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O palco gira no Recife

Como de costume, o festival Palco Giratório no Recife será realizado no mês de maio. A grade de programação completa – que inclui convidados de outros estados que não estão na circulação nacional e atrações locais – não está totalmente definida. Ainda assim, Galiana Brasil adianta que está dando maior foco para as estreias ou para espetáculos que não conseguiram tanta visibilidade.

Uma das novidades deste ano é a criação de um circuito gastronômico aliado ao festival, com pratos que vão fazer homenagens a espetáculos da programação. As criações serão do chef César Santos, do restaurante Oficina do sabor. “Os locais que vão participar deste circuito ainda estão sendo fechados, mas sei, por exemplo, que o restaurante do Senac já foi confirmado”, diz Galiana.

O Espaço Muda (Rua do Lima), que vem se firmando como reduto e alternativa para vários espetáculos cênicos, foi incluído no festival. Vai sediar a Cena bacante, programação que será realizada no final das noites, depois das sessões nos teatros tradicionais. “Será uma celebração com teatro e vinho”, propõe a curadora.

O recurso de audiodescrição, utilizado ano passado em alguns espetáculos locais, para facilitar o acesso às pessoas com deficiência ou dificuldades visuais, deve ser ampliado. “Queremos que tenha audiodescrição para um número maior de espetáculos. Rebú, por exemplo, da companhia Teatro Independente, do Rio de Janeiro, terá o recurso”.

Rebú terá recurso de áudiodescrição / Foto: Paula Kossatz

A expectativa é que a grade de programação tenha entre 15 e 20 espetáculos de várias linguagens – assim como é a própria seleção do Palco nacional – com montagens de teatro adulto, infantil, dança, teatro de rua, de animação. Alguns acertos ainda precisam ser fechados. “Queríamos muito trazer o Teatro Piollin, de João Pessoa, com o espetáculo Retábulo, mas ainda não sabemos como será, porque eles precisavam de um espaço como era o Teatro Armazém, e talvez o Nascedouro de Peixinhos, que poderia ser uma alternativa, esteja em reforma”, diz.

Espetáculo do Piollin pode vir ao Recife no Palco

Os espaços que vão participar da mostra, aliás, também não foram decididos. O Parque Dona Lindu, por exemplo, poderia ser uma opção. Para alguns teatros municipais, no entanto, como o Teatro Apolo e o Barreto Júnior, o festival terá que arcar com alguns custos extras, como o aluguel de iluminação. “É ruim, porque esse dinheiro poderia servir para trazer mais grupo”, finaliza Galiana.

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Frescor de Mamãe comeu minha vida

Mamãe comeu minha vida. A encenação integrou a edição de ontem (27/01) do Curta Teatro especial para o 17° Janeiro de Grandes Espetáculos. Foi a estreia da cineasta Kátia Mesel no teatro. Ela também adaptou para o palco o conto de Cyl Gallindo.

Dúvidas e segredos femininos são revelados com nuances, que são reforçadas pela opção da diretora de dividir a personagem por quatro atrizes: Ana Cláudia Wanguestel, Viviane Bezerra, Galiana Brasil e Rita Marize. O feminino é explorado pelo olhar de Kátia com a cumplicidade das quatro intérpretes.

A direção optou por um tom mais leve, quase cômico para mostrar o que a repressão sexual é capaz de fazer com uma mulher. Ou como esses papéis são exercidos desde a infância até a vida adulta, com seus pudores, medos, composturas e descomposturas, excitações, vergonha e gozo. As várias facetas da Valentina expõem em palavras o que antes só cabia revelar ao espelho.

Como uma das características do projeto é levar a cena montagens curtas dirigidas por cineastas com atores da cidade, cujo processo tenha sido rápido, percebemos a pulsação criativa durante a apresentação. O público se torna totalmente cúmplice do ato criador. Com gradações, Ana Cláudia Wanguestel e Galiana Brasil representam o lado mais exposto da personagem; Viviane Bezerra e Rita Marize o aspecto mais contido, reprimido.

É interessante que neste Janeiro de Grandes Espetáculos tantas montagens discutam, falem, reflitam sobre questões sexuais, gozo, posições masculinas e femininas, em primeiro plano como Cabaré das Donzelas Inocentes, Animal Agonizante e Improvável, por exemplo.

Mamãe comeu minha vida é uma boa estreia de Kátia Mesel, diretora que se dedica ao cinema há quatro décadas e assina Recife de dentro para fora e do longa O Rochedo e a Estrela, no teatro.

O projeto Curta teatro foi idealizado pelos atores Sandra Possani e Kleber Lourenço, junto com o cineasta Pedro Severien. Vem reunindo gente de teatro e de cinema, do ano passado. Nessa edição do Janeiro de Grandes Espetáculos, o “Curta Teatro Especial” abrigou também Ópera de Martino, com direção de Valdir Oliveira; A minha vaidade quer, por Pablo Polo.

O Espaço Muda, aliás, vem ganhando terreno na fomentação das artes cênicas, das artes plásticas, da música, da moda, lançamentos de livros, etc. Completou um ano semana passada e praticamente todo dia tem uma atração diferente. Virou um ponto de parada obrigatório para quem está ligado na cultura da cidade.

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