Arquivo da tag: José Maciel


Percurso teatral
#Dossiê Aldeia do Velho Chico 2022
#6

Formigas, Lampião, É da carne dos homens, Cia. Biruta e  Ana Paula Ribeiro . Fotos: Divulgação

Cada vez mais me convenço da necessidade de fortalecimento da prática da crítica teatral. Isso inclui a urgência de remuneração dos espaços já existentes na internet (são muitos e é preciso ampliar), com a inclusão desses trabalhos no sistema das artes da cena a partir de editais e similares. Digo isso porque eu mesma, na raça, escrevo há anos sem uma remuneração direta, como muitos dos meus colegas. Alguns festivais investem na movimentação de análises acerca da programação (mas são poucos), o que permite e incentiva a valorização de uma fortuna crítica e de um painel reflexivo sobre a cena.

A ausência de análise, de diálogo, enfraquece uma possível discussão e muitas encenações não recebem um olhar crítico. Enquanto os que recebem várias perspectivas críticas vê dinamizado o próprio trabalho da cena e ganha reforço na projeção do grupo.

São reflexões que chegam como constatação e desafio para que muitos diálogos entre cena e pensamento crítico se estabeleçam e se expandam.

Nada é inocente. Nem a cena. Nem sua recepção nem qualquer avaliação crítica. A análise crítica da qual estou falando aqui é a que se posiciona publicamente, por escrito, por vídeo, por áudio, por outro meio ou tudo isso junto e misturado. A crítica feita entre amigos, na mesa do bar, nos ambientes hermeticamente fechados são importantes com exercício individual de expressão. Mas a que estou pondo em consideração é aquela do contexto da crítica pública, que corre mais riscos – de todo tipo.

Essas questões ficaram bem acesas durante o acampamento da Aldeia do Velho Chico, em Petrolina, e depois, enquanto tudo aquilo reverberava na minha cabeça e no meu corpo, acerca da criação, da recepção e da feitura crítica.

A Aldeia do Velho Chico é um festival multilinguagem. Há uma forte predominância das expressões da cultura tradicional com suas danças e cantos atravessadas de histórias, da ancestralidade que não conseguimos detectar as origens.

Outro dado forte do evento são as apresentações das artes da cena – dança, performance, teatro etc – em formatos de espetáculos ou em processo de criação, células em formação, pílulas carregadas de muita potência, mas ainda sem formatação estética estabelecida.

Então vamos fazer um breve percurso por entre os espetáculos e cenas da Aldeia do Velho Chico.

Formigas bebem absinto no armazém do caos

Cena de Formigas bebem absinto – Foto Tássio Tavares / Divulgação

Público participante do espetáculo Formigas bebem absinto. Foto Tássio Tavares / Divulgação

Nesse percurso começo pelo mais difícil, enquanto recepção no evento.

Formigas bebem absinto no armazém do caos estreou no dia 5 de março, no Theatro Santa Roza, em João Pessoa, na Paraíba. Com direção de José Manoel Sobrinho, texto de Everaldo Vasconcelos e no elenco Anderson Lima, Antônio Deol, Larissa Santana, José Maciel, Margarida Santos, Mônica Macedo, Emmanuel Vasconcelos. Procurei e não encontrei registro crítico acerca da peça.

A montagem tem direção de arte de Tainá Macedo, direção musical de Samuel Lira, preparação corporal de Luiz Velozo, fotografias e designer de iluminação de Bruno Vinelli e produção de Aelson Felinto.

A expectativa em torno da peça era grande, principalmente pelo nome de José Manoel Sobrinho – funcionário do Sesc Pernambuco por muitos anos – ,  que anunciou que o espetáculo seria um outro jeito de experiência estética em relação ao seu próprio percurso.

A teoria do caos é convocada como referencial teórico da cena para falar de uma dinâmica da vida social. É uma teoria cientifica recente e de alto grau de complexidade, que vem sendo aplicada para elucidar fenômenos antes considerados incompreensíveis. O Caos torna questionáveis as nossas maiores certezas e suscita novas indagações no que se refere a nossa própria realidade.

