Arquivo da tag: Mostra Internacional de Teatro de São Paulo – MITsp

MITsp 2025: Dez edições de resistência e desafios

Antonio Nóbrega, homenageado nesta edição da MITsp, apresenta junto com sua companheira Rosane de Almeida, o espetáculo Mestiço Florilégio. Foto: Fabio Alcover / Divulgação

VAGABUNDUS abre programação da Mostra. Foto: Mariano Silva / Divulgação

Desde 2014, a Mostra Internacional de Teatro de São Paulo (MITsp) oxigena a ideia de teatro contemporâneo a partir de um tripé: espetáculos de excelência de vários países – e, a partir de 2019, uma mostra de espetáculos nacionais -, reflexão crítica e ações pedagógicas. No agora longínquo 2014, a mostra foi considerada uma renovação no modo de pensar e executar um festival no Brasil. Nós, do Satisfeita, Yolanda?, que tivemos a sorte de acompanhar aquela edição disruptiva – e todas as outras desde então – costumamos brincar ao dizer que houve, ali, uma pós-graduação nas artes da cena em duas semanas.

Neste 2025, a MITsp celebra sua 10ª edição, consolidando-se como um dos eventos mais significativos das artes cênicas no Brasil e na América Latina. De 13 a 23 de março, em diversos espaços e teatros da metrópole paulistana, a programação inclui uma abertura de processo, quatro espetáculos internacionais, uma estreia nacional, nove obras na MITbr – Plataforma Brasil, dois grupos convidados e um leque de oficinas, debates e conversas ao longo desses onze dias.

Talvez pela primeira vez em dez anos, o evento se aproxime de modo mais efetivo da arte popular, propondo conexões com a arte contemporânea, homenageando o multiartista brasileiro Antonio Nóbrega, pernambucano que exibe na mostra o espetáculo Mestiço Florilégio, junto com sua companheira de arte e vida, a atriz e bailarina Rosane Almeida, e Brincando com Nóbrega – A cultura popular e a educação, que integra a programação de Ações Pedagógicas e traz várias outras ações relacionadas à cultura popular.

A curadoria dos espetáculos internacionais é de Antonio Araújo, que assina a direção e idealização artística do festival. Este ano, a curadoria da MITbr – Plataforma Brasil, que reúne os  espetáculos nacionais, é de Ave Terrena, Kenia Dias e Jay Pather. A curadoria de Olhares Críticos, que congrega ações de pensamento crítico a partir da programação da Mostra, é assinada por Helena Viera, e a de Ações Pedagógicas por Alexandra G. Dumas. A direção institucional é assinada pelo gestor cultural Rafael Steinhauser. A idealização geral e de produção fica por conta de Guilherme Marques.

Apesar de robusta quando observamos o conjunto das obras e discussões programadas, esta edição comemorativa da MITsp enfrenta desafios significativos, com uma redução de aproximadamente 60% na programação internacional e 50% na nacional. Na edição 2024, na Mostra de Espetáculos, que reúne os trabalhos internacionais e, eventualmente, nacionais, havia nove espetáculos estrangeiros. Este ano, são quatro.

Essa contração reflete diretamente o desmonte cultural do governo anterior bolsonarista, cujo reflexo ainda é sentido, mas revela ainda a fragilidade das políticas culturais e a instabilidade econômica que afeta o setor cultural brasileiro, em governos de direta, mas também nos de esquerda. 

“Na programação internacional, 60% do projeto original caiu, mas alguns elementos continuam a orientar a Mostra, desde a edição passada, como privilegiar o diálogo com o Sul Global. Temos dois espetáculos africanos, um argentino, e um espetáculo europeu, francês. E tem uma coisa que acho importante: desses quatro internacionais, nenhum é monólogo. Acho que é importante a gente ter teatro com muita gente e poder valorizar isso. São quatro trabalhos, mas são quatro trabalhos onde há um coletivo de artistas presente em cena. É conseguir furar a lógica do monólogo, do mais barato, do mais viável, e poder também apresentar outras possibilidades cênicas”, diz Antonio Araújo, diretor artístico da MITsp.

Para Guilherme Marques, diretor geral de produção, “além de recuos de patrocínios e do fato da MITsp não ter sido aprovada em nenhum dos editais públicos, temos ainda a fragilidade de nossa moeda com a variação do câmbio”, afirmou. “Além disso, a carga tributária que se paga em espetáculos internacionais hoje incide em 37,13%”, complementa.

