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O Théâtre du Soleil no Brasil, em 2011

Os Náufragos da louca esperança. Foto Ivana Moura

Uma das grandes experiências que vivi em 2011 foi assistir ao espetáculo Les naufragés du Fol Espoir (Aurores) do Théâtre du Soleil, em São Paulo. Desde a aventura de conseguir um ingresso (agradeço a José Manoel, Galiana Brasil, Sidnei Martins e pessoal do Sesc) até a encenação em si.

O Théâtre du Soleil tem 48 anos de existência, mas só veio ao Brasil pela primeira vez em 2007, com Les éphémères, uma encenação deslumbrante, que estreou no Porto Alegre em Cena e depois fez uma pequena temporada em São Paulo.

Este ano o grupo francês trouxe Os náufragos da louca esperança para Sampa em outubro, Rio de Janeiro, em novembro e Porto Alegre (Canoas) em dezembro. Foram quase três meses no Brasil. Além da peça, o Soleil ofereceu palestras com a diretora Ariane Mnouchkine e oficinas com outros integrantes em algumas cidades do país.

O ator e diretor Maurice Durozier ministrou oficina no Recife em setembro, graças à iniciativa do Coletivo Angu de Teatro, com patrocínio da Prefeitura do Recife e do Sesc Pernambuco. Foi um curso prático de interpretação, O teatro é o outro, e quem participou já quer mais.

Os frutos dessa passagem do Soleil pelo Brasil serão vistos em breve.

Montagem tem quatro horas de duração

Les naufragés du Fol Espoir (Aurores) é uma montagem de quatro horas de duração, inspirada no romance póstumo Os náufragos do Jonathan, de Julio Verne, com dramaturgia de Hélène Cixous.

O elenco de mais de trinta artistas, liderado pela atriz carioca Juliana Carneiro da Cunha, encena essa história embalados por uma trilha sonora original executada ao vivo pelo compositor Jean-Jacques Lemêtre. Os atores se desdobram em vários papéis.

O que vemos em cena é uma trupe fascinada pela chegada do cinematógrafo e que no sótão do cabaré Louca esperança realiza o sonho de rodar um filme. O grupo nos leva a 1914, às vésperas da Primeira Guerra Mundial. O romance póstumo de Júlio Verne Os Náufragos do Jonathan relata a edificação no Cabo Horn, ao extremo Sul do Chile, de uma pequena sociedade, pelos sobreviventes de um naufrágio. O filme mostra um grupo de imigrantes que, no final do século XIX, partem rumo à Austrália, mas naufragam na gélida Terra do Fogo, onde tentam forjar uma comunidade socialista.

Melhor espetáculo internacional que veio ao Brasil em 2011

A utopia do Les Naufragés du Fol Espoir remete para o próprio projeto artístico do grupo, que aposta na indissociável parceria de ética e estética, na arte com poder transformador e na igualdade de direitos (e deveres) de seus participantes

A sofisticação da montagem, e talvez aí também um dificuldade de leitura, conta com o recurso da mise en abîme – uma história dentro da história, dentro da história, e assim indefinidamente – que lembra uma babuska, a tradicional bonequinha russa.

São apresentados três planos narrativos: as lembranças de um dos atores do filme, através da voz off de sua neta, falando do que se passa no set e da política da Europa pré-guerra; o que se passa no estúdio amador montado no cabaré à beira do Marne; e a fita, com os atores mexendo os lábios sem emitir som, arregalando os olhos, tremendo e agitando-se, com suas gags, dramas, cenas de bravura, de erotismo, e revolta.

Peça fex temporda em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre

As filmagens do naufrágio ocorrem em ritmo frenético. O cenário é uma taberna parisiense, cedida pelo taberneiro Felix e transformada em um set de filmagem. Jean La Palette, diretor de cinema egresso dos estúdios Pathé, e sua irmã Gabrielle decidem rodar um filme mudo, tendo no elenco, cozinheiros, garçons e frequentadores da taberna.
Uma multidão de personagens ocupam o palco, como um arquiduque, capitalistas selvagens, jovens amantes, missionários, assassinos, indígenas, colonizadores gananciosos, traidores.

É impressionante a agilidade nas mudanças de cenas e técnica para mostrar como se filmava naquela época, com todas as precariedades, como balançar de saias ligadas por cordões ou utiliza ventiladores pra forjar a ventania.

O Théâtre du Soleil promove uma reflexão sobre a utopia no teatro e na política. Muito interessante para esses tempos pós-utópicos.