Fala-se que mudança mínima no início de um evento pode ocasionar consequências  imprevisíveis, metaforicamente justificado pelo chamado “Efeito Borboleta”. É muito citado o exemplo do vestibulando que perde o exame porque o pneu do ônibus furou e partir desse imprevisto prosaico toda sua vida futura é mudada (universidade, amigos, amores, trabalho, filhos etc.)

O que salientam os artigos dessa teoria é que o Caos não é desordem, mas sim imprevisibilidade. Existe uma ordem no suposto acaso, determinada por leis precisas. Não vou além, para não me perder, pois o caminho é matemático, de lógica bem específica.

O que me parece o primeiro problema do espetáculo Formigas bebem absinto no armazém do caos é que a direção aproxima a peça mais da ideia do senso comum de desordem, remete para os efeitos da instabilidade brasileira, do que perseguir na cena uma regra que testifique o imprevisível.

A utilização de procedimentos e elementos recorrentes do que é considerado teatro contemporâneo no Brasil – uso de microfone, projeção de vídeo, música tocada ao vivo, luz que fragmentando o corpo, luz difusa, atores manipulando a iluminação com holofotes na mão, inclusão do público na cena, não funcionam como uma dramaturgia que dê conta da proposta.  

A dramaturgia textual de Everaldo Vasconcelos emprega em excesso ditos populares, que empobrecem o jogo de cena. A fábula, mesmo com intenção de ser fragmentada, apresenta  uma trupe artística que se encontra e viaja a partir do consumo do absinto. Interpretam personagens clássicos, se relacionam entre si, expõem preconceitos como demonstrações misóginas dentro do grupo, reproduzem a violência do patriarcado.

Há choques entre as camadas dessa leitura do mundo, de uma intenção criativa libertadora, que não se realiza no palco. Pelo menos na sessão apresentada em agosto de 22 em Petrolina.

Se o desejo era explorar o cenário catastrófico desses tempos em fúria talvez as disrupções no palco necessitassem de outras escolhas para essas formigas.

Eu Cá com meus Botões

Ator e bailarino bailarino Adriano Alves em Eu Cá Com Meus Botões – Foto André Amorim / Divulgação

Plateia da peça Eu Cá Com Meus Botões. Foto André Amorim / Divulgação

Ao lado do Teatro Dona Amélia, no beco entre a quadra e o caminho da piscina, foi instalado o ambiente para espetáculos curtos, experimentos em processos que chamo de pílulas e a ação Tecendo Ideias. Uma área de passagem, que às vezes abrigava bem a exibição, às vezes não. As interferências sonoras dos esportes incomodaram algumas vezes, mas não foi a maioria.

A programação artística nesse local começou com o infantil Eu Cá com meus Botões, solo do bailarino Adriano Alves com direção de Thom Galiano. Praticamente sem palavras, mas inspirada na poesia de Neruda e nos textos de Pedro Bandeira, e outros, a cena envereda pela experimentação lúdica, embarca no território das lembranças das infâncias. Com uma partitura corporal de gestos suaves, que sugere uma viagem por aconchegos e afetos com pessoas e animais – reais ou fantasiosos – e brincadeiras encantatórias aos olhos da criança.     

Terceira obra infantil do Coletivo Trippé, que atua há 11 anos no Sertão do São Francisco, a peça Eu Cá com meus Botões aprofunda a investigação do diálogo entre dança e poesia. Os pequenos estavam vidrados no desenrolar da peça, e responderam com alegria às interações do artista. Este é o primeiro solo do bailarino Adriano Alves, que aposta no jogo cênico inspirado nos poetas desde 2012.

Lampião no Reino dos Infernos

Cena de Lampião no Reino dos Infernos. Foto: André Amorim / Divulgação

Espetáculo Lampião no Reino dos Infernos foi apresentado na área externa do Sesc. Foto: André Amorim

O ator e multiartista Sebastião Simão Filho já plantou muitas sementes; já contribuiu na criação de grupos e na formação de atores em Petrolina, Recife e outras regiões. É sua vocação. E ele entende essa arte como essencialmente coletiva e vai agregando.

Para a Aldeia do Velho Chico chegou com Lampião no Reino dos Infernos para apresentar na área externa, no estacionamento, com uma lona sem teto montada onde a equipe manipulava os bonecos (de vários tamanhos e categorizações), os dispositivos de luz e instrumentos sonoros e outras coisinhas mais.

