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“Os ratos não estão no porão”,
uma provocação em
videodança de Mônica Lira

Mônica Lira questiona as políticas públicas para as artes. Foto: Ivan Dantas / Divulgação

Em trabalho solo, mas com uma grande equipe nos bastidores, a artista reflete inquietações atuais. Foto: Ivan Dantas

Com o sugestivo título Os ratos não estão no porão, a diretora, coreografa e bailarina do Grupo Experimental, do Recife, Mônica Lira elabora uma inquietante reflexão sobre as políticas públicas e os sacrifícios que artistas exercem para garantir a mínima dignidade de seus trabalhos. A videodança solo dessa artista pernambucana assume-se como um “manifesto” dançado, no intuito de explicitar o descaso que os artistas sofrem no cenário pandêmico e as angústias vividas por muitos, que fazem parte da cadeia cultural.

Financiado pela Lei Aldir Blanc, no edital de Criação, Fruição e Difusão do Governo de Pernambuco, a videodança estreia nesta terça, 16 de março, às 19h, em uma live no Instagram do grupo (@grupoexperimental).

“Ser um trabalhador
de arte é, antes
de tudo, indagar o
tempo presente e
questionar o tempo
futuro”.

Mônica Lira dança um desassossego antigo: o desamparo do trabalhador de arte. Para isso desenha em movimentos a própria labuta, repleta de inseguranças, enigmas e abandono vivido pelo setor cultural, que mesmo diante dos recursos das leis emergenciais, fica refém dos governantes e de suas vontades políticas.

A obra Os ratos não estão no porão foi concebida num casarão antigo do bairro do Recife, sem teto, Rede Moinho, que sedia o atelier a céu aberto do artista Sérgio Altenkirch, também cenógrafo da obra. A videodança faz uma analogia irônica da reexistência do artista contemporâneo, que encara um panorama de extrema vulnerabilidade.

“O grupo Experimental carrega
muita história e muita gente,
e todas elas estão comigo na
poesia e nas narrativas desse
trabalho”,

A própria Mônica relata as adversidades, sem perspectivas, que enfrenta com seu grupo: “Antes da pandemia fomos para as ruas com a nossa obra Pontilhados, um passeio dançado por algumas cidades com um elenco de quase 20 artistas. Há quase 3 anos ficamos sem teto, sem a casa desse corpo Experimental, onde podíamos criar, dançar, pesquisar, fazer aulas, assistir espetáculos e realizar projetos. E agora, neste momento sem horizontes, como continuar dançando?”, indaga.

A arte de Os ratos não estão no porão quer provocar as pessoas a pensarem nos motivos de termos chegado a esse lugar de incertezas e sofrimento. “Ser um trabalhador de arte é, antes de tudo, indagar o tempo presente e questionar o tempo futuro. E sendo assim, como poderemos viver, continuar a existir, quando opera no nosso país uma política que pode nos exterminar?”. Pergunta que não quer calar.

FICHA TÉCNICA:
 
Concepção, direção geral, figurino e intérprete: Mônica Lira
Direção artística e figurino: Rafaella Trindade
Direção de fotografia, câmera e montagem: Silvio Barreto
Desenho cenográfico e criação das peças: Sérgio Altenkirch
Desenho de luz e execução: Beto Trindade
Produção e assistente de iluminação: Caio Trindade
Ambiente sonoro e trilha original: Diego Drão e Ivo Thavora
Registro fotográfico: Ivan Dantas
Locação filmagem: RedeMoinho da Ilha (Sergio Altenkirch)
Design gráfico: Carlos Moura
Assessoria de comunicação: Marta Guimarães

SERVIÇO:
Lançamento do videodança: Os ratos não estão no porão
Quando: Terça-feira, 16 de março, 20h
Onde: Instagram do Grupo Experimental – @grupoexperimental

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Grupo Experimental pontilha São Paulo de afetos

