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Um diretor livre de amarras

João Fonseca, diretor

Conheci pessoalmente o diretor João Fonseca ano passado, quando estive no Rio para fazer uma matéria sobre Tim Maia – Vale tudo, o musical. Acompanhada por dois colegas, estivemos na casa do diretor, um apartamento pequeno e charmoso. Lembro que, enquanto, conversávamos, meus olhos se desviavam para os DVDs que ele guardava na sala… Falamos sobre a montagem, sobre musicais, sobre Tiago Abravanel, mas não tive oportunidade de comentar mais a própria carreira do diretor.

Com uma produção tão intensa, não iria faltar chance; ela veio agora, com a apresentação de R&J de Shakespeare – Juventude interrompida, no Teatro de Santa Isabel, dentro do Janeiro de Grandes Espetáculos. Do aeroporto, indo de São Paulo de volta ao Rio, o diretor conversou comigo sobre a peça, sobre novas montagens, Os fodidos privilegiados, Abujamra, direção, sobre a vontade de vir ao Recife.

Em R&J de Shakespeare…, João Fonseca trabalhou com quatro jovens: Rodrigo Pandolfo, Pablo Sanábio, João Gabriel Vasconcellos e Felipe Lima. Diz que uma das coisas que mais chama atenção na montagem é o jogo que se estabelece com a plateia, já que são esses quatro rapazes que irão interpretar a história do casalzinho proibido mais famoso da dramaturgia mundial.

Entrevista // João Fonseca

Adaptações da obra de Shakespeare são bem difíceis. Porque você escolheu trabalhar com esta do americano Joe Calarco? O que ela tem de diferente?
Essa adaptação de Joe Calarco estreou em Nova York há uns 15 anos. E eu fiquei muito curioso, porque era muito interessante fazer Romeu e Julieta com quatro homens. Fiquei com aquela curiosidade. Quando o Pablo (Sanábio) me procurou para fazer um trabalho, eu falei desse texto. Nós lemos e resolvemos na hora. A habilidade do texto é impressionante. Centrar a história de Romeu e JUlieta num colégio interno de meninos e ter esses quatro meninos, que se reúnem para ler, para brincar de fazer Romeu e Julieta, e conseguir contar a história toda só com esses quatro é muito bom.

Como foi o processo de trabalho?
Trabalhamos durante 45 dias, exaustivamente. Oito horas por dia. O texto é bastante difícil. A tradução é do Geraldinho Carneiro, que é poeta. Ele fez uma tradução fluente, mas sem perder a poesia. Os textos são longos e como então dizer esses textos de maneira natural? Cada um faz mais de um personagem e troca de personagem com muita rapidez. João Gabriel Vasconcellos, por exemplo, faz Romeu, a criada e o pai de Julieta. É um exercício para ator incrível, essa possibilidade de fazer vários personagens. E é um atrativo para o público.

R&J de Shakespeare - Juventude interrompida Foto: Luiz Paulo

Romeu e Julieta é, talvez, a história mais conhecida de Shakespeare. Como torná-la ainda atrativa, surpreendente?
A história é ótima. E é bom, porque todo mundo já sabe o final! Eles morrem, todo mundo conhece. Ou melhor, as pessoas acham que conhecem o texto, mas na realidade, muitas não conhecem. E tem todos os elementos de uma peça completa: comédia, drama, ação. É a melhor história de amor de todos os tempos. Mas acho que uma das coisas que mais chama a atenção do público é o jogo que se estabelece. São quatro garotos e se estabelece um jogo com a plateia. Quatro atores representando e como é que eles vão resolver essa história, como vão criando. Não existem figurinos e cenários para Romeu e Julieta, por exemplo. O casaquinho da escola vai virar saia, turbante, a régua vira uma espada, o esquadro vira máscara. E também só de serem quatro homens, já causa um frisson a mais. A peça estreou um ano atrás, exatamente.

Qual a reação das pessoas com esse romance protagonizado por homens?
No começo, quando tem o primeiro beijo, as pessoas sentem um estranhamento, porque estão vendo dois meninos, mas, ao final, eles não vêem mais isso. O que importa é a história de amor. A plateia, sem querer, faz um exercício de tolerância, esquece que são dois homens.