A galeria de bonecos do espetáculo permite uma movimentação interessante, e o elenco jogava afinado no gestual do boneco.

No que trate da dramaturgia, escolher Lampião como protagonista de uma história é sempre um risco. Persona que dependendo do olhar pode ser entendida como “defensora” de pobreza ou um bandido sanguinário. Na peça, ele vai de um a outro.

A trupe de Simão bebe nas tradições populares dos mestres mamulengueiros, nas alegorias do juízo final, sátiras que envolvem moralidade, teatro vicentino e vai antropofagicamente devorando essas e outras referências. Dá seu recado. A manipulação funciona, há sinuosidade, os bonecos são bonitos. O publico gosta e aplaude.

Como a sessão foi no dia em que as apresentações concorriam umas com as outras, em vários espaços da unidade do Sesc-Petrolina, me pareceu que a opção mais acertada para esse Lampião seria de proposta mais compacta.

Estudo Nº1: Morte E Vida

Estudo Nº 1 – Morte e Vida – Foto: André Amorim / Divulgação

Grupo Magiluth e seu Estudo Nº 1 – Morte e Vida – Foto: André Amorim / Divulgação

Situar Estudo Nº1: Morte e Vida, do Grupo Magiluth como uma peça-palestra ainda diz pouco sobre a obra, só para pegar o estribilho da própria montagem. Inspirada no poema dramático Morte e Vida Severina, do pernambucano João Cabral de Melo Neto (1920-1999) e na multiplicação de Severinos, o trabalho investiga as causas e os efeitos da atuação humana sobre o clima, que produz refugiados, do Nordeste do Brasil a Kiribati, no Oceano Pacífico.

Essa questão tão séria da ação humana sobre o planeta, as crises que nos deixa a todes por um triz do extermínio, avança na poética desse espetáculo que vibra nas urgências desses dias.

Com direção de Luiz Fernando Marques, o Lubi, essa encenação cutuca o nervo, não poupa a ferida aberta desses tempos tão terríveis. Já assisti algumas vezes ao espetáculo e a cada nova vez detecto um detalhe do posicionamento político libertário do grupo. Os rapazes estão plenos em suas atuações.

Profusão de imagens, corpo, jogos, linguagens, texto, fala, luz e som, podcast. E eles repetem em espiral para falar das ações migratórias à uberização e abrem novos caminhos para pensar, repensar o que estamos fazendo com o mundo, o que mundo dos poderosos está fazendo com os artistas, o que é ser artista nesse mundo da mercadoria. Escrevi na estreia uma critica desse  Estudo Nº 1. Se interessar, vai lá.

Caminhos – Cirkombi

Pedrinho Milhomens, o Palhaço Sequinho em Caminhos Cirkombi. Foto: Tassio Tavares / Divulgação

Exibição de Caminhos Cirkombi no Sesc Petrolina. Foto: Tassio Tavares / Divulgação

Ele tem as pernas tão finas que parecem que vão quebrar quando anda. Um dos seus charmes. Não o único. Pedrinho Milhomens, o Palhaço Sequinho, aventureiro, cozinheiro, marginal, –como se autodefine nas redes – contagia com o seu gosto pela vida. Atuou com seu brincar na Aldeia do Velho Chico.

Marcou presença no último dia da programação, quando aconteciam muitas coisas em sequência acelerada ou ao mesmo tempo. Sua cena foi exibida num espaço exíguo embaixo da escada amarela, naquele corredor… Espaço suficiente para Palhaço Sequinho dar o seu show.  

Caminhos é o nome da brincadeira e tem assinatura na direção de Odilia Nunes, atriz e palhaça de Afogados da Ingazeira. Não pense numa história linear, mas em muitas histórias que entram umas dentro das outras para produzir muita graça. O trabalho é simples, utiliza os truques da palhaçaria para acionar a fabricação do riso.

O tempo do espetáculo é o da preparação de um bolo, que inclui assar e distribuir com a plateia. Mesmo quem não come – porque não tem fatia para todo mundo – o público sai saciado de alegria. Uma delícia de cena. Tão simples que conquista .