Foto: Rogério Alves /423 / Divulgação

Espetáculo Pontilhados em apresentação na capital paulista. Foto: Rogério Alves /423 / Divulgação

Foto: Rogério Alves /423 / Divulgação

Olhar fortuito entre personagens de Silvinha Góes e Everton Gomes. Foto: Rogério Alves /423 / Divulgação

Foto: Rogério Alves /423 / Divulgação

Os invisibilizados reais e da ficção se misturam na Praça da Sé. Foto: Rogério Alves /423 / Divulgação

A vida se manifesta no corpo. Na sua expansão, nos seus flagelos, dores, resistências. A vida se manifesta na cidade, que pulsa repulsa de memórias dos que ergueram seus edifícios, calçaram suas ruas, confundiram seus corpos com pedra, água, ar e cal. O espetáculo coreográfico Pontilhados – Intervenções Humanas em Ambientes Urbanos congrega um bando de subjetividades. Criado e dirigido por Mônica Lira, a montagem do Grupo de Dança Experimental, do Recife (PE), já passou por Porto Alegre (RS) em setembro e percorre as ruas de São Paulo neste fim de novembro.

Corpo humano e corpo-cidade. Pontilhados, encerra a trilogia de dançaIlhados, sob a direção e idealização da bailarina e coreógrafa Mônica Lira. A trilogia começou com Ilhados – Encontrando as pontes ;(2010)Compartilhados(2014).

Saindo do Palacete Tereza Toledo Lara, na Rua Quintino Bocaiúva, 22, Centro, munidos com fones de ouvido, embarcamos em outro tempo; outra dimensão se instala. Ganhamos as ruas. Seguimos a voz de comando de Jennyfer Caldas, nossa guia, que nos aponta os rumos das cenas para não nos dispersarmos em meio a profusão de episódios do teatro do real.

Foto: Rogério Alves /423 / Divulgação

Patrícia Pina Cruz (frente) compartilha a ideia que existe amor em São Paulo. Foto: Rogério Alves /423 / Divulgação

Foto: Rogério Alves /423 / Divulgação

Gardênia Coleto, Anne Costa e Rafaella Trindade. Foto: Rogério Alves /423 / Divulgação

Mesmo que você não enxergue, eles existem. Foto: Rogério Alves /423 / Divulgação

Mesmo que você não enxergue, eles existem. Foto: Rogério Alves /423 / Divulgação

O espetáculo de dança contemporânea itinerante ao ar livre, que agrega poesia e tecnologia, tem dramaturgia de Silvinha Góes, texto lindo, poético, que carrega citações de Affonso Romano de Sant´Anna,Eduardo Galeano, Roberto Pompeu de Toledo,Mario Quintana, Hilda Hilst, Italo Calvino, Cássio Vasconcellos, Mário de Andrade, Erri de Luca.

Despertemos outros olhos, treinemos outros olhares, olhemos o mundo com outras lentes exige essa caminhada / mergulho no espaço urbano para testemunhar histórias de amores e saudades, porque são tantas.

Pois então, desconecte-se, desligue, desacelere, sinta as camadas. Para além dos fones de ouvidos tudo prossegue naquela velocidade estonteante dessa Sampã espinha dorsal das finanças, de negociações políticas, de imersões culturais. Ou como define Roberto Pompeu de Toledo; “a capital da vertigem: vertigem artística, industrial, geográfica, urbanística”

Enquanto duram essas travessias poéticas nos ligamos a pulsação e movimentos coreográficos dos artistas do Grupo Experimental: Gardênia Coleto, Rafaella Trindade, Everton Gomes, Kildery Kildery, Anne Costa, Silvia Góes e Jennyfer Caldas. Além do elenco pernambucano, a performance conta com os bailarinos e bailarinas selecionados por meio de uma residência artística realizada na capital paulista entre os dias 12 e 19 de novembro, no CRD – Centro de Referência da Dança: Alisson Lima, Ana Caroline Recalde, Bruna Amano, Giovanna Pantaleão, Gisele Campanilli, José Artur Campos, Julianna Granjeia, Kleber Candido, Mateus Menezes, Michele Mattos, Patrícia Pina Cruz, Vinícius Francês, Vitor Silva e Laís D’addio. Ivan Bernardelli, artista-pesquisador local, coreógrafo e diretor da Cia. Dual de Dança Contemporânea, colaborou no trabalho.

