A visita de uma cunhada inconveniente, que acha tudo ruim e ainda troca o seu nome de propósito. Nem todo mundo teria o “estômago” de Bianca para aguentar Vladine, irmã do seu marido, Matias. Pelo menos até certo ponto. Porque Bianca tanto faz que acaba conseguindo virar o jogo. A montagem Rebú, uma tragicomédia da companhia Teatro Independente (RJ), que esteve na cidade no último Festival Recife do Teatro Nacional (nós até já escrevemos sobre a peça), volta para duas apresentações: hoje, às 20h; e amanhã, às 19h (sessão com audiodescrição), no Teatro Capiba, no Sesc Casa Amarela. O texto é do carioca Jô Bilac e a direção de Vinícius Arneiro. Em cena estão Carolina Pismel, Diego Becker, Júlia Marini e Paulo Verlings. Os ingressos custam R$ 10 e R$ 5 (meia-entrada).
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Resumo da ópera deste fim de semana
O Palco Giratório começa hoje. Decidi então postar um resumo das opções “giratórias” para este fim de semana. A abertura da maratona é com a rezadeira Benta, que encomendou muitas almas aos santos, mas não estava preparada para encarar a própria morte. Essa é a sinopse da peça Caetana, que será encenada pelas atrizes Lívia Falcão e Fabiana Pirro. A apresentação única e gratuita será hoje, às 19h30, no recém-inaugurado Teatro Luiz Mendonça, que fica no Parque Dona Lindu, em Boa Viagem. A sessão contará com o recurso da audiodescrição, para pessoas com deficiência visual.
Depois de Caetana e da pré-estreia de Essa febre que não passa, no Hermilo (off Palco),vamos conferir a Cena bacante, no Espaço Muda. Lá, as meninas da Cia Animé apresentam As levianas. Tem ainda as comidinhas da Cena Gastrô e vinho Rio Sol.
Já no sábado, o Palco começa a sua programação com a Cia Polichinello, de São Paulo, que apresenta Frankenstein no Teatro Marco Camarotti, no Sesc Santo Amaro, reduto do teatro infantil neste festival, às 16h30. A peça será reapresentada no domingo, no mesmo horário. O grupo, que pesquisa o teatro de bonecos, traz a história do cientista Victor Frankenstein, que abandona a sua criação.
À noite, às 20h, no Hermilo Borba Filho, o Coletivo Angu de Teatro estreia o seu quarto espetáculo: Essa febre que não passa (a gente vê hoje e conta tudo por aqui amanhã. Ivana Moura esteve no ensaio ontem para tirar fotos!), baseado em contos do livro homônimo da jornalista e escritora Luce Pereira. Também no sábado, no Teatro Capiba, às 20h, no Sesc Casa Amarela, o grupo Teatro Independente apresenta Rebú. O texto de Jô Bilac mostra o sufoco de Bianca, obrigada a receber em casa a problemática cunhada Vladine e ainda um “protegido” dela. No domingo, a montagem será reapresentada às 20h, com os recursos da audiodescrição. Também no domingo, mas em São Lourenço da Mata, na Praça Senador Carlos Wilson, o grupo Grial de Dança apresenta gratuitamente o espetáculo A barca, às 17h.
No domingo, outra opção de teatro adulto é a peça A galinha degolada, da Persona Cia de Teatro & Teatro em Trâmite, de Santa Catarina. A montagem conta a história de um casal que tem quatro filhos portadores de uma doença mental incurável; a rotina é alterada quando eles têm uma menina que não sofre do mesmo mal. A encenação será no Teatro Apolo, às 19h. Os ingressos para as peças custam R$ 10 e R$ 5.
Maio é mês de Palco Giratório
O mês de maio traz promessas de muitos espetáculos no Recife. Nesta segunda-feira, o Sesc vai anunciar a programação do festival Palco Giratório, que deve tomar conta da cidade a partir do dia 6. Além dos espetáculos que fazem parte do circuito nacional e de grupo convidados, Galiana Brasil, coordenadora do Palco em Pernambuco, já tinha dito que iria privilegiar espetáculos que estão estreando ou que não tiveram tanta visibilidade.
Este ano, temos pelo menos duas novidades. Uma delas é um circuito gastronômico com pratos que vão homenagear espetáculos da programação. A criação seria do chef César Santos. A outra é uma programação chamada Cena bacante, que deve ser realizada no Espaço Muda, ao final das noites, com espetáculos em horários alternativos e celebração.
Estamos sabendo de alguns espetáculos pernambucanos que devem compor a grade. Caetana, por exemplo, da Duas Companhias, deve ser apresentado na próxima sexta-feira, noite da abertura do festival, no Teatro Luiz Mendonça, agregando a casa de espetáculos do Parque Dona Lindu, em Boa Viagem, ao festival.
