina é a montagem adulta. Marina, a sereazinha é a versão infantil do PeQuod.

O festival Sesi Bonecos do Mundo engloba espetáculos de seis países que se apresentam em três capitais nordestinas no mês de novembro: Recife (do dia 6 ao 11), Fortaleza (de 14 a 18) e em Salvador (de 21 a 25

A banda Pato Fu (MG) e o grupo de teatro de bonecos Giramundo (MG) mostram o espetáculo Música de brinquedo nas três cidades. A apresentação no Recife está marcada para o sábado, dia 10/11, no Parque 13 de Maio. Depois, os mineiros tocam em Fortaleza (dia 17/11, no Dragão do Mar) e em Salvador (24/11, no Jardim de Alah).

 

SERVIÇO:

Sesi Bonecos do Mundo

De 7 a 9 de novembro, no Teatro de Santa Isabel, com apresentações às 19h e às 21h (os ingressos podem ser retirados na bilheteria do teatro a partir das 12h, nos dias dos espetáculos).

Dias 10 e 11 de novembro, no Parque 13 de Maio, das 16h30 às 20h30 (dia 10) e das 16h30 às 21h (dia 11).

Entrada Franca

 

SESI BONECOS – PROGRAMAÇÃO 2012 |  Recife

06/nov (terça-feira), às 20h30 (somente para convidados)

Companhia Kakashi-za | Japão

Espetáculo Sombras de mão | Classificação: livre

Local: Auditório da FIEPE

 

07/nov (quarta-feira), às 19h

Companhia Pequod | Brasil/RJ

Espetáculo Marina, a Sereiazinha

Classificação: a partir de 6 anos

Local: Teatro Santa Isabel

 

07/nov (quarta-feira), às 21h

Companhia Pequod | Brasil/RJ

Marina

Classificação: 16 anos

Local: Teatro Santa Isabel

 

08/nov (quinta-feira), às 19h e 21h

Companhia Kakashi-za | Japão

Espetáculo Sombras de mão

Classificação: Livre

Local: Teatro Santa Isabel

 

09/nov (sexta-feira), às 19h e 21h

Companhia Art Stage San | Coreia

Espetáculo: A História de Dallae

Classificação: Adulto

Local: Teatro Santa Isabel

 

10/nov (sábado)

às 16h30, Performance de Abertura com o Grupo Giramundo | Torres Andantes | MG| Livre. Entre o público;

das 16h30 às 21h, Grupo Giramundo, com Exposição Autômatas | MG | Livre no Pavilhão da Exposição;

17h, 18h e 19h, Ateliê ao Vivo dos Mestres Mamulengueiros, com Mestres Zé di Vina, Chico Simões, Tonho de Pombos e Saúba  | PE, DF e PE | Livre, na Tenda dos Mestres;

Entre 17h e 20h30, Gente Falante, com Circo Minimal | RS | Livre | Mini Circo;

17h, 18h, 19h e 20h, Girovago & Rondella, com Mão Viva | Itália | Livre, no Palco 3

17h, 18h, 19h e 20h, Fernan Cardama, com O presente | Argentina | Livre | Empanada

17h30, 18h30, 19h30 e 20h30, Story Box Theatre, com Punch and Judy | Inglaterra | Livre, no Palco 3;

17h, 17h20, 17h40, 18h, 18h30, 19h, 19h30, 20h e 20h20, Gente Falante, com Caixa de Música | RS | Livre | Tenda Teatro;

17h, Victor Antonov, com Circo em fios | Rússia | Livre, no Palco 1;

18h, Kakashi-za, com Sombras de mão | Japão | Livre, no Palco 2;

19h, Pia Fraus, com Gigantes de Ar | SP |Livre, no Palco 1;

20h30, Show do Patu Fu com o Grupo Giramundo | Música de Brinquedo | SP | Livre, no Palco 2;

 

11/nov (domingo)

Às 16h30, Performance de Abertura com o Grupo Giramundo, com as Torres Andantes |MG| Livre. Entre o público;

das 16h30min às 21h, Grupo Giramundo, com Exposição Autômatas |MG |Livre, no Pavilhão da Exposição;

17h, 18h e 19h, Ateliê ao Vivo dos Mestres Mamulengueiros, com Mestres Zé Lopes, Waldeck de Garanhuns e Tonho de Pombos | (PE, SP e PE) | Livre, na Tenda dos Mestres;

Entre 17h e 20h30, Gente Falante, com Circo Minimal | RS | Livre, no Mini Circo;

17h, 18h, 19h e 20h, Victor Antonov, com Circo em fios |Rússia |Livre, no Palco 3

17h, 18h, 19h e 20h, Fernan Cardama, com  O presente |Argentina |Livre, na Empanada

17h30, 18h30, 19h30 e 20h30, Story Box Theatre, com Punch e Judy | Inglaterra| livre, no Palco 3;

