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Angelicus Prostitutus vai ao shopping dos endinheirados

 

 Angelicus Prostitutus. Foto: Ivana Moura

Marcelino Dias e Lucrécia Forcioni em Angelicus Prostitutus. Fotos: Ivana Moura

A hipocrisia é uma praga. Os humanos se vendem por cargos, ascensão social, sexo e dão um jeitinho de legitimar suas ações degradantes. Com visual colorido, Angelicus Prostitutus amplia a escala dessas corrupções para provocar cócegas na plateia. A peça detona seu arsenal de comicidade em 3 de fevereiro, no Teatro RioMar (shopping recifense dos endinheirados).

Na peça, o cidadão comum Angelicus – quando recebe uma pressão a mais da vida – mata, rouba e mente. Vai a julgamento, mas os juízes são mais confiáveis: Nossa Senhora e Demônio. Humor na veia extraído do jogo teatral que provoca o riso crítico.                                                                                                                                                                                                            100 palavras

Angelicus Foto: Ivana Moura

Célia Regina observa performance de Nossa Senhora (Mauricio Azevedo) e do Demônio (Douglas Duan)

Angelicus Foto: Ivana Moura

Carlos Lira no papel do Padre na peça dirigida por Rudimar Constâncio

FICHA TÉCNICA
Elenco:
Marcelino Dias: Angelicus e Coro
Carlos Lira: Padre e Coro
Célia Regina: Mulher de Prendas Domésticas e Coro
Douglas Duan: Palhaço e Coro
Lucrécia Forcioni: Terezinha e Coro
Bruna Bastos: Prostituta e Coro
Luciana Lemos: Prostituta e Coro
Edes di Oliveira: Policial e Coro
Marinho Falcão: Policial e Coro
Mauricio Azevedo: Cidão e Coro
Gabriela Fernandes: Jornaleiro e Coro
Gabriel Conolly: Músico e Coro
Texto: Hamilton Saraiva
Encenação: Rudimar Constâncio
Assistência de Direção: Almir Martins
Direção de Arte (figurinos, cenários, adereços e maquiagem): Célio Pontes
Assistente de Direção de Arte: Manuel Carlos
Músicas e Arranjos: Demetrio Rangel e Douglas Duan
Direção musical: Demetrio Rangel e Douglas Duan
Iluminação e Operação de Luz: Luciana Raposo
Preparação Corporal e Coreografias: Saulo Uchôa
Preparação da Voz para a cena: Leila Freitas
Preparação Circense: Boris Trindade Júnior
Preparação da Voz para o canto: Douglas Duan
Preparação Percussiva: Charly Du Q
Contrarregragem e Cenotécnica: Elias Vilar e Clovis Júnior
Vídeo Maker: Almir Martins
Direção de Produção: Ana Júlia da Silva
Produção Executiva: Lucrécia Forcioni
Confecção de Adereços: Manuel Carlos, Jerônimo Barbosa
Confecção de Figurinos: Manuel Carlos, Helena Beltrão, Irani Galdino
Confecção de Máscaras: Douglas Duan e Célia Regina
Confecção de Materiais de Iluminação: Luciana Raposo
Execução de Cenários: Manuel Carlos.
Programação Visual: Claudio Lira
Fotos e Filmagem: Maker Mídia
Direção Geral: Rudimar Constâncio
Realização: Sesc Piedade

Realização: Opus, Ministério da Cultura e Governo Federal

SERVIÇO
Angelicus Prostitutus
Quando: Dia 3 de fevereiro (sexta), às 21h
Onde:</strong> Teatro RioMar: Av. República do Líbano, 251, 4º piso – RioMar Shopping
www.teatroriomarrecife.com.br

Duração: 90 minutos
Classificação: 14 anos

Ingressos:
Balcão: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia)
Plateia Alta: R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia)
Plateia Baixa: R$ 70 (inteira) e R$ 35 (meia)

Canais de vendas oficiais: bilheteria do Teatro RioMar Recife (terça a sábado, das 12h às 21h, e domingos e feriados, das 14h às 20h)
Vendas online: www.ingressorapido.com.br
Televendas: 4003-1212

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Alegrias de conhecer o mar

O mar de fiote / divulgação

O Mar de Fiote tem direção de Luis Reis. Foto: Divulgação

“Quando eu morrer voltarei para buscar os instantes que não vivi junto do mar”, acalenta nossos ouvidos cansados a cantora Maria Bethânia. Esperança de retorno. O mundo é o mar, com suas marés de lembranças. Mas para um garoto que enxerga essa imensidão azul / verde e suas combinações de cores pela primeira vez é um universo que se revela. Essa aventura de menino é o gancho de O Mar de Fiote, criação dos alunos do quarto período do curso de Licenciatura em Teatro, da UFPE, do ano de 2014, com direção de Luís Reis. O espetáculo tem apresentação agendada para este domingo, 28/08, às 15h, no Teatro Marco Camarotti.

