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90 anos de Osman Lins

Escritor Osman Lins teria completado 90 neste mês de julho

Escritor Osman Lins teria completado 90 neste mês de julho

É louvável a iniciativa do grupo Teatro Dubando, que homenageia o escritor Osman Lins pela passagem dos seus 90 anos, com o evento Leituras Cruzadas III: Lendo Osman Lins, de hoje a domingo no Teatro Hermilo Borba Filho, com entrada franca.

O programa incentivado pelo Funcultura/Governo do Estado de Pernambuco conta com palestras, leitura dramática, ensaio de espetáculo, exibição de curtas e debates.

Sabemos que o autor pernambucano de Vitória de Santo Antão merece muitas outras celebrações.

E que venham.

Máquina de escrever do autor de Avalovara

Máquina de escrever do autor de Avalovara

Numa entrevista feita por Esdras Nascimento, (publicada no Estado de S. Paulo em 24 de maio de 1969), Lins diz que o escritor tem, sim, uma missão social a cumprir. E que ela não deve ser confundida com o engajamento político, “sob nenhum pretexto, ser imposta pelo estado ou partidos. Isto não em nome de uma vaga liberdade do artista, e sim porque nenhuma instituição está em condições de impor, à conduta do escritor, leis e normas concebidas para outros tipos de atividades, Repito, com André Gide, que ‘uma literatura submetida é uma literatura envilecida’. O escritor não chega a certa orientação estética, a certas invenções, a certos experimentos, a determinadas descobertas, por acaso. Ele caminha duramente para tudo isso. Os livros de Kafka, resultado de toda sua existência, têm-nos ajudado enormemente a ter, do homem contemporâneo e de seus dilemas, uma visão que não seria tão clara se ele não tivesse existido. Ou se lhe houvesse imposto, ao invés de escrever O castelo, redigir algum romance trivial sobre patrões e operários. Não quero dizer que seja impossível a um romancista realizar um grande livro sobre tal assunto. Mas ele só o fará se chegar a isto. E seu trabalho, em nenhuma hipótese, deverá transpor para o papel a visão que os políticos têm do problema. Terá de ser, a sua visão, a visão do romancista, de um criador de ficção. Em todo caso, uma visão nova, pessoal, sem o que seria dispensável”.

Lins deixou, além de uma obra ficcional de importância, uma obra ensaística em que se posiciona com rara coragem sobre questões ainda hoje cruciais da realidade brasileira.

A postura ousada e na maioria das vezes solitária do autor se projeta na sua ficção. Ele combateu a censura, questionou as manipulações políticas na área da cultura, defendeu a educação, refletiu sobre as conjugações da indústria cultural e tornou os espaços na imprensa uma tribuna para defender suas ideias.

Um intelectual à frente do seu tempo

Um intelectual à frente do seu tempo

O percurso teatral de Osman é curto, mas marcante, e está em paralelo com sua ficção em prosa. Suas primeiras peças são mais tradicionais. No início da carreira, o autor investiu na linha cômico-popular e ganhou os aplausos do público e da crítica com Lisbela e o Prisioneiro. O drama realista Guerra do Cansa-Cavalo teve boa acolhida e até mesmo a recepção fria à montagem A Idade dos Homens – com sua crítica social urbana – gerou um bom debate na mídia.

Com as inovações da trilogia Santa Automóvel e Soldado, (composta pelas peças Mistério das Figuras de Barro, Auto do Salão do Automóvel e Romance dos Dois Soldados de Herodes) o autor redirecionou sua escrita dramática para o épico, depois de ter formulado uma teoria teatral que dava primazia ao texto teatral.

A programação ilumina pontos importantes da obra de Osman Lins.

Osman Lins

PROGRAMAÇÃO

Leituras Cruzadas III: Lendo Osman Lins
Teatro Hermilo Borba Filho (Av. Cais do Apolo, s/n, Bairro do Recife.
Fones: 3355 3321 e 3355 3319.
Entrada gratuita.

Dia 18 de julho (sexta)
Percursos da História
19h Abertura com coquetel
19h30 Palestra com Ângela Lins e Leda Alves sobre momentos significativos da vida e da obra de Osman Lins.
Debatedor: Fábio Andrade.

Dia 19 de julho (sábado)
Osman Lins em Cena
18h Ensaio aberto do espetáculo Perdidos e Achados (peça inspirada em narrativa homônima de Osman Lins), com o Teatro Dubando e participação especial do ator Tatto Medinni

Luiz Carlos Vasconcelos montou Retábulo, com o grupo Piollin

Luiz Carlos Vasconcelos montou Retábulo, com o Piollin

19h20 Palestra com Luiz Carlos Vasconcelos (PB), sobre sua experiência ao montar a narrativa Retábulo, dirigindo o Grupo Piollin (PB); e Robson Teles, sobre as narrativas osmanianas da obra Nove, Novena. Debate aberto com o público ao final

Dia 20 de julho (domingo)
16h Leitura dramática da peça “Mistério das Figuras de Barro”, de Osman Lins, pela Companhia Fiandeiros de Teatro.
Direção: André Filho

16h30 Palestra O Teatro da Palavra de Osman Lins, com Ivana Moura

17h10 Exibição do curta metragem A Partida, direção de Sandra Ribeiro, além de Os Gestos, ambos inspirados em obras de Osman Lins

Sandra Ribeiro dirigiu A Partida para o cinema

Sandra Ribeiro dirigiu A Partida para o cinema

17h50 Palestra com Sandra Ribeiro e Adriano Portela. A diretora falará de sua experiência em filmar a obra osmaniana. Já o jornalista analisará o percurso da obra de Osman na cinematografia.

19h Palestra Cruzando Leituras, com Arnoldo Guimarães e Rosana Teles, sobre o universo melódico e poético de Osman Lins.
Debatedor: Lourival Holanda.

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