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Memória em chamas no Mercado Eufrásio Barbosa

Natali Assunção entrelaça vozes reais e ficcionais para investigar temas como aprisionamentos e liberdades femininos numa sociedade patriarcal no espetáculo Ainda escrevo para elas. Foto: Li Buarque / Divulgação

O espetáculo Ainda escrevo para elas joga foco sobre vidas de 11 mulheres comuns, de feitos minimalistamente extraordinários no enfrentamento de suas prisões subjetivas e sociais. O monólogo de Natali Assunção, com direção de Hilda Torres e Analice Croccia, percorre territórios de delicadezas e complexidades para traçar uma rebelião silenciosa (ou nem tanto) numa sociedade patriarcal.

Com a escuta da fala dessas mulheres de diferentes realidades sócio-econômico-culturais, as vivências, histórias e memórias, além da fricção com a escrita de Mia Couto, foi tecido esse monólogo, que faz duas apresentações, nos dias 10 e 11 de janeiro, no Teatro Fernando Santa Cruz (Mercado Eufrásio Barbosa – Varadouro, Olinda).

A peça integra o projeto Narrativas de uma memória em chamas, idealizado por Natali Assunção. Algumas ações foram traçadas para perscrutar os limites da liberdade e dos aprisionamentos no cotidiano feminino. Uma imersão na linguagem documental alinhavada pela literatura, pelo  ensaio fotográfico Espelhos, um filme e o monólogo. A dissertação Narrativas de uma memória em chamas: Uma experiência em teatro documentário, a ser defendida no início de fevereiro de 2020, no Departamento de Artes Cênicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), traça pensamentos e vivências desse processo.

SERVIÇO

Ainda escrevo para elas
Quando: 10 e 11 de janeiro, às 19h30
Onde: Teatro Fernando Santa Cruz (Mercado Eufrásio Barbosa – Av. Joaquim Nabuco – Varadouro, Olinda)
Ingresso: R$ 30 e R$ 15

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Carta para Alice, que anseia abraçar Pessoa

A peça, que segue em março para Portugal, faz uma reflexão sobre as perdas que temos ao longo da vida e sobre o ímpeto de viver.

Três sessões da peça Espera o outono, Alice, da AMARÉ Grupo de Teatro faz parte da campanha “Alice em Portugal”

                                                                                                                         Por Natali Assunção *

Alice, de um ano para cá a vida tem sido um turbilhão, né? Estreamos em janeiro de 2018 depois de um longo processo mergulhados nas necessidades, angústias e sonhos des envolvides. Lembra que, no início, queríamos adaptar Esperando Godot de Beckett? Desse referencial inicial levantamos diversos pontos que nos ligam. O cinema nos impregnou e quase virou título do espetáculo e textos nossos e de autores como Pedro Bomba, Marla de Queiroz, Hilda Hilst, Carl Sagan e Felipe André, por exemplo, também nos atravessaram. Estudamos view points e nos lançamos em um mergulho vertiginoso.

No início você ainda não estava materializada, mas no decorrer dessa teia você nos chegou com essa energia imensa, com esse sorriso largo de envolver o mundo! Você sabia que o ambiente se ilumina quando você chega e que nós morremos de saudade quando você não está por perto? Na verdade é meio assustador quando você diz que vai ali e volta já e demora muito para retornar. Faz falta.

Hoje eu gostaria de um abraço seu. Quem sabe sair para dançar? Tanto de você carrego em mim e quanto de mim você leva contigo, né!? Tanta coisa vem se passando que, às vezes, eu fico até tonta com o tudo que se segue. Os dias têm sido difíceis e pensar em você traz um pouco de paz, acalanta o coração. Engraçado, volta e meia me pego perdida admirando a lua e me pergunto se você está fazendo o mesmo.

