Arquivo da tag: Festival de Circo do Brasil

Catástrofe maravilhosa

riso que vem do caos

Há nove edições o festival de circo do Brasil nos atualiza sobre o que feito de bom no mundo no terreno do circo contemporâneo. L’Immédiat, espetáculo da companhia francesa de mesmo nome, liderada pelo artista Camille Boitel, reafirma essa tradição.

O grupo trabalha na fronteira do circo, teatro físico e performance, retira de escombros conceitos filosóficos para a vida nos tempos atuais. Como excesso de consumo e produção de lixo.

No espetáculo L’Immédiat no lugar do controle, da limpeza, instaura-se o descontrole contínuo. As coisas despencam, as pessoas caem, estão tortas, em constante desequilíbrio.

É uma maratona alucinante, em que seres entram e saem de armários e gavetas, desafiam o poder da gravidade, impressionam com truques como cabelos subindo, braços e pernas no ar a revelia dos seus donos.

Acrobatas, eles provocam um verdadeiro frenesi tirando o fôlego do espectador. Mais uma produção que subverte as lógicas a que estamos acostumados.
Serviço
SESSÃO EXTRA
Quando: hoje, 21h
Onde: Teatro Luiz Mendonça
Ingressos: R$ 20 / R$ 10
À venda na bilheteria do teatro, das 14h às 20h

 

companhia francesa

companhia francesa faz sessão extra de L’immédiat,

 

técnica

Técnica de tirar o fôlego

 

 

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Os desafios do circo e a sinceridade das crianças

A carta. Fotos: Pollyanna Diniz

Já são oito anos de Festival de Circo do Brasil. É uma iniciativa que tem muito a nos ensinar. É lindo ver os teatros lotados, o povo circulando pelo Parque Dona Lindu (e também acompanhando as intervenções em vários lugares da cidade), as pessoas abraçando o festival, tomando parte de uma ideia que democratiza a arte e amplia horizontes.

Mas são também muitos os desafios. Principalmente para continuar conseguindo suprir o desejo pelo novo dos espectadores. E aí concordo com Ivana Moura quando diz no post anterior que sentiu falta de uma grande atração. Eu também. Afinal, o festival de circo já nos trouxe coisas estranhíssimas (e instigantes) como o espetáculo P.P.P, da companhia francesa Non Nova, em 2009. O artista Philippe Ménard misturava performance, dança contemporânea e circo atuando em meio a montes de gelo no palco do Santa Isabel. Lembro que muita gente detestou. Mas era algo que nos tirava da zona de conforto.

E como não lembrar de Aurélia Thierrée? Ano passado, por exemplo, ela trouxe Murmures des murs. Fantástico, surpreendente, com aquele cenário enorme de prédios abandonados; os truques que podem até ser aparentemente simples, mas que tomam uma proporção e simplesmente nos arrebatam.

Este ano parece que faltou algo assim. O destaque foi mesmo Paolo Nani com A carta, que lotou o Santa Isabel nos três dias de apresentação. É uma ideia bastante simples – e como me contaram as meninas da Cia Animé, muito usada em exercícios – a repetição de uma ação de várias maneiras. Primeiro ele entra no palco, bebe algo, cospe, tenta escrever uma carta, a caneta não funciona, ele surta. Só que essas mesmas ações podem ser feitas de várias maneiras – sem as mãos, bang bang, preguiçoso, sonho, bêbado. Há muita cumplicidade entre o performer e a plateia; é pra rir. E rir muito. As expressões faciais, o timing perfeito para a comédia, o inusitado de cada situação preenchem o palco. O espetáculo é da Dinamarca e a direção é de Nullo Facchini. Enquanto via o espetáculo fiquei imaginando como seria se houvesse uma trilha ao vivo.

Na sexta-feira, no Apolo, vi a apresentação do Giullari Del Diavolo, que já participou algumas vezes do festival. A direção do espetáculo é do diretor e palhaço brasileiro Flávio Souza. No palco, a mineira
Rose Zambezzi e o italiano Stefano Catarinelli. Lembro que a companhia italiana tem um belo trabalho humanitário. O Giullari Senza Fronteire que, desde 2006, reuniu circenses para realizar apresentações em lugares carentes ou de risco social. Houve até uma exposição ano passado sobre o projeto na Torre Malakoff.