Marques citou como exemplo bem-sucedido de festival internacional o festival Santiago a Mil, em Santiago, no Chile, que possui apoio público e privado com contratos de médio prazo, permitindo que o festival tenha segurança financeira para programar suas ações e, portanto, continuidade. “Acreditamos que, idealmente, as instituições das esferas públicas e privadas pudessem ao término de cada edição contar com o valor de referência para o ano seguinte, já que a MITsp é anual. É justamente porque entendemos que uma mostra internacional de teatro não é apenas entretenimento, mas também reflexão, crítica, educação, sensibilização, transformação, que tememos pela continuidade do projeto”, afirmou.

Este ano, uma das ações mais significativas da MITsp, a Prática da Crítica, que trazia críticos de vários lugares do país para acompanhar e escrever a partir dos espetáculos da programação, não vai acontecer. Na coletiva de imprensa da Mostra, realizada no Itaú Cultural, no dia 12 de fevereiro, Antonio Araújo disse que gostaria de salvar a ação. “A Prática da Crítica é uma das coisas que a gente está querendo salvar. A gente falou só dos espetáculos, mas acho que tanto nas Ações Pedagógicas quanto nos Olhares Críticos, houve uma redução enorme. O projeto original da Helena (Helena Viera, curadora de Olhares Críticos) e da Alexandra (Alexandra G. Dumas, curadora de Ações Pedagógicas) é emocionante e foi cortado. A Prática da Crítica é uma atividade cara, infelizmente tivemos que suspender”, diz Araújo.

A MITsp captou R$ 3,1 milhões, mas precisaria de mais R$ 2,5 milhões para realizar toda a programação planejada originalmente.

Para Araújo e Marques, a viabilidade desta edição só foi possível pela permanência de parceiros e apoiadores contínuos desde a primeira edição, como o Itaú Cultural, Sesc SP, Sesi e Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo. Em nove edições, a MITsp apresentou 179 espetáculos de 46 países, totalizando 449 sessões que alcançaram um público estimado em mais de 200 mil pessoas.

Em 2025, a MITsp tem apresentação do Ministério da Cultura e Redecard, copatrocínio do IBT – Instituto Brasileiro de Teatro e apoio cultural de La Serenissima e FUNARTE. A mostra tem correalização do Consulado Geral da França em São Paulo, Instituto Francês e Instituto Goethe. A realização do evento é da Olhares Instituto Cultural, ECUM Central de Produção, Itaú Cultural, Sesc SP, Sesi SP, Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo e Ministério da Cultura – Governo Federal. O projeto é incentivado pela Lei Federal de Incentivo à Cultura – Lei Rouanet.

OS ESPETÁCULOS INTERNACIONAIS

Assuntos urgentes e complexos da contemporaneidade, como envelhecimento, migrações forçadas, violência sistêmica e formas de resistência, são problematizados nas obras internacionais programadas para a Mostra, promovendo um diálogo interessante entre arte e sociedade.

O espetáculo Vagabundus, do moçambicano Idio Chichava – inspirado no ritual de dança do povo Makonde, que habita Moçambique e países vizinhos – faz a abertura da MITsp neste 13 de março, no Teatro do Sesi – SP, local que ainda não havia abrigado uma abertura do festival e tem uma capacidade reduzida de público, se compararmos com o Auditório Ibirapuera ou o Teatro Paulo Autran, no Sesc Pinheiros, espaços que normalmente recebiam aberturas da Mostra.

Vagabundus promete uma experiência imersiva, onde treze performers dançam e cantam, mesclando tradição e contemporaneidade, explorando temas como identidade cultural e processos migratórios.

A Vida Secreta dos Velhos. Foto: Yohanne Lamoulère-Tendance Floue / Divulgação

Gaivota, do diretor argentino Guillermo Cacace. Foto: Francisco Castro Pizzo / Divulgação

A Vida Secreta dos Velhos, do diretor francês Mohamed El Khatib, e Gaivota, do argentino Guilhermo Cacace, exploram respectivamente o desejo na velhice e as nuances dos amores não correspondidos.

Mohamed El Khatib retorna à MITsp pela 3ª vez com uma obra que leva à cena oito idosos, não-atores, a maioria octogenários e nonagenários, residentes em casas de repouso. Fruto de uma extensa pesquisa realizada pelo diretor nesses espaços, a peça desafia corajosamente os estereótipos e tabus associados à terceira idade. A Vida Secreta dos Velhos convida o público a repensar suas percepções sobre a longevidade, a intimidade e os prazeres da vida em idade avançada. 

Gaivota, do diretor argentino Guillermo Cacace, é uma releitura da obra-prima de Anton Tchekhov, adaptada pelo dramaturgo Juan Ignacio Fernández. Cacace reinventa o clássico russo com uma abordagem minimalista. Cinco atrizes ocupam o palco, dispostas ao redor de uma mesa, criando uma atmosfera de intimidade. Neste cenário despojado, elas exploram o amor não correspondido, a frustração de sonhos realizados e o acúmulo de dores existenciais.