A Noiva nas escadarias da Igreja da Sé de São Paulo. Foto: Rogério Alves /423 / Divulgação

A Noiva nas escadarias da Catedral da Sé de São Paulo. Foto: Rogério Alves /423 / Divulgação

Um noiva sozinha em frente à Catedral da Sé. Uma figura quase etérea. Podemos nos lembrar de Assombrações do Recife Velho, os contos que Gilberto Freyre compilou da tradição popular. Mas também remete à nubente largada, que perde suas alegrias de viver. As narrativas e as imagens dão possibilidades para múltiplas interpretações. Todas válidas.

A narração da peça e sua trilha sonora são transmitidas via antenas de rádio ao público. A trilha de Guillermo Ceballos Suin mistura música, poesia e sons ambientes. Os bailarinos e bailarinas, no entanto, nada escutam. A atriz Lilian Lima – da Cia. Do Tijolo – traça o roteiro histórico, afetivo, pungente, alegre, triste, cheio de humanidade.

A caminhada começa no Hexágono, obra erguida na Praça da Sé, e segue para a Catedral, de estruturas góticas e renascentistas. Ali, Dom Paulo Evaristo Arns desenvolvia religiosamente sua luta, denunciando torturas e crimes e livrando crianças da violência imposta na época da ditadura.

Ainda na praça, mendigos fictícios brigam por colchonetes e por sobrevivência, numa escalada de violência. Explodem em expressão de sofrimento ou de resistência e elaboram coreografias de muitos tipo de fé. Na primeira apresentação, um morador de rua tentou ficar com um dos colchões como prêmio. A produção agiu para reaver o material de cena.

Há sofrimento ali normatizado. Pontilhados diz a a isso não. A vida humana precisa se reconhecer humana.

Há tempo para saudar as estátuas do apóstolo Paulo e do Padre José de Anchieta. E seguimos rumo à rua do Ouro, enquanto a audição sopra no ouvido coisas bonitas como “Uma cidade nasce do encontro, um olhar e outro olhar, um corpo e outro corpo, uma pedra e outra pedra, eu e você… Respire… Sinta o chão…” ou as reflexões poéticas de Affonso Romano de Sant´Anna, que defende “O amor – esse interminável aprendizado.”

De volta ao cruzamento da rua Quintino Bocaiúva com a rua José Bonifácio, encontramos o Palacete Tereza Toledo Lara com damas na varanda. No palacete funcionou a Rádio Record, onde o sambista Adoniran Barbosa criou algumas composições.

Depois de passar pela escultura de Zumbi, líder do Quilombo de Palmares em posição de alerta, portando uma arma de defesa chamada mukwale, símbolo de poder, usada por grandes guerreiros africanos, a performance de Kildery Kildery já é outra. De denúncia, de revolta, de não conciliação com o branco opressor, com o sistema opressor.

Foto: Rogério Alves /423 / Divulgação

Depois de encontrar Zumbi, a postura é de guerrilha. Foto: Rogério Alves /423 / Divulgação

Preto e branco

O negro encara o branco. Foto: Ivana Moura

Delicadezas e precariedades, tensão no trânsito, problemas de moradia, caos urbano. Megalópolis e seus contrastes. Articulando passado e presente, sugerido pelo áudio e pela história da cidade, a peça propõe a cada espectador a erguer sua própria fabulação de memórias reais e poéticas.