Quais são os seus próximos projetos?
Estou estudando e preparando projetos. Mas posso te dizer que com Os Fodidos privilegiados vamos remontar dois espetáculos de Nelson Rodrigues: O casamento e Escravas do amor, em virtude das comemorações do centenário. Vamos reestrear no Festival de Curitiba. Os elencos são quase originais e vou trabalhar novamente com (Antônio) Abujamra. Vamos remontar, com pequenas mundanças. Vou até atuar.

O casamento, de Nelson Rodrigues, com Os fodidos privilegiados

Você falou no Abujamra. Eu queria saber da importância do Abujamra para a sua carreira.
Abujamra é meu pai, minha mãe, meu tudo. Sou diretor por causa dele. Ele me deu todas as chances, porque eu era ator. Foi ele quem me estimulou, me deixou ser diretor e me ensinou. A minha faculdade é Abujamra.

Mas você tinha intenção de ser diretor?
Não! Não tinha a menor pretensão. E acredito que, para ser diretor, não é você quem escolhe, você é escolhido. As pessoas confiam em você e querem você. E até hoje eu digo: “porque está todo mundo olhando para minha cara?” (Risos) Várias pessoas confiando em você num processo. Quando comecei a dirigir, percebi que a minha melhor vocação é essa. Apesar que eu gosto de estar me exercitando. É importante que eu nunca esqueça como é atuar. Acho que vou dirigir melhor dessa forma, quando eu me coloco atuando de novo, faço parte, tenho essa cumplicidade.

É porque, às vezes, o diretor é visto como um “ser superior”…
E não é nada disso! Não existe nada mais importante para um diretor do que o ator. O ator é o meu
instrumento de trabalho.

Você conseguiria definir a sua linha de trabalho, as suas características, como diretor?
A gente vai tentando…sempre me considero experimentando. Você vai adquirindo experiência e escolhendo caminhos. Gosto de dirigir tudo. Não tenho um gênero. Mas tenho algumas características. Gosto de trabalhar com poucos elementos, por exemplo, no palco vazio, só com cadeiras; e em trabalhos que estabeleçam esse jogo teatral. Isso é o mais importante, é o que acontece em R&J de Shakespeare. O menino vai se matar com uma régua e todo mundo vai acreditar. E essa régua está para o teatro como o efeito especial está para o cinema.

Durante a carreira, você teve que fazer muitas concessões?
Não, nunca fiz concessões. Não diferencio os projetos. Nunca dirigi uma coisa na qual não acreditasse. Sempre dirigi ou porque quero trabalhar com alguém ou porque quero falar aquilo, independente de ser um projeto armado com um elenco reunido só para aquela peça, se com uma companhia de repertório. Esses meninos de R & J eu conheci na CAL (Casa das Artes de Laranjeiras) e agora eles estão se projetando, mas não eram conhecidos, não tinham carreira em televisão nem nada disso. E me dá muito prazer trabalhar com jovens que não têm essa projeção. E a gente nunca sabe o futuro de um projeto, se vai dar certo ou não. Eu não procuro esse guia, de porque vai ser com essa pessoa, vai ser sucesso garantido ou não. O próprio Tim Maia, o elenco não tinha ninguém conhecido. O Tiago Abravanel ninguém conhecia e deu certo. A peça está em cartaz no Rio. Mas deixa eu dizer, eu queria muito ir ao Recife também. A passagem estava comprada, mas aconteceram uns imprevistos. O pessoal do festival é super atencioso, carinhoso. E adoro o Santa Isabel. Tenho um carinho enorme por esse teatro.

Tim Maia - Vale tudo, o musical

Quando foi a última vez que você esteve aqui?
Se não me engano, foi com os Fodidos privilegiados, em 2006. A gente participou do Palco Giratório e apresentou três espetáculos no Santa Isabel.

Você dirigiu também Maria do Caritó, texto de Newton Moreno. O que acha dele?
É mais uma paixão pernambucana. Tenho muita admiração pelo Newton. Ele é um talento enorme. Com Maria do Caritó, Newton consegue fazer o que eu almejo na direção. Ele faz uma obra popular, acessível, mas de um refinamento, inteligência; fala de coisas importantes, tocando com profundidade as coisas. É de uma sabedoria popular. Eu digo que Maria do Caritó é um trabalho em que sou só uma parte de grandes coisas. Os atores são especiais, o texto, o cenário, o figurino, a equipe.