A obra cênica expõe os sentimentos e sensações de um jovem de interior que ao ingressar, inesperadamente, no quintal do vizinho, descobre a vastidão do oceano. Naquele terreiro junto da casa habita um assustador cachorrossauro.

O protagonista, de poucas falas, se rende à incumbência da fabulação, para narrar os detalhes dessa aventura.

A montagem foi construída a partir de um breve exercício cênico, resultado da disciplina Metodologia de Ensino do Teatro 2, ministrada pelo professor Luis Reis, em 2014.

O mar de Fiote é inspirada no livro homônimo da mineira Mariângela Haddad, que ganhou o primeiro Concurso Cepe de Literatura Infantil, em 2011.

A peça tem duração média de 45 minutos e no elenco estão Alef Shelldon, Aline Rodrigues, Ana Gabriela, Analice Croccia, Andréa Guimarães, Bruna Florie, Caio Andrade, Caio Richard, Durval Cristovão, Edcarlos Rodrigues, Gabriela Fernandes, João Guilherme, João Neto, Josué Rodrigues, Ju Torres, Lili Guedes, Maria Bianca, Marina Correia, Pedro Rodrigues, Thays Fernanda Santos.

Em dois anos e meio de trajetória, O mar de Fiote cumpriu temporadas no Teatro Joaquim Cardozo, participou de festivais e recebeu convites para se apresentar em congressos, seminários e outros eventos, como na comemoração dos 165 anos do Teatro de Santa Isabel, no Recife. Em julho de 2015 venceu o Prêmio Especial do Júri no 28º Festival Internacional de Teatro Universitário de Blumenau FITUB, em Santa Catarina.

Peça é inspirada no livro de Hadad. Foto: Felipe Ferreira

Peça é inspirada no livro de Mariângela Haddad. Foto: Felipe Ferreira

SERVIÇO
O mar de Fiote
Quando: Domingo, 28/08, 15h
Onde: Marco Camarotti.
Quanto: R$ 20 e R$ 10

FICHA TÉCNICA
Direção: Luís Reis
Cenografia, figurino e maquiagem: Gabriela Holanda
Concepção sonora: Ju Torres
Iluminação: João Guilherme
Operação de luz e som: Dara Duarte
Montagem: O grupo
Produção: Lili Guedes, Pedro Rodrigues, Ju Torres, João Guilherme e Amanda Duarte
Elenco: Alef Shelldon, Aline Rodrigues, Ana Gabriela, Analice Croccia, Andréa Guimarães, Bruna Florie, Caio Andrade, Caio Richard, Durval Cristovão, Edcarlos Rodrigues, Gabriela Fernandes, João Guilherme, João Neto, Josué Rodrigues, Ju Torres, Lili Guedes, Maria Bianca, Marina Correia, Pedro Rodrigues, Thays Fernanda Santos

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Para rir dos desejos pecaminosos

A peça ridiculariza e crítica figuras de poder e prestígio social. Foto:

A peça ridiculariza e crítica figuras de poder e prestígio social. Foto: Markermídia/ Divulgação

Os desejos humanos podem ser coisas medonhas. Tem potência para elevar ou arrasar com as criaturas. O espetáculo Angelicus Prostitutus, com texto de Hamilton Saraiva e direção de Rudimar Constâncio, explora os desejos pecaminosos, sob a ótica cristã. A humanidade corrompida pelas prostituições, no plural, é triturada pelas linguagens de comédia, da farsa, do circo, entre outras.

A prostituição abre um leque bem maior que o sexual. Há muitas outras maneiras. A depravação pode se inserir nas relações ideológicas; a imoralidade, na igreja; a devassidão, na família; a promiscuidade, no estado; o vício, na escola ou a perdição na polícia. Mas todos esses julgamentos são feitos a partir do riso.

Angelicus é um homem comum, mas daqueles que têm propensão a cometer erros. Não titubeia em mentir ou roubar e pode cometer até assassinatos. O personagem é julgado por Nossa Senhora e pelo Demônio, depois que morre. E os companheiros da vida pregressa assumem os papeis de   testemunhas e acusadores.