Muita vida acontece nesse percurso … um casal flerta aos passos da dança na despedida do dia paulistano. Madona distribui corações para insinuar que o amor é livre e outra mulher misteriosa surge e desaparece pelas ruas movimentadas em meio à multidão.

Mônica Lira, essas imagens inundam a memória, numa perseguição de entendimentos outros que passam pela pele e osso, comprime o coração para saber que ele (o coração) existe. Esses Pontilhados embalam os sonhos e incitam para a luta. É uma peça forte e dura. Amorosa e que grita por questões urgentes. Da humanidade perdida, da humanidade que anseia ser reencontrada. Muito potente essa busca, esse caminhar, esse devir.

Silvinha Góes

Silvinha Góes nas escadarias da Catedral da Sé. Foto: Ivana Moura

Poderia falar de quantos degraus são feitas as ruas em forma de escada, da circunferência dos arcos dos pórticos, de quais lâminas de zinco são recobertos os tetos; mas sei que seria o mesmo que não dizer nada. A cidade não é feita disso, mas das relações entre as medidas de seu espaço e os acontecimentos do passado…

A cidade se embebe como uma esponja dessa onda que reflui das recordações e se dilata.
Italo Calvino
As Cidades Invisíveis

<img class=”wp-image-20067″ src=”http://www.satisfeitayolanda.com.br/blog/wp-content/uploads/2018/11/L3070684.jpg” alt=”L3070684″ width=”600″ height=”398″> Gardênia Coleto interage com público. Foto: Ivana Moura

São Paulo… Norte, Sul, Nordeste, Noroeste, Sudoeste, Sudeste, acima, abaixo, dentro, portos vastos além dos que aqui se inscrevem, aparecem, cravados de memórias singulares… Pernambuco, Recife, em que sentido está? De que lado você dança? Você samba de que lado? Recife, cidade pedra… São Paulo, cidade alada… Concreta de imensidões… Distâncias irmãs como somos, caminhantes do antes e agora, entre ruas que nunca desvendaremos inteiras, nem se estivessem nuas… Como as veias de um corpo, ruas que nos ligam ao mundo e ao centro de nós… Olhe em volta… Como estão suas mãos? Chegou a hora de viver em sua pele, horizonte com o fora, o nosso encontro no agora…

Texto-poesia de Silvinha Góes

zumbi

Kildery Kildery encontra a estátua de Zumbi dos Palmares. Foto: Ivana Moura

Liberdade abre as asas sobre nós, tem poesia isso, mas isso sufoca, vejo sempre uma águia gigante roubando o espaço acima da minha cabeça, vejo sempre a asa me comprimindo, e por isso eu gostaria de voar porque subiria acima dessa eventualidade. (S.G.)

SERVIÇO:
Pontilhados
Rumos Itaú Cultural 2017-2018
Entre os dias 28 e 30 de novembro
Saída: Palacete Tereza Toledo Lara (R. Quintino Bocaiúva, 22, Centro, São Paulo (SP)
Horário: 17h
Duração: 60 minutos
Quantidade de fones: 50 unidades
Ingresso: distribuição gratuita dos fones por ordem de chegada (50 pessoas)
Obs: para obter o fone a pessoa deixará o documento para resgatar com a entrega do fone à produção
Entrada gratuita

Figuras estranhas

Figuras estranhas, parecem vindas do passado. Foto: Ivana Moura

Polícia

Dançarino de frevo encara o carro da polícia. Foto: Ivana Moura

Pateo do colégio

Pateo do Collegio, marco zero da capital paulista. Foto: Ivana Moura

Pateo 3

Coreografia no Pateo. Foto: Ivana Moura

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Transeuntes param para assistir à dança. Foto: Ivana Moura

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Existe amor em São Paulo, não é Kildery Kildery?! Foto: Ivana Moura