MITbr – Plataforma Brasil e outros eixos

Língua, uma das atrações da MITbr. Foto: Renato Mangolin

A MITbr – Plataforma Brasil inclui nove trabalhos selecionados: Repertório nº 3 de Davi Pontes e Wallace Ferreira (RJ), Baculejo do Coletivo Riddims (CE), Quadra 16 de Cris Moreira (MG), Parto Pavilhão de Aysha Nascimento, Jhonny Salaberg e Naruna Costa, Graça do grupo Girandança (RN), Desmonte do Grupo Girino (MG), Língua de Vinicius Arneiro (RJ), A Última Ceia do Grupo Mexa, e Eu tenho uma história que se parece com a minha de Tetembua Dandara. O homenageado Antonio Nóbrega exibe Mestiço Florilégio, criado em parceria com Rosane de Almeida.

A programação se expande com a Mostra Periférica, com tReta, uma invasão performática do Original Bomber Crew (PI) e Reset Brasil do Estopô Balaio (SP), além da performance convidada Cosmopercepções da Floresta, um encontro intercultural de povos indígenas.

Outro destaque da edição é a estreia de Réquiem SP, uma colaboração inédita do coreógrafo Alejandro Ahmed com o Balé da Cidade de São Paulo e outros corpos estáveis do Theatro Municipal. 

O eixo Ações Pedagógicas, sob a curadoria de Alexandra G. Dumas, professora e pesquisadora em Teatro, oferece um programa de atividades gratuitas, que incluem oficinas práticas, rodas de conversa e sessões de troca de experiências. Este segmento visa fomentar um diálogo entre artistas e espectadores.

O eixo Olhares Críticos, curado pela pesquisadora, transfeminista e escritora Helena Vieira, propõe uma programação que explora as possibilidades e desafios do teatro contemporâneo e sua relação com as questões prementes de nossa época e sobre o papel do teatro na sociedade atual e suas direções futuras.

Por fim, o projeto Cartografias, editado pelo professor e pesquisador da ECA-USP Ferdinando Martins, apresenta sua nova edição, consolidando-se como uma referência para a documentação e análise da cena teatral contemporânea. O catálogo, com aproximadamente 300 páginas, reúne ensaios, entrevistas e artigos de pensadores, artistas e acadêmicos.

Mostra de Espetáculos – Internacionais

Dambudzo. Foto: Nurith-Wagner Strauss / Divulgação

Dambudzo

Nora Chipaumire
105min
12 anos
Sesc Pompeia (Galpão)
14 e 15/3 sexta e sábado 19h
16/3 domingo 18h
18 e 19/3 terça e quarta 19h

Nesta instalação performática, a artista do Zimbábue Nora Chipaumire explora o potencial revolucionário da arte, confrontando legados coloniais. Inspirada na palavra “dambudzo” (problema em xona, uma língua bantu), a obra recria a atmosfera dos shebeens, bares clandestinos de Zimbábue, convidando o público a refletir sobre resistência e insurreição através de uma experiência multissensorial.

Gaivota

Guillermo Cacace
90 min
16 anos
Cúpula do Theatro Municipal
15 e 16/3 sábado e domingo 17h
17 e 18/3 segunda e terça 19h

Nesta reinterpretação intimista de A Gaivota do dramaturgo russo Anton Tchekhov (1860-1904), cinco atrizes, sentadas ao redor de uma mesa, dão vida aos personagens principais: Arkadina, Kostia, Nina, Trigorin e Masha. O diretor argentino Guillermo Cacace destila a essência trágica da obra, explorando amores não correspondidos e sonhos frustrados, através do olhar perspicaz da figura de Masha.

A Vida Secreta dos Velhos

Mohamed El Khatib
70 min
16 anos
Sesc Vila Mariana
21 e 22/3 sexta e sábado 20h
23/3 domingo 18h

O encenador Mohamed El Khatib busca desafiar estereótipos sobre a sexualidade na terceira idade neste espetáculo documental. Oito idosos compartilham intimidades e reflexões sobre amor e desejo, revelando uma perspectiva lúcida e plural sobre a reinvenção da sexualidade na velhice.