Hoje, na verdade, não consegui ver a lua, mas tenho pensado nisso porque de vez em quando esqueço das cores e tudo parece cinza. No entanto ali, no palco, quando estamos juntas, tudo se alinha e, por um momento, penso que nos encontramos. Que verdadeiramente nos encontramos porque aquele espaço ainda nos reserva o encontro, essa magia de estarmos juntes. Olhos nos olhos. Então a perspectiva de te ver na sexta (15) e no sábado (16), às 20h, com mais um encontro no domingo (17), às 18h, lá no Teatro Arraial (R. da Aurora, 457 – Boa Vista) é de uma alegria imensa!

Estou ansiosa com essa perspectiva de estarmos em Portugal. É muito bonito ver que nossos passos se expandem. Veja bem, depois de tantos percalços e de forma totalmente independente, assim como fizemos no nosso primeiro espetáculo, Amar é crime, baseado no livro homônimo de Marcelino Freire, estreamos e, nesse nascimento, fomos vistos pelos Gambuzinos com um pé de fora, grupo português que, na época, realizava um intercâmbio com outro grupo pernambucano, o Resta 1 Coletivo de Teatro, nosso grupo irmão. Quem diria, né? Recebemos o convite e agora temos quatro apresentações em vista para além-mar hahahaha Mar… Tô rindo porque eu sei do seu apreço pelo mar.

Seria ótimo um mergulho numa noite de lua cheia. Vamos? Podemos terminar a noite dançando para secar a água salgada do nosso corpo. Mas voltando, temos então duas apresentações no Festival Ao teatro!, em Benedita, e ainda uma em Idanha-a-Nova e uma em Lisboa. É bom levar nosso trabalho para novas trocas porque, às vezes, poxa Alice, vou te confessar, às vezes, parece que tudo é muito difícil. Eu sei, eu sei, “tudo é muita coisa”;)

Acho que já falei demais, olha como os ponteiros seguem soltos… Mal posso esperar para te ver…

• O AMARÉ Grupo de Teatro iniciou uma campanha para levar Espera o outono, Alice para Portugal. Além de conferir as apresentações no Teatro Arraial, nas quais haverá ainda a venda de alguns produtos relacionados ao espetáculo, você também pode contribuir com qualquer valor por meio da conta:

CONTA POUPANÇA
BANCO DO BRASIL
AGÊNCIA: 3243-3
CONTA: 42.073-5
VARIAÇÃO: 51

Aproveita se segue o grupo nas redes sociais: @amaregrupodeteatro

                                           * Natali Assunção é atriz do espetáculo Espera o Outono, Alice

Espera o outono, Alice, do AMARÉ Grupo de Teatro, foi o terceira montagem a sair do festival. Foto Arnaldo Sete

Espetáculo traça reflexão sobre as perdas ao longo da vida e sobre o ímpeto de viver. Foto Arnaldo Sete

Serviço

Espera o outono, Alice
Quando: 15 e 16 de fevereiro (sexta-feira e sábado), às 20h, e 17 de fevereiro (domingo), às 18h
Onde: Teatro Arraial Ariano Suassuna – Rua da Aurora, 457, Boa Vista
Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia), à venda na bilheteria 1h antes do início de cada sessão e antecipado no Site Sympla – Espera o outono Alice
Classificação indicativa: 14 anos Informações: 3184-3057 / 97914-4306

Direção: Quiercles Santana e Analice Croccia.
Elenco: Bruna Justino, Paulo César Freire, Isabelle Barros e Natali Assunção

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Outubro vem tinindo com o teatro

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Retomada, do grupo Totem, está na 1º Mostra de Teatro Alternativo do Recife. Foto: Fernando Figueirôa

A ideia é ambiciosa e vem sendo urdida no “afetuoso espaço de diálogos” em casas, terreiros e espaços não convencionais. OUTUBRO OU NADA – 1ª Mostra de Teatro Alternativo do Recife busca discutir a questão da representatividade do teatro na sociedade contemporânea. Para realizar a tarefa, conta com 24 grupos/ companhias/ coletivos e produtores independentes, que atuam nas apresentações, estreias, ensaios abertos, performances, rodas de diálogo e oficinas. De 3 a 29 de outubro o programa reúne 35 espetáculos em mais de 50 apresentações. Vai ocupar 14 espaços alternativos com Ingressos a preços populares.