O espetáculo cumpre curta temporada no no Teatro Luiz Mendonça, no Parque Dona Lindu, nesta quinta-feira (7) e nos dias 14 e 21 de abril, às 20h. A montagem é do o grupo Matraca, do Sesc Piedade, e leva à cena 12 personagens, entre padre, policial, prostituta, jornaleiro, músico.

A arrecadação da bilheteria dessas apresentações será utilizada para custear a viagem do grupo ainda este ano para Portugal. A montagem foi convidada para compor a programação do ENTREtanto MIT Valongo – Mostra Internacional de Teatro. E já tem agenda para o festival Porto Alegre Em Cena.

Ficha técnica

Texto: Hamilton Saraiva
Encenação: Rudimar Constâncio
Elenco: Marcelino Dias, Carlos Lira, Célia Regina, Douglas Duan, Lucrécia Forcioni, Bruna Bastos, Luciana Lemos, Luiz Gutemberg, Marinho Falcão, Mauricio Azevedo, Gabriela Fernandes e Gabriel Conolly
Assistência de Direção: Almir Martins
Direção de Arte (figurinos, cenários, adereços e maquiagem): Célio Pontes
Assistente de Direção de Arte: Manuel Carlos
Músicas e Arranjos: Demetrio Rangel e Douglas Duan
Direção musical: Demetrio Rangel e Douglas Duan
Iluminação e Operação de Luz: Luciana Raposo
Preparação Corporal e Coreografias: Saulo Uchôa
Preparação da Voz para a cena: Leila Freitas
Preparação Circense: Boris Trindade Júnior
Preparação da Voz para o canto: Douglas Duan
Preparação Percussiva: Charly Du Q
Contrarragragem e Cenotécnica: Elias Vilar e Clovis Júnior
Direção de Produção: Ana Júlia da Silva
Produção Executiva: Lucrécia Forcioni
Confecção de Adereços: Manuel Carlos, Jerônimo Barbosa
Confecção de Figurinos: Manuel Carlos, Helena Beltrão e Irani Galdino
Confecção de Máscaras: Douglas Duan e Célia Regina
Confecção de Materiais de Iluminação: Luciana Raposo
Execução de Cenários: Manuel Carlos.
Programação Visual: Claudio Lira
Fotos e Filmagem: Makermídia
Direção Geral: Rudimar Constâncio
Realização: Sesc Piedade

SERVIÇO

Angelicus Prostitutus
Quando: Dias: 7, 14 e 21 de abril, às 20h
Onde: Teatro Luiz Mendonça – Parque Dona Lindu, Boa Viagem
Ingresso: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)

 

 

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Everybody é culpado?

A Deus, Todomundo: Uma imoralidade do nosso tempo. Foto: Hans von Manteuffel

A Deus, Todomundo: Uma imoralidade do nosso tempo. Foto: Hans von Manteuffel

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Pós teatro, enquanto esparramada no sofá comendo um sanduíche, assisto ao Fantástico. Uma matéria explica quase didaticamente quais são e como agem os grupos extremistas que deturpam a religião islâmica e fazem milhares de vítimas. Imagens mostram execuções em série; uma das informações que me chocam é a de que o Estado Islâmico possui um aparato de 200 mil homens. Logo adiante, a reportagem fala do Boko Haram e lembra que eles sequestraram em abril do ano passado 276 meninas numa escola.

Faço mentalmente uma breve retrospectiva das notícias dos últimos dias. Lembro do traficante brasileiro executado na Indonésia. Do ataque ao Charlie Hebdo. Da imagem destruidora do terrorista atirando no policial. Das imagens de como ficou o jornal depois do atentado. A mobilização na França. A intervenção do Théâtre du Soleil, a boneca sendo atacada por corvos, mas resistindo (Fernando Yamamoto, obrigada por compartilhar esse momento e nos permitir estar lá, através de você).

Volto a pensar no espetáculo que vi – pela segunda vez – enquanto coloco roupas na máquina de lavar. A Deus, Todomundo: Uma imoralidade do nosso tempo, trabalho de conclusão da turma 2012 do Curso de Interpretação para Teatro do Sesc Piedade. Texto, direção, cenário, figurino e maquiagem são assinados pelo professor João Denys.

A montagem é uma versão de Everyman, peça de moralidades, escrita em fins do século XV, não se sabe ao certo a autoria. O objetivo é didático e está a serviço da religião. A moralidade se constitui no meio para alcançar a salvação.