Maria do Caritó, texto de Newton Moreno

E Nelson Rodrigues?
É difícil, com Nelson, sair dos clichês. Ele é o meu autor favorito. É o que talvez eu mais dirigi. Fiz O casamento, Escrava do amor e A falecida. Nelson era muito moderno, arrojado, propôs e trouxe coisas para o teatro que não existiam. Desde Vestido de noiva. Era difícil aceitar. Em A falecida, ele propõe que não se usasse cenário. E ele entra de uma maneira na questão familiar! Que é muito chocante! Como ele lida com pai e filha, filha e mãe, indo de encontro. Chegar a isso era difícil. Porque não é um teatro realista. Joga com as paixões. E as pessoas não queriam: “a família brasileira não é uma perversão”. Em A vida como ela é e nas tragédias cariocas, ele retrata muito bem um cotidiano; mas é também capaz de falar da família como um todo, da instituição.

Serviço:
R&J de Shakespeare – Juventude Interrompida
Quando: hoje e amanhã, às 20h30
Onde: Teatro de Santa Isabel
Quanto: R$ 10 (preço único)
Informações: (81) 3355-3322

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Tem cangaceiro no picadeiro

Domingos Montagner no espetáculo Reprise. Fotos: Lana Pinho

Das revistas femininas, ganhou a alcunha de “um homem de verdade”. Com 1,86 metro, 88 quilos e rosto másculo, passou a ser fotografado sem camisa malhando na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Essa foi só uma das heranças, a mais frívola, que o Capitão Herculano, chefe do bando de cangaceiros da novela global Cordel encantado, deixou para o ator Domingos Montagner. “Era um excelente projeto, com grandes atores e aprendi muito. A televisão tem um alcance infinitamente maior que o teatro, portanto é natural que você acabe sendo reconhecido com mais velocidade, mas eu sou também bastante feliz com a minha trajetória e reconhecimento no circo e no teatro”, contou o ator por e-mail.

É essa vertente do seu trabalho que o paulista apresentou em Olinda e no Recife, no Festival de Circo do Brasil. Desde 1997, Montagner e Fernando Sampaio (que se conheceram no Circo Escola Picadeiro, em São Paulo) criaram o grupo La Mínima, dedicado à arte do circo. “O La Mínima nasceu dentro do circo e é a partir dele que elaboramos nossos espetáculos. O circo tradicional é muito rico, pois traz não somente a variedade acrobática, mas o teatro, a dança, a música e as artes plásticas. A estética do circo influenciou e continua influenciando muitos segmentos”, comenta.

O novo espetáculo do La Mínima, Mistério bufo, de Dario Fo, com direção de Neyde Veneziano, deve estrear em março do ano que vem, em São Paulo. “Acho que todo palhaço, como todo artista, precisa antes de mais nada, se comunicar com seu público. Mas o humor do palhaço em geral é arquetípico, ele fala de coisas comuns dos seres humanos”, analisa o ator quando perguntado sobre o palhaço brasileiro. Antes do espetáculo novo, Montagner já estará na telinha novamente: está gravando a minissérie Brado retumbante, de Euclydes Marinho, que irá ao ar em janeiro.

La Mínima foi criada em 1997 por Domingos e Fernando Sampaio

Entrevista / Domingos Montagner

Como se dá o processo de criação dos espetáculos do La Mínima? Hoje, em muitos casos, é difícil conseguir destrinchar a que linguagem está atrelada um espetáculo. Aurélia Thiérré, apresentou aqui no Recife, no mesmo festival que vocês estão participando, Murmures de Murs – é teatro, circo (malabarismo, contorcionismo, mágica), dança. Essa influência de outras linguagens também acontece com vocês? Como conciliar todas essas “interferências” com a linguagem do circo tradicional?
O processo de criação está sempre atrelado à experiência pessoal dos criadores. O La Mínima nasceu dentro do circo e é a partir dele que elaboramos nossos espetáculos. O circo tradicional é muito rico, pois traz não somente a variedade acrobática, mas o teatro (com o circo teatro ou os palhaços), a dança, a música e as artes plásticas. A estética do circo influenciou e continua influenciando muitos segmentos. Portanto conciliar hoje em dia, significa traduzir o que você quer comunicar através de sua experiência, agregando um novo caminho a ela.