Os números traduzem a potência do ajuntamento temporário de mais de 60 artistas pernambucanos. O que eles querem? “Exercer o seu empoderamento”. OUTUBRO OU NADA é defendido como um ato político, uma guerrilha cultural que permite projetar o espírito plural e polissêmico do projeto. E propõe reelaborar diálogos e relações com o público dessa produção, que atravessa os espaços oficiais e se instala em qualquer lugar da cidade.

A situação das políticas públicas para a cultura é periclitante, já sabemos. Mas o discurso dos artistas é outro. FORA daqui o lugar de coitadinho “Agora, é tudo ou nada”, anunciam no release quase manifesto. Eles se garantem mobilizados. Pela urgência das reivindicações para o setor, reafirmam que a “democracia em qualquer âmbito, exige diálogo permanente, tolerância com a diversidade dos pontos de vista, negociação entre todos os poderes”.

Reunião da equipe do Outubro ou nada, com Rodrigo Dourado em primeiro plano. Foto: Reprodução do Facebook

Reunião da equipe do Outubro ou Nada, com Rodrigo Dourado em primeiro plano. Foto: Reprodução do Facebook

A mostra acontece sem apoio dos editais. “Todos nós estamos apontando para os descasos do poder público e as deficiências paralisantes nos investimentos para uma política cultural satisfatória que nos faça manter uma permanente produção. A nossa resposta é um diálogo coletivo e ressoa em prol da proliferação e permanência desses espaços alternativos importantíssimos para a vitalidade da cena local, da valorização deste circuito alternativo que faz sustentar e estimular o teatro, nas suas múltiplas funções sociais”, pontua o coordenador da mostra, o diretor e professor Rodrigo Dourado.

Programação dos ESPETÁCULOS e RODAS DE DIÁLOGO

Espetáculo Na Beira abre a mostra, Foto: Divulgação

Espetáculo Na Beira abre a mostra, Foto: Divulgação

Dia 3 – ABERTURA (18h-19h30) com o lançamento da Revista TREMA! Edição “o golpe”
Na Beira (20h) / Local – Espaço O Poste Soluções Luminosas / 60 lugares

Dia 4 – Na Beira (20h) / Local – Espaço O Poste Soluções Luminosas / 60 lugares

Dia 5 – A última cólera no corpo de meu negro (19h) / Local – Espaço Fiandeiros / 70 lugares
Dia 5 – Pezinho de Galinha (20h30) / Local – Casa do Acre / 60 lugares

Dia 6 – 1 Torto (20h) / Local – Ed. Texas/Espaço Magiluth / 50 lugares

Dia 7 – Uma Antígona para Lúcia (19h30) / Local – Espaço Fiandeiros / 70 lugares
Dia 7 – Histórias Bordadas em Mim (20h30) / Local – Espaço O Poste Soluções Luminosas / 60 lugares
Dia 7 – O Diário Quase Ridículo de Aurora (2030h) / Local – Bar Teatro Mamulengo / 80 lugares

Dia 8 – Roda de Diálogo: TEATRO ALTERNATIVO 10h Local: Teatro Joaquim Cardozo (CENTRO CULTURAL BENFICA)
Dia 8 – Ombela ESTREIA(20h) / Local – Espaço O Poste Soluções Luminosas / 60 lugares
Dia 8 – Salmo 91 (20h) / Local – Espaço Cênicas / 70 lugares
Dia 8 – O palhaço de pijama (20h) / Local – Teatro Joaquim Cardozo / 50 lugares
Dia 8 – 4 X Hilda ou Quarteto Obsceno (20h) / Local – Teatro Joaquim Cardozo / 50 lugares

Dia 9 – Tempo Menino (17h) – Espaço Vila / 50 lugares
Dia 9 – Salobre (18h) / Local – Espaço Fiandeiros / 70 lugares
Dia 9 – Ombela (19h) / LocalEspaço O Poste Soluções Luminosas / 60 lugares