No dia seguinte, deve ser a estreia da montagem Essa febre que não passa, do Coletivo Angu de Teatro, no Teatro Hermilo Borba Filho, no Bairro do Recife. Ainda teremos, provavelmente (afinal, a coletiva é só amanhã!), a estreia de Palhaços, com Williams Santana e Sóstenes Vidal; As joaninhas não mentem, infantil (adulto!) com direção de Jorge Féo; Kléber Lourenço estreando seu projeto Estar aqui ou ali ? e ainda apresentando ao lado de Sandra Possani a peça O acidente; e o Mão Molenga Teatro de Bonecos (selecionado para a circulação nacional do palco) reapresentando na cidade O fio mágico. Esquecemos alguém?
Pela programação já apresentada pelo Palco nacional, pelo menos treze grupos de outros lugares devem trazer espetáculos para cá. Olha só quem são esses grupos e as sinopses dos espetáculos:
Cia. Dita (CE)
Espetáculo De-vir
Sinopse: Quatro performers pontuando as interferências do corpo com seu ambiente. O corpo entendido como uma mídia que avança por acelerações, rupturas, diminuições de velocidade, desmembrando, constantemente, uma nova roupagem. De-vir propõe intensificar esses movimentos ondulatórios engendrando a idéia de um novo design, que pode re-compor a disposição e a ordem dos elementos essenciais que compõem as estruturas físicas de uma pessoa.
Grupo: Corpo de Dança do Amazonas (AM)
Espetáculo: Cabanagem
Sinopse: Foi uma revolta popular em que negros, índios e mestiços insurgiram contra a elite política regencial. A pesquisa para o espetáculo partiu da literatura de Márcio Souza e Marilene Corrêa. A obra não é narrativa. O espetáculo apropria-se da essência da Cabanagem e utiliza a linguagem de Mário Nascimento para traduzir o espírito de resistência, de luta, de revolta, de preservação das culturas de determinado local.
Grupo: Cia do Tijolo (SP)
Espetáculo: Concerto de Ispinho e Fulô
Sinopse: Uma Rádio Conexão SP/Assaré anuncia que uma Cia de Teatro de São Paulo chega para entrevistar o Poeta Patativa. O que seria uma entrevista costumeira se transforma num diálogo entre o popular e o erudito, o urbano e rural e culmina com a denúncia de um dos primeiros ataques aéreos contra civis em território brasileiro que não está nos livros de história.
Grupo: Armatrux (MG)
Espetáculo: No pirex
Sinopse: Boquélia (A dona da casa), Bencrófilo ( O garçom jovem), Bonita (A cozinheira), Ubaldo ( O garçom velho), e Alcebíades (O velho) são os cinco personagens que, em volta de uma mesa, dão vida a essa história que mais parece um pesadelo cômico. Ou um jantar surrealista? Uma festa macabra? Uma versão gótica do Mad Tea Party do país das maravilhas? Tudo isso ou nada disso: a piração do No Pirex é aberta a múltiplas leituras do público.
Grupo: Teatro Independente (RJ)
Espetáculo: Rebú
Sinopse: Em Rebú, Matias e Bianca são recém-casados e moram numa casa isolada em meio a um descampado. O jovem casal prepara-se para receber Vladine, irmã adoentada de Matias, que traz junto seu bem mais precioso: Natanael, uma espécie de filho. A hiperbólica e exigida cautela com a saúde da hóspede e a presença do seu acompanhante fazem com que Bianca, aos poucos, crie uma rivalidade com ambos, levando o embate às últimas conseqüências.
Grupo: Namakaca (SP)
Espetáculo: É nóis na xita
Sinopse: Mostra o convívio entre três personagens: os palhaços Cara de Pau, Montanha e Cafi, que disputam os aplausos do público, aceitando os próprios equívocos como fonte de inspiração e improvisação. Utilizando-se de linguagem e técnicas circenses como malabarismo, monociclo, acrobacias, equilibrismo e palhaçadas, o espetáculo é também musical, brincando com instrumentos como o cavaquinho, o pandeiro e diferentes efeitos percussivos.
Grupo: Amok (RJ)
Espetáculo: O dragão
Sinopse: É uma criação sobre o conflito entre israelenses e palestinos a partir de fatos e depoimentos reais. Através do olhar de quatro personagens – dois palestinos e dois israelenses, de suas trágicas histórias e de suas humanidades expostas, o Amok Teatro propõe revelar o interior das pessoas nesta experiência comum da dor, onde as diferenças não separam mais, mas simplesmente as distingue e as religa. Ultrapassando as barreiras históricas e geográficas, o espetáculo coloca em foco o homem, diante da violência de sua época.
