Leidson estuda teatro infantil em Pernambuco desde 1998. Foto: Ivana Moura
O marco zero na história do teatro para crianças no Recife foi a estreia da peça Branca de Neve e os 7 anões, a primeira que levou crianças para a cena, em 1939, no Teatro de Santa Isabel. Era um projeto do teatrólogo Valdemar de Oliveira, que superou todas as expectativas. Essa é uma das conclusões do pesquisador e jornalista Leidson Ferraz, depois de anos de investigação que rendeu o livro Teatro para crianças no Recife – 60 anos de história no século XX (vol. 1). A pesquisa já havia sido lançada em formato DVD, em 2013.
Nesse volume, ele passeia pela historiografia do teatro pernambucano de 1939 até a década de 1970 e junta raros registros fotográficos de peças, programas, anúncios publicitários, críticas publicadas em jornais e relatos sobre a produção infanto-juvenil do período.
O livro estará à venda no Sindicato dos Artistas de Pernambuco e na Federação de Teatro de Pernambuco, ambos sediados na Casa da Cultura.
Nessa segunda-feira, durante o lançamento do livro o autor fez uma breve explanação sobre o objeto do seu estudo e exibiu imagens históricas guardadas na publicação.
Nesta entrevista ele fala sobre o processo de trabalho, da paixão pela pesquisa em teatro, do projeto Teatro Tem Programa!, que vai compartilhar pelo site da Fundaj (Fundação Joaquim Nabuco), de polêmicas e da vida que segue.
Entrevista: Leidson Ferraz
Leidson Ferraz, pesquisador e jornalista. Foto: Ivana Moura
Você é uma das poucas pessoas nesta cidade do Recife que talvez vá mais ao teatro do que eu. Talvez. Tenho a vantagem de viajar com frequência para festivais e isso aumenta minha performance. Então, quantos espetáculos você assiste por semana, mês, por ano? E de onde vem esse amor pelo teatro?
(Risadas). Ivana, eu não contabilizo quantos espetáculos vejo. Mas procuro assistir tudo o que está em cartaz. Acho que é a forma de me manter atualizado sobre nossa produção teatral brasileira. Gostaria de poder viajar mais para assistir espetáculos em outros lugares (faço isso minimamente, infelizmente, muito mais ao interior de Pernambuco), mas não tenho nem tempo nem dinheiro para tanto. Quanto ao amor ao teatro, é parte do que me faz viver. Já pensei em me afastar deste universo por algumas decepções, mas não consigo. Está dentro de mim. É como o ar que respiro. O teatro está nos meus poros.
Sua carreira como ator começou na infância, em Petrolina, Sertão de Pernambuco. Como foi essa trajetória?
No Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, em Petrolina, eu já interpretava esquetes a cada final de ano, numa Feira de Ciências que programavam. Mas o primeiro espetáculo teatral que vi de verdade foi a Paixão de Cristo da Nova Jerusalém, aos oito anos de idade. Aos nove, já me arvorei a escrever e dirigir A Paixão de Cristo com 50 amigos da rua que eu morava. E eu ainda interpretava Judas, Pilatos e o Demônio. Ou seja, fui sempre ousado! Depois, fui dançar Menudo – num grupo cover – e passei a ser um “artista profissional” (kkkk), pois ganhávamos bem fazendo festinhas de aniversário e outros eventos. Só me aproximei do teatro, de verdade, quando vim morar no Recife em 1988. Comecei indo ver tudo o que eu podia e a fazer cursos com Ida Korossy, no Colégio Decisão; Valdi Coutinho, no Arteviva, e Elmar Castelo Branco, no TUCAP. Daí, fui me profissionalizando aos poucos, em cursos, oficinas, palestras, seminários, vendo muitos espetáculos e atuando e dirigindo num grupo que criamos na Unicap (o Grupo Pedaços, com o qual fiz uma versão do musical Hair, entre outros trabalhos)… Tirei meu DRT como ator profissional em 1993.
Quais as montagens que você participou como ator, diretor ou outra função?