Luanda Ruanda – Histórias Africanas

Stephany Metódio em Luanda Ruanda – Foto Fernando Pereira / Divulgação

Como parte da ação A Escola Vai ao Sesc foi exibida a peça Luanda Ruanda – Histórias Africanas, do Coletivo Tear, de Garanhuns. A arte-educadora Stephany Metódio e os músicos Alexandre Revoredo e Nino Alves conduzem o público por uma viagem fascinante.

Durante a encenação, a plateia é brindada com histórias e intervenções musicais, baseadas nos ritmos da cultura africana, com a participação forte das crianças nas bruxarias e preparativos culinários para a reinvenção do mundo. As técnicas teatrais utilizadas por Stephany Metódio envolveram a plateia nesse percurso pelas lendas e costumes afro-brasileiros.   

O espetáculo foi apresentado em dois momentos na Aldeia do Velho Chico: na Ilha do Massangano e no Sesc. Luanda Ruanda é fruto de pesquisas das artistas Stephany Metódio e Marília Azevedo efetivadas em comunidades quilombolas de Garanhuns.

Lady Macbeth: Coroas de Poder e Sangue no Sertão

Maria Santorini em Lady Macbeth: Coroas de Poder e Sangue no Sertão, Foto André Amorim / Divulgação

Lady Macbeth: Coroas de Poder e Sangue no Sertão, da Trupe Holística de Salgueiro parte de uma ideia interessante – de aproximar as tragédias que ocorreram/ocorrem no semiárido nordestino do texto inspirador, mas sua realização conceitual me parece complicada. Muito já se fez com essa personagem intrigante, e poderosa, de William Shakespeare. Sua complexidade se abre a muitas outras interpretações.

A cena com a jovem atriz Maria Santorini é curta. Praticamente uma célula. O trabalho precisa amadurecer em várias camadas. Existe uma versão em vídeo que foi veiculada durante a pandemia, para quem tiver curiosidade. Não é a mesma experiência, mas dá para ter uma ideia.

O experimento diz que Lady Macbeth ousou seguir seu coração e não mais a sua adaga (nome genérico de um tipo de espada curta, com duplo corte).

O propósito de levar a figura de poder para o Sertão é interessante. Compor a personagem com figurino que faz alusão às vestes elisabetanas cria um atrito de imagem positivo, a meu ver. Mas o conteúdo do discurso carece de sustança. Acho estranho o tom de deboche ao falar em morte de rei e de general. E colocar um texto de Osman Lins no meio das falas não me parece muito adequado.  

É da Carne das Mulheres que Nascem os Homens

É da Carne das Mulheres que Nascem os Homens. Foto: Tassio Tavares / Divulgação

 A atriz Ana Vicente, de Juazeiro, Bahia, trabalha cenicamente a energia concentrada para valorizar a força ancestral feminina em É da Carne das Mulheres que Nascem os Homens cena emocionante.

Sua reconexão com esse algo tão valioso e maltratado por milênios e até hoje pelo patriarcado, que é a energia feminina, vai sendo desenvolvida em pequenas ações que clamam por sua ancestralidade. A roupa é acrescida simbolizando peles de outras mulheres, ela mesma saudando ausências.

Essa carne que enaltece as mulheres persegue o equilíbrio das energias criativas Yin (feminina) e Yang (masculina). Nessa luta é primordial a defesa dos direitos de existir, contra qualquer crime.

Eu Vim da Ilha

Trecho da dança Eu Vim da Ilha. Foto: Fernando Pereira / Divulgação

Eu Vim da Ilha, da Cia de Dança do Sesc Petrolina, erguida em 2011, é uma das criações artísticas de maior projeção da cidade, mas ainda com muito espaço para o devido reconhecimento. A inspiração da peça vem do Samba de Véio da Ilha de Massangano, uma dança tradicional que existe há mais de 100 anos e é passada de geração a geração.

São corporificadas na coreografia as práticas das pessoas ribeirinhas, a noção de travessia, as brincadeiras e a cultura do lugar.

A dramaturgia concentra os afetos das relações da Ilha de Massangano (habitada por cerca de 200 famílias), o sentido de pertencimento dos moradores, que os intérpretes incorporam em suas danças.

