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Mostra Capiba chega à décima edição

Pedro Vilela em Altíssimo . Foto: Divulgação

Pedro Vilela em Altíssimo . Foto: Divulgação

Com a mudança do nome de Mostra Capiba de Teatro para Mostra Capiba de Artes, a iniciativa desenvolvida pelo Sesc de Casa Amarela chega à 10ª edição incluindo atrações de dança e circo. Altíssimo, do Trema! Plataforma de Teatro, solo com o ator Pedro Vilela, abre a programação nesta quinta-feira. A peça escrita por Alexandre Dal Farra questiona a mercantilização da fé, a partir da reflexão sobre o poder crescente das religiões neopentecostais. As apresentações de espetáculos seguem até 18 de novembro.

Com apenas 15 segundos de propaganda eleitoral gratuita, um político brasileiro ganhou visibilidade numa guerra de marketing de grandes partidos. Ele é o personagem de Meu Nome é Enéas – o último pronunciamento, com roteiro e atuação de Márcio Fecher.

O multiartista Valmir Chagas participa da mostra com as lembranças e delírios de um artista do picadeiro, que relembra suas aventuras mambembes, no musical Saudosiar… A Noite Insone de Um Palhaço.

A atriz Augusta Ferraz interpreta, canta e dialoga com a plateia em MEDEAponto. A tragédia de Eurípides ganhou versão da poeta portuguesa Sophia de Melo Breyner Andresen e é a base da cena desenvolvida pela intérprete.

E o ator Plínio Maciel, do Teatro de Fronteira  exibe Na Beira, um resgate de suas memórias familiares, desde Surubim, onde nasceu.

Fabiana Pirro como a Palhaça Uruba. Foto: Lana Pinho / Divulgação

Fabiana Pirro como a Palhaça Uruba. Foto: Lana Pinho / Divulgação

Quatro performances circenses estão agendadas: Uruba e Lilão, com Fabiana Pirro; Dona Pequena e os Rolamentos, com Ana Nogueira; Dança, Maroca, com Mayra Waquim e Sema e os Contatos Imediatos, com Silvia Góes.

Na área de dança, Gardênia Coleto apresenta Dor de Pierrot – 80 aos pedações, em que reconstrói a obra do bailarino Bernot Sanches. Já Na Malandragem do Feminino, dirigido por Daniela Santos e criado por Rebeca Gondim, discute questões de gênero e sexualidade.

Vai ter oficina com o pesquisador Junior Aguiar chamada O Solo do Ator: o que você tem a dizer?. Além da mesa O clown solo: a busca do palhaço no espaço das sensações, com as atrizes e palhaças Juliana Almeida e Lívia Falcão e mediação de Ana Nogueira. E da roda de diálogo com a dançarina Gardênia Coleto e a diretora artística Daniela Santos sobre Dança: as peculiaridades do corpo que se move sozinho na cena, com mediação de Ailce Moreira.

PROGRAMAÇÃO

Oficina

15 a 17/11 O Solo do Ator: o que você tem a dizer?– das 9h às 13h
Inscrições: R$ 10 (comerciários e dependentes) e R$ 20 (público em geral)

Espetáculos

Teatro

09/11 – Altíssimo – Trema! Plataforma de Teatro (PE) – 20h

10/11 – Meu Nome é Enéas: o último pronunciamento – Gota Serena (PE) – 20h

11/11 – Saudosiar… A Noite Insone de um Palhaço – Paulo de Castro Prod. – 20h

16/11 – MEDEAponto – Pharkas Serthanejaz – 20h

17/11 – Na Beira – Teatro de Fronteira – 20h

18/11 – Eu no Controle – Cia. Do Abajur – 20h

Ingresso: R$ 10 (comerciários e dependentes) e R$ 20 (público em geral)
Local: Teatro Capiba

Mostra de Solos

Dança e Circo

14/11 – a partir das 15h, na área externa do Sesc Casa Amarela
Dança – Dor de Pierrot – 80 aos pedaços – Gardênia Coleto (PE)
Dança – Na Malandragem do Feminino – Rebeca Gondim (PE)
Circo – Uruba e Lilão – Violetas da Aurora (PE)
Circo – Dona Pequena e os Rolamentos – Violetas da Aurora (PE)
Circo – Dança, Maroca – Violetas da Aurora (PE)
Circo – Sema e os Contatos Imediatos – Violetas da Aurora (PE)
Entrada gratuita

Teatro

14/11 – a partir das 15h
O Teatro é Necessário? – Curso de Iniciação de Teatro Sesc Casa Amarela*
*o espetáculo será realizado no Cineclube Coliseu

Mesas redondas

15/11 – O clown solo: a busca do palhaço no espaço das sensações (com as atrizes e palhaças Juliana Almeida e Lívia Falcão e mediação de Ana Nogueira) – 15h às 17h

18/11 –  Dança: as peculiaridades do corpo que se move sozinho na cena, com a dançarina Gardênia Coleto e a diretora artística Daniela Santos e mediação de Alice Moreira.  – 15h às 17h

SERVIÇO
Mostra Capiba de Artes
Onde: Teatro Capiba, Sesc Casa Amarela, (Avenida Norte, 4490, Mangabeira)
Quando: De 6 a 18 de novembro
Quanto: R$ 10 (meia, comerciário e dependente) e R$ 20 (público em geral)
Informações: (81) 3267-4400

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Mostra Capiba chega à 9ª edição

Atriz Augusta Ferra ministra oficina de . Foto:Reprodução do Facebook

Atriz Augusta Ferraz ministra oficina A Narrativa do Contador de Histórias na Construção da Personagem

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Fotos: Reprodução do Facebook

A extensão do ator solitário e a amplitude ensejada pelo palco são ganchos da 9ª Mostra Capiba de Teatro, do Sesc Casa Amarela, que aglutina nove espetáculos de Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro e Sergipe. Em comum, as questões que pulsam na contemporaneidade na construção dessas figuras que abarcam universos tão distintos. O braço formativo do evento é destaque com o oferecimento de três oficinas, duas delas voltadas para o intérprete, além de uma aula-espetáculo. A atriz Augusta Ferraz vai tratar de A Narrativa do Contador de Histórias na Construção da Personagem, que vislumbra compreensão psicológica e afetiva da alma da personagem, entre os dias 18 e 21. O investimento é de R$ 20.