Estreei profissionalmente com Memórias da Emília, em 1995, com adaptação e direção de Luiz Felipe Botelho e produção de Pedro Portugal. Fiz teste para entrar no elenco. Em seguida, fui convidado para Auto da Compadecida, da Dramart Produções, com direção de Marco Camarotti, onde atuei durante 17 anos. Na sequência, trabalhei com José Manoel Sobrinho, Érico José, Vital Santos, Max Almeida, Claudio Lira, José Pimentel, Samuel Santos, participando também de várias leituras dramatizadas com outros diretores e ainda dirigindo alguns espetáculos, especialmente no SESC. No ano 2000, escrevi e dirigi, junto a Claudio Lira, o musical Alheio, um sonho que acalentei durante sete anos (após a experiência de estudar canto no Conservatório Pernambucano de Música durante um tempo) e que me deu enorme trabalho, pois era uma produção grandiosa. Inaugurei um teatro próprio no Cais José Mariano e fomos até para São Paulo, mas só pude manter a peça por três meses de vida. Era caríssima com elenco enorme de atores e cantores, além de toda a infraestrutura de som, luz, arquibancadas, microfonação, etc… Meu último trabalho como ator (e não pretendo voltar a atuar, pelo menos neste momento) foi Olivier e Lili: Uma História de Amor em 900 Frases, com direção de Rodrigo Dourado, pelo Teatro de Fronteira, que sobreviveu nos anos 2012 e 2013. Ou seja, há mais de três anos não volto aos palcos. Já enquanto assessor de comunicação de muitos espetáculos, perdi as contas de quantos fiz. Atualmente ando afastado por conta do Mestrado em História na UFPE.
Você vem sendo considerado um memorialista do teatro Pernambucano com registro, análise e disseminação do passado do teatro feito no estado. Você é realmente um empreendedor, um homem de muita força e fôlego. Como e quando surgiu essa preocupação com o registro, com a documentação sobre o teatro pernambucano?
Quando fui convidado a assumir a assessoria de comunicação do Projeto Memórias da Cena Pernambucana – O Teatro de Grupo, em 1998, por José Manoel Sobrinho, meu maior incentivador em tudo. Era uma ação da Feteape e me envolvi totalmente com ela. Foi ali, entrevistando artistas que estavam afastados da cena, mas com longa trajetória no teatro, que me atentei para a história do teatro pernambucano e a necessidade de mais registros sobre este tema.
Mas vamos destrinchar isso.
Você é um assessor de imprensa muito peculiar, que exerce muito bem essa função em diversos festivais, peças e ações voltadas às artes cênicas. Você veste a camisa mesmo, como integrante da produção. Essa é a melhor postura na sua opinião?
Não sei fazer de outra forma. Talvez por amar tanto o teatro e a dança, acabo me envolvendo mais do que devia. Às vezes tenho raiva desta minha postura, pois muitas vezes me deixo confundir nas funções. No entanto, acho que todo assessor de comunicação precisa abraçar sua causa. Ficar em casa só mandando e-mails, não dá! Acho terrível quem faz assim. É preciso conhecer a sua fonte de informação por completo.
Montagem de 1976 de Maria Minhoca. Foto: Divulgação
Gostaria que você falasse sobre trabalho desenvolvido com as pesquisas sobre a produção teatral pernambucana.
A série de livros Memórias da cena pernambucana resgatou em quatro volumes a trajetória de quase 40 grupos de teatro de Pernambuco, desde a década de 1940. Gostaria de levantar três questões sobre isso.
A primeira: Com encontros/palestras/debates gravados a partir da memória de integrantes de grupos (e a memória é falha) você multiplicou em vários livros. Você se considera um estrategista ou um ótimo marqueteiro? Ou ambos?