Queria perguntar especificamente sobre o espetáculo Rádio Variété e sobre a participação de Antônio Nóbrega. Foi a primeira vez que vocês trabalharam juntos?
Sim, foi a primeira vez. Nós nos conhecemos há muito tempo, pois tanto Antônio como sua esposa Rosane, são próximos do universo do circo daqui de São Paulo, também passaram pelo Circo Escola Picadeiro em algum momento. O Rádio Variété foi a conclusão de uma pesquisa sobre o vocabulário do palhaço popular brasileiro. Foi um trabalho de quase um ano, onde tivemos contato com um pouco da história do rádio brasileiro e com outros grandes artistas. Fizeram parte também, através de oficinas o palhaço Biribinha, Augusto Bonequeiro e Rosane Almeida.

No La Mínima, você participa de todo o processo – cria, atua, produz. Os artistas de teatro e circo reclamam bastante das dificuldades de produção. O que você acha disso? Apesar das dificuldades, não é muito mais fácil fazer circo e teatro hoje do que há 20 anos?
Acho que cada um conhece sua próprias dificuldades, o importante é não deixar de fazer. Há diferenças importantes hoje em dia do que há 20 anos. É inegável que temos uma política cultural que favoreceu o trabalho de pesquisa nestas áreas, com os editais públicos. No entanto os circos itinerantes encontram maiores dificuldades de circulação, quer seja por falta de terrenos, quer seja ainda por uma atenção maior as reais dificuldades destes artistas, que são bem distinas do restante das artes cênicas.

Com a política cultural que tomou força principalmente nos últimos oito anos, tivemos avanços, mas parece que também surgiram alguns problemas. Os artistas não estão muito dependentes do poder público? Como vocês lidam com isso no La Mínima?
Como já disse, cada um conhece suas próprias dificuldades e lida com elas da melhor maneira. O La Mínima é um grupo de repertório. Procuramos criar espetáculos que ao mesmo tempo atendam nossa necessidades estéticas mas que também sejam adequados a nossa realidade de produção e circulação.

A companhia foi criada por você e por Fernando Sampaio. Porque a opção pelo trabalho em dupla? Não faz falta para a criação um grupo maior de pessoas envolvidas?
O La Mínima é basicamente uma dupla de palhaços que convida outros artistas, conforme a exigência da obra, para as criações. Portanto quando sentimos necessidade, nos aproximamos de outros profissionais, que sem dúvida acabam sendo fundamentais no processo.

O Circo Zanni veio da vontade de reunir vários artistas e poder, aí sim, ter essa troca maior? Vocês estão em temporada? Existe alguma previsão de vir ao recife?
O fato de sermos uma dupla nunca nos impediu de nos aproximarmos de artistas que admiramos, para trocar conhecimento. O Circo Zanni nasceu da vontade de ter um circo. Um espetáculo de circo como gostamos de fazer, possui variedade de artistas e de atrações, por isso o Circo zanni é desse jeito. Sem dúvida criamos um grupo que hoje tem seu próprio caminho de criar e apresentar um espetáculo de circo.

O que te encanta no teatro popular? Quem são os seus mestres? Ariano, por exemplo, está nessa lista?
A temática e a comunicação. Nossos mestres são os que conhecemos e tivemos a oportunidade de trabalhar ou aprender juntos: José Wilson, Roger Avanzi, Leris Colombaioni, Fernando Neves, Biribinha, Antônio Nóbrega, etc. Ariano é uma expressão fundamental do teatro popular. Sua obra é uma referência, gostaria muito de ter tido contato com ele e aprendido mais.

Qual a sua primeira memória do circo?
Gosto de lembrar a primeira vez que entrei no Circo Escola Picadeiro e da primeira vez que lotamos o Circo Zanni.

A tradição do circo no Brasil foi construída principalmente a partir do núcleo “circo-família”. Na La Mínima, pelo que sei, vocês não têm famílias de circenses. Você acha que isso traz alguma diferença para o espetáculo, estéticas mesmo?
Como disse lá em cima, a experiência do artista é fundamental na sua criação. Nosso trabalho é o que somos, portanto faz diferença sim no produto final. Não é melhor nem pior, é diferente.

Qual a diferença do palhaço brasileiro para o palhaço de outros lugares do mundo? Esse palhaço corre o risco de morrer?
Acho que todo palhaço como todo artista precisa antes de mais nada, se comunicar com seu público. Portanto o palhaço brasileiro aprende a se comunicar com o povo brasileiro, que é diferente do inglês ou do alemão, etc. Consequentemente este palhaço vai ser diferente sim. Mas o humor do palhaço em geral é arquetípico, ele fala de coisas comuns dos seres humanos e vai acabar sendo reconhecido por outros público também. A boa arte não morre.

Não posso deixar de perguntar sobre a televisão…apesar dos anos de carreira no teatro, a fama mesmo veio com a novela. Você está se divertindo com essa comoção? Com a reação das pessoas? Com o fato de, do papel de palhaço, ter passado para o de galã “machão”?
Gostei muito da experiência da novela, pois era um excelente projeto com grande atores do meu lado e aprendi muito. a televisão tem um alcance infinitamente maior que o teatro, portanto é natural que voce acabe sendo reconhecido com mais velocidade depois de um trabalho como este. Não acho que o Herculano era um machão, ele representava um tipo de homem de uma época e de um momento específico. Mas no entanto ele era familiar, com ética rígida e podia se apaixonar profundamente. Adorei o personagem e acho que o público também. Mas eu sou também bastante feliz, com minha trajetória e reconhecimento no circo e no teatro.

Cordel foi um trabalho esteticamente diferenciado na teledramaturgia brasileira, era mais próximo do teatro, da fábula, mas ainda assim foi difícil se adaptar, passar dos gestos largos e expansivos do teatro e circo, para a televisão? Encontrou muitas diferenças entre o teatro e a televisão?
Na nossa profissão uma das coisas mais importantes é observar e escutar, dizia minha grande mestra Myram Muniz. Quando comecei a fazer meus primeiros trabalhos procurava observar bastante a forma de relação dos atores com a câmera. É realmente um processo de adaptação muito grande para nós, formados no teatro no circo e nas ruas. Principalmente no rosto e no olhar. Mas é um conhecimento muito legal de se adquirir, estou aprendendo e adorando.

Você é paulista e Cordel foi uma novela que tinha a questão regional, o sotaque nordestino. Tanto é que, antes da novela começar, o público daqui tinha medo de, mais uma vez, a Globo fazer um estereotipo do nordestino, o que se dá principalmente com o sotaque. Como você se preparou para esse papel? Teve alguma preocupação nesse sentido?
Sim, não só eu como toda a equipe a começar pela direção. Tivemos uma preparação com uma professora de oratória, que buscou equilibrar o sotaque. A direção queria que ele se integrasse a imagem e não ficasse em primeiro plano. Acho que conseguimos um bom resultado.

Porque demorou tanto para que a televisão entrasse no seu currículo? Era falta de interesse, preconceito (que você sabe o quanto é comum no teatro) ou a vida simplesmente te levou para outro lado?
Falta de convite. Nunca tive preconceito, porém nosso cotidiano de produtores e realizadores não nos deixava virar o foco. E nosso trabalho, nossa forma de atuação naturalmente não chamava a atenção do que normalmente se necessita na televisão, isso diminuia nossas possibilidades…

Falei mais cedo com a sua esposa (que é a produtora do La Mínima) e você já estava gravando no Projac. Quais são os seus novos projetos? Na televisão e além dela?
Estou gravando uma minissérie que irá ao ar em janeiro, chama-se Brado retumbante de Euclydes Marinho. O novo epetáculo do La Mínima estreía em março de 2012 em São Paulo, Mistério bufo de Dario Fo, com direção de Neyde Veneziano.

Novo espetáculo da companhia estreia em março, em São Paulo

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Marieta Severo