É frevo meu bem

É frevo meu bem. Foto: Ivana Moura

é frevo, eu disse frevo

É frevo, eu disse frevo. Foto: Ivana Moura

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Breguetu em São Paulo

Henrique Celibi é homenageado pelo Experimental. Foto: Divulgação

Henrique Celibi (de noiva) é homenageado pelo Experimental. Foto: Divulgação

Nesta sexta-feira, 24 de novembro, o ator e diretor Henrique Celibi completaria 54 anos. Esse artista inquieto e provocador nos deixou antes, em maio. Faz uma falta! O espetáculo Breguetu, do Grupo Experimental de Dança, do Recife, faz curtíssima temporada no Sesc Belenzinho, em São Paulo, e a sessão de hoje é dedicada a Celibi, que soube como poucos transformar materiais descartáveis em moda, em luxo. Celibi fazia uma participação especial e nas apresentações paulistanas Fabio Caio defende esses papeis.

Sabemos que cada ambiente cultiva o brega do seu jeito. A montagem do Experimental coreografa esse estilo de vida das periferias do Recife, nos movimentos, nas cenas tragicômicas, nos dramas do cotidiano de gente comum. Pintar o cabelo é das formas de se valorizar, acrescentar detalhes ao corpo e ter atitude são outras.

A música trata das paixões, dos dramas afetivos, das calamidades e sucessos da vida cotidiana. De abandonos, do homem da outra, da mulher cobiçada, de solidão e superação. Breguetu convida o público para ser cúmplice dessas intimidades nas ruas, nos bares, em lugares  intimistas.

Concebida pela diretora da companhia, Mônica Lira, a peça coreográfica encara o movimento brega em ampla análise, do contexto social às características que marcam a identidade como música, moda ou mesmo estilo de vida. “O brega, ritmo que definimos e defendemos aqui, vai muito além da música. Brega é estado de felicidade e modo de vida”, atesta a diretora Mônica Lira.

Em Breguetu, a vida é intensa, exagerada, sofrida; segue de mãos dadas entre a felicidade e o desespero. Mas com muita poesia no corpo, no rosto, na alma. A montagem estreou em 2015 e é fruto da pesquisa do Grupo A dança no corpo desse lugar, através da qual a equipe estudou, de forma teórica e prática, manifestações e movimentos culturais do Recife.

Paixão, movimento e sensualidade na peça coreográfica do grupo recifense. Foto: Paula Alencastro / Divulgação

Paixão, movimento e sensualidade na peça coreográfica do grupo recifense. Foto: Paula Alencastro / Divulgação

Olhar amoroso sobre o brega. Foto: Paula Alencastro / Divulgação

Olhar amoroso sobre o brega. Foto: Paula Alencastro / Divulgação

Serviço
Breguetu – Grupo Experimental de Dança
Quando: Sexta e sábado, 24 e 25 de novembro, às 20h, e no domingo, 26, às 17h.
Onde: Sesc Belenzinho – Sala de Espetáculos II (Rua Padre Adelino, 1000 Quarta Parada – Leste São Paulo – SP (11) 2076-9700)
Ingressos: R$ 20, R$ 10 (meia-entrada) e R$ 6 (credencial do Sesc)

Ficha técnica
Concepção e direção: Mônica Lira (Grupo Experimental)
Intérpretes-criadores: Jennyfer Caldas, Jorge Kildery, Rebeca Gondim, Rafaella Trindade, Gardênia Coleto e Ramon Milanez.
Ator convidado: Fabio Caio.
Projeto de iluminação: Beto Trindade
Trilha sonora: Marcelo Ferreira e João Paulo Oliveira
Sonoplastia: Adelmo do Vale
Figurino: Carol Moneiro
Design: Carlos Moura
Cabelo e maquiagem: Jennyfer Caldas
Produção: Emeline Soledade
Cenotécnico: Eduardo Autran
Assessoria de comunicação: Paula Caal
Duração: 60 minutos
Indicação etária: 16 anos

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Zambo harmoniza quatro gerações