É preciso lembrar que, quando eu, Rodrigo Dourado e Wellington Júnior lançamos o Volume 01 do Memórias da Cena Pernambucana, pouco se falava sobre a história do teatro pernambucano naquele momento. O projeto, inclusive, nasceu por conta disso. Ainda tínhamos reduzidas publicações nesta área e acho que, modéstia à parte, o Memórias abriu o caminho para isso. Tanto que ninguém lembrava do Grupo de Teatro Vivencial! A nossa capa, com Ivonete Melo maravilhosa em Repúblicas Independentes, Darling!, foi estratégica para isso. E o livro circulou pelo Brasil inteiro, pois fiz vários lançamentos e o distribui, gratuitamente, a universidades, centros de pesquisas, sedes de grupos teatros e centros de memória, além das unidades do SESC, pelo Brasil inteiro. Esse era o nosso objetivo. Quanto ao lance da memória, ela é falha, mas, especialmente a partir do Volume 02 (quando fiquei sozinho na empreitada), me arvorei a pesquisar minuciosamente cada depoimento e, confrontando com os dados que consegui na imprensa e em acervos particulares, procurar cada depoente para retrabalhar o depoimento dado (algo que já foi feito no Volume 01, mas timidamente). Para qualquer historiador isso é um crime, mas não tinha formação em história e tentei, ao máximo, chegar próximo do que havia de fato acontecido. Hoje sei que nada se dá bem assim. Mas foi uma tentativa, e acho que o material se aproxima bastante dos fatos e acontecimentos, para além dos aspectos metodológicos empregados para isso.
A segunda: A narrativa construída sobre esses grupos não recebeu confrontamentos de dados, mas reproduz relatos dos atores daquelas companhias. Atualmente, com o mestrando em História, que caminhos diferentes você adotaria para publicar esses trabalhos.
O confrontamento existiu com o material impresso que eu encontrava – e muitas pesquisas em acervos foram feitas, infelizmente sem espaço no livro para registrá-las como fontes pesquisadas – e também no diálogo com outras pessoas que não estavam nos debates. Muito depoimento foi mudado, Ivana. E felizmente as pessoas concordavam com seus esquecimentos ou equívocos a partir do que eu lhes apresentava. Isso foi legal, pois todos autorizaram as mudanças. No entanto, hoje, percebendo quais os interesses e procedimentos da historiografia, será que eu registraria os depoimentos na íntegra e colocaria milhares de notas de rodapé para corrigir ou esclarecer cada trecho? Alguém aguentaria ler isso? Não! Portanto, excesso de academicismo não é a minha praia. Sou um questionador de tudo isso e precisaria pensar melhor como eu faria. O importante é perceber que o depoimento oral é sempre melindroso para se lidar, ainda mais no calor de um encontro público. No entanto, é uma alternativa como registro da(s) história(s).
Terceira: Você acha que falta interesse, coragem, disposição, de outras pessoas para mergulhar nesse universo da pesquisa sobre o tetro pernambucano, já que temos poucas referencias ainda?
Sim. Há pouca gente interessada nisso. No entanto, acredito que a UFPE e o SESC têm cumprido um papel de disseminar este desejo de lidar com nossa história teatral. Atualmente tenho dois alunos do Curso de Interpretação para Teatro do SESC Piedade (onde dou aulas de história do teatro pernambucano), Amanda Spacca e Anderson Cleber, que estão trabalhando como estagiários comigo. Penso que podem se tornar ótimos pesquisadores. E de vez em quando recebo pedidos de material de alunos da UFPE. Acredito que devem surgir mais pesquisadores vindo destes lugares, em breve.
Qual a contribuição do jornalismo para as artes cênicas hoje?
Fundamental. Não só em termos de divulgação para o que está em cartaz (e ainda contamos com isso para que saibam que nós existimos!), mas como fonte primordial para a historiografia teatral. Ainda que encontremos equívocos tremendos na escrita de vários jornalistas, continua a ser um guia imprescindível para este trabalho.
Você ainda se considera um ator, diretor atuante e como funciona isso com a sua função de crítico?
Não sou crítico, Ivana. Gosto de escrever quando um espetáculo me instiga a isso. Sou jornalista e pesquisador do teatro, apaixonado pela arte que acompanho fervorosamente. Quanto a atuar e dirigir, quero mais não! Tô bem no meu lugar.
E atualmente como encara a faceta de pesquisador?
É o que me dá mais prazer. Se pagasse todas as minhas contas, só faria isso na vida. Adoro mergulhar no passado e confrontá-lo com o momento que vivo. Acho que me sinto pleno nesta função.
Branca de Neve e os Sete Anões. Foto: acervo projeto Memórias da Cena Pernambucana
Uma aulinha para os leitores: Quando você identifica o nascimento do teatro em Pernambuco?