O Ator no Século XXI – Uma proposta de encontro entre o Ocidente e o Oriente, comandada por Samir Murad, combina as técnicas de yoga, taichichuen, kempô e meditações ativas na busca de proporcionar novas experiências corporais, vocais e emocionais nos intérpretes.  Nos dias 22 e 23 de outubro. O investimento também é de R$ 20. Samir também participa da programação de espetáculo com a encenação Para Acabar de Vez com o Julgamento de Artaud.

A terceira oficina desta edição do Capiba é o Ateliê de Crítica e Reflexão Teatral, com as jornalistas e críticas Luciana Romagnolli e Ivana Moura. Busca fomentar o olhar crítico a partir de exercícios práticos e da teoria teatral. O programa ocorre entre os dias 17 a e 21. Neste a inscrição é gratuita. As vagas para todas as atividades são limitadas.

Além das três oficinas, haverá a aula-espetáculo Como era bonito lá, na segunda-feira (17), às 14h, com a atriz, diretora, pesquisadora e professora Nara Keiserman. A entrada é gratuita e a ação acontece no Teatro Capiba.

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Espetáculo é uma ode aos textos de amor de Caio Fernando Abreu. Foto: Demetrio Nicolau / Divulgação

A Mostra começa na sexta-feira (14/10) com No Se Puede Vivir Sin Amor, da companhia carioca Atores Rapsodos. Na peça, a atriz Nara Keiserman celebra a obra de seu amigo e conterrâneo, Caio Fernando Abreu (1948-1996), e como sugere o título tem os escritos de amor como foco. A atriz reúne textos como Metâmeros, Mergulho II, Como Era Verde Meu Vale, Fotografias e Creme de Alface, além de textos inéditos escritos especialmente para ela. A direção é de Demétrio Nicolau.

“A Mostra Capiba surgiu sem grandes pretensões, para agregar valor à programação do Teatro Capiba, do Sesc Casa Amarela. Um teatro pequeno, de estrutura técnica limitada. Mas, aos poucos foi ganhando dimensão, recebendo a produção do estado e do Brasil”, explica o encenador José Manoel Sobrinho, gerente de Cultura do Sesc Pernambuco. “Na última versão serviu como espaço para a pré-estreia do espetáculo Ledores do Breu, da paulistana Companhia do Tijolo. Uma Mostra para espetáculos solo, espaço para experimentações mais individuais. Local de trocas e vivências e que tem servido como ambiente para se pensar o teatro em seus vários aspectos” pontua o diretor.

A programação prossegue com O Açougueiro, defendido por Alexandre Guimarães, sobre sonhos individuais e o poder do preconceito social para empurrar pessoas para o abismo e destruir vidas;  A Mulher Monstro, inspirada em texto de Caio Fernando Abreu e que trata dos demônios conservadores, discriminatórios e a visão equivocada (para melhor) de si mesma. A protagonista interpretada por José Neto Barbosa transita por esse Brasil atual, tão potente de ódio e hipocrisias.

Também estão na programação Histórias Bordadas em Mim, em que a atriz Agrinez Melo passeia por sua biografia com leveza e humor. Já Soledad – A Terra é Fogo Sob Nossos Pés, com a atriz Hilda Torres, leva ao palco a trajetória da militante paraguaia Soledad Barrett Viedma (1945-1973), que foi morta no Recife durante o regime militar. A Receita, com Naná Sodré, percorre as inquietações de uma mulher oprimida, que na cozinha prepara sua libertação. Com elementos de teatro de objetos, Diógenes D. Lima faz de Olinda e Recife um casal muito engraçado em O Mascate, a Pé Rapada e os Forasteiros.

Abalo sensorial 

O dramaturgo, ensaísta, ator e diretor de teatro, o francês Antonin Artaud compreendia que arte e vida estão emaranhadas pela mesma força metafísica. A arte para ele é algo para ser vivido. O ator Samir Murad, da companhia carioca Cambaleei, Mas Não Caí, segue essa vertente no monólogo performático Para Acabar de Vez com o Julgamento de Artaud.  A peça mistura cartas, poemas, manifestos e pensamentos do artista, que por suas ideias foi internado por nove anos em manicômios na França. A peça explora sua relação com o movimento surrealista, o teatro, as drogas, a política e o misticismo.

No encerramento, a Mostra terá Vulcão em que Diane Velôso defende o papel de uma cantora de punk rock que tem um surto mental dissociativo durante um show e mergulha em delírios poéticos, misturando lembranças, desejos e a dura realidade. A direção é do carioca, Sidnei Cruz e a dramaturga é de Lucianna Mauren.