Dia 10 – TRILOGIA VERMELHA – pa(IDEIA) – pedagogia da libertação (19h) / Local: Escola PE de Circo (EPC)
Dia 10 – Deu com a pleura (20h) / Local – Espaço O Poste Soluções Luminosas / 60 lugares

Dia 11 – O Velho Diário da Insônia (20h) / Local – Espaço O Poste Soluções Luminosas / 60 lugares

Dia 12 –  Acontece Enquanto Você Não Quer Ver (20h) / Local – Ed. Texas / Espaço Magiluth /50 lugares

Dia 13 – O Mascate, a Pé Rapada e os Forasteiros (20h) / Local – Ed. Texas / Espaço Magiluth /50 lugares

Dia 14 – Soledad – A Terra é Fogo Sob Nossos Pés (19h) / Local – Escola PE de Circo / 300 lugares
Dia 14 -Nem Tente (20h) / Local – Espaço Fiandeiros / 70 lugares
Dia 14 – O Diário Quase Ridículo de Aurora (2030h) / Local – Bar Teatro Mamulengo / 80 pessoas

Dia 15 – Salmo 91 (20h) / Local – Espaço Cênicas / 70 lugares
Dia 15 – Ombela (20h) / Local – Espaço O Poste Soluções Luminosas / 60 lugares

Dia 16 – O Palhaço de Pijama (16h) / Local – Galeria Mau Mau (Sala Monstra)
Dia 16 – Aaaaaaah! Histórias de Arrepiar (16h) / Local – Galeria Mau Mau (Sala Monstra)
Dia 16 – (In)Cômodos (18h) / Local – Espaço Fiandeiros / 70 lugares
Dia 16 – Ombela (19h) / LocalEspaço O Poste Soluções Luminosas / 60 lugares

Dia 17 – A Receita (20h) / Local – Espaço O Poste Soluções Luminosas / 60 lugares

Dia 18 – JR. (19h) / Local – Espaço O Poste Soluções Luminosas / 60 lugares

Dia 19 – Pezinho de Galinha (20h30) / Local – Casa do Acre

Pollyanna Monteiro em Ophelia. Foto Aline Rodrigues

Pollyanna Monteiro em Ophelia. Foto Aline Rodrigues

Dia 20 – Ophelia (20h) / Local – Ed. Texas/Espaço Magiluth / 50 lugares

Dia 21 – A última cólera no corpo de meu negro (19h) / Local – Espaco O Poste / 60 lugares
Dia 21 – Viva La Vida (20h) / Local – Escola Pernambucana de Circo / 300 lugares
Dia 21 – A Mulher Monstro (20h30) / Local – Ed. Texas/Espaço Magiluth / 50 lugares

Dia 22 – RODA DE DIÁLOGO: GESTÃO DE ESPAÇOS ALTERNATIVOS (10h) LOCAL: Teatro Joaquim Cardozo
Dia 22 – O Palhaço de Pijama (18h) / Local – Casarão da Várzea / livre
Dia 22 – Bruffa! (18h) / Local – Casarão da Várzea / livre
Dia 22 – Ombela (20h) / LocalEspaço O Poste Soluções Luminosas / 60 lugares
Dia 22 – Salmo 91 (20h) / Local – Espaço Cênicas / 70 lugares

Dia 23 – Ombela (19h) / LocalEspaço O Poste Soluções Luminosas / 60 lugares

Dia 24 – Na Beira (20h) / Local – Escola PE de Circo / 300 lugares

Dia 25 – Andarte Andarilho (20h) / Local – Espaço Cênicas

Dia 26 – Sistema 25 (19h30) / Local – Espaço O Poste Soluções Luminosas / 25 lugares
Dia 26 – TRILOGIA VERMELHA – h(EU)stória – O tempo em transe (20h) / Local – Espaço Cênicas

Dia 27- TRILOGIA VERMELHA – pa(IDEIA) – Pedagogia da libertação (20h) / Local – Espaço Cênicas