Desde quando os jesuítas chegaram no Brasil. É uma longa trajetória que remonta àqueles tempos, tanto que a primeira peça de autor verdadeiramente brasileiro foi encenada no Recife,
Amor Mal Correspondido, de Luiz Álvares Pinto, em 1780, no primeiro teatro do Recife, a Casa da Ópera (segundo informação dos pesquisadores Padre Jaime C. Diniz e Valdemar de Oliveira). E o teatro, com o passar dos séculos, sempre resistiu entre momentos de maior ou menor qualidade.
É possível fazer um rápido trajeto, até hoje? Apogeu e declínio. O Recife por exemplo já foi considerado o terceiro polo produtor das artes cênicas do país.
Essa questão de terceiro pólo foi também uma grande estratégia de marketing dos divulgadores dos espetáculos (já nos anos 1930 encontro tal referência e o produtor Bóris Trindade, por exemplo, usou isso com muita maestria nos anos 1980, disseminando esta frase entre colunistas que reproduziram tal ideia sem nem saber do que se tratava na realidade). Entretanto, é notório que até os anos 1930, Recife ainda era um pólo importante para o “Norte” do país (aqui compreendendo o Norte-Nordeste, segundo terminologia da época). Mas não podemos esquecer Manaus e Belém, que também eram palcos significativos, estratégicos pelos portos e a chegada de companhias internacionais ou vindas do Rio de Janeiro, a então capital da República. Bom, como qualquer lugar do mundo, Pernambuco continua a produzir bom e mau teatro e isso tem a ver com muitos aspectos, diálogos de maior ou menor criatividade por parte dos fazedores de arte e a relação conflituosa ou não com a política, a economia da época, a sociedade que consome cultura, os intercâmbios travados com produções de outros lugares, a cultura como um todo. Ninguém hoje vai dizer que Recife é a terceira cidade mais importante do nosso fazer teatral no Brasil, mas, sem dúvida, continua a ser uma das mais significativas, tanto que todos querem vir para cá.
O teatro pernambucano vai bem, obrigado?
Vai como sempre, com altos e baixos. Quando a gente lida com o passado, passa a compreender melhor que a vida é cíclica.
Sua pesquisa voltada para seis décadas de teatro para criança em Pernambuco cataloga essa produção. Como é isso enquanto método? E como você conceituaria essa pesquisa?
A minha pesquisa é um mapeamento historiográfico. Para além da dramaturgia, como normalmente é feito, tento abarcar as realizações como um todo. Me interessa o universo teatral em sua maior amplitude, por isso tantos assuntos permeiam toda esta trajetória, inclusive na relação da criança com o cinema, o rádio e a TV, as outras diversões, a produção de espetáculos, festivais, polêmicas da classe artística junto ao poder público, personalidades mais influentes, as realizações à margem dos palcos oficiais, etc. É um passeio pelo tempo, encarando-o como fragmentário, incompleto, plural. Cito David Lowenthal no começo, mas não parti de nenhum outro historiador conceitualmente. Este trabalho antecede minha ida ao Mestrado na UFPE e traz ainda um caráter bem cronológico e factual, o que não o desmerece. Apenas não traz a problematização conceitual tão perseguida pelo meio acadêmico.
Leidson, você é uma das figuras no teatro que mais teve projetos aprovados e realizados no Funcultura. Seria possível desenvolver esses projetos sem o Funcultura? O que você pensa da concentração de projetos aprovados para algumas pessoas/empresas em todas as áreas? Que mudanças você proporia ao Funcultura?
Impossível fazer o que faço sem o FUNCULTURA. E agradeço demais a todas as comissões deliberativas que entenderem isso. Se sou um dos mais contemplados no edital, acredito que não. A questão é que meus projetos sempre ganharam visibilidade, talvez pelo cuidado com que eu os faço, talvez pela relação próxima que mantenho com a impressa. Mas já tive muitos nãos no FUNCULTURA também. Nem sempre ganho, e é preciso ressaltar isso. Quanto à concentração de pessoas/empresas, claro que sou contra. Ganhei, certa vez, três projetos de uma vez e quase enlouqueci. Não recomendo isso a ninguém. E acho que os que fazem o FUNCULTURA precisam conhecer muito bem o mercado cultural para saber se vai haver concentração ou não. É injusto quando temos tão pouca verba para tamanha produção no estado. Sobre as mudanças, tenho muitas propostas, mas a principal é alterar a lei original para que possamos ter não só apenas um aprovado por linha. Isso tem emperrado bastante.