Ariane Mnouchkine, diretora do Théâtre du Soleil

Palestra-debate da fundadora e diretora do Théâtre du Soleil, Ariane Mnouchkine
Funarte – Teatro Dulcina – Rio de Janeiro
11 de novembro de 2011
(http://www.funarte.gov.br/wp-content/uploads/2011/11/Palestra-debate_Th%C3%A9%C3%A2tre-du-Soleil_Ariane-Mnuchkine_Rio_2011.pdf)

Resumo das respostas

Trabalho e motivação – “O entusiasmo é fundamental. Ele é uma soma de dois elementos: o primeiro é trabalho – a próprio fazer e a própria obra; o segundo é o desejo e a forte vontade de realizar”

Lidar com o tempo – “O tempo se vinga do que se faz sem considerá-lo. Portanto, procuro não irritar o tempo.”

A “louca esperança” do teatro e da arte – “O teatro é um momento de utopia, derivado da capacidade de doação do elenco e do público. A arte provém da espectativa de transformar. Quando não existe a esperança verdadeira de transformar uma pessoa que seja, na plateia, não há teatro propriamente dito, mas, apenas uma representação vazia de sentido. É necessário que haja esta expectativa”.

O fazer teatral – “Houve quem dissesse que fazer teatro é como um naufrágio. Mas não. É como uma exploração. É tal qual explorar um mar desconhecido, na qual, sim, se corre o risco do naufrágio. Mas, sem este, não há exploração”.

O processo de criação e escolha de personagens – “Os personagens são propostos aos atores, mas a escolha acontece durante o processo da criação, no qual os personagens também se transformam, ganham novas características. Cito o exemplo de uma personagem de camareira, que propus a uma atriz. Foi um longo processo de criação. Dos muitos personagens que propus, foi criado este, uma coadjuvante. Era uma mulher comum, um tanto frágil. Mas a atriz, em meio ao ensaio, numa improvisação, mudou a personalidade da camareira. Ela foi ficando mais feroz,
agressiva. Diante disso, eu sugeri que ela se transformasse num homem que, na sequência, virou um quitandeiro, que foi crescendo na narrativa! Todos o adoraram! Ele se tornou o mecenas do grupo que, na peça, produziria um filme. Assim, ele foi criado no processo de ensaio e ganhou importância depois. Foi criada para ele uma pequena “guinguette” (taverna popular, ao ar livre, onde se bebe, come e dança) e o personagem cresceu – um quitandeiro que amava cinema, e trazia legumes e verduras para a produção e um tipo de mecenas, “cresce” e se transforma num taverneiro, que cede um espaço para os outros personagens desenvolverem a trama. Eis um exemplo concreto do que pode ocorrer durante o processo de criação.”

O “ouvir” e a criação do espetáculo e dos personagens – “A primeira tarefa e a primeira ferramenta do ator e do diretor é o ouvir. Antes do falar, antes do agir, primeiro é receber. Se eu não tivesse escutado a camareira, com sua autoridade quase masculina, as coisas não teriam tomado aquele rumo.”

Processo de criação e trabalho colaborativo – “Basicamente, nos reunimos e conversamos. Há liberdade para criar. Eu escuto antes os atores. O pacto que existe é não haver censura, nem a mim nem ao elenco. Os atores também se reúnem e trocam ideias entre si. Faço questão de não participar e não interferir, neste momento. Não se discute a qualidade das ideias, mas sim como realizá-las. Isso é um dos elementos mais importantes e mais formadores. A seguir, eles conversam um pouco, e logo se põem a trabalhar para a coisa, concretamente. Vão à oficina, para fabricar o
que for necessário. Nada de discussão filosófica, porque isto é fuga. Evitamos o blá-blá-blá. O debate filosófico acontece depois. Consideramos o tempo que temos como oportunidade para agir.”

Dramaturgia x criação em processo – “Não temos dramaturgo, nem roteiro pré-estabelecido. A criação é coletiva e ocorre no processo de elaboração e de ensaios. Entre começar com um roteiro e utilizar a criação livre, prefiro começar com o “nada”, com o “deserto”. Nele, realmente, se pode criar. Isto faz parte do processo de criação. Mas me tocam muito certos autores contemporâneos, como o canadense Robert Lepage, por exemplo.”

O papel do diretor – “O trabalho é, de fato, coletivo. Mas é visível e necessário também o papel do diretor. Mesmo com ele, trabalhamos coletivamente, mas isso não significa que não haja alguém que ajude o grupo a se organizar. Senão, seria anarquia, que é, na verdade, uma lei do mais forte disfarçada. Costumo comparar nosso trabalho com o “curling”, esporte em que equipes competem, no gelo, com o objetivo de fazer deslizar pedras lisas sobre uma pista, até um alvo, impresso nela. Quando alguém lança uma pedra, um dos companheiros fica o tempo todo aplainando a pista, facilitando o movimento da peça. O trabalho do diretor é semelhante ao deste jogador. É ele quem tira os obstáculos, reais ou imaginários do caminho dos atores. Ele facilita as coisas. A direção deveria ser executada mais assim do que impondo barreiras à criação. Portanto, o trabalho coletivo não inviabiliza a presença da direção. A confusão entre coletivo e anárquico me parece politicamente perigosa. – Afinal, caso não houvesse coordenação, não haveria nem
democracia representativa. É bem verdade que não há, ainda, democracia participativa, porque os líderes são eleitos mas, muitas vezes, não consultam o povo, a não ser em época próxima de eleições. Mas a democracia participativa é algo desejável.”