17h, 17h20, 17h40, 18h, 18h30, 19h, 19h30, 20h e 20h20, Gente Falante, com Caixa de Música | RS | Livre, na Tenda Teatro;

17h, Casa Volante, com Operação Romeu mais Julieta | MG | Livre, no Palco 1;

18h, Girovago & Rondella, com Mão Viva | Itália | Livre, no Palco 2;

19h, Caixa do Elefante, com Histórias da Carrocinha| RS |Livre, no Palco 1;

20h, Mão Molenga, com Babau | PE | Adulto, no Palco 2;

21h, Art Stage San, com A história de Dallae | Coreia | 12 anos, no Palco 1

 

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Cru, quase cruel

Espetáculo Cru, de Alexandre Ribondi e direção em colaboração com Sérgio Sartório (o pistoleiro). Fotos: Ivana Moura

Ouvi de um conhecido brasileiro, que tem uma filha com uma russa, que a história deles não prosseguiu porque ela (e seus familiares de São Petersburgo) não achava o Brasil um bom lugar para se viver. Ele não queria ir pras terras de Lenin porque teria que começar praticamente do zero, num território em que predomina um frio intenso e onde se fala uma língua que ele não domina. A moça branquinha, branquinha de olhos claros, que se comunicava com o rapaz tímido em inglês, se arrepiava só de pensar no calor de lascar do Nordeste do Brasil. Mas de todas as adversidades elencadas pela mulher russa a que prevaleceu foi a de que “a vida humana vale muito pouco no Brasil”. Ela disse isso com muito pesar. E medo.

Depois de assistir ao espetáculo Cru – E o que mais você quer além de morrer?, da companhia Cia. Plágio, de Brasília/DF, lembrei-me dessa história, mais precisamente da frase “no Brasil, a vida humana vale muito pouco”.

É triste pensar que isso pode ser real…

A ficção cênica Cru, peça escrita por Alexandre Ribondi e dirigida por ele e Sérgio Sartório é sobre violência, balas certeiras e encomendadas, banalização da vida, vingança e ódio…

Montagem é da Cia Plágio de Teatro, de Brasília

As carnes no açougue não estão sangrando, mas há bastante realismo na peça Cru, que fez única sessão no Palco Giratório, sábado, no Teatro Capiba (Sesc de Casa Amarela, no Recife). Um açougue interiorano ou de beira de estrada é o cenário para um encontro, um acerto de contas, entre um matador profissional e uma figura estranha, desconfiada, que aparece no estabelecimento de Frutinha (André Reis, o ator é Vinicius Ferreira). A aparência do lugar é degradante. Peças de ossos, de vísceras e de carne de terceira. E nada disso é à toa.

Para compor o cenário, além dos colchetes (ganchos duplos onde se pendura a carne nos açougues), um freezer velho, mesa e cadeiras, caixotes. O homem que chega atrás dos serviços do tira-vida é cismado, como se escondesse algo, ou como um cabra arrependido de alguma coisa que fez. Apresenta-se apenas por Zé (Chico Sant’Anna), diz que não bebe, não fuma e logo descobrimos que é evangélico. Enquanto Cunha (Sérgio Sartório) não chega, Frutinha tenta descobrir quem é esse homem, de onde ele vem, o que ele quer e o que está por trás de tudo isso.

Cunha aparece. Seu aspecto é de sujeira. Anda meio trôpego, com ar de quem bebe durante todo o dia. Arrasta uma perna, sequela de um acidente do passado.

A partir daí, um jogo eletrizante, seco, em que cada personagem vai expondo um pouco de si até o desfecho forte, impactante.

A inteligência dos diálogos se projeta na agilidade das falas, mas também nos silêncios de alta pressão de uma figura sobre a outra. Situa a trama no Brasil mais arcaico, onde matadores têm a lei… Mas tudo é mais profundo e não fica na injustiça social e na vingança por motivação econômica. Há amor, doentio, enviesado, amor no meio disso tudo.

Três personagens: o evangélico, o travesti e o pistoleiro

Os blocos de diálogos arrancam camadas e mais camadas que revelam um pouco do passado de cada um. Há um flerte com a obra de Plínio Marcos e seus marginais carentes e sem opções.

Os personagens de Cru são duros e não param para a dúvida. Eles têm certezas, certezas horríveis, mas certezas.

A encenação é enxuta, seca e aposta no talento dos três atores, que estão muito bem em seus papéis, num discurso direto, em alusões a mortes célebres.

E mergulha na pergunta sobre a origem do mal. Como nascem os monstros. Da ruindade pura.

Sobre a trama não posso dizer mais…

Cru é um espetáculo redondo, de 50 minutos de duração. E quando apagam as luzes, deixa o público em suspenso. Não dá pra ficar indiferente. É um murro no estômago para deixar a plateia sem fôlego.

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