Quais os próximos passos?
Estou finalizando o projeto Teatro Tem Programa!, com mais de 700 programas de espetáculos teatrais do Recife e Olinda no século XX catalogados. A ideia é compartilhar tudo pelo site da Fundaj (Fundação Joaquim Nabuco), minha parceria nesta iniciativa. No mais, continuo no Mestrado em História na UFPE estudando O Teatro no Recife da Década de 1930 – Outros Significados à Sua História, outro tema que adoro.
Você é um homem muito bem relacionado, querido entre a classe. Gosta inclusive de dizer que consegue transitar pelos mais diversos núcleos do teatro em Pernambuco. Você já disse, com esse humor que lhe é peculiar que você é bem alto, seu abraço é grande. “Cabem todos junto a mim”. Mas também tem seus desafetos. Como você lida com isso?
Não que eu tenha muitos desafetos, mas não gosto de cultivar inimizades. Sofro com isso. Procuro, então, deixá-los distantes de mim. São poucos, felizmente. Prefiro pensar nos tantos amigos e colegas que fiz em toda a minha trajetória.
Em pelo menos dois episódios nós dois nos desconhecemos. O primeiro foi a publicação de uma carta à redação no Diario de Pernambuco em que dois gestores eram criticados.
A segunda foi uma crítica que escrevi para o Yolanda sobre o espetáculo Olivier e Lili: Uma história de amor em 900 frases [com o grupo Teatro de Fronteira, direção de Rodrigo Dourado], que causou polêmica e rupturas, mas nunca se botou os pratos na mesa para se falar disso.
Gostaria de falar sobre isso. O que ficou no seu coração desses dois episódios?
Sou leonino, Ivana, portanto, nunca esqueço por completo, confesso. Mas procuro seguir a vida. O alto-astral, para mim, é fundamental. E tento disseminar isso nas minhas convivências. Raramente vais me ver de cara feia. Não sou desse tipo.
Você já disse que encerrou minha vivência como intérprete em 2013, com a peça Olivier e Lili. Por quê?
Não tenho mais tempo para ensaiar, nem paciência nem tesão. E acredito que quando alguém quer ser ator, é preciso muita dedicação, entrega, sofrimento… Não estou mais disposto a tanto.
Bem, para encerrar, você soltou uma informação que está no seu livro: “Eu falo de um escândalo da gestão petista, quando João Paulo liberou R$ 150 mil para um espetáculo infantil, enquanto as artes cênicas locais minguavam patrocínio”. Você acha que é realmente um escândalo? Onde está o escândalo? Criticar e polemizar sobre essa questão agora, em plena campanha, não borra a imagem de um candidato? Que me parece que teve um tratamento mais cuidadoso com a cultura? Por exemplo, o que é essa gestão atual da prefeitura para a cultura? O consenso na área de teatro é que é desastrosa.
Escândalo foi na época, tanto que saíram matérias enormes nos jornais e era o que mais se falava nos teatros e, minimamente, na política. Afetou a todos que fazem teatro, dança e circo, porque, naquele momento, reclamávamos uma verba minguada pelo Prêmio de Fomento às Artes Cênicas da Prefeitura do Recife. No entanto, nada mudou. Só ganhei mais desafetos e alguns créditos, por parte de alguns, por ter tido a coragem de denunciar algo que todos queriam falar, mas não o faziam. No entanto, essa minha fase de “Dom Quixote” passou. Já reclamei tanto do poder público, que cansei. Mas essa questão não veio agora, Ivana, está como um dos fatos do ano 2008 no meu livro Panorama do Teatro Para Crianças em Pernambuco (2000-2010)”. Não estou fazendo denúncia alguma neste momento de campanha, porque ela nem me interessa. Não sou partidário de nenhum candidato, e acho que todos são desastrosos ao segmento cultural, uns mais outros menos. Como desacredito cada vez mais dessa política que aí está, nenhum tem o meu voto. E minha vida segue sem eles.