O enredo é simples. Todomundo recebe a inesperada visita da Morte; ela quer levá-lo para prestar contas a Deus. Mas a vida que Todomundo teve até então não demonstra nenhuma relação próxima com o divino. Apavorado, Todomundo pede que a Morte deixe que ele leve alguém, para ajudá-lo nessa tarefa de repassar os feitos com Deus. Pedido aceito, Todomundo vai, em vão, tentar a ajuda das Amizades, dos Parentes, da Riqueza. Até que encontra a Caridade – e essa não tem forças nem pra se levantar – a Sabedoria, a penitência, a remissão e, enfim, o sagrado.

Diante de um mundo de conflitos intensos com a moralidade como o nosso, no século XXI, me pergunto os motivos de uma turma de concluintes ter tido tesão em voltar a Everyman. Remontá-lo. Nenhum texto teórico – do programa ou não – conseguiu me responder.

Ok, pensar no modelo da moralidade, nas consequências dele até hoje, no cristianismo, nas culpas carregadas na cruz do corpo, na exploração disso nos dias atuais. Precisa de muito não. Liga a televisão e vê por três minutinhos os programas evangélicos. Assiste a uma procissão católica, com milhares de pessoas se arrastando de joelhos para receber a graça, a remissão, a salvação.

Ao invés de tudo isso, o enredo de Everyman é reproduzido em cena tal e qual. E toma uma dimensão muito maior do que todas as discussões que poderia suscitar. Ao mesmo tempo, a encenação também não consegue nos levar para outros lugares. Estamos presos ao modelo pronto. Ao que era na Idade Medieval – e pelo jeito é até hoje.

João Denys, falando sobre os alunos e o processo, no programa, a certa altura explica e questiona: “Como resposta ao que eles e elas queriam dizer com o teatro, apontavam os caminhos do expressionismo e eu perscrutava o erotismo na superfície de seus corpos e de suas ações adolescentes. Impressionava-me com a relação que todos mantinham com a religião e mais: a mistura indiscriminada de devoção religiosa e profana. O desejo de ofertar seus corpos nus no altar do teatro e o desejo de ocultarem-se nos seus relicários individuais e narcísicos. (…) Devassos ou místicos? Ambos impuros e exagerados”.

Esses questionamentos todos do mestre na sala de aula se refletiam realmente nos alunos, jovens atores, com pouquíssima ou quase nenhuma experiência? De que forma essa inquietação de Denys – barroca – fazia sentido para eles? Havia pertinência – para eles – em serem devassos ou místicos?

A encenação é apoiada em grande parte no cenário, móbiles que são deslocados pelos próprios atores em cena, pequenos palcos elevados, onde a vida desregrada principalmente pelo sexo assume lugar elevado, a Riqueza, assim como a Caridade, por exemplo, estão num nível superior ao personagem Todomundo.

Atores se esforçaram para cumprir proposta da encenação

Atores se esforçaram para cumprir proposta da encenação

Se há algo para se admirar nessa montagem, trata-se do empenho dos atores na execução de uma tarefa. É difícil encontrar eco no que está sendo dito e, mesmo assim, estão todos lá, os corpos desnudos e, mais do que isso, expostos, entregues à paixão pelo teatro. O esforço e a superação são nítidos principalmente em Bruna Bastos e Moisés Ferreira Júnior, que interpretam juntos o personagem título da peça. Há uma potência para ser desbravada em Luciana Lemos, que faz personagens como a Morte e a Riqueza. Ela consegue passear melhor pela ironia, fazer sentir a palavra, arrancar uma risada. Mas todos – o grupo inclui ainda Gabriel Albuquerque, Patrick Nogueira, Sheila Mendonça, Marco Antonio Lins, merecem os parabéns. Pela dedicação, pela coragem. Ouvi de um diretor meses atrás algo do tipo: “uma peça é só uma peça. Vamos adiante, fazer a próxima”. Já foi a primeira – só a primeira, espero, do restante da vida de vocês.

03:15. A máquina de lavar já parou faz tempo. Porque nem tudo é tão sagrado, nem tudo é tão profano. Vou lá estender a roupa no varal.

Ficha técnica:
Texto, direção, cenário, figurino e maquiagem: João Denys
Elenco: Bruna Bastos, Gabriel Albuquerque, Luciana Lemos, Marco Antonio Lins, Moisés Ferreira Jr., Patrick Nogueira, Sheila Mendonça
Assistente de direção: Durval Cristovão
Direção geral de cenografia: Manuel Carlos
Adereços: Manuel Carlos e João Denys
Iluminação: Eron Villar
Sonoplastia ao vivo: Adriana Milet
Direção de produção: Ana Júlia da Silva
Assistência de produção: Almir Martins, Daniela Travassos, Gabriela Fernandes, Diogo Barbosa e Ivana Motta

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