Criação da linguagem de cada espetáculo. Direcionamento da linguagem dos atores. Solução de divergências na direção – “Cada espetáculo é um mundo [cria sua dinâmica própria]. Escuto a todos e dou ênfase ao que parece evidentemente maravilhoso. Ao que não tem nada a ver com o espetáculo, digo não, simplesmente. Mas confio na criatividade e nas ideias dos atores. Se uma ideia me parece dissociada, pergunto o que ela tem a ver com o espetáculo, até para tentar aproveitá-la.A geração de ideias é sempre muito grande. Nós as selecionamos por eliminação. É uma pesquisa, uma exploração. Também aprendemos com o erro, também pelo método de tentativa e erro. Afinal, o teatro não é ciência exata. Se, muitas vezes não sabemos exatamente onde vamos chegar. O princípio é: ‘sabemos o que não queremos’.”

Postura do ator em relação ao público e aos colegas – “Há atores que se colocam acima das outras pessoas, dos demais. Porém, num grupo de teatro, não há ‘castas’. Eu nunca trabalharia com alguém que se recusasse a colaborar com o grupo em tarefas consideradas menores, mas que fazem parte da produção. No Théâtre du Soleil, todos os atores ajudam na confecção de material.”

Figurino e caracterização. Cenografia – “Os próprios atores buscam o material, no acervo da companhia. Eles vão experimentando e encontrando a caracterização pouco a pouco. Depois é que chegam as costureiras, que são, na realidade, mais do que isso: são verdadeiras consultoras e conselheiras. Mas não há figurino pronto. Não entendo como pode ser utilizado este processo tradicional. Já nos cenários é diferente. Nos pequenos cenários, trabalhamos de forma inteiramente cooperativa. Já nos grandes, nosso cenógrafo faz um projeto e uma pintora, que faz parte da equipe, trabalha na execução.”

A entrada de novos atores – “Um trabalho como o nosso é muito forte e muito frágil, ao mesmo tempo, e pode ser prejudicado por um indivíduo. Mas, felizmente, pessoas danosas ao grupo foram poucas e raras. O que é importante para novos atores é o compromisso. Quando alguém entra na companhia, parto do princípio que a pessoa deverá ficar nela por muito tempo. Tenho dito que isto é como um casamento. E que não se pode casar-se com qualquer pessoa. É necessária uma boa escolha.”

O processo de ensaios e o registro em vídeos – “De fato, há grupos que gravam os ensaios, como recurso de aprimoramento do trabalho. Mas nem pensamos nisto – somente se e quando alguém do grupo tem interesse. Mas, se isso der prazer aos atores, pode ser feito. Tivemos uma experiência, certa vez, com um palco bifrontal (plateia em ambos os lados), na qual a filmagem captou o público e sua emoção. Fizemos as gravações em seis apresentações. Não foi exatamente um filme, mas um registro documental do espetáculo. Em Os Náufragos da louca esperança, pretendo fazer um vídeo com a atuação no palco. Mas não com os recursos visuais atual, mas
reproduzindo as técnicas do cinema antigo, como num antigo filme. Mas farei isto porque dá prazer aos atores. Se assim não fosse, não o faria.”

Dificuldade na preparação e no exercício profissional do ator na América Latina, por falta de patrocínio direto dos governos, ao contrário da França. Dificuldade de disciplina dos atores, relacionada à falta de patrocínio
“Sim, na França há um sistema de incentivo privilegiado. Ela é uma exceção cultural. Lá há dinheiro público para a cultura, para teatros públicos e para grupos artísticos. Não posso ir muito longe no assunto, porque não conheço muito sobre patrocínios no Brasil. Porém, a maior parte do nosso patrocínio aqui, por exemplo, é dinheiro público, como da Funarte, por exemplo, ou angariado por uma representação coletiva.
Todavia, cabe a questão: é preciso ter patrocínio para ter disciplina? Esta provém de ouvirmos e respeitarmos uns aos outros. Para isso vocês precisam de patrocínio? Costumo dizer que o ator deve sair da sedução do falar e ouvir muito. No caso de vocês, acho que devem evitar confiar no ‘charme latino-americano’ e se pôr a trabalhar firmemente em teatro, sem se esconder em ‘borboleteios’. Para isto, não precisam de patrocínio. Sejam seus próprios patrocinadores! Mas lutem, também, procurando os órgãos públicos, para viabilizar patrocínios. Considero o fato de que, no Brasil, muitos atores precisam de outro trabalho para sobreviver. Sei que aqui, sua situação é muito mais difícil e menos propícia à criação do que na Europa. Por isso, parabenizo os esforços de vocês”.

O socialismo no contexto da época da criação da companhia. A identidade e o papel do Théâtre du Soleil na época de hoje, chamada de pós-moderna – “No começo, não éramos considerados esquerdistas, mas pequenos burgueses de esquerda. O fato de não sermos, de fato, do movimento esquerdista causou dificuldades de relacionamento com outros grupos, que eram da esquerda radical. Mas eles desapareceram, ou foram absorvidos pelo sistema dominante. Vencemos, mas não como muitos esquerdistas da época, que se tornaram donos de jornal, ou políticos. É curioso, ver, por exemplo, jornais que eram maoístas radicais hoje defender o individualismo. Ao contrário daquele tempo, hoje, nós é que somos chamados de radicais… Mantemos, por exemplo, a igualdade de salário, o que é raro. Mas, se nos mantivemos neste princípio de igualdade, isto não foi uma escolha politiqueira. Fazemos tudo no trabalho de forma coletiva; convivemos muito – mais de 14h juntos. Porém, preservamos a individualidade e a vida privada de cada integrante.”

O teatro conduz questões como liberdade e igualdade. Como é levá-lo a países onde há resistência a isso?
– “O Théâtre du Soleil não vai onde há ditaduras. Só fomos a um único lugar onde vi esta resistência à liberdade: um país do Oriente Médio. Porém, defendo o que acredito e, lá, deixei claro que defenderia meus valores. Há princípios transculturais e universais que defendo integralmente – por exemplo, a igualdade entre mulheres e homens. No Oriente, há coisas que
parecem tão bárbaras que estão além das nossas torturas ocidentais. Não é por ser costume de uma cultura que isto seria aceitável. O relativismo cultural não é desculpa para práticas autoritárias. Naquele país, exigi que houvesse mulheres nas oficinas. Eles trouxeram umas cinco ou seis, por causa disso. Foram poucas. Mas, pelo menos quatro delas estão na França, estudando teatro!”

Atuais movimentos de mobilização popular, tais como a “Primavera árabe” e suas possíveis consequências positivas para a área cultural – “É preciso dar tempo ao tempo, e verificar como estes movimentos vão-se desenvolver: se vão caminhar rumo à democracia e à laicidade, ou se parama volta do radicalismo religioso. Eis o cerne da questão. Para as mulheres, principalmente, isso é muito importante. Tenho muita esperança quanto a esse processo, mas não o vejo como algo angelical. Em pelo menos dois países, a primeira coisa que fizeram foi implantar a lei religiosa. Logo,
vamos observar bem. Parece que as pessoas começam a tentar respirar. Há outro exemplo: os indignados da Espanha. Acontecem coisas também na França, ainda pouco discerníveis. Mas, pelo menos, existe uma raiva. Ela pode ir para um lado ou para outro. Tenho esperança, mas, de qualquer forma, nosso trabalho é subvencionado pelo dinheiro dos cidadãos franceses. Alguns nem vão ao teatro, mas patrocinam a cultura.
Não devemos ficar desesperados, mas produzir, com coragem e entusiasmo, com a força da inteligência, apesar do momento que a Europa atravessa. Ela vive um tempo de muito desencanto e pessimismo – não como aqui. Diante disso, acho que meu papel não é o de criar coisas ainda mais sombrias. Ao contrário, é o de ser um pequeno farol, procurar onde brilha alguma pequena luz e trazer, junto comigo e a companhia, as centenas de pessoas, que estiverem na plateia, para
esta luta e para a resistência ao absurdo. Esta seria a ‘louca esperança’… “

A mulher o mercado de trabalho – “No início, eu não percebia a discriminação. Quando a notei, até no teatro, me surgiu uma revolta. Fui percebendo que, se metade da humanidade julga a outra metade como inferior, isto só pode ser uma das causas de subdesenvolvimento. Mesmo na França, uma das democracias européias, há uma discrepância entre homens e mulheres na ocupação de postos de trabalho e em ganhos, comprovada estatisticamente – e isso é contra a lei lá.”

Início de carreira e descoberta da vocação – “Um espetáculo que me marcou, no início, foi Arlequim, servidor de dois patrões (texto de Carlo Godoni). Minha escolha da carreira aconteceu na universidade, onde comecei no teatro. Saí de um ensaio fora de mim, como em êxtase. Foi como um amor à primeira vista. Eu pensei: ‘é isto que quero fazer por toda a minha vida’. Quando penso que muitos jovens não acham suas vocações, sinto que tive muita sorte em descobri-la”.

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