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Palavras delicadas

Meiga, sensível, emotiva e única em cada sessão. Sonhos para vestir, espetáculo escrito e interpretado pela atriz Sara Antunes, com direção de Vera Holtz, ancora-se nas palavras, no jogo da memória e na relação com a plateia da vez para costurar com suavidade o espetáculo que está em cartaz ainda hoje, no Teatro Paiol, dentro do Festival de Curitiba. O belo e envolvente cenário-instalação é assinado pela artista plástica Analu Prestes e a música de Daniel Valentini é tocada ao vivo.

A obra do mineiro Bartolomeu Campos de Queirós, principalmente o livro O Nome do Pai foi inspiração das artistas. No monólogo em clima de conto de fadas, uma personagem feminina percorre os labirintos da memória e da linguagem enquanto o sono não vem. Mas Sonhos para vestir depende muito do diálogo ao vivo com o público. A personagem de Sara faz perguntas à plateia e, a partir das respostas, ela improvisa e cria novos caminhos.

No dia em que fui assistir Sonhos para vestir a atriz me pediu um verbo. Eu disse amar. E assim ela fez com outras pessoas, solicitando palavras e criando frases e situações. Ao curador do festival de Curitiba, Celso Curi, pediu um lugar especial. Ele falou Praga. As pessoas falaram o que fariam em Praga cada um dizendo uma palavra demandada. Da atriz e produtora Paula de Renor ela pegou o anel para falar do pai, da mãe, da infância e das fantasias dos tecidos suaves.

E entre tecidos fluidos, sua figura etérea passeou pelo palco e expos seu universo imaginário. E esse universo lúdico prossegue quando ela se lembra dos conselhos do pai. Quando chora e contagia a plateia com sua emoção. O público sai da peça com os olhos mareados. Sonhos para vestir é uma pequena joia de delicadeza.

Fotos: Ivana Moura

Sonhos Para Vestir, espetáculo apresentado no Teatro Paiol, em Curitiba

Em cena a atriz Sara Antunes

Direção de Vera Holtz

Montagem delicada

Ambiente de sonho

Atriz traça jogo de palavras com o espectador

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O maravilhoso mundo encantado de Curitiba

O Festival de Curitiba está completando 20 anos…e pensar que a mostra que, até a edição passada já levou à cidade cerca de 2.800 espetáculos, surgiu da inquietação de dois jovens – Leandro Knopfholz, que tinha 18 anos, e Edson Bueno, 22. Iniciativa, empreendedorismo, persistência. Foi assim que o festival se consolidou e conseguiu arrematar um público estimado em 1,6 milhão de pessoas.

Este ano, entre 29 de março e 10 de abril, a mostra principal do festival traz 31 espetáculos, sendo que oito são estreias. Já no Fringe, mostra paralela que invade todos os espaços curitibanos e causa muita dúvida ao espectador (sim, é tanta coisa pra ver que é mesmo bem difícil escolher!), estão previstos 373 espetáculos.

Para começar esta viagem ao maravilhoso mundo encantado do teatro, os dois espetáculos que mais me deixaram curiosa, com vontade que o mês de fevereiro (e março!) passem bem rapidinho foram Sua Incelença, Ricardo III e Tio Vânia:

Sua Incelença, Ricardo III – Ano passado, a mostra principal do festival não teve um espetáculo sequer do Nordeste! Então, este ano, nada melhor do que uma montagem do Rio Grande do Norte, do grupo Clowns de Shakespeare, para abrir a mostra. A peça estreou no fim do ano passado, sob direção de Gabriel Villela.

Foto: Pablo Pinheiro

Tio Vânia – Nesta incursão pela obra de Tchékhov, o grupo Galpão está sob a direção de Yara de Novaes (eita, ela foi minha professora de história do teatro, lá no primeiro período da faculdade de jornalismo!). Andei lendo um post de Luciana Romagnolli no Travessias Culturais. Uma conversa que ela teve com o ator Eduardo Moreira e ele confirmou que a montagem é sim uma decorrência do documentário Moscou, feito por Eduardo Coutinho com o Galpão, a partir da peça As três irmãs. “É um caminho difícil. O Galpão está, mais uma vez, saindo da sua zona de conforto – ou a mais conhecida, a que domina mais – em busca de uma interpretação realista”, disse Eduardo à Luciana.

Entre as estréias, o festival traz ainda Édipo, com direção de Elias Andreato; Trilhas sonoras de amores perdidos, da Sutil Companhia; Preferiria não?, com Denise Stoklos; Sete Por Dois (musical escrito e estrelado pela dupla Stella Miranda e Tim Rescala) ; Tathyana, da Cia. Déborah Colker; e O Último stand up, dos Satyros. Mas ainda tem muita coisa que já estreou e nós ainda não tivemos a oportunidade de ver, como Ligações perigosas, Anjo negro , Os 39 degraus e O livro, com Eduardo Moscovis, que não foi encenada no Recife no festival de novembro porque a produção não conseguiu um espaço ideal para o espetáculo.

Foto: Maurício Oliveira

Acabei de ver que o o site do Festival já está com a programação completa no ar. Mas é muita coisa no Fringe e não consegui checar se tem pernambucanos na mostra. Sei que o Teatro Experimental de Arte estava se organizando, mas não sei se foi confirmado! Vocês sabem dizer se mais alguém encarou? Bom, para os espectadores, é se perder no site (dá até para fazer uma agenda virtual! tá muito legal!), ver a programação, as sinopses, os dias e fazer as malas!

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