Com tamboretes nas mãos, roupas coloridas, alegria e muito requebro, remelexo e malemolência, os dançarinos recriam esse encontro dançante, que é uma síntese do espírito festivo e guerreiro dessa ilha situada no Rio São Francisco.

Foi apresentado um pequeno trecho do espetáculo no mesmo beco que leva à quadra poliesportiva.

Criando Peixes no Bolso

Criando Peixes no Bolso. Foto André Amorim

Na tocante cena Criando Peixes no Bolso, o Grupo Mundaú de Experimentos Cênicos, de Garanhuns, trilha caminhos das simbologias dos círculos, da fertilidade da terra, das águas conduzidas em potes e bacias, na oscilação dos sons, no aquecer das chamas. Os elementos da natureza inspiram a criação dessa peça.

É um trabalho de atravessamentos para os envolvidos. O corpo-experimento dos intérpretes que flerta com a poesia de Manoel de Barros. De olhos famintos e atentos aos cursos, deslocamento, mudança. A partitura corporal aponta para o fortalecimento de laços, pelas pulsações da vida, pela busca do sagrado.

O elenco, com Criando Peixes no Bolso insiste em expressar a renovação dos ciclos e a coragem de enfrentar as estações da vida.

Incubadora Teatral e mais

Partilha de processos criativos – Seminário de Teatro – Foto Fernando Pereira

Público da Incubadora teatral. Foto Tassio Tavares / Divulgação

Cris Crispim e Camila da Cia Biruta. Foto Tassio Tavares / Divulgação

Trup Errante apresentou a cena Velho Novo Otelo. Foto Tassio Tavares / Divulgação

Sessão Loré, com Bruna Florie. Foto André Amorim / Divulgação

A noite das apresentações da Incubadora Teatral foi a mais disputada no Teatro Dona Amélia. E que ótimo que essa sessão com quatro experimentos cênicos tenha sido tão prestigiada. Isso pode ser traduzido em indícios de formação de público e valorização do artista local pelo público da Aldeia.

A Cia Biruta, grupo que desenvolve importante trabalho de pesquisa e de formação em Petrolina e região exibiu o trabalho Notícias do Dilúvio – Um canto a Canudos. Essa investigação resgata para a cena o desempenho de mulheres na Guerra de Canudos, fato sempre escamoteado pela história. Cris Crispim e Camila Rodrigues atuam como Das Dores e Dos Anjos, personagens desse trabalho que rememoram cenicamente essa experiência de resistência. Uma versão desse estudo em andamento foi apresentada em 2021, no Cena Agora: Encruzilhada Nordestes…, do Itaú Cultural.

Mistura potente das práticas culturais, danças populares do sertão, fé, estratégias de guerra de aquilombamento pela ótica feminina.

Mais três experimentos integraram a ação da Incubadora Teatral. O solo de Ana Paula Ribeiro explorou a força da mulher, a violência historicamente sofrida, o combate a essas agressões, a postura de uma nova mulher, a partir de um corpo insubmisso e vibrante. A Trup Errante, de Petrolina mostrou a cena Velho Novo Otelo. A cia Teatral Pé na Estrada exibiu o seu trabalho em processo Pensando em Nelson, baseada na obra A Vida como ela É, de Nelson Rodrigues.

O Núcleo de Teatro do Sesc Petrolina, liderado com paixão pelo ator e professor Paulo de Melo compartilhou o processo de uma dramaturgia coletiva que eles estão construindo a partir das (des)lembranças das bisavós. Células poéticas tocantes foram exibidas por um grupo de jovens dedicados e criativos, entregues a essa arte. A proposta amorosa de mergulhar na história de cada um promete frutos deliciosos e comoventes. Os afetos que atravessam. Foi bonito de ver.

A Sessão Loré – 100 anos do Theatro Cinema Guarany, de Bruna Florie, um espetáculo de Teatro Lambe Lambe cuidou de exibir no pequeno formato como era o acesso do público mais pobre ao cineteatro construído em 1922, em Triunfo, interior de Pernambuco.

Muitas outras coisas aconteceram das artes da cena nesta Aldeia que foram ressignificadas, ampliadas, aprofundadas durante a realização da Aldeia. E continuam reverberando no corpo dos artistas, do público e da cidade.

Postado com as tags: , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , ,