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Últimos suspiros de Kafka

Manoel constantino traça (junto com Moiséis Neto) o semitranse do escritor tcheco. Foto: Sayonara Freire

Manoel constantino traça (junto com Moiséis Neto) o semitranse do escritor tcheco. Foto: Sayonara Freire

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Franz Kafka (1883-1924) se conectava à vida pela escrita. Mas encarava a dura rotina de advogado empregado numa seguradora. Seu ideal era ser escritor em tempo integral. Esse judeu tcheco, tuberculoso, sofria a inclemência da vida numa Europa intolerante e antissemita. A Última Noite de Kafka, texto de Claúdio Aguiar, ficciona os derradeiros momentos da existência do escritor, alternando estado de lucidez e delírio, quando ele repassa sua vida e dialoga com alguns de seus personagens.

A leitura dramatizada do texto Aguiar, com direção de José Francisco Filho, ocorre nesta segunda-feira (11), a partir das 20h, no Teatro Hermilo Borba Filho, no Bairro do Recife. No elenco estão os atores Manoel Constantino e Moisés Monteiro de Melo Neto. A apresentação integra a programação paralela do 22º Janeiro de Grandes Espetáculos.

Em março de 1924, a tuberculose laríngea de Kafka piorou. Em 10 de abril, ele foi para um sanatório perto de Viena. O texto de Cláudio Aguiar, escrito em versos, constrói a peça justamente neste ponto, quando o dramaturgo Cláudio Aguiar o flagra num delírio onde mistura sua vida e obra.

A causa da morte de Kafka aparentemente foi fome: a condição da garganta fez com que comer se tornasse uma atividade muito dolorosa para ele. Não havia meios de alimentá-lo. Naquele momento, ele estava editando Um Artista da Fome, no seu leito de morte, conto cuja composição tinha sido iniciada antes da sua garganta se fechar ao ponto dele não mais poder se alimentar.

Ele morreu no dia 3 de junho de 1924, em Klosterneuburg, na Áustria. Sua escrita captou a opressão que se instalou no século XX. Quase 100 anos depois da morte do autor de Metamorfose (1915), O Processo (1925), O Castelo (1926), O desaparecido ou Amerika (1927) prosseguimos uma existência cada vez mais kafkiana.

Outras duas leituras estão agendadas no 22º Janeiro de Grandes Espetáculos. São dois textos do teatro espanhol contemporâneo. A peça Os Corpos Perdidos, de José Manuel Mora, sob direção da paulistana Cibele Forjaz, será apresentada pelo elenco do Coletivo Angu de Teatro no dia 20 de janeiro, no Teatro Arraial Ariano Suassuna. E A Paz Perpétua, de Juan Mayorga, dirigida pelo gaúcho Fernando Philbert, será desenvolvida pelo Grupo Magiluth, no dia 21, no Teatro de Santa Isabel. A entrada é franca para ambas as leituras.

Moisés Neto em A última noite de Kafka

Moisés Neto em A última noite de Kafka

Serviço

Leitura dramatizada do texto A Última Noite de Kafka
Quando: Nesta segunda-feira (11 de janeiro), a partir das 20h
Onde: Teatro Hermilo Borba Filho (Av. Cais do Apolo, s/n, Bairro do Recife. Fone: 3355 3321)
Quanto: R$ 5 (preço único promocional)

Texto: Cláudio Aguiar (vencedor do Prêmio Jabuti 2015)
Direção: José Francisco Filho
Elenco: Manoel Constantino e Moisés Monteiro de Melo Neto
Duração: 50 minutos
Classificação etária: a partir de 12 anos

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Uma batalha histórica – e outra atual

Batalha dos Guararapes – assim nasceu a Pátria. Fotos: Ivana Moura

TEXTO: IVANA MOURA

Sábado me mandei rumo ao Parque Histórico Nacional dos Guararapes, em Prazeres, Jaboatão dos Guararapes, Grande Recife, para conferir o megaespetáculo Batalha dos Guararapes – assim nasceu a Pátria. A peça começa como uma aula de história e foi com alegria que vi Zuleika Ferreira no palco, como uma das alunas.

Com 64 atores atores, fiquei tentando identificar os artistas que conheço e essa busca se tornava mais interessante nas cenas com muita gente. Pedro Francisco de Souza (Nassau), Reinaldo de Oliveira (João Fernandes Vieira), Ivonete Melo (Maria César, esposa de João Fernandes Vieira) – se destaca na cena em que confronta o marido.

Reinaldo de Oliveira e Rogério Costa

As mulheres dessa história são muito infelizes no casamento. A que tinha mais chance de levar uma vidinha feliz, Bárbara (Ana Claudia Wanguestel), mulher de Calabar (Eduardo Filho), vê seu homem ser enforcado por suposta traição.

Como é sabido, a montagem trata da expulsão dos holandeses no Brasil no século XVII. A peça tem texto e direção de José Pimentel, que também atua no espetáculo no papel de Vidal de Negreiros.

Aparecem em cena figuras como, além das já citadas, Henrique Dias (Demétrio Rangel), Felipe Camarão (Felipe Lopes), Barreto de Menezes (Manoel Constantino), Frei Salvador (Rogério Costa), Carlos Mesquita (Tourlon), Ana Paes (Angélica Zenith).

Lógico que as marcas de Pimentel estão lá. A cena do enforcamento, a subida ao céu de Nossa Senhora, na cena em que os heróis pernambucanos rezam para vencer a luta. E também no final, com o show pirotécnico. Mas isso nao é pecado, digamos que é estilo.

José Pimentel atua e dirige a montagem

Acho importante destacar a garra com que os atores defendem o espetáculo. Com algo de idealismo, de paixão, de resistência mesmo. Como dissemos aqui no Yolanda, a prefeitura de Jaboatão deu pra trás no patrocínio e na estrutura que havia apalavrado. Mesmo asim a produtora Métron, de Edivane Bactista e Ruy Aguiar, renegociou caches de atores e serviços de fornecedores para manter a Batalha.

A produtora também faz questão de dizer que A Batalha dos Guararapes faz parte do calendário cultural e turístico do Estado de Pernambuco. Mas se é assim, porque todo ano é essa mesma peleja atrás de patrocínio? Não interessa que essa historia seja contada? O governo não acha importante?

O espetáculo cumpre o seu papel. Com as cenas encurtadas, a montagem ficou mais ágil. E a engrenagem complexa funciona a contento, com gente, som, luz, precisão de tempo, efeitos especiais.

Gostaria de ver essa Batalha com verba suficiente para realizar tudo o que foi planejado. De elenco a efeitos especiais. Uma grande producão.

Reinaldo de Oliveira e Ivonete Melo

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