Alguém pra fugir comigo.Foto: Maria Vilar

Alguém para fugir comigo.Foto: Maria Vilar

Dia 28 – Alguém para fugir comigo (19h) / Local – Escola PE Circo / 300 lugares
Dia 28 – Luzir é Negro! (20h) / Local – Espaço O Poste Soluções Luminosas / 60 lugares
Dia 28 – Santo Genet e as Flores da Argélia (20h) / Local – Espaço Experimental / 60 lugares

Dia 29 – Retomada (19h) / Local – Coletivo Lugar Comum / 60 lugares
Dia 29 – Ombela (20h) / LocalEspaço O Poste Soluções Luminosas / 60 lugares
Festa de Encerramento (22h) / Local – Ed. Texas

AÇÕES FORMATIVAS

Oficinas

O negro e a dramaturgia no Teatro do Oprimido”
Dias 03, 04, 05, 06 e 07 / 8h as 12h / Mediador: Marcílio de Moraes

Da pele pra dentro” – Qualidades do movimento (Iniciação ao Teatro)
Dia 05 / 09h as 12h / Mediadora: Naná Sodré

Oficina de Interpretação”
Dia 13 /09h as 12h / Mediador: Samuel Santos

Oficina de figurino” – Customização e Transformação
Dia 19 / 09h as 12h / Mediadora: Agri Melo

Oficina Introdução ao Jogo do Bufão”
Dia 22 / 08h as 18h / Mediadora: Bruna Florie

ESPAÇOS e ENDEREÇOES

Espaço  O  Poste  Soluções  Luminosas  – Rua da Aurora, 529, Boa Vista

Espaço  Fiandeiros  – Rua da Matriz, 46, Boa Vista

Casa  do  Acre –  Rua da Aurora, 1019, 7º andar, Ed. Iemanjá, Santo Amaro

Ed. Texas/Espaço Magiluth –  R. Rosário da Boa Vista, 163, Boa Vista

Bar Teatro Mamulengo – Rua da Guia, 211, Bairro do Recife

Teatro Joaquim Cardozo  e Atelier 2 – CENTRO CULTURAL BENFICA  – Rua Benfica, 157, Madalena

Espaço  Cênicas –- Av. Marquês de Olinda, 199, Bairro do Recife (Entrada pela rua Vigário Tenório).

Espaço  Vila  – Rua Radialista Amarílio Nicéas, 76, Santo Amaro

Escola Pernambucana de Circo (EPC)  –  Avenida José Américo de Almeida, 5, Macaxeira.

Coletivo Lugar Comum  – Rua Capitão Lima, 210, Santo Amaro

Casarão da Várzea – Praça da Várzea, s/n, Várzea

Escola Pernambucana de Circo (EPC)  –  Avenida José Américo de Almeida, 5, Macaxeira

Galeria  Mau Mau – Sala Monstra  – Rua Nicarágua, 173, Espinheiro

Espaço Experimental  –  Rua Tomazina, 199, Bairro do Recife

CRÉDITOS

GRUPOS, COMPANHIAS, COLETIVOS E PRODUTORES INDEPENDENTES
REALIZAÇÃO
Aratu Produções
Cênicas Cia. de Repertório
Cia. de Teatro e Dança Pós-Contemporânea D’Improvizzo Gang
Cia. Experimental de Teatro – Vitória
Cia. de Teatro Omoiós
Cia. Maravilhas
Coletivo 4 no Ato
Coletivo Multus
Companhia Fiandeiros de Teatro
Coletivo Grão Comum
Cria do Palco
Doce Agri
Grupo Cen@off
Grupo Magiluth
Grupo O Poste Soluções Luminosas
Grupo Cênico Calabouço
Grupo Teatral Risadinha
Experimental
Operários de Teatro – OPTE
Peso Coletivo
S.E.M. Cia. de Teatro
Teatro de Fronteira
Trema! Plataforma de Teatro
Totem
Alessandro Moura
Bruna Florie
Diógenes D. Lima
Eric Valença
Flávio Renovatto
Marcílio de Moraes
Nínive Caldas

GRUPO – assessoria de comunicação
Alessandro Moura,  Cleyton Cabral, Cícero Belmar, Isabelle Barros. Java Araújo.Júnior Aguiar, Manuel Constantino