Remontagem de Zambo integra programação da 13ª Mostra Brasileira de Dança. Foto: Dudu Contreras

“Modernizar o passado é uma evolução musical…”, anunciava o líder do movimento Manguebeat Chico Science, nos anos 1990. Cultura de Pernambuco em estado de ebulição, contaminando outras artes. O Grupo Experimental de Dança também fincou sua antena na lama e captou ondas contemporâneas para levar ao palco. A leitura coreográfica do Manguebeat rendeu o espetáculo Zambo. Com o movimento do corpo em sincronia com a sonoridade percussiva da época. Fase de redescobertas de um Recife afetivo carregado de contradições. Dos choques de uma herança colonial, oligárquica e conservadora ao empoderamento da arte das periferias de várias magnitudes.

A encenação é uma baliza na história do Experimental. O registro acústico da percussão dos maracatus e outras manifestações da cultura popular pernambucana sintonizou aos elementos eletrônicos do rock e a outros ritmos. O caranguejo mostrava suas patas para o mundo.

Zambo faz referência ao personagem Charles Zambohead, inventado por Chico Science. Charles era, como entendia seu criador, “um cientista do groove”, que embaralhava danças negras à afrociberdelia, concepção da estética-mangue.  Inspirado no perfil de Zamboheade e na performance cênica de Chico, Zambo desliza nesse trânsito da tradição, mas impregnado por pulsação contemporânea.

Turnê internacional em 2009. Foto: Vincenzo Fratta

Turnê internacional em 2009. Foto: Vincenzo Fratta

A montagem original de Zambo ocorreu ainda sob o impacto da morte precoce de Chico Science, mas amparada pelo guarda-chuva de uma estética político-artística em construção. Para tratar desse Recife, das conexões com o mundo, desses corpos em transformação, as coreógrafas Sonaly Macedo e Mônica Lira ergueram o espetáculo. Jorge Du Peixe, que assumiu a liderança da Nação Zumbi após a morte de Chico, participou da montagem, criando e executando a música de abertura do projeto, ao vivo.

A quarta versão do espetáculo Zambo, de 1997 foi articulada para a 13ª Mostra Brasileira de Dança, que homenageia nesta edição, a bailarina, coreógrafa e diretora do grupo Mônica Lira. A peça reúne quatro gerações de intérpretes – que fizeram parte da trajetória da equipe – , neste sábado (06/08), no Teatro Luiz Mendonça, às 20h.

Além de saudar o nascedouro do Grupo Experimental, a remontagem é um ato que reflete sobre a cultura de resistência e do respeito à arte no cotidiano de uma cidade e de um estado com poucas ações de política pública para o setor.

Serviço

Zambo
Onde: Teatro Luiz Mendonça, (Parque Dona Lindu – Av. Boa Viagem, s/n, Boa Viagem)
Ingresso: R$30,15, 10 e R$5
Informações: (81) 3355-9821 / 3355-9823 / 9822
www.mostrabrasileiradedanca.com.br
Duração: 45 minutos
Indicação: Livre

Ficha Técnica  Zambo (por gerações)
Concepção/Coreografia: Mônica Lira e Sonaly Macedo
Figurino: Período Fértil
Iluminação: Beto Trindade
Concepção, Maquiagem e Penteados: Ivan Dantas
Cenário: Evêncio Vasconcelos
Músicas: Nusrat Fateh Ali Khan; Dj Spooky; Geoffrey Oryema; Antúlio Madureira; Jorge Du Peixe; Gilson Santana; Gustavo Oliveira.
Texto: Gardênia Coleto
Assessoria De Comuicação: Paula Caal
Design Gráfico: Carlos Moura
Produção: Emeline Soledade
Consultoria Técnica: Danilo Carias
Iluminação: Beto Trindade
Fotos: Ivan Dantas