PROGRAMAÇÃO COMPLETA

Nara. Foto: Demétrio

Atriz Nara Keiserman. Foto: Demetrio Nicolau / Divulgação

14/10 – (Sex) – No Se Puede Vivir Sin Amor – (Atores Rapsodos) – Rio de Janeiro –   RJ
Quando: Nesta sexta, às 20h
Onde: Teatro Capiba. SESC Casa Amarela (Av. Professor José dos Anjos, 1190. Bairro: Mangabeira)
Ingressos: R$ 20 e R$ 10
teatrocapiba@gmail.com
81 – 3267-4410
Duração: 60’
Classificação etária: 16 anos
Sinopse:
O espetáculo é uma homenagem da atriz Nara Keiserman ao seu amigo e conterrâneo, Caio Fernando Abreu. O trabalho nasceu de pesquisa artística e acadêmica conectada ao tema Teatro e Espiritualidade.
A amizade entre a atriz e o autor determinou alguns aspectos do trabalho, como a predominância do tom afetivo e a escolha dos textos, tematizando o amor e seus derivativos.
No se puede vivirsin amor promove um momento para além do cotidiano, em que a energia promovida pela imantação da cena alcança o espectador. Nara Keiserman pontua: “É claro que sei de cor (de coração) os textos do Caio que escolhi e que são os que mais gosto. Mas os movimentos que vou fazer, o modo como vou falar, como vou cantar melodias que são como sortilégios, são resultado do aqui-agora e acredito que o que partilhamos durante o acontecimento teatral corresponde ao que todos nós, juntos, estamos precisando viver naquele momento preciso.”
Ficha Técnica
Textos: Caio Fernando Abreu
Dramaturgia e atuação: Nara Keiserman
Direção, Iluminação e Arte: Demetrio Nicolau
Cinografia e Figurino: Carlos Alberto Nunes
Orientação Musical: Alba Lírio
Maquiagem: Mona Magalhães
Fotos: Demetrio Nicolau
Filmagem: Daniel Ribeiro
Assessoria de Imprensa: Sheila Gomes
Mídias Sociais: Marina Murta
Produção e Realização: Atores Rapsodos

Alexandre Guimarães. Foto:

Ator Alexandre Guimarães. Foto: Divulgação

15/10 – (Sab) – O Açougueiro – (Alexandre Guimarães) – Recife – PE
Quando: Sábado, às 20h
Onde: Teatro Capiba. SESC Casa Amarela (Av. Professor José dos Anjos, 1190. Bairro: Mangabeira)
Ingressos: R$ 20 e R$ 10
teatrocapiba@gmail.com
81 – 3267-4410
Duração: 45’
Classificação etária: 16 anos
Sinopse:
Boi de cercado, boi de abate, carro de boi e o amor proibido entre o açougueiro Antônio, homem simples, cujo sonho de infância era ter um açougue para matar a fome, e a jovem Nicinha. O ator se desdobra em sete personagens para narrar, entre aboios e toadas, uma história de paixão e intolerância que pode se passar na aridez do sertão pernambucano ou, em qualquer lugar, onde a dor e o preconceito são o prato principal das relações.
Ficha Técnica
Intérprete: Alexandre Guimarães
Texto, encenação e plano Luz: Samuel Santos
Preparação vocal: Nazaré Sodré
Preparação corporal e figurino: Agrinez Melo
Maquiagem: Vinicius Vieira
Fotos/Ilustração: Lucas Emanuel

Foto: Ivana Moura

Ator José Neto Barbosa. Foto: Ivana Moura

16/10 – (Dom) – A Mulher Monstro – (S.E.M Cia. de Teatro – Sentimento, Estética e Movimento) – Natal/Recife – RN/PE
Quando: Domingo, às 20h
Onde: Teatro Capiba. SESC Casa Amarela (Av. Professor José dos Anjos, 1190. Bairro: Mangabeira)
Ingressos: R$ 20 e R$ 10
teatrocapiba@gmail.com
81 – 3267-4410
Duração: 60’
Classificação etária: 16 anos
Sinopse:
Uma mulher perseguida pela sua própria visão intolerante da sociedade, com características infelizmente não singulares a milhares de brasileiros. Racista, machista, sexista, gordofóbica, homofóbica, reacionária e fundamentalista religiosa são alguns dos adjetivos que descrevem a burguesa decadente. Apesar de seu pensamento político equivocado, A Mulher Monstro ainda sim é uma humana com suas inquietudes e peculiaridades como qualquer pessoa.
A protagonista apresenta dificuldades nas relações, sem saber lidar com a solidão. Vive uma traição e rejeição do marido diagnosticado com câncer. Além de não superar a morte do único filho, vítima de seu preconceito. Ela insiste em não aceitar emergências sociais, as questões políticas ou até mesmo pessoais: como por exemplo, sua própria idade, um governo progressista ou sua atual condição financeira.
A obra é baseada no conto Creme de Alface, de Caio Fernando Abreu, escrita em 1975, em plena ditadura militar, mas só publicado em 1995.
Ficha Técnica
Dramaturgia, encenação e atuação: José Neto Barbosa
Iluminação: Sergio Gurgel Filho e José Neto Barbosa
Maquiagem: Diógenes e José Neto Barbosa
Cenografia e figurino: José Neto Barbosa
Assistência de cenografia: Anderson Oliveira e Diego Alves
Sonoplastia: Diógenes, Mylena Sousa e José Neto Barbosa
Registro: Mylena Sousa
Produção: SEM Cia de Teatro

Agri Melo em tom confessional. Foto: Rubens Henrique/ Divulgação

Agri Melo em tom confessional. Foto: Rubens Henrique/ Divulgação

17/10 – (Seg) – Histórias Bordadas em Mim – (Agrinez Melo – Doceagri) – Recife – PE
Quando: Segunda, às 20h
Onde: Teatro Capiba. SESC Casa Amarela (Av. Professor José dos Anjos, 1190. Bairro: Mangabeira)
Ingressos: R$ 20 e R$ 10
teatrocapiba@gmail.com
81 – 3267-4410

Duração: 60’
Classificação etária: Livre
Sinopse:
Um baú, uma borboleta e uma conversa… é assim que se inicia Histórias Bordadas em Mim. Um convite para um chá acompanhado de tareco e um alinhavar de histórias reais, vividas no passado e no presente. A personagem é por acaso a própria atriz e sentada em um baú conta histórias que viveu em sua vida, bebe da fonte de uma pesquisa no griot, povo ancestral que passava conhecimento através da oralidade, vai através da narrativa e numa proposta de encenação enxuta, incluindo o público em suas histórias. Uma pausa para um chá, uma musica e um mergulho nas histórias de alegrias, amor, dor, morte, vida e saudade…