Grupo: Cia. Polichinelo (SP)
Espetáculo: Frankenstein
Sinopse: Em seu laboratório, Victor Frankenstein está muito ocupado costurando uma imensa criatura e para que todos saibam de sua proeza, Victor anota tudo em seu diário. Depois de atingida por um raio, a criatura finalmente ganha vida, mas é abandonada por Victor que, com medo de sua própria criação, foge para longe, deixando de lado seu experimento. Com medo, as pessoas recusam se aproximar do “monstro”, mas ele encontra amizade em alguns pequenos momentos.
Grupo: Moitará (RJ)
Espetáculo: Quiprocó
Sinopse: É um espetáculo lúdico, que se alimenta do universo cultural brasileiro para criação de “tipos” genuínos, com seus sonhos, crenças e costumes, fazendo alguns paralelos entre os arquétipos e a Commedia Dell’Arte. Num encontro oportunista, três “personagens-tipos” – cada um na sua rotina – tentam saciar seus desejos, utilizando artimanhas de sobrevivência e, num jogo divertido de quiproquós, são deflagrados conflitos dos sentimentos humanos.
Grupo: Persona Cia de Teatro & Teatro em Trâmite (SC)
Espetáculo: A galinha degolada
Sinopse: Conta a história do casal Mazzini-Ferraz e seus 4 filhos. Portadores de uma doença mental incurável, os meninos sofrem todas as conseqüências da falta de amor entre os pais. Passado certo tempo, nasce uma menina, que não é acometida pela mesma doença, mas que acaba revelando o verdadeiro sentido da falta de cuidado e amor do casal.
Grupo: Delírio (PR)
Espetáculo: O evangelho segundo São Mateus
Sinopse: A partir do acontecimento dramático do desaparecimento de um filho e seu hipotético retorno à casa dos pais, depois de um longo período, mãe, namorada, irmão e pai iniciam uma investigação emocional e psicológica pelos caminhos percorridos pelo rapaz em sua longa ausência. Esse conflito familiar é o ponto de partida para uma longa reflexão sobre a condição humana, no que ela tem de bela, doce, engraçada, cruel e trágica. O Evangelho de Mateus surge então como palavra utilizada para discorrer sobre o homem e seus descaminhos. Mateus, o filho que retorna é um segredo a ser desvendado pelo público.
Grupo: Caixa do Elefante (RS)
Espetáculo: A tecelã
Sinopse: Uma tecelã, capaz de converter em realidade tudo o que tece com seus fios, busca preencher o vazio de seus dias criando, para si, o suposto companheiro ideal. O espetáculo trata, de forma poética, da solidão feminina, das dificuldades de relacionamento e do poder criativo como possibilidade de transformação.
Grupo: IN.CO.MO.DE-TE
Espetáculo: Dentro fora
Sinopse: O espetáculo é uma metáfora sobre o ser humano contemporâneo. Conta o momento de duas personagens, chamadas apenas Homem e Mulher, que se encontram presos dentro de duas caixas. A peça explicita a imobilidade do ser humano perante a vida.
O palco gira no Recife
Como de costume, o festival Palco Giratório no Recife será realizado no mês de maio. A grade de programação completa – que inclui convidados de outros estados que não estão na circulação nacional e atrações locais – não está totalmente definida. Ainda assim, Galiana Brasil adianta que está dando maior foco para as estreias ou para espetáculos que não conseguiram tanta visibilidade.
Uma das novidades deste ano é a criação de um circuito gastronômico aliado ao festival, com pratos que vão fazer homenagens a espetáculos da programação. As criações serão do chef César Santos, do restaurante Oficina do sabor. “Os locais que vão participar deste circuito ainda estão sendo fechados, mas sei, por exemplo, que o restaurante do Senac já foi confirmado”, diz Galiana.
O Espaço Muda (Rua do Lima), que vem se firmando como reduto e alternativa para vários espetáculos cênicos, foi incluído no festival. Vai sediar a Cena bacante, programação que será realizada no final das noites, depois das sessões nos teatros tradicionais. “Será uma celebração com teatro e vinho”, propõe a curadora.
O recurso de audiodescrição, utilizado ano passado em alguns espetáculos locais, para facilitar o acesso às pessoas com deficiência ou dificuldades visuais, deve ser ampliado. “Queremos que tenha audiodescrição para um número maior de espetáculos. Rebú, por exemplo, da companhia Teatro Independente, do Rio de Janeiro, terá o recurso”.
