Palhaças – História de um circo sem lona, montagem da Cia 2 Em Cena de Teatro, Circo e Dança, é uma prova de que o “tradicional” pode sim nos envolver e surpreender. De que “invencionices” nem sempre são necessárias para nos levarem ao espaço do lúdico, da imaginação, da risada despretensiosa – mas que é cheia de significados, como só a criança consegue dar.
A peça, que foi encenada no Janeiro de Grandes Espetáculos e ganhou os prêmios de melhor ator (Alexsandro Silva), melhor ator coadjuvante (Arnaldo Rodrigues) e maquiagem, é fruto da pesquisa sobre Palhaços Brasileiros – A formação do palhaço no Brasil, realizada pela companhia.E não dá mesmo para dissociar o resultado no palco do mergulho que esses atores engendraram pelo circo tradicional. É consistente, rico, tem densidade. A dramaturgia, assinada por Alexsandro Silva (além da encenação e da preparação de palhaços), os números, as piadas, a maquiagem, o figurino, tudo tão conhecido – poderia mesmo cair no “mais do mesmo”, mas eles escapam disso com competência.
São dois palhaços que perderam tudo num incêndio e daí partem para se apresentar nas ruas. A dupla Alexsandro Silva e Arnaldo Rodrigues é uma delícia. E o primeiro consegue uma empatia com as crianças surpreendente. Quem nunca viu o número do fantasma no circo? Quer mais clichê? Mas é maravilhoso e as crianças de hoje definitivamente merecem isso.
Outro ponto alto da montagem é a música ao vivo com Flávio Santana e Davison Weslley. Agrega poesia, lirismo, brincadeira, timing certo para os números. O único momento em que para mim há uma quebra no ritmo da montagem é exatamente o final. É como se a peça viesse sempre no crescente de força e energia e naquele momento para todo mundo sair feliz do teatro – houvesse uma quebra nesse ritmo.
Palhaçadas – Histórias de um circo sem lona já tem sete anos de estrada e fez muitas apresentações em espaços públicos, principalmente em feiras livres. E, segundo os atores, está em constante recriação para nos fazer amar de novo – e sempre – a figura do palhaço.