Elenco 1ª Montagem (1997): Ana Emília Freire, Eduardo Góes, Ivan Dantas, Fernanda Lisboa, Gilson Santana (Mestre Meia-Noite), Gustavo Oliveira, Mônica Lira, Renata Lisboa, Sonaly Macedo, Jorge Du Peixe (músico convidado)

Elenco 2ª Montagem (2007): Anne Costa, Calixto Neto, Lilli Rocha, Kleber Candido, Gilson Santana (Mestre Meia Noite), Maria Agrelli, Renata Muniz, Silvio Barreto, Valéria Vicente, Tarcísio Resende (músico convidado)

Elenco 3ª Montagem (2012): Daniel Silva, Everton Gomes, Januária Finizola, Jennyfer Caldas, Lilli Rocha, Patrícia Pina, Rafaella Trindade, Ramon Milanez

Elenco 4ª Montagem (2016 – 13ª Mostra Brasileira de Dança): Gardênia Coleto, Jorge Kildery, Lilli Rocha, Márcio Filho, Rafaella Trindade, Rebeca Gondim

Artistas convidados: Ana Emília Freire, Eduardo Góes, Fernanda Lisboa, Mônica Lira, Renata Lisboa, Anne Costa, Maria Agrelli, Renata Muniz, Silvio Barreto, Everton Gomes, Januária Finizola, Jennyfer Caldas, Ramon Milanez

Músicos convidados: Tarcísio Resende, Paula Caal, Adriana Milet

Participação especial: Gilson Santana (Mestre Meia Noite), Orun Santana

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Zambo para vestir

Zambo vai reunir quatro geraçoes do Grupo Experimental. Foto: Ivan Dantas

Zambo vai reunir quatro gerações do Grupo Experimental. Foto: Ivan Dantas

A diretora, bailarina e coreógrafa Mônica Lira é uma guerreira que lidera o Grupo Experimental de dança contemporânea desde 1993, sem um financiamento ou patrocínio regular durante esse tempo. Além de militante cultural, ela é uma crítica da cultura sucateada pelas políticas públicas e privadas. Mônica é a homenageada da Mostra Brasileira de Dança. O grupo realiza neste sábado, (9), às 19h, no Espaço Experimental, bairro do Recife Antigo, um evento com quatro performances, junto à exposição fotográfica e uma festa na sequência.

A exibição artística consta de Trecho de Zambo, com Lilli Rocha e Jennyfer Caldas; Dor de Pierrot: 80 aos pedaços, com Gardênia Coleto; Rito, com Januária Finizola; Zigoto, com Patrícia Pina Cruz, além da exposição Fotográfica Zambo.

Com a apresentação a trupe busca arrecadar verba para vestir cerca de 20 bailarinos, de quatro gerações do Experimental, para apresentar a obra Zambo (1997), que completa vinte anos em 2017, no dia 6 de agosto dentro da programação da MBD.

O Grupo Experimental investe em espetáculos com temas que dão visibilidade as contradições da rica cultura pernambucana. Zambo, estreado em 1997 e remontado em 2003, foi inspirado pela perda precoce do líder do Movimento Mangue, Chico Science. A coreografia reflete e questiona a projeção cultural promovida pelo manguebeat e as manifestações da arte em Pernambuco.

As contribuições para o evento são nos valores de R$ 10, R$ 20 ou R$ 30 – cada um contribui com o que puder dentro destes valores, ou mais.

Serviço

Zambo – Movimentos para vestir um corpo
Quando: Neste sábado, (9), às 19h,
Onde: Espaço Experimental (Rua Tomazina, 199, Recife Antigo)
Quanto: R$10, R$20 ou R$30 – cada um contribui com o que puder dentro destes valores, ou mais.

Programação

– Trecho de Zambo, com Lilli Rocha e Jennyfer Caldas
– Dor de Pierrot: 80 aos pedaços, com Gardênia Coleto
– Rito, com Januária Finizola
– Zigoto, com Patrícia Pina Cruz
– Mostra Fotográfica Zambo

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