GRUPO – ações formativas
Analice Croccia, Breno Fittipaldi, Daniela Travassos, Fred Nascimento, Hilda Torres, Naná Sodré, Ricardo Maciel, Toni Rodrigues

Grupo – ações paralelas
Eric Valença, Márcia Cruz, Nínive Caldas

GRUPO – articulação
Marconi Bispo, Natali Assunção

Assistência de Coordenação
Marconi Bispo

Coordenação Geral
Rodrigo Dourado

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Amar é pathos de ampla dimensão

Amar é Crime Foto:- Geraldo Monteiro / Divulgação

Adaptação de quatro contos de Marcelino Freire marca estreia do AMARÉ. Fotos:- Geraldo Monteiro

Os personagens do espetáculo Amar é Crime não “andam sobre cadáveres sem nada sentir”, como os criminosos de Kurt Schneider, psiquiatra alemão. As figuras saídas das narrativas de Marcelino Freire e levadas ao palco por Isabelle Barros ardem e reagem às flechas envenenadas enviadas pelo mundo cruel ou por um objeto de amor (mesmo que imaginário). Desprezados ou feridos, eles chegam a um limite humano tolerável para dar o troco. São gritos desesperados de afirmação.

A encenação de Isabelle é despojada. Três atores, bancos, lanternas, e a doação desses intérpretes que materializam as palavras de Freire em expressividade e movimentos, em quatro cenas da peça. São personagens oprimidos. O amor (esse do desejo contemporâneo que é sinônimo de felicidade) aparece como objeto de luxo para os que vivem num universo que lhes nega direitos básicos de alimentação, saúde, transporte, educação. É uma bomba prestes a explodir.

Quatro contos do livro homônimo de Marcelino Freire, lançado pelo autor em 2011, são adaptados para o palco pelo coletivo AMARÉ Grupo de Teatro, criado em 2014 por ex-alunos do Curso de Interpretação para Teatro do Sesc Santo Amaro. Além de Isabelle Barros, a trupe é formada por Natali Assunção e Marcos Medeiros. A atriz Micheli Arantes participa como convidada neste trabalho.

O elenco atua como atores-narradores das cenas escolhidas pelo grupo: Acompanhante, Crime, Mariângela e Vestido longo.

São vultos invisíveis que sob o domínio de pathos ganham um protagonismo temporário. As situações dessa notoriedade são cercadas por elementos cruéis.

Uma saudade, uma fantasia que ficaram na memória afetiva do velho caquético escorrem como opressão em direção à cuidadora, que recebe as ordens humilhantes de uma parente do idoso no quadro Acompanhante. A dignidade cingida da funcionária já feriu o ancião na sua incapacidade de cuidar de si mesmo e precisar de uma estranha para resolver questões íntimas de limpeza e alimentação. Ele tem espasmos em que seca de vontade e a desconhecida escuta as determinações, da outra da família, que beiram o assédio.

“Hoje minha namorada vai me dar valor”, anuncia o protagonista do episódio Crime. Os atores se revezam no papel para criar nunces do desespero do personagem na voz e no corpo, na projeção de revolta contra o mundo. Ao ser golpeado na sua autoestima, um jovem (negro, pobre, periférico) planeja sequestrar e punir a namorada por uma suposta traição. E detalha os passos do ato transitando entre sua dor particular e as contingências da indiferença social para quem vive na base, com a negação do básico. Ele quer ferir o objeto do seu amor e se transformar numa celebridade instantânea sem importância; daquelas que alimentam os programas policialescos, as chamadas sensacionalistas na televisão, a curiosidade mórbida da sociedade. As consequências são imprevisíveis.

“Quem disse que uma gorda não pode voar?”, pergunta a garota obesa em Mariângela. Ela sofre humilhações impostas pela própria mãe, criatura convencionada pelo senso comum como fonte de amor irrestrito. A menina é sugada por um buraco e fica presa no meio da rua, entalada no solo. Os atores narram sua história antes do ocorrido ressaltando o comportamento desmedido como necessidade de sobreviver e se vingar de alguém que negou e interditou o amor.

Uma vida inteira de privação parece traçar o destino da mulher de Vestido Longo, que cresceu sem ter o que comer, muito menos o que vestir. Nos grotões da fome foi apartada da mãe pela morte e encurralada pelo desejo masculino em troca de um tostão ou de um cascudo. Encontra no consumo da peça de roupa cara a compensação para um passado de abusos e carências. É ela quem reflete: “A miséria no Brasil, puta que pariu, é pornográfica”.

Primeiro trabalho profissional da e estrea de Isabelle Barros como diretora

Espetáculo de estreia profissional de Isabelle Barros como diretora

Isabelle equaliza para baixo a escala da fúria desses seres. As palavras já são sangrentas, cortantes. As frases queimam, mas a encenadora não apela para o transe. As situações-limite expõem gestos desenfreados; explosões no próprio texto. E a encenadora não tenta se sobrepor ao verbo. Ao não exacerbar o gesto, Barros chama esses dramas profundos para a vizinhança, para a proximidade.

Esses quadros arranham a vida em sua perspectiva mais profunda, ou seja, pathetica. No limite, vulneráveis, sem segurança alguma, essas criaturas parecem dominados pelo pathos grego submetido à discursividade. Mas também afasta-se desse conceito originário de pathos ao se enredar na ideia de passividade, afecção, sofrimento. Mas é também louvável que a encenação não tenha se quedado totalmente ao sentido principal de pathos na atualidade como doença, mal-estar ou anormalidade.

A paixão amorosa em seu sentido mais corriqueiro, sensual se manifesta mais no conto Crime, ao mostrar como a exacerbação pode conduzir a uma fatalidade.

Mas o pathos de Amar é Crime se apresenta em sentido mais amplo, como essência das leis que movem o humano. A intensidade da paixão nos quadros do espetáculo carrega potências que regem a vida do espírito, com suas diferentes durações.

Os atores são jovens e expressam suas possibilidades de criar a partir da bagagem vivenciada. Eles têm um frescor dos que ainda não conhecem o fundo do poço. Mas têm brilho que tende a aumentar. Há uma sutileza na direção, que remete para outro lugar da violência.

Saúdo com alegria a chegada de Isabelle Barros, essa jovem diretora de teatro e o AMARÉ Grupo de Teatro, com seus novatos que transbordam de afeto pelo palco. Isabelle vem com um olhar sensível sobre as dores do mundo, que não se perde em estranhamentos e exageros de só aproximar o pathos da doença.  De alguém que trilha a complexidade a partir das frases e intenções roubadas do cotidiano de Marcelino Freire.

SERVIÇO
Amar é Crime
Adaptação teatral do livro homônimo de Marcelino Freire.
Quando: 23, 24, 30 e 31 de julho, às 19h (Ingressos a partir das 18h)
Onde: Espaço Cênicas – Rua Marquês de Olinda, 199. Bairro do Recife (Entrada pela Rua Vigário Tenório).
Quanto: R$ 20 (inteira)/ R$ 10 (meia)
Informações: 81 9 7914 4306
Classificação indicativa: 14 anos
Capacidade do espaço
: 60 lugares
Informações: 97914-4306
Promoçãohttps://www.eventick.com.br/amarecrime

FICHA TÉCNICA
Encenação: Isabelle Barros
Texto: Marcelino Freire com adaptação de Natali Assunção
Elenco: Marcos Medeiros, Micheli Arantes e Natali Assunção
Iluminação: Marcos Medeiros
Figurino e cenografia: Micheli Arantes
Direção musical: Kleber Santana e Isabelle Barros
Produção: AMARÉ Grupo de Teatro

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Três dicas de teatro no Recife

e Cláudio Lira em A Rã. Ffoto: Ralph Fernandes.

Diego Lucena e Cláudio Lira na peça A Rã. Foto: Ralph Fernandes.

O medo esteriliza os abraços já avisou Carlos Drummond de Andrade. No espetáculo A Rã, o medo gera o terror, o descompasso com a realidade e trava a ação. A Companhia Animatus Invictus prossegue com a montagem inspirada no conto homônimo de Hermilo Borba Filho, até domingo, às 20h, no Teatro que leva o nome do teatrólogo pernambucano. A experiência paralisante é vivenciada por uma mulher, que vê o objeto que lhe causa pavor crescer de tamanho até enredá-la por inteiro. A encenação marca a estreia de Luiz Manuel na direção e conta no elenco com Diego Lucena e Cláudio Lira.

O diretor utiliza várias técnicas para projetar fobias, dores, sofrimento e ansiedade. O realismo fantástico operado por HBF no texto é explorado na encenação, que leva para a cena aspectos sombrios e de terror para projetar labirintos. A dramaturgia é uma combinação do conto A Rã, na íntegra, com textos de Shakespeare, Lorca, Osman Lins, Poe, e outros de Hermilo.

A Animatus Invictus eliminou a separação palco e plateia, na perspectiva de envolver os espectadores. Ainda participam da montagem Charles de Lima, como diretor de arte e cenotécnico; Alexandre Henrique, na sonoplastia; Evandro Mesquita, na contrarregragem e Natalie Revorêdo, na iluminação.

SERVIÇO
A Rã, espetáculo teatral inspirado na obra de Hermilo Borba Filho.
Direção: Luiz Manuel
Atuação: Claudio Lira e Diego Lucena
Lotação do espetáculo: 30 pessoas
Duração: 1h
Classificação: 16 anos
Quando: 3, 4, 5, 6 e 10, 11, 12 e 13 de março, às 20h
Ingressos: R$ 20 (inteira) R$ 10 (meia)

 Micheli Arantes, Natali Assunção e Marcos Medeiros dividem a cena em Amar é crime. Geraldo Monteiro (Divulgação).

Micheli Arante, Natali Assunção e Marcos Medeiros dividem a cena em Amar é crime. Foto: Geraldo Monteiro.

A peça Amar é crime, inspirada no livro homônimo de Marcelino Freire, prossegue em temporada no Espaço O Poste. A montagem marca a estreia de Isabelle Barros na direção e coletivo AMARÉ Grupo de Teatro, formado em 2014 por ex-alunos do curso de interpretação para teatro do Sesc Santo Amaro. Nos quatro contos que compõe a peça – Acompanhante, Crime, Mariângela e Vestido longo – o amor aparece de mãos dadas com a violência.

As facetas distorcidas desse sentimento apontam para uma cuidadora de idosos que enfrenta uma situação constrangedora, em Acompanhante; ou da menina que sofre humilhações da própria mãe pelo fato de ser obesa, em Mariângela. A encenação investe no despojamento da cena e no trabalho do ator.

SERVIÇO
AMAR É CRIME
Onde:: Espaço O Poste (Rua da Aurora, 529, Boa Vista).
Quando: de 20 de fevereiro a 20 de março. Sábados e domingos, às 20h.
Ingresso: R$ 20 e R$ 10 (meia).
Informações: 97914-4306.

 Cláudio Ferrário Olga Ferrário em A invenção da palavra. Foto: Divulgação

Olga Ferrário e Cláudio Ferrário em A invenção da palavra. Foto: Divulgação

No princípio era o Verbo; está nas escrituras bíblicas. No espetáculo A Invenção da palavra a disputa fica em torno de quem é o autor dessa façanha, Deus ou o Capeta? Com a montagem, o ator pernambucano Cláudio Ferrário comemora 40 anos de carreira e divide a cena com sua filha, Olga Ferrário.

Fruto de um intercâmbio artístico com o diretor espanhol Moncho Rodriguez, o trabalho faz uma viagem pela história da humanidade e a necessidade de criar histórias.

SERVIÇO
INVENÇÃO DA PALAVRA
Onde:: Caixa Cultural (Av. Alfredo Lisboa, 505, Bairro do Recife)
Quando: 3, 4, 5, 10, 11, 12, 17, 18, 19 de março.  20h.
Ingresso: R$ 10 e R$ 5 (meia)
Informações: 3425-1915.

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