Ficha técnica
Atuação, Produção, Dramaturgia, Figurino, Cenografia e Direção: Agrinez Melo
Assessoria em Dramaturgia: Ana Paula Sá
Assessoria em Direção: Naná Sodré, Quiercles Santana e Samuel Santos
Concepção Musical e Sonoplastia: Cacau Nóbrega
Assessoria em toadas: Maria Helena Sampaio (YaKêkêrê do Terreiro Ilê Oba Aganju Okoloyá)
Maquiagem: Vinicius Vieira
Execução Figurino: Agrinez Melo e Vilma Uchôa
Aderecista: Álcio Lins
Cenotécnico: Felipe Lopes
Foto, Áudio e Filmagem de teaser campanha do catarse: Lucas Hero
Direção e edição de vídeo teaser campanha catarse: Taciana Oliveira (Zest Artes e Comunicação)
Assistente de produção: Nayara Oliveira
Designer: Curinga Comuniquê
Filmagem do espetáculo na integra:Aratu Produções
Fotografia: Rubens Henrique

Naná Sodré. Foto: Thais Lima.

Naná Sodré defende papel que engloba as mulheres humilhadas do mundo. Foto: Thais Lima.

18/10 – (Ter) – A Receita – (O Poste Soluções Luminosas) – Recife – PE
Quando: Terça, às 20h
Onde: Teatro Capiba. SESC Casa Amarela (Av. Professor José dos Anjos, 1190. Bairro: Mangabeira)
Ingressos: R$ 20 e R$ 10
teatrocapiba@gmail.com
81 – 3267-4410

Duração: 40’
Classificação etária: 16 anos
Sinopse
A todas as mulheres do mundo! Grita com o corpo a atriz Naná Sodré, na obra tragicômica que descreve um universo de uma mulher num processo de libertação. Num acerto de contas, a anônima confessa como passou a maior parte do tempo temperando suas ilusões com sal, alho e coentro com cebolinha… até mesmo em momentos desatinados. O espetáculo funciona como um refletor que revela as situações vividas no ambiente domiciliar/social de várias mulheres pelo mundo a fora.

Ficha Técnica
Direção, autoria, adereços, sonoplastia e iluminação: Samuel Santos
Atuação, figurino e maquiagem: Naná Sodré
Técnica em rolamento: Mestre Sifu Manoel

Hilda Torres. Foto: Rick de Eça

Hilda Torres assume papel de guerrilheira paraguaia. Foto: Rick de Eça

19/10 – (Qua) – Soledad – A Terra é Fogo Sob Nossos Pés – (Cria do Palco) – Recife – PE19.10 –
Quando: Quarta, às 20h
Onde: Teatro Capiba. SESC Casa Amarela (Av. Professor José dos Anjos, 1190. Bairro: Mangabeira)
Ingressos: R$ 20 e R$ 10
teatrocapiba@gmail.com
81 – 3267-4410
Duração: 70’
Classificação etária: 14 anos
Sinopse:
O espetáculo conta a história de Soledad Barrett Viedma (1945-1973), militante paraguaia, que após ter lutado na América Latina, vem militar no Brasil. No Recife, teve sua história de luta contra as opressões de classes sociais e em busca de liberdade e igualdade, interrompida. A obra, não assume tão somente um caráter memorialista e de denúncia, mas sobre algo que se quer contar hoje, traçando uma analogia com os períodos políticos do regime militar e o presente.

Ficha Técnica:
Atriz, idealizadora e coordenadora do Projeto: Hilda Torres
Direção: Malú Bazán
Dramaturgia: Hilda Torres e Malú Bazán
Pesquisa histórica: Hilda Torres, Márcio Santos e Malú Bazán
Pesquisa cênica: Hilda Torres e Malú Bazán
Concepção de cenário e figurino: Malú Bazán
Execução de cenário e figurino: Felipe Lopes e Maria José Lopes (Lopes Designer)
Iluminação: Eron Villar
Operação de luz: Eron Villar, Gabriel Feliz e Nadjecksom Lacerda
Direção musical: Lucas Notaro
Operação de som: Márcio Santos
Arte visual: Ñasaindy Lua (filha de Soledad)
Teaser: Ivich Barrett (neta de Soledad)
Vídeo: Flávia Gomes
Diagramação: Pedro Xavier
Assessoria de imprensa: Márcio Santos
Consultoria do idioma guarani: Adrián Morínigo Villalba
Produção: Márcio Santos
Realização: Cria do Palco.

Foto: Tony Rodrigues

Diógenes D. Lima Foto: Tony Rodrigues

20/10 – (Qui) – O Mascate, a Pé Rapada e os Forasteiros – (Cia. de Artes Cínicas com Objetos) – Recife – PE
Quando: Quinta, às 20h
Onde: Teatro Capiba. SESC Casa Amarela (Av. Professor José dos Anjos, 1190. Bairro: Mangabeira)
Ingressos: R$ 20 e R$ 10
teatrocapiba@gmail.com
81 – 3267-4410
Duração: 60’
Classificação etária: 16 anos
Sinopse:
O Mascate, a Pé rapada e os Forasteiros é um espetáculo que utiliza-se da linguagem do teatro de objetos para contar uma versão histórica/fictícia sobre as cidades de Olinda e Recife. Na trama, estas cidades são um casal (Olinda, a mulher e Recife, o homem) que com a chegada de forasteiros exploradores (Portugal e Holanda), se vêem corrompidos por sentimentos de ganância e cobiça.
Ficha Técnica
Texto e Atuação: Diógenes D. Lima
Supervisão Artística: Marcondes Lima e Jaime Santos
Coreografias: Jorge Kildery
Adereços: Triell Andrade e Bernardo Júnior
Iluminação: Jathyles Miranda
Execução de Iluminação: Rodrigo Oliveira
Execução de sonoplastia: Junior Melo
Programação Visual: Arthur Canavarro
Fotografia: Ítalo lima, Toni Rodrigues, Sayonara Freire e Sócrates Guedes
Cenotécnico: Gustavo Oliveira
Assessoria de impressa: Cleyton Cabral
Coordenação de Produção: Luciana Barbosa

Samir. Foto: Reprodução da Internete

Samir Murad leva Artaud ao palco. Foto: Reprodução da Internet

21/10 – (Sex) – Para Acabar de Vez com o Julgamento de Artaud – (Cia. Cambaleei, mas não caí…) – Rio de Janeiro – RJ
Quando: Sexta, às 20h
Onde: Teatro Capiba. SESC Casa Amarela (Av. Professor José dos Anjos, 1190. Bairro: Mangabeira)
Ingressos: R$ 20 e R$ 10
teatrocapiba@gmail.com
81 – 3267-4410
Duração: 60’
Classificação etária: 16 anos
Sinopse:
Solo-performático-processual, que tem como argumento básico, a narrativa de algumas passagens de distintos momentos da vida de Antonin Artaud, supostamente reveladores de sua trama pessoal, que são transportados para a cena a partir de possibilidades de linguagem vislumbradas pelo próprio Artaud.
A valorização do trabalho do intérprete, toma forma a partir de experimentações corporais e textuais que se inspiraram em técnicas e conceitos orientalistas e se desdobra em outros elementos da cena, tais como os objetos, as projeções e a música, que devem funcionar com extensão do universo simbólico, proposto pelo foco inicial centrado no ator.
Ficha técnica
Textos: Antonin Artaud
Concepção, Atuação e Trilha Sonora: Samir Murad
Supervisão: Paulo Cerdeira
Cenário original: Milena Vugman
Figurino: Pamela Vicenta
Reazlização: Cia. Cambaleei, mas não caí…

Foto: Marcelino Hora

Atriz Diane Velôso. Foto: Marcelino Hora

22/10 – (Sab) – Vulcão – (Grupo Caixa Cênica) – Aracaju – SE
Quando: Sábado, às 20h
Onde: Teatro Capiba. SESC Casa Amarela (Av. Professor José dos Anjos, 1190. Bairro: Mangabeira)
Ingressos: R$ 20 e R$ 10
teatrocapiba@gmail.com
81 – 3267-4410
Duração: 40’
Classificação etária: 14 anos
Sinopse:
Os 20 cantos que compõem a cerimônia teatral Vulcão podem ser apreciados como fotogramas descontínuos, como flaches autônomos de um diário sobre o subterrâneo da alma humana no purgatório do teatro. Oferecemos ao público uma experiência de vivência de uma espécie de teatro primordial – um meio de expansão do imaginário através do corpo, do som, da palavra, da respiração, do silêncio e da música – onde os espectadores entram em contato com a matéria da poesia, cujo mistério transborda pelas veias do sublime.

Ficha Técnica:
Atuação: Diane Velôso
Direção: Sidnei Cruz
Assistência de Direção: Olga Gutierrez e Amanda Steinbach
Texto: Lucianna Mauren
Iluminação: Sergio Robson
Produção: Nah Donato e Diane Velôso
Figurino: Vivy Cotrim e Roberto Laplagne
Sombrinha: Luna Safira
Adereço de cabeça: Roberto Laplagne
Cenário: Sidnei Cruz, Denver Paraízo e Manoel Passos Filho
Arte plástica: Fábio Sampaio
Fotografia de espetáculo e foto design: Marcelinho Hora
Arte design: Gabi Etinger
Trilha sonora: Alex Sant’Anna e Leo Airplane
Operador de luz: Audevan Caiçara
Operação Audiovisual, Vídeo e Assessoria: Manoela Veloso Passos Colaboração: Maicyra Leão
Produção PE: Fabiana Pirro

  • Todos os espetáculos acontecem no Teatro Capiba, no SESC Casa Amarela, às 20h.

AÇÕES FORMATIVAS

Aula-Espetáculo

Como Era Bonito Lá – Nara Keiserman
A Aula-Espetáculo parte de uma versão sintetizada do espetáculo Como Era Bonito Lá, em que são expostos os modos de criação e antecedentes do trabalho e trechos encenados dos contos e cartas relacionadas.

Nara Keiserman
É atriz, diretora, pesquisadora e professora na Escola de Teatro da UNIRIO. Atriz e co-fundadora do Núcleo Carioca de Teatro (1991 – 2001), dirigido por Luís Artur Nunes. Diretora artística do grupo Atores Rapsodos (desde 2000). Preparadora Corporal e Diretora de Movimento da Companhia Pop de Teatro Clássico (desde 1999), no Rio de Janeiro.
Mestre em Teatro pela USP, com a dissertação A preparação corporal do ator – uma proposta didática e Doutora pela UNIRIO, com a tese Caminho pedagógico para a formação do ator narrador. Pós-doutorada na Universidade de Lisboa, com pesquisa sobre Aspectos da cena narrativa portuguesa contemporânea.
Desenvolve Pesquisa Institucional na UNIRIO, denominada Ator rapsodo: pesquisa de procedimentos para uma linguagem gestual. Professora Associada  na Escola de Teatro da UNIRIO, responsável pelas disciplinas de Movimento na Graduação e professora efetiva na Pós-Graduação.
Tem artigos publicados em revistas especializadas e ministra Cursos, Oficinas e Workshops sobre o Teatro Narrativo e sobre o Corpo Infinito do Ator.

Quando: 17/10 – (seg), às 14h
Local: Teatro Capiba

OFICINAS

A Narrativa do Contador de Histórias na Construção da Personagem – Augusta Ferraz

Oficina direcionada para o ator-narrador. O ator contador de histórias. O intérprete que se utiliza das três pessoas do singular (eu, tu e ele), do tempo presente, para narra/contar a mesma história por óticas diferenciadas. O foco é buscar na narrativa do contador de histórias a compreensão psicológica e afetiva da alma da personagem.

Quando: 18 a 21 – (ter a sex), das 9h às 12h
Local: Sala de Dança
Vagas: 10 alunos
Publico dirigido: estudantes e artistas de teatro
Inscrição pelo Link:
https://docs.google.com/forms/d/12-UZ3s2JLGQuUGIwWZoMeD535kOTnDkz33VqbmowHOo/edit

O ATOR NO SÉCULO XXI – Uma proposta de encontro entre o Ocidente e o Oriente – Samir Murad

É a partir dessa premissa artaudiana que o curso será pautado. Com  um intenso trabalho físico e vocal utilizando técnicas psicofísicas direcionadas para o trabalho do Ator, tais como Yoga, Taichichuen, kempô e meditações ativas, tendo como referências os trabalhos desenvolvidos por Peter Brook, Grotowski, Eugenio Barba e Tadeus Kantor, o aluno-ator será levado a experienciar novas possibilidades expressivas corporais, vocais e emocionais, estabelecendo novos limites, desconstruindo barreiras e edificando uma nova base interna mais íntegra e essencial para a sua atuação.

Quando: 22 e 23 – (sab e dom), das 9h às 12h
Local: Sala de Dança – Sesc Casa Amarela
Vagas: 15 alunos
Público dirigido: estudantes e artistas de teatro
Inscrição pelo Link:
https://docs.google.com/forms/d/1nuPQ4Hbdld0UKuxqYRybjtXDCBuRxsQ5j3Io1BqSfRk/edit

Ateliê de Crítica e Reflexão Teatral – Luciana Romagnolli e Ivana Moura

O Ateliê de Crítica e Reflexão Teatral é um espaço de encontro para a discussão crítica sobre teatro e para o exercício da escrita de textos críticos a partir da programação da Mostra Capiba de Teatro, realizada pelo Sesc Casa Amarela, no Recife. O objetivo do ateliê é desenvolver o pensamento crítico e teórico sobre teatro, propiciar olhares sobre a produção cênica pernambucana e proporcionar experiências práticas de crítica que possam reverberar para além dos encontros. As discussões contemplam apontamentos sobre a história e o presente da crítica de teatro no Brasil, o contexto recifense, a função da crítica, os problemas dos juízos de valor, da verdade e da produção de subjetividade, e questões sobre o teatro contemporâneo e o lugar do espectador.

Quando: 17 a 21 – (seg e sex), das 14h às 18h
Local: Cineclube Coliseu
Vagas: 15 alunos
Publico dirigido: artistas de teatro, curadores, programadores, jornalistas, estudantes
Inscrição pelo Link:
https://docs.google.com/forms/d/1383c1symrs2ByZrCFvMJdTqBVuBv6zxmEOxPEZAYnms/edit

SERVIÇO

Mostra Capiba – De 14 a 22 de outubro

Onde: Teatro Capiba. SESC Casa Amarela (Av. Professor José dos Anjos, 1190. Bairro: Mangabeira)
Ingressos: R$ 20 e R$ 10
teatrocapiba@gmail.com
81 – 3267-4410

teatrocapiba@gmail.com

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Porque tradição e reinvenção não se opõem*

Tu sois de onde?, solo do grupo Peleja. Foto: Renata Pires

Satisfeita, Yolanda? no Palco Giratório

*Valmir Santos
jornalista, crítico, pesquisador, curador

O ator-dançarino Lineu Gabriel, do Grupo Peleja, reflete sobre as formas e conteúdos que o mobilizaram na criação de Tu sois de onde?. É seu primeiro trabalho solo, tendo convidado para a direção a atriz Ana Cristina Colla, do Grupo Lume (SP).

A obra estreou em novembro de 2012, passou pelo Janeiro de Grandes Espetáculos e participa do Festival Palco Giratório Recife em sessão única nesta quinta-feira (23), às 19h, no Teatro Hermilo Borba Filho, seguida de bate-papo mediado por Leandro Regueira.

Ao buscar conexões com sua subjetividade, Lineu, que estudou em Campinas (SP) – graduado em antropologia e mestre em artes pela mesma instituição, a Unicamp –, foi prospectar o campo fértil, complexo e sofisticado das manifestações tradicionais da Zona da Mata Norte de Pernambuco.

Tu sois de onde? é atravessado pela questão da identidade a partir das corporeidades e sonoridades do maracatu de baque solto, resultado de residência artística apoiada pelo Funcultura e realizada entre 2011 e 2012 no município de Condado, junto aos artistas populares do Leão de Ouro, sobretudo os cabeças de lança.

A seguir, a íntegra das questões enviadas pelo Jornal Ponte Giratória, publicação semanal que circula durante o Palco Giratório (a versão impressa foi editada no formato de reportagem).

Confiram aqui o Jornal Ponte Giratória.

ENTREVISTA // Lineu Gabriel

Jornal Ponte Giratória – O solo Tu sois de onde? sugere conteúdos em torno da identidade e do depoimento pessoal. É desafio para o intérprete-criador tocar raízes sem ensimesmar-se numa época, a nossa, em que a figura do eu é ostensiva?

Lineu Gabriel – Antes de responder objetivamente sua pergunta, creio que seja válido abordar brevemente o processo criativo do espetáculo. O solo surgiu de necessidades pessoais, todo o repertório do Grupo Peleja é autoral, ou seja, nossas criações sempre partem (ao menos até aqui) da necessidade de suprir anseios como artistas. No caso das criações solo eu acredito que elas precisam encontrar conexões com a subjetividade do criador, ao contrário, a obra fica sem estofo, sem força.

Outro ponto que tem de ser considerado é que este é meu primeiro trabalho solo, então, além do tema em si, existia uma necessidade de estar sozinho em cena para tratar de algumas deficiências que sinto em relação a minha formação. Assim, o solo também é um lugar para que eu possa me desenvolver enquanto artista em um nível muito diferenciado do que acontece em uma criação coletiva.

Bom, dito isto, eu acho que é, sim, um desafio o não ensimesmamento. Aliás, diante do que acredito que seja a função social do artista: sempre foi um desafio, uma doação. A contemporaneidade em que vivemos é sim marcada pelo o que você chamou de “figura ostensiva do eu”, porém, paradoxalmente minha formação como artista me leva a encarar a questão sob outro ângulo: a obra é muito maior do que a pessoa, ou seja, eu estou ali no palco apenas em função de algo maior, que pretende, através de mim, tocar as pessoas. Trato de questões que são minhas, mas ao mesmo tempo já existiam quando nasci, de modo que essas questões me atravessam, podendo reverberar (ou não) no público. Meu espetáculo parte do desejo de compartilhar questões universais por meio de uma costura de fragmentos (e reinvenções destes fragmentos, já que estamos falando de arte) de minha história pessoal, afetiva.

Entendo quando menciona a “ostensividade”, mas tenho certeza de que, apesar de ser um solo, o espetáculo parte de outras necessidades… Na realidade, é preciso confessar que, apesar da escolha profissional, sou tímido, não gosto de me expor.

Lineu Gabriel

Lineu Gabriel

JPG – Como você percebe o diálogo com a tradição popular sem abdicar do rigor da invenção artística ou sucumbir ao lugar-comum?

Lineu – A abordagem que realizo das expressões artísticas tradicionais não é superficial, assim, é impossível não relacionar tradição com reinvenção, atualização. Ou seja, essas expressões artísticas são extremamente dinâmicas, são reinventadas, atualizadas cada vez em que seus atores a realizam. Até ouso dizer que em muitos casos o “rigor da invenção” é muito mais latente neste “lugar” do que no teatro ou na dança contemporânea. Eu acredito muito no potencial artístico das expressões tradicionais, acho que ainda é possível encontrar nelas uma força que nem sempre vemos em criações que seguem caminhos mais formais. Acho uma pena que ainda hoje exista uma prerrogativa de que estas manifestações são “menores”, menos importantes que as demais… Aí entramos em outro ponto de sua pergunta: o “lugar-comum” em que se encontram as criações que abordam o “popular”.

Existe uma coisa que acho que é fundamental para que possamos compreender o “popular” de forma mais generosa: precisamos derrubar esta classificação que divide o “popular” e o “contemporâneo”. É uma questão complexa para a qual ainda sinto que tenho muito para desenvolver. Porém, na minha interpretação o que vejo nas manifestações que tive a oportunidade de conhecer de perto é que elas são extremamente contemporâneas. Se ousarmos questionar esta classificação parcial e hierarquizada onde o popular encontra-se em desvantagem, vamos encontrar muitos pontos de diálogo, ou seja, existem muitas contribuições que um lado tem para ofertar ao outro (isto insistindo neste equívoco de separar em dois lados, dois lugares).

Sobre a questão do “lugar-comum”, não acredito que exista risco do Tu sois de onde? somar a isto. Não digo isso por vaidade ou prepotência, mas apenas por que existe um caminho trilhado. Existe uma pesquisa de nove anos, que passou por momentos diferentes, uma pesquisa que envolve vivência, convivência, laços afetivos. No meu caso o “popular” não é um tema, ele entra como ferramenta. Como conteúdo que faz parte de minha formação.

Atualmente, quando brinco carnaval com caboclo de lança (no Maracatu de Baque Solto Estrela de Ouro de Condado), não me preocupo com o que vou fazer com aquilo tudo… Eu simplesmente sou mais um ali brincando, vivenciando esta contradição que é brincar carnaval. Assim, todas essas informações ficam gravadas em mim e podem, ou não, ser acessadas quando entro em um processo criativo. São vivências que fazem parte de mim, mesmo não sendo originalmente daquele contexto.

JPG – A assimilação das técnicas de treinamento de ator no Lume, dada sua convivência e estudos na Unicamp, foram reprocessadas aqui, no Recife ou na Zona da Marta Norte, como um terceiro caminho, de singularidade própria?

Lineu – O trabalho do Lume leva a esta singularidade por si só. Na minha interpretação o foco do que eles edificaram é justamente este empoderamento do artista em relação às suas possibilidades criativas. O que me encanta nesta metodologia (ou no que consegui acessar do que eles desenvolvem) é justamente esta conexão com a subjetividade. Como disse anteriormente, não como um processo egocêntrico (sim, existe certo risco de cair nisto também), mas como uma exploração sistematizada da subjetividade.

Acho que a vinda para Recife, dentro de minha história, inclui muitas coisas. A distância da família, do primeiro “lar” é carregada de processos.

Profissionalmente foi também o momento de aprender a me situar e me posicionar diante de outros profissionais. Acho que este deslocamento nos obriga a organizar nosso discurso, nossa prática. Eu vivenciei muitas crises (e com certeza outras virão) até começar a traçar um esboço de meu caminho profissional dentro das artes.

Voltando a sua pergunta, eu acho que tanto a convivência em Recife como na Zona da Mata Norte tem peso igual para este processo de formação profissional. São lugares diferentes de certo ponto de vista, pois o diálogo com os artistas acontecem de modo muito distinto em cada um desses lugares. Porém, busco respostas para minhas inquietações transitando nesses lugares. Acredito muito no fluxo, no deslocamento. Portanto, acho que o que realmente ressignifica meu fazer artístico é transitar entre lugares diferentes. Talvez seja esta uma das poucas heranças que permaneceram de minha formação em antropologia, a capacidade de enxergar a beleza na diferença.

Serviço:
Tu sois de onde?, grupo Peleja (PE)
Quando: Quinta-feira (23), às 19h
Onde: Teatro Hermilo Borba Filho
Quanto: R$ 12 e R$ 6 (meia-entrada)

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O grupo Peleja apresenta ainda, dentro do Palco Giratório, Gaiola de moscas. Já escrevemos sobre o espetáculo, que participou da Mostra Capiba ano passado. Leiam e confiram o trabalho. As Yolandas indicam!

Serviço:
Gaiola de moscas, grupo Peleja (PE)
Quando: Sexta-feira (24), às 19h
Onde: Teatro Hermilo Borba Filho
Quanto: R$ 12 e R$ 6 (meia-entrada)

Gaiola de moscas. Foto: Pollyanna Diniz

Gaiola de moscas. Foto: Pollyanna Diniz

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Palhaças cheias de graça

Divinas, na VI Mostra Capiba. Foto: Pollyanna Diniz

Estas palhaças nos ensinam muito com a leveza e a poesia despretensiosa. Elas seguem o mesmo caminho. Contam histórias. Trocam farpas. Consentem e negam – até um golinho de água. Muitas vezes pensam em desistir. Mas algo é maior; e Uruba (Fabiana Pirro), Bandeira (Odília Nunes) e Zanoia (Lívia Falcão) continuam a jornada juntas. Divinas é um espetáculo simples, singelo e delicioso.

A dramaturgia de Marcelo Pelizzoli, Samarone Lima e Silvia Góes é a ponta de um novelo de lã para o que se vê no palco com a Duas Companhias. São pequenas histórias de palhaças que não sabem para onde vão, mas seguem. Com humor e sensibilidade na medida, o texto é o suporte para que as atrizes se aproximem do público; já a quase inevitável conquista é resultado do trabalho de atrizes que amadureceram com a experiência, mas ao mesmo tempo esbanjam frescor.

Já tinha visto Divinas em pelo menos duas ocasiões: quando elas fizeram um ensaio aberto no Teatro Marco Camarotti e durante uma temporada no Teatro Barreto Júnior. E pude comprovar que o espetáculo só cresceu. Na apresentação na Mostra Capiba Fabiana Pirro estava impagável: Uruba tem um humor mais ácido, é lindamente egoísta e comilona. Lívia Falcão nos seduz com Zanoia, sua pedrinha mágica e a história da mulher touro. E como Odília Nunes é uma ótima aquisição para o grupo! A experiência de anos na arte da palhaçaria está no palco com Odília e seus estratagemas para conseguir o que quer.

Quando digo que o espetáculo é simples me refiro também a soluções cênicas que vão desde um lenço que simula uma fogueira. Tanto o cenário quanto o figurino e os adereços são assinados pelas próprias atrizes. A trilha sonora original é de Beto Lemos e Luca Teixeira está em cena com vários efeitos de percussão que complementam as histórias engraçadas e fantasiosas.

Logo quando a Duas Companhias começou o processo de montagem de Divinas, lembro que conversei com Lívia Falcão; Odília ainda não estava nem no elenco. A ideia inicial era tratar do feminino. E quem guiava esse caminho era o diretor Moncho Rodriguez, que mora em Portugal. Tempos depois, veio um projeto de formação de palhaças na Zona da Mata e o consequente encontro com Adelvane Neia, de Campinas, responsável pela preparação das palhaças-atrizes para este espetáculo.

O feminino continua em cena, claro. Mas a opção pela investigação dessa identidade dos clowns das atrizes se estabelece de forma determinante. Pode até nem ter sido o mais fácil. Pode ser que esse caminho tenha sido de muitas curvas. Mas o resultado é gratificante. O público sai do teatro feliz. Simples assim.

Zanoia (Lívia Falcão)

Uruba (Fabiana Pirro)

Bandeira (Odília Nunes)

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Mia Couto na Zona da Mata

São só quatro atores-brincantes-bailarinos em cena. Mas parece que eles conseguem extrapolar os limites do palco. Cheguei esbaforida no Teatro Capiba depois de pegar um trânsito gigante; quando entrei, o Grupo Peleja já estava apresentando Gaiola de moscas (#coisafeiachegandoatrasada). E aquela presença no palco, o trabalho de corpo, a forma de contar a história simplesmente me encantaram de cara. Não foi aos pouquinhos não! É de uma lapada só que você diz: “que negócio bom é esse?!”.

Não há quebras – música, dança e interpretação andam juntos. O conto homônimo de Mia Couto casa perfeitamente com a musicalidade do grupo que nasceu em Campinas, mas funciona em Pernambuco e, mais do que isso, bebe nas raízes da Zona da Mata, nas brincadeiras populares, nas nossas tradições, no cavalo-marinho, no frevo para compor um trabalho sólido. Como eles mesmos dizem: não levam ao palco o cavalo-marinho; o que vemos é a recriação, um trabalho que do terreiro do interior chega ao mais contemporâneo dos universos.

Ano passado, também na Mostra Capiba, eu tinha visto Guarda-sonhos, solo da bailarina Tainá Barreto, do Grupo Peleja. Mas naquele era muito mais dança do que exatamente teatro. Em Gaiola de moscas não. As coisas são equilibradas e a ideia é contar uma história, que passa pelo comerciante que vende moscas na vila, por outro que chega de fora e encanta as moças comercializando batom. Interessante que mesmo que o grupo tenha optado por não “traduzir” algumas expressões utilizadas pelo moçambicano Mia Couto, o linguajar não soa estranho. É como poesia.

As cenas se constróem permeadas por muita música e dança. A trilha sonora pensada por Alexandre Lemos e João Arruda é executada ao vivo por esse último e por Pedro Romão. Uma das cenas mais lindas é o embate final entre os dois comerciantes.

A poesia e o humor do conto de Mia Couto são muito naturais ao universo de cores saturadas criado pelo Grupo Peleja. A direção e concepção desse espetáculo, que é de 2007, é de Ana Cristina Colla, do Lume Teatro, de Campinas, local onde o grupo se reuniu. No elenco atual estão Carolina Laranjeira, Eduardo Albergaria, Lineu Gabriel e Tainá Barreto. Não é preciso formalizações, definições rígidas para este grupo. Mas se é na dança que está a raiz, no teatro e, especificamente, na palavra o grupo encontrou um pouso seguro e ao mesmo tempo encantador aos olhos do público.

Confira a crítica de Guarda sonhos, solo de Tainá Barreto, outro espetáculo do repertório do grupo.

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