Depois de perder o filho, Doroteia (Letícia Spiller), procura as primas puritanas Dona Flávia (Rosamaria Murtinho), Maura (Alexia Deschamps) e Carmelita (Jacqueline Farias). Ela quer largar a vida de prazeres, mudar sua trajetória, se redimir dos pecados. Linda de viver, Doroteia é recebida com desconfiança. As mulheres duvidam do parentesco porque existem dois sinais hereditários da família, que elas não identificam na visitante: os olhos não enxergam os homens e todas, desde a bisavó, sentiram náuseas após a primeira relação sexual nas noites de núpcias. Para oferecer abrigo, Dona Flávia, a prima mais velha, impõe que a bela aceite as condições de se tornar tão feia quanto o resto da estirpe.
A praga começou com a bisavó, que amou um homem e se casou com outro. Com isso recaiu sobre todas as gerações de mulheres da linhagem a “maldição do amor”. Elas casam com um marido invisível e sofrem da náusea nupcial.
Escrita em 1949 por Nelson Rodrigues (1912-1980), a peça foi classificada e agrupada pelo crítico Sábato Magaldi no rol dos textos míticos, composta também por Álbum de família, Anjo negro e Senhora dos afogados.
Com direção e encenação de Jorge Farjalla, assistido por Diogo Pasquim e por Raphaela Tafuri, Doroteia faz duas apresentações no Recife, nos dias 20 e 21 de agosto, no Teatro RioMar.
Doroteia tem direção de arte e cenografia de Zé Dias, figurinos de Lulu Areal, e maquiagem e visagismo de Anderson Calixto, desenho de luz do diretor, do cenógrafo e de Patrícia Ferraz. A encenação traz um coro masculino batizado como Homens Jarro, alusão às figuras que passaram pela vida da ex-prostituta, defendido pelos atores/músicos Bastian Estevan, Pablo Vares, André Américo, Du Machado, Daniel Veiga Martins e Rafael Kalil, que executam ao vivo os sons e a trilha do espetáculo. A direção musical é assinada por João Paulo Mendonça com trilha original dele, de Leila Pinheiro e de Fernando Gajo.
A peça trabalha com o mito da beleza, de uma sensualidade latente, mas reprimida. A linda e loura Letícia precisa se enfear na peça, enquanto Rosamaria Murtinho, aos 80 anos, também desconstrói a imagem que defendeu em personagens ricas, elegantes e glamorosas.
A montagem traça diálogo com questões contemporâneas. As três viúvas pudicas e repugnantes não dormem para não sonhar. Com o amor, com o exercício sexual. Ao recusar o prazer, exaltar a feiura e o insulamento social a peça também aponta para posicionamentos religiosos retrógrados, em comportamento de condenação do diferente.
Das Dores, filha de Dona Flávia, cuja noite de núpcias ocorre ao longo da encenação, é a única personagem que parece não sentir culpa após a relação sexual. A expectativa é a de que a noiva sinta as náuseas como as outras mulheres do clã. No texto de Nelson Rodrigues, ela não nasceu; isto é, saiu morta do ventre da mãe e adolesceu sem consciência dessa condição.
Ficha Técnica
Dorotéia, de Nelson Rodrigues
Direção: Jorge Farjalla
Assistente direção: Diogo Pasquim
Elenco: Rosamaria Murtinho, Letícia Spiller, Alexia Deschamps, Dida Camero, Anna Machado e Jaqueline Farias
Homens jarro (músicos): Fernando Gajo, Pablo Vares, André Américo, Du Machado, Daniel Veiga Martins e Rafael Kalil
Cenografia: Zé Dias
Figurino: Lulu Areal
Direção Musical: JP Mendonça
Direção de produção: Bruna Petit
Produção executiva: Sandra Valverde
Coordenação de Produção: Lu Klein
Realização: Duka Produções
Apoio: Avianca – transportadora oficial
Produção Local: Art Rec Produções
SERVIÇO
Dorotéia
Quando: Dia 20 de agosto (sábado), às 21h; Dia 21 de agosto (domingo), às 19h
Onde: Teatro RioMar Recife: Av. República do Líbano, 251, 4º piso – RioMar Shopping
Informações: (81) 4003.1212
Duração: 90 minutos
Classificação etária: 16 anos
Ingressos:
Balcão Nobre: R$ 90 (inteira) e R$ 45 (meia)
Plateia: R$ 120 (inteira) e R$ 60 (meia)
Canais de venda oficiais: bilheteria do teatro (terça a sábado, das 12h às 21h, e domingos e feriados, das 14h às 20h) e site Ingresso Rápido (www.ingressorapido.com.br)
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