Vagabundus

Idio Chichava
70 min
10 anos
Teatro do SESI-SP
13/3 quinta [abertura para convidados], 19h30
14 e 15/3 sexta e sábado 20h

O coreógrafo moçambicano Idio Chichava explora os processos migratórios através do corpo e do movimento. Inspirado pelo ritual de dança Makonde, treze performers dançam e cantam músicas tradicionais e contemporâneas de seu país, além de canções gospel e motivos barrocos, criando uma expressão da jornada migratória como experiência emocional, espiritual e coletiva.

Abertura de processo internacional

acontinua – um obituário, um manual para uma vida vivida perseguindo a VIDA

Nora Chipaumire
60 min
Livre
Sesc Pompeia (Galpão)
21 e 22/3 sexta e sábado 19h
23/3 domingo 17h

Neste work in progress, Nora Chipaumire apresenta uma criação inédita que celebra o “agora” e o “vivo”. Recusando retrospectivas, a artista zimbabuana explora como experiências se transformam em movimento corporal e conhecimento compartilhado. “acontinua” homenageia figuras inspiradoras como ensaísta e curador André Lepecki,o líder revolucionário moçambicano Eduardo Mondlane (1920-1969), além de movimentos revolucionários e mulheres anônimas, tecendo uma reflexão poética sobre a persistência da vida e da arte.

Eixo MITbr – Plataforma Brasil

Baculejo. Foto: Nicolás Leiva / Divulgação

Baculejo

Coletivo Riddims
Encante Território Criativo
Fortaleza (CE)
60 min
14 anos
Mezanino do SESI-SP
22 e 23/3 sábado e domingo 15h e 19h

O Coletivo Riddims funde festa e poética periférica, explorando ancestralidade e resistência. Através de dança e cânticos, a obra conecta práticas afro-indígenas com movimentos urbanos, subvertendo a lógica colonial para manter vivo o ato de sonhar.

Desmonte

Grupo Girino
Belo Horizonte (MG)
50 min
16 anos
Teatro Cacilda Becker,
18 e 19/3, terça e quarta, às 18h

Inspirado nos desastres de Brumadinho e Mariana, o Grupo Girino expõe narrativas das vítimas silenciadas da mineração. A montagem multidisciplinar mescla teatro visual, miniaturas e live cinema para retratar o maior crime ambiental do Brasil.

Eu tenho uma história que se parece com a minha

Tetembua Dandara
São Paulo (SP)
120 min
Livre (crianças são bem-vindas ou de 0 a 96 anos)
Centro Cultural São Paulo,
21 e 22/3, sexta e sábado, 19h

Tetembua Dandara cria uma instalação imersiva que atravessa gerações familiares. O público é convidado a explorar um espaço reminiscente de uma sala de avó, onde narrativas são tecidas através de vozes, sabores e olhares, inspiradas no livro fotográfico homônimo da artista.

Trabalho do grupo Giradança, de Natal (RN), Foto de Brunno Martins / Divulgação

Graça

Giradança
Natal (RN)
50 min
18 anos
Centro Cultural São Paulo – CCSP
19 e 20/3 quarta e quinta 19h

Nesta colaboração entre a companhia Giradança e a coreógrafa Elisabete Finger, três performers exploram arquétipos de beleza, fertilidade e êxtase. A peça circular escava camadas de erotismo, operando entre continuidade e dissolução de padrões corporais.

Língua

Vinicius Arneiro
Rio de Janeiro (RJ)
75 min
14 anos
Itaú Cultural,
22/3, sábado, 21H, 23/3, domingo, 19H

Criada em português e Libras, a peça retrata uma festa surpresa para um taxista surdo. Vinicius Arneiro investiga os paradoxos entre cultura surda e sociedade ouvinte, refletindo sobre acessibilidade e os desafios da comunicação.

Parto Pavilhão

Aysha Nascimento, Jhonny Salaberg e Naruna Costa
São Paulo (SP)
60 min
14 anos
Itaú Cultural
19 e 20/3 quarta e quinta 21h

O monólogo foca no encarceramento de mulheres negras e mães no Brasil. Com elementos de realismo fantástico, o trabalho, com atuação de Aysha Nascimento, direção de Naruna Costa e dramaturgia de Jhonny Salaberg, é livremente inspirado na fuga de um grupo de presas, com seus bebês no colo, do Centro de Progressão Penitenciária do Butantã, em 2009.

Quadra 16

Cris Moreira
Belo Horizonte (MG)
70 min
14 anos
Biblioteca Mário de Andrade
20 e 21/3 quinta e sexta 17h
22/3 sábado 16h

Nesta palestra-performance, Cris Moreira revisita seu luto pessoal para discutir a invisibilização da perda materna. Utilizando elementos documentais e audiovisuais, a obra amplia o debate sobre maternidade e luto parental.

Repertório N. 3

Davi Pontes e Wallace Ferreira
Rio de Janeiro (RJ)
45 min
18 anos
Centro Cultural São Paulo – CCSP
19 e 20 quarta e quinta 20h

Concluindo uma trilogia coreográfica, Davi Pontes e Wallace Ferreira exploram a dança como autodefesa. Através de mimese e pose, a obra cria resistências singulares para corpos dissidentes, partir de estudos pós-coloniais de gênero e raça.

A Última Ceia

Grupo MEXA
São Paulo (SP)
90 min
Livre
Centro Cultural São Paulo,
dia 22/3, Sábado, 20h;
23/3, domingo, 19h

Inspirada na obra de Da Vinci, esta peça-jantar do Grupo MEXA reinterpreta conceitos de morte e ressurreição. Performers compartilham uma última refeição, explorando a persistência da imagem e memória além da existência do grupo.

Mestiço Florilégio (Artista homenageado)

Antonio Nóbrega e Rosane Almeida
70 min
Livre
Teatro B32
17 e 18/3 segunda e terça 21h – A sessão do dia 17/3 conta com Libras e audiodescrição.

Uma celebração multidisciplinar de 40 anos de arte popular brasileira. Nóbrega e Almeida juntam música, teatro e dança, propondo um diálogo entre cultura popular e contemporânea.

Réquiem SP (estreia)

Alejandro Ahmed
60 min
18 anos Theatro Municipal de São Paulo
20/3 terça 20h
23/3 domingo 17h

Ahmed orquestra um diálogo provocativo entre balé, jumpstyle e danças urbanas, explorando a singular dinâmica de São Paulo. Com participação da Orquestra Sinfônica Municipal e Coral Paulistano, a obra junta composições de Ligeti e Venetian Snares.

Reset Brasil, peça do Coletivo Estopô Balaio. Foto: Cassandra Mello

Reset Brasil (Mostra Periférica)

Coletivo Estopô Balaio
São Paulo (SP)
240 min
10 anos
Estação Brás do Metrô
22 e 23/3 sábado e domingo 15h

Uma jornada imersiva pela história e resistência de São Miguel Paulista. O público embarca em um trem rumo a um Brasil reimaginado, onde ancestralidades indígenas e africanas convergem para sonhar um novo mundo.

tReta, uma invasão performática (Mostra Periférica)

Original Bomber Crew
Teresina (PI)
60 min
16 anos
Centro Cultural São Paulo – CCSP
19 e 20/3 quarta e quinta 19h

Uma explosão urbana de hip hop e arte contemporânea. O Original Bomber Crew transforma conflitos cotidianos em “dança-quebrada”, criando uma performance imersiva que desafia percepções sobre juventude periférica.

Cosmopercepções da Floresta (performance convidada)

João Paulo Lima Barreto, Sandra Nanayna, Larissa Ye’padiho Mota Duarte (Tukano), Anita Ekman e Renata Tupinambá em colaboração com Sunna Nousuniemi
50 min
Livre Centro Cultural São Paulo – CCSP
21/3 sexta 20h

Uma imersão sonora e performática que entrelaça cosmologias indígenas da Amazônia, Mata Atlântica e Finlândia. Através de música e palavra, as artistas criam uma ponte entre florestas distantes, convidando à reflexão sobre mundos matriarcais e cuidado mútuo.

AÇÕES PEDAGÓGICAS
Curadoria: Alexandra G. Dumas

OFICINA

Ensaios de Confrontos

Com Wallace Ferreira/Patfudyda
16 de março, domingo, 15h-18h
Mezanino do SESI-SP
Gratuito, com inscrição prévia

Explora a cultura ballroom e corpos dissidentes, elaborando resistências e táticas de ocupação espacial através de gestos e poses.

RODAS DE CONVERSA

Percursos cênicos de poéticas negras

Com Jéssica Nascimento Olaegbé, Lucelia Sergio.
Mediação: Mônica Santana
21 de março, sexta, 18h-19h30
Itaú Cultural
Gratuito

Debate sobre a força das poéticas negras no teatro brasileiro, explorando percepções, tensões e criações.

Interseções Cênicas

Com Cris Moreira e Mônica Santana.
Mediação: Jhonny Salaberg
22 de março, sábado, 10h-12h
Biblioteca Mário de Andrade
Gratuito

Diálogo entre artistas sobre obras que abordam o luto parental, explorando aproximações e distanciamentos criativos.

Culturas cênicas e culturas (ditas) populares

Com Alexandra G. Dumas e Mestre Aguinaldo Silva.
Mediação: Rafael Galante
20 de março, quinta, 14h-15h30
Centro de Referência da Dança
Gratuito

Reflexão sobre as interações entre artes cênicas e culturas populares, abordando resistência, invisibilização e apropriações.

