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Borghi encara clima pós-apocalíptico de Beckett

Foto: Patricia Cividanes

Elcio Nogueira Seixas e Renato Borghi em Fim de Jogo, peça de Samuel Beckett. Foto: Patricia Cividanes /Divulgação

 O ator Renato Borghi, 80 anos, merece ser reverenciado, paparicado, celebrado, acarinhado por tudo que ele já fez. Seis décadas de teatro não é para qualquer um, não. Só para os fortes. Um dos fundadores do Teatro Oficina, Borghi estreou profissionalmente em 1958, com o espetáculo Chá e Simpatia, com direção de Sérgio Cardoso, no Rio de Janeiro. O intérprete do dissoluto Abelardo I em O Rei da Vela, montagem emblemática do Teatro Oficina, em 1967, mergulhou em grandes personagens. Contracenou com Etty Fraser em A Incubadeira, fez Galileu e Na Selva das Cidades, do alemão Bertolt Brecht (1898-1956) e As Três Irmãs, de Anton Tchekhov (1889-1860), pelo Teatro Oficina. No ano passado transformou a sala de visitas de seu apartamento, em São Paulo, em um teatro de bolso para as apresentações da peça Fim de Jogo. A ideia de fazer a peça ocorreu quando Renato Borghi se recuperava de duas cirurgias na coluna e utilizava cadeira de rodas devido a limitações motoras.

Essa versão da tragicomédia do dramaturgo irlandês Samuel Beckett (1906-1989), chega ao Recife para seis apresentações, de hoje a sábado e nos dias 11, 12 e 13, na Caixa Cultural. A encenação é do Teatro Promíscuo, companhia criada há 25 anos por Borghi e Elcio Nogueira Seixas, seu parceiro de cena. Ontem foi apresentada a palestra ilustrada Borghi em Revista, quando o artista passeou pela história do Teatro Brasileiro. No dia 10, quarta-feira, a palestra gratuita será reapresentada na Sala Multimídia da Caixa Cultural, às 19h, com o conteúdo que vai das revistas dos anos 1930 até os movimentos da cena contemporânea no Brasil. E na próxima quinta-feira, dia 11, os atores vão conversar com o público após a apresentação da peça.

Os retratos dos pais de Borghi, , representam os personagens

Os retratos dos pais de Borghi representam os personagens Nell e Nagg

O veterano ator já assistiu muitas montagens de Fim de Jogo mas sempre lhe intrigava o modo semelhante na interpretação, que ele pensava que abriam um abismo entre o texto e o público. Sua encenação traz uma pegada mais intimista. Criada na sala de seu apartamento, a sua encenação traz essa atmosfera, de um contato mais próximo.

Os personagens beckettianos povoam um mundo pós-colapso, devastado e sem perspectiva de futuro. Escrita em 1957, Fim de jogo expõe o convívio de quatro figuras, sobreviventes, que dividem um exíguo abrigo. Borghi considera que a peça pode se conectar a um tempo pós-atômico como aos dias de hoje.

Borghi faz o velho Hamm, cego e paralítico, que vive na dependência de Clov (Elcio Nogueira Seixas), que sofre de uma enfermidade que o impede de sentar. Então Clov narra a Hamm o que enxerga da terra devastada.

A direção é assinada por Isabel Teixeira que optou por utilizar fotografia dos pais de Renato, Maria de Castro e Adriano Borghi, como os outros dois personagens do texto de Beckett, Nell e Nagg.

FICHA TÉCNICA

Autor: Samuel Beckett
Tradução: Fábio Rigatto de Souza Andrade
Elenco:
Renato Borghi (Hamm)
Elcio Nogueira Seixas (Clov)
Maria de Castro Borghi (Nell)
Adriano Borghi (Nagg)
Direção: Isabel Teixeira
Direção de Arte: Karlla Girotto
Iluminação: Alessandra Domingues
Trilha Sonora: Aline Meyer
Diretor Assistente e “O Ponto”: Lucas Brandão
Assistência de Direção de Arte: Gabriela Cherubini
Assistência de Iluminação: Laiza Menegassi
Adaptação de iluminação para Recife: Roberto Setton
Direção de palco: Tiago Moro
Filmagem e Edição: Eliana César e Lucas Brandão
Fotos: Roberto Setton e Patrícia Cividanes
Programação gráfica: Patrícia Cividanes
Direção de Produção: Anayan Moretto
Produção executiva: Rick Nagash
Produção Recife: Tadeu Gondim
Realização: Teatro Promíscuo

Serviço

Fim de Jogo
Quando: De 4 a 6/05 e de 11 a 13/05/2017 (Bate-papo com os atores no dia 11/05, após a peça) às 20h
Onde: Caixa Cultural Recife (Avenida Alfredo Lisboa, 505, Bairro do Recife)
Quanto: R$ 10,00 (inteira) | R$ 5,00 (meia-entrada)
Venda de ingressos: a partir do dia 03/05 (para as apresentações de 04 a 06/05) e do dia 10/05 (para as apresentações de 11 a 13/05/2017), das 10h às 20h, na bilheteria da CAIXA Cultural Recife.
Fone: (81) 3425-1915

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