A expectativa é que a grade de programação tenha entre 15 e 20 espetáculos de várias linguagens – assim como é a própria seleção do Palco nacional – com montagens de teatro adulto, infantil, dança, teatro de rua, de animação. Alguns acertos ainda precisam ser fechados. “Queríamos muito trazer o Teatro Piollin, de João Pessoa, com o espetáculo Retábulo, mas ainda não sabemos como será, porque eles precisavam de um espaço como era o Teatro Armazém, e talvez o Nascedouro de Peixinhos, que poderia ser uma alternativa, esteja em reforma”, diz.
Os espaços que vão participar da mostra, aliás, também não foram decididos. O Parque Dona Lindu, por exemplo, poderia ser uma opção. Para alguns teatros municipais, no entanto, como o Teatro Apolo e o Barreto Júnior, o festival terá que arcar com alguns custos extras, como o aluguel de iluminação. “É ruim, porque esse dinheiro poderia servir para trazer mais grupo”, finaliza Galiana.
Teatro nos quatro cantos do país
Na última semana estive em Florianópolis, Santa Catarina, para o lançamento nacional do Palco Giratório. É o maior circuito de artes cênicas do país. Não duvide do adjetivo. Aqui, o ´maior` tem razão de ser. Ou você já teve notícias de algum festival que percorra todos os estados brasileiros, incluindo o Distrito Federal, passando por 114 cidades, com 728 apresentações no total? Pois é. Esse é o Palco Giratório, promovido pelo Sesc, neste ano na 14ª edição.
Em Pernambuco, as apresentações começam no mês de abril. O espetáculo catarinense do grupo Persona cia. de Teatro & Teatro em Trâmite, chamado A galinha degolada, vai circular por cinco cidades do interior: Garanhuns, Caruaru, Arcoverde, Triunfo e Petrolina. No mês seguinte, é a vez do Festival Palco Giratório tomar conta da capital pernambucana, com espetáculos que compõem a grade nacional de circulação, outros grupos convidados e ainda companhias locais. Outras quatro cidades ainda vão receber encenações do projeto ao longo do ano.
Escolher os 16 grupos que vão se apresentar por todo o país, com 37 espetáculos, e montar a logística do circuito são os principais desafios. Cerca de 80 montagens disputaram a seleção este ano. “As coordenações regionais, que participam da escolha, têm autonomia para fazer sugestões de espetáculos, que são copiados em DVDs para todos os participantes. Quem é do estado do grupo e está fazendo a indicação tem que ter visto o espetáculo ao vivo. Depois, durante dez dias, temos um encontro para discutir quais serão os grupos”, explicou Raphael Vianna, técnico de teatro que faz parte da coordenação nacional do projeto.
Galiana Brasil, representante pernambucana no grupo de curadores, diz que existe uma verdadeira ´defesa` dos espetáculos. “O curador tem que conhecer a cena do seu estado porque a escolha é feita através de indicações. Não há, por exemplo, um edital, com requisitos a serem cumpridos”.
O fato é que a seleção possibilita um amplo panorama do que está sendo produzido em artes cênicas em todas as regiões do país. Este ano, algumas particularidades ou, quem sabe, tendências, puderam ser elencadas. “Percebemos, por exemplo, o fim da era dos monólogos e o teatro de grupo aparecendo com muita força”, explica Galiana. Além disso, cada vez mais espetáculos de dança participam da seleção (o pernambucano Leve, do coletivo Lugar Comum, foi um dos contemplados pelo projeto e há ainda espetáculos de dança do Ceará e de Manaus) e houve dificuldade para selecionar espetáculos de teatro de rua.
Um dos escolhidos nesta área foi o grupo Imbuaça, de Sergipe, que não vai ao Recife há cerca de dez anos. “Nós devemos circular por 15 estados e fazer 70 apresentações. Que outro projeto nos permite isso? Uma programação anual de espetáculos?”, questionou Lindolfo Amaral, do Imbuaça. O grupo, aliás, esteve na 1ª edição do Palco Giratório, em 1998, com o espetáculo A barca do inferno, sob direção de João Marcelino. À época, fizeram apresentações somente em Pernambuco. Neste ano, o grupo completa 34 de carreira.
“É mais que um prêmio. É a oportunidade de ficar um ano inteiro apresentando um espetáculo, o que normalmente é muito difícil conseguir”, explicou a atriz Pagu Leal, do grupo curitibano Delírio, que no Recife deve apresentar o espetáculo Evangelho segundo São Mateus, a história de um filho e seu retorno hipotético à casa dos pais.
“É um processo de troca rico para o próprio trabalho, porque você tem que repensar a obra por conta do olhar das outras pessoas, das dúvidas e questões que vão surgindo”, explicou Vinícius Arneiro, diretor do espetáculo Rebú, do grupo Teatro Independente, do Rio, que abriu a programação de itinerância em Florianópolis. Em São Miguel do Oeste, o espetáculo apresentado foi Frankenstein, da Cia. Polichinelo, de São Paulo.