OFICINAS

Oficina de Cavalo Marinho

Com Mestre Aguinaldo Silva
20 de março, quinta, 16h-19h
Centro de Referência da Dança
Gratuito

Introdução ao Cavalo Marinho, explorando figuras, figurinos, musicalidade e movimentações desta manifestação afro-brasileira.

Brincando com Nóbrega – A cultura popular e a educação

Com Antonio Nóbrega
19 de março, quarta, 15h-16h30
Centro Cultural São Paulo – CCSP
Gratuito

O multiartista demonstra como as representações simbólicas populares brasileiras podem desenvolver habilidades cognitivas através do lúdico.

OLHARES CRÍTICOS
Curadoria: Helena Vieira

REFLEXÕES ESTÉTICO-POLÍTICAS

A Arte Como Lugar de Encontro

Com Amara Moira, Edgar Kanaykõ Xakriabá e Erica Malunguinho
14 de março, sexta, 18h-19h30
Itaú Cultural
Gratuito

Debate sobre práticas artísticas que criam espaços de encontro entre diferentes corpos, territórios e estéticas.

Poéticas da Ruptura na Cena Contemporânea

Com Ave Terrena, Grace Passô, Maria Carolina Casati e Verónica Valenttino
17 de março, segunda, 15h-16h30
Goethe-Institut
Gratuito
Diálogo sobre práticas cênicas que desafiam paradigmas estéticos e políticos.

PENSAMENTO-EM-PROCESSO

Corpo e Movimento: Expressões de Identidade e Resistência

Com Noá Bonoba, Idio Chichava e Jéssica Teixeira
14 de março, sexta, pós-apresentação de Vagabundus
Teatro do SESI-SP

Envelhecimento, Desejo e Arte

Com João Silvério Trevisan e Mohamed El Khatib
22 de março, sábado, pós-apresentação de A Vida Secreta dos Velhos
Sesc Vila Mariana

ESPECIAL

MITsp – História e Perspectivas

Com Antonio Araujo, Guilherme Marques e Maria Fernanda Vomero
18 de março, terça, 15h-16h30
Itaú Cultural
Gratuito

Reflexão sobre os 10 anos da MITsp, suas conquistas e desafios futuros.

PRÁTICA DA CRÍTICA

A Crítica em Tensão – Desafios no Contemporâneo

Com Silvana Garcia, Dione Carlos e Daniele Avila Small
19 de março, quarta, 18h-19h30
Centro Cultural São Paulo
Gratuito

Debate sobre os desafios da crítica teatral em tempos de polarização e transformações sociais.

Aula-magMa com Denise Ferreira da Silva

15 de março, sábado, 15h-17h
Teatro do Sesi
Gratuito

A filósofa e artista apresenta uma aula sobre as interseções entre raça, poder e ética.

ENCONTROS ARTISTA EM FOCO

A luta continua na contínua luta

Com André Lepecki
17 de março, segunda, 18h-20h
Goethe-Institut
Gratuito

Reflexão sobre o “não-tempo da luta” na dança e arte de Nora Chipaumire.

Diálogos Indisciplinares

Com Nora Chipaumire, Denise Ferreira da Silva e André Lepecki
16 de março, domingo, pós-apresentação de Dambudzo
Sesc Pompeia

Interlocuções sobre o trabalho de Nora Chipaumire, artista em foco da 10ª MITsp.

Processo em Movimento

Com Nora Chipaumire e Jay Pather
23 de março, domingo, pós-apresentação de acontinua
Sesc Pompeia

Bate-papo sobre o novo trabalho e processo criativo de Nora Chipaumire.

Serviço:

MITsp – Mostra Internacional de Teatro de São Paulo – 10ª Edição
13 a 23 de março de 2025
Ingressos: https://mitsp.org/2025/ingressos-2025/
Outras informações: MITsp 2025

 

 

Postado com as tags: , , , , ,

Ganhar o mundo é uma proposta da Plataforma Brasil, da MITsp

Alessandra Negrini em A Árvore.  Foto: Divulgação

in.verter. Foto: Cacá Bernardes / Divulgaçao

Glitch com Flavia Pinheiro. Foto: Divulgação

Marta Soares em Vestigios. Foto João Caldas / Divulgação

Alargar horizontes e encontrar novos portos de chegada são desejos da maioria dos artistas e grupos brasileiros das artes cênicas. A Mostra Internacional de Teatro de São Paulo – MITsp vem apostando no fomento e promoção de grupos e artistas nacionais rumo à internacionalização há alguns anos. Mais uma ação nesse sentido é a programação especial de espetáculos e performances nacionais, a Plataforma Brasil – Mostra Digital de Artes Cênicas, que a MITsp apresenta entre 1° e 5 de dezembro, pelo site MIT+ (mitmais.org), braço digital da Mostra.

O evento, destinado a programadores nacionais e internacionais, mas estendido ao público gratuitamente, inclui 18 montagens de 14 artistas e grupos de vários estados brasileiros. A MITsp também anuncia a 8ª edição da MITsp, programada para a primeira quinzena de junho de 2022.

Os espetáculos que estão na mira da MITsp são aqueles que priorizam a pesquisa experimental e investigação da linguagem cênica, definem os idealizadores da MITsp, Antonio Araújo (Teatro da Vertigem) e Guilherme Marques (Ecum – Encontro Mundial das Artes Cênicas), diretor artístico e diretor geral de produção, respectivamente. Além da programação de espetáculos nacionais, a MITsp tem investido nas atividades pedagógicas voltadas para a capacitação de gestores e produtores culturais.

A Plataforma Brasil – Mostra Digital de Artes Cênicas em 2021 tem curadoria de Kil Abreu e Sônia Sobral e foi pautada pela escolha de produções de todo Brasil em diálogo com questões urgentes no mundo.

A seleção em teatro, dança e performance oferece espetáculos inéditos na plataforma e outros do acervo da MITbr, que já se apresentaram presencialmente em edições anteriores da Mostra. O conteúdo ficará disponível na MIT+ durante o período da Mostra com opção de legendas em inglês, Libras e audiodescrição.

Programação

Loess uma das quatro performances que Marise Maués apresenta. Foto: Divulgação

Serenatas Dançadas, de Soraya Portela, do Piauí. Foto: Divulgação

Desfazenda Me enterrem fora desse lugar, do Coletivo O Bonde Foto: Jose de Holanda / Divulgação

Loess é um conceito da geologia que aponta um tipo de solo arenoso, inconsistente, sedimentado. Loess é uma das quatro performances que Marise Maués apresenta como reflexão sobre a fragmentação do humano contemporâneo, com múltiplas identidades e em contínuo processo de mudança. As outras três são Nóstos, Kali, Paisagem Derruída, exibidas pela primeira vez na Mostra e que investigam questões do território paraense.

Serenatas Dançadas, de Soraya Portela, do Piauí, articula o encontro de quatro mulheres do Nordeste brasileiro com suas memórias, suas paisagens íntimas e seus desejos. O cotidiano fabulado e bem-humorado de Lara Luz, Vera Lu, Tetê Souza e Raimunda Flor do Campo é dançado celebrando o amanhã.

“Vapor” é uma gíria que significa sumir, nos becos das periferias de Teresina (PI) ou outras urbanidades. O morador da quebrada que morre, evapora. O cara que vende a ilícita aos consumidores. Pode dar conta do olheiro que vigia as entradas da favela e avisa à rede. Ou os mais vulneráveis, vítimas da ação policial, executados na juventude. A Original Bomber Crew apresenta Vapor, a partir da pesquisa e cultura do hip hop.

Glitch, palavra que quer dizer “deslizar”, “escorregar”, entrou na linguagem da informática para indicar um mau funcionamento. No uso corrente vale para qualquer tipo de pequeno problema inesperado que atrapalha o bom funcionamento de qualquer coisa. Flavia Pinheiro adota o nome Glitch no trabalho que investiga como corpos queer, desobedientes, podem hackear e desestabilizar sistemas hegemônicos de poder. Em cena, performers expõem suas individualidades, mas essa coletividade sofre colapso no palco.

Na coreografia Delirar o Racial, os artistas cariocas Wallace Ferreira e Davi Pontes conectam dança e filosofia para desafiar a lógica da violência moderna. É uma dança de autodefesa, repleta de movimentos acrescidos de artes marciais e da capoeira, para que o corpo negro exista sem a repetir a violência colonial sem se autodestruir , com os dois corpos em cena em constante diálogo e negociação.

Na peça-filme Desfazenda – Me enterrem fora desse lugar, do Coletivo o Bonde, de São Paulo, quatro pessoas pretas vivem na fazenda de um Padre Branco. Quando crianças, 12, 13, 23 e 40 foram salvas da guerra pelo homem. A guerra nunca atingiu a fazenda. O Padre nunca sai da capela. E em qualquer questionamento, um sino soa.

Eduardo Fukushima, de São Paulo, experimenta o desconfortável em si, com o solo Homem Torto, uma dança não simétrica que sugere um corpo frágil, mas com o vigor dos fortes. É uma dança que investe nos opostos como a dureza e a leveza, a fragilidade e a força, o equilíbrio e o desequilíbrio, movimentos fluidos e cortados, o dentro e o fora do corpo.

In-verter à Deriva, da paulista Les Commediens Tropicales, mistura ficção e documentário, em um experimento cênico audiovisual, que traz imagens do grupo em suas intervenções urbanas com dança, performance e teatro.

Em A Árvore, Alessandra Negrini interpreta A, escritora solitária que se metamorfoseia em uma árvore. É um relato poético que peregrina pelo isolamento, pela esperança, pelo íntimo contato com o estranho e pelo desconhecido de um novo ser em um novo mundo. A peça híbrida entre teatro e cinema, da dramaturga mineira Silvia Gomez, se inspira no fantástico e no absurdo para falar da relação de amor e ruína com o meio ambiente em que vivemos.

Boca de Ferro. Foto: Gelson Catatau

Dinamarca. Foto: Bruna Valença / Divulgação

Renata Carvalho. Foto: Nereu Jr / Divulgação

Algumas peças que foram apresentadas nas edições anteriores da MITbr estão na programação. Boca de Ferro, das cariocas Marcela Levi e Lucía Russo, traz a sonoridade de Belém em uma dança irreverente, provocadora. Dinamarca, do Grupo Magiluth, de Pernambuco, foi inspirado em Hamlet e propõe uma reflexão sobre o fenômeno das bolhas sociais.

Com Manifesto Transpofágico, a autora e atriz paulista Renata Carvalho questiona a construção de corpos, identidades e preconceitos contra travestis.

O Grupo Cena 11, de Santa Catarina, resgata, em Protocolo Elefante, o exílio da morte dos elefantes para falar de pertencimento e deslocamentos. Vestígios, da Marta Soares, é resultado de uma imersão em cemitérios indígenas pré-históricos na região de Laguna, em Santa Catarina, e mistura performance, videoinstalação e dança.

Ver(ter) à Deriva, espetáculo da paulista Les Commediens Tropicale, é formado por um conjunto de intervenções cênicas propostas para espaços externos e públicos, que dialogam com o silêncio das imagens de uma metrópole.

A Plataforma Brasil – Mostra Digital de Artes Cênicas tem apresentação da Prefeitura Municipal de São Paulo, Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo. Apoio institucional do Goethe Institute, Sesc SP, Festival Panorama, Faroffa. Apoio Cultural do Núcleo dos Festivais, KVS – Proximamente, Art Republic. A realização é da MITsp – Mostra Internacional de Teatro de São Paulo e do Olhares Instituto Cultural.

Parcerias com festivais: resultados práticos

A MITsp, por meio da MITbr – Plataforma Brasil já fechou acordos com eventos de artes cênicas. São parceiros os festivais de Edimburgo; o Proximamente da KVS, em Bruxelas, o Lift, em Londres e o Festival de Santarcangelo, na cidade italiana de mesmo nome.

Alguns resultados das ações. Altamira 2042, de Gabriela Carneiro da Cunha, está em turnê por festivais de países como França, Portugal, Suíça e Uruguai até o início de 2022. Lobo, de Carolina Bianchi, foi convidado a se apresentar no Skirball, em Nova York, em 2020. A atriz e diretora Janaína Leite, que se apresentou na edição de 2020, dará um workshop no Festival Proximamente, na Bélgica. O Grupo Mexa levou Cancioneiro Terminal para o Festival Traansform, em Leeds, na Inglaterra.

Outros espetáculos como violento., solo encenado por Preto Amparo, com concepção de Preto Amparo, Alexandre de Sena, Grazi Medrado e Pablo Bernardo; Caranguejo Overdrive, da Aquela Cia de Teatro; Isto é um Negro?, do grupo E Quem É Gosta?; Vaga Carne, de Grace Passô; De Carne e Concreto, da Anti Status Quo Companhia de Dança estiveram em festivais como o Festival Mladi Levi, na Eslovênia, o Proximamente e o FITEI – Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica, no Porto, Portugal.

Serviço

Plataforma Brasil – Mostra digital de artes cênicas
On Demand – De 1º, às 11 horas, ininterruptamente, até 23 horas do dia 5 de dezembro de 2021
Conteúdo legendado em inglês e acessível com audiodescrição e Libras.
MIt+:
Informações e acesso gratuito em www.mitmais.org
Para ter acesso ao conteúdo, basta fazer o cadastro, gratuitamente, no site da plataforma e acessar a página de programação para escolher o espetáculo.

Postado com as tags: , , , , , ,