Tuttotorna

Agora o Giullari apresentou Tuttotorna. Os dois artistas brincam com bolas e esferas. Fazem malabarismo, manipulações, cantam, se divertem. Dizem, acho que é assim, que a felicidade é uma esfera. É um espetáculo bastante plástico, bonito. Mas não vai muito além. Até se torna cansativo.

Assim como um espetáculo que vi no Dona Lindu no domingo. Que descobri agora que é o grupo Morosof, da Espanha. E que se chama 2 & 1/2 Street Vue. Bom, são dois “palhaços-acrobatas” que fazem caras e bocas e acrobacias – meio óbvio, né? Bonitinho, engraçadinho. O garoto que estava ao meu lado…lá pelas tantas: “vamos embora, pai? Isso tá muito chato!!!”. A gente caiu na risada. Sinceridade de criança é fogo.

2 & 1/2 Street Vue

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O circo divertiu o Recife

Espetáculo Maravillas mostrou diversidade da produção circense com muito humor. Foto: Divulgação

O Festival de Circo do Brasil cumpriu sua função deste ano: quebrar a rotina com diversão. Realizado durante o feriadão de finados (de 1 a 4 de novembro), o evento trouxe atrações interessantes, tendo como palco principal o Parque Dona Lindu, no bairro de Boa Viagem, Zona Sul da capital pernambucana. Mas também com apresentações no Teatro de Santa Isabel, Teatro Apolo e intervenções em vários pontos da cidade.

Coincidiu com a fome de consumo depois da inauguração do novo shopping no Recife, no Pina, o que provocou grandes engarrafamentos para a Zona Sul. Qualquer evento que venha a ser realizado em Boa Viagem terá que conviver com esse pequeno detalhe e as consequências da mobilidade urbana naquela área.

Mas quem conseguiu chegar lá teve o prazer de verificar que o Parque Dona Lindu ficou em festa. Com muita gente se movimentando e assistindo aos espetáculos oferecidos, de gente que brinca na água, que desafia a morte, e que provoca o riso, além dos filmes.

A abertura do festival, na quinta-feira (1º), foi com o espetáculo Maravillas, do grupo espanhol Ateneu Popular de 9 Barris, que é um tradução muito boa do momento que essa arte encantadora enfrenta em todo o mundo. Equacionar a tradição do circo com as novas conquistas, sem perder a pulsação do presente.

Maravillas é um espetáculo vigoroso, com números de circo tradicional e com artistas que dominam a técnica e apostam no humor. No segundo dia de apresentação, por exemplo, nossa querida atriz Márcia Cruz amplificava suas gargalhadas, principalmente com os números do carequinha dos malabares. Um rico espetáculo. Só achei um pouco longo.

Este ano, como a própria produtora executiva Danielle Hoover comentou, não houve coisas muito densas, conceituais. “O clima da edição não é com números técnicos mirabolantes, está tudo focado no lúdico. É uma edição simples, mas harmônica”, disse.
 Isso agradou a maioria. Mas eu senti falta de um grande espetáculo.

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Tem cangaceiro no picadeiro

Domingos Montagner no espetáculo Reprise. Fotos: Lana Pinho

Das revistas femininas, ganhou a alcunha de “um homem de verdade”. Com 1,86 metro, 88 quilos e rosto másculo, passou a ser fotografado sem camisa malhando na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Essa foi só uma das heranças, a mais frívola, que o Capitão Herculano, chefe do bando de cangaceiros da novela global Cordel encantado, deixou para o ator Domingos Montagner. “Era um excelente projeto, com grandes atores e aprendi muito. A televisão tem um alcance infinitamente maior que o teatro, portanto é natural que você acabe sendo reconhecido com mais velocidade, mas eu sou também bastante feliz com a minha trajetória e reconhecimento no circo e no teatro”, contou o ator por e-mail.

É essa vertente do seu trabalho que o paulista apresentou em Olinda e no Recife, no Festival de Circo do Brasil. Desde 1997, Montagner e Fernando Sampaio (que se conheceram no Circo Escola Picadeiro, em São Paulo) criaram o grupo La Mínima, dedicado à arte do circo. “O La Mínima nasceu dentro do circo e é a partir dele que elaboramos nossos espetáculos. O circo tradicional é muito rico, pois traz não somente a variedade acrobática, mas o teatro, a dança, a música e as artes plásticas. A estética do circo influenciou e continua influenciando muitos segmentos”, comenta.

O novo espetáculo do La Mínima, Mistério bufo, de Dario Fo, com direção de Neyde Veneziano, deve estrear em março do ano que vem, em São Paulo. “Acho que todo palhaço, como todo artista, precisa antes de mais nada, se comunicar com seu público. Mas o humor do palhaço em geral é arquetípico, ele fala de coisas comuns dos seres humanos”, analisa o ator quando perguntado sobre o palhaço brasileiro. Antes do espetáculo novo, Montagner já estará na telinha novamente: está gravando a minissérie Brado retumbante, de Euclydes Marinho, que irá ao ar em janeiro.

La Mínima foi criada em 1997 por Domingos e Fernando Sampaio

Entrevista / Domingos Montagner

Como se dá o processo de criação dos espetáculos do La Mínima? Hoje, em muitos casos, é difícil conseguir destrinchar a que linguagem está atrelada um espetáculo. Aurélia Thiérré, apresentou aqui no Recife, no mesmo festival que vocês estão participando, Murmures de Murs – é teatro, circo (malabarismo, contorcionismo, mágica), dança. Essa influência de outras linguagens também acontece com vocês? Como conciliar todas essas “interferências” com a linguagem do circo tradicional?
O processo de criação está sempre atrelado à experiência pessoal dos criadores. O La Mínima nasceu dentro do circo e é a partir dele que elaboramos nossos espetáculos. O circo tradicional é muito rico, pois traz não somente a variedade acrobática, mas o teatro (com o circo teatro ou os palhaços), a dança, a música e as artes plásticas. A estética do circo influenciou e continua influenciando muitos segmentos. Portanto conciliar hoje em dia, significa traduzir o que você quer comunicar através de sua experiência, agregando um novo caminho a ela.

Queria perguntar especificamente sobre o espetáculo Rádio Variété e sobre a participação de Antônio Nóbrega. Foi a primeira vez que vocês trabalharam juntos?
Sim, foi a primeira vez. Nós nos conhecemos há muito tempo, pois tanto Antônio como sua esposa Rosane, são próximos do universo do circo daqui de São Paulo, também passaram pelo Circo Escola Picadeiro em algum momento. O Rádio Variété foi a conclusão de uma pesquisa sobre o vocabulário do palhaço popular brasileiro. Foi um trabalho de quase um ano, onde tivemos contato com um pouco da história do rádio brasileiro e com outros grandes artistas. Fizeram parte também, através de oficinas o palhaço Biribinha, Augusto Bonequeiro e Rosane Almeida.

No La Mínima, você participa de todo o processo – cria, atua, produz. Os artistas de teatro e circo reclamam bastante das dificuldades de produção. O que você acha disso? Apesar das dificuldades, não é muito mais fácil fazer circo e teatro hoje do que há 20 anos?
Acho que cada um conhece sua próprias dificuldades, o importante é não deixar de fazer. Há diferenças importantes hoje em dia do que há 20 anos. É inegável que temos uma política cultural que favoreceu o trabalho de pesquisa nestas áreas, com os editais públicos. No entanto os circos itinerantes encontram maiores dificuldades de circulação, quer seja por falta de terrenos, quer seja ainda por uma atenção maior as reais dificuldades destes artistas, que são bem distinas do restante das artes cênicas.

Com a política cultural que tomou força principalmente nos últimos oito anos, tivemos avanços, mas parece que também surgiram alguns problemas. Os artistas não estão muito dependentes do poder público? Como vocês lidam com isso no La Mínima?
Como já disse, cada um conhece suas próprias dificuldades e lida com elas da melhor maneira. O La Mínima é um grupo de repertório. Procuramos criar espetáculos que ao mesmo tempo atendam nossa necessidades estéticas mas que também sejam adequados a nossa realidade de produção e circulação.

A companhia foi criada por você e por Fernando Sampaio. Porque a opção pelo trabalho em dupla? Não faz falta para a criação um grupo maior de pessoas envolvidas?
O La Mínima é basicamente uma dupla de palhaços que convida outros artistas, conforme a exigência da obra, para as criações. Portanto quando sentimos necessidade, nos aproximamos de outros profissionais, que sem dúvida acabam sendo fundamentais no processo.

O Circo Zanni veio da vontade de reunir vários artistas e poder, aí sim, ter essa troca maior? Vocês estão em temporada? Existe alguma previsão de vir ao recife?
O fato de sermos uma dupla nunca nos impediu de nos aproximarmos de artistas que admiramos, para trocar conhecimento. O Circo Zanni nasceu da vontade de ter um circo. Um espetáculo de circo como gostamos de fazer, possui variedade de artistas e de atrações, por isso o Circo zanni é desse jeito. Sem dúvida criamos um grupo que hoje tem seu próprio caminho de criar e apresentar um espetáculo de circo.

O que te encanta no teatro popular? Quem são os seus mestres? Ariano, por exemplo, está nessa lista?
A temática e a comunicação. Nossos mestres são os que conhecemos e tivemos a oportunidade de trabalhar ou aprender juntos: José Wilson, Roger Avanzi, Leris Colombaioni, Fernando Neves, Biribinha, Antônio Nóbrega, etc. Ariano é uma expressão fundamental do teatro popular. Sua obra é uma referência, gostaria muito de ter tido contato com ele e aprendido mais.

Qual a sua primeira memória do circo?
Gosto de lembrar a primeira vez que entrei no Circo Escola Picadeiro e da primeira vez que lotamos o Circo Zanni.

A tradição do circo no Brasil foi construída principalmente a partir do núcleo “circo-família”. Na La Mínima, pelo que sei, vocês não têm famílias de circenses. Você acha que isso traz alguma diferença para o espetáculo, estéticas mesmo?
Como disse lá em cima, a experiência do artista é fundamental na sua criação. Nosso trabalho é o que somos, portanto faz diferença sim no produto final. Não é melhor nem pior, é diferente.

Qual a diferença do palhaço brasileiro para o palhaço de outros lugares do mundo? Esse palhaço corre o risco de morrer?
Acho que todo palhaço como todo artista precisa antes de mais nada, se comunicar com seu público. Portanto o palhaço brasileiro aprende a se comunicar com o povo brasileiro, que é diferente do inglês ou do alemão, etc. Consequentemente este palhaço vai ser diferente sim. Mas o humor do palhaço em geral é arquetípico, ele fala de coisas comuns dos seres humanos e vai acabar sendo reconhecido por outros público também. A boa arte não morre.

Não posso deixar de perguntar sobre a televisão…apesar dos anos de carreira no teatro, a fama mesmo veio com a novela. Você está se divertindo com essa comoção? Com a reação das pessoas? Com o fato de, do papel de palhaço, ter passado para o de galã “machão”?
Gostei muito da experiência da novela, pois era um excelente projeto com grande atores do meu lado e aprendi muito. a televisão tem um alcance infinitamente maior que o teatro, portanto é natural que voce acabe sendo reconhecido com mais velocidade depois de um trabalho como este. Não acho que o Herculano era um machão, ele representava um tipo de homem de uma época e de um momento específico. Mas no entanto ele era familiar, com ética rígida e podia se apaixonar profundamente. Adorei o personagem e acho que o público também. Mas eu sou também bastante feliz, com minha trajetória e reconhecimento no circo e no teatro.

Cordel foi um trabalho esteticamente diferenciado na teledramaturgia brasileira, era mais próximo do teatro, da fábula, mas ainda assim foi difícil se adaptar, passar dos gestos largos e expansivos do teatro e circo, para a televisão? Encontrou muitas diferenças entre o teatro e a televisão?
Na nossa profissão uma das coisas mais importantes é observar e escutar, dizia minha grande mestra Myram Muniz. Quando comecei a fazer meus primeiros trabalhos procurava observar bastante a forma de relação dos atores com a câmera. É realmente um processo de adaptação muito grande para nós, formados no teatro no circo e nas ruas. Principalmente no rosto e no olhar. Mas é um conhecimento muito legal de se adquirir, estou aprendendo e adorando.

Você é paulista e Cordel foi uma novela que tinha a questão regional, o sotaque nordestino. Tanto é que, antes da novela começar, o público daqui tinha medo de, mais uma vez, a Globo fazer um estereotipo do nordestino, o que se dá principalmente com o sotaque. Como você se preparou para esse papel? Teve alguma preocupação nesse sentido?
Sim, não só eu como toda a equipe a começar pela direção. Tivemos uma preparação com uma professora de oratória, que buscou equilibrar o sotaque. A direção queria que ele se integrasse a imagem e não ficasse em primeiro plano. Acho que conseguimos um bom resultado.

Porque demorou tanto para que a televisão entrasse no seu currículo? Era falta de interesse, preconceito (que você sabe o quanto é comum no teatro) ou a vida simplesmente te levou para outro lado?
Falta de convite. Nunca tive preconceito, porém nosso cotidiano de produtores e realizadores não nos deixava virar o foco. E nosso trabalho, nossa forma de atuação naturalmente não chamava a atenção do que normalmente se necessita na televisão, isso diminuia nossas possibilidades…

Falei mais cedo com a sua esposa (que é a produtora do La Mínima) e você já estava gravando no Projac. Quais são os seus novos projetos? Na televisão e além dela?
Estou gravando uma minissérie que irá ao ar em janeiro, chama-se Brado retumbante de Euclydes Marinho. O novo epetáculo do La Mínima estreía em março de 2012 em São Paulo, Mistério bufo de Dario Fo, com direção de Neyde Veneziano.

Novo espetáculo da companhia estreia em março, em São Paulo

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Leveza dá o tom de Divinas

Fabiana Pirro, Lívia Falcão e Odília Nunes em Divinas. Fotos: Ivana Moura

O texto é um pretexto, um fiozinho de dramaturgia tênue e frágil, para as três artistas desenvolverem seus talentos de comediantes. Ou melhor, da arte da palhaçaria. Divinas, espetáculo em cartaz no Teatro Barreto Júnior junta no mesmo palco a elegância de Fabiana Pirro, a ingenuidade de Odília Nunes e a experiência em arrancar risos de Lívia Falcão numa montagem graciosa e divertida.

O espetáculo mostra a trajetória de buscas. Das três contadoras de histórias que ao destrincharem um rosário de coisas preciosas (pequenas ações do cotidiano, um gesto, uma lembrança) também traçam uma metáfora com a Duas Companhias, que persegue e constrói sua própria linguagem dentro desse universo artístico da contemporaneidade.

A cultura popular dá o alicerce para essas conquistas. Foram quase dois anos de pesquisa. Além do ‘mergulho’ no universo do circo e dos palhaços, com a oficina de palhaças com a atriz Adelvane Neia.
As contadoras de histórias e palhaças Uruba (Fabiana Pirro), Zanoia (Lívia Falcão) e Bandeira (Odília Nunes) procuram um mundo melhor, buscam um utopia. Eles fazem parte do povo brasileiro, carente, com fome e com uma alegria de viver que desbanca qualquer tristeza. E instala-se o lirismo.

Montagem está na programação do Festival de Circo do Brasil

Uma malandragem aqui outra ali, por coisa pouca e até parece que o elo vai quebrar. Essas palhaças destacam o valor da amizade, o respeito pela memória. E com isso elas desenham uma geografia delicada para não esquecer dos sonhos.

Nesta temporada, a trupe conta com percussão ao vivo de Lucas Teixeira e trilha sonora de Beto Lemos. Os figurinos são simples e bonitos, os sapatos de Bandeira e Zanoia são de Jailson Marcos.

Odéilia é Bandeira, Fabiana é Uruba e Lívia é Zanoia

O palco do Barreto Júnior parece que ficou grande para ação da trupe, sem cenários. A pré-estreia no Teatro Marco Camarotti (Sesc de Santo Amaro) criava uma cumplicidade maior com plateia, pela proximidade. O espetáculo entrou na programação do Festival de Circo do Brasil. As últimas sessões gratuitas são hoje, às 20h, no Barreto Júnior; e quinta-feira, dia 20h, às 20h, na Praça do Arsenal da Marinha, no Recife Antigo.

Fabiana Pirro como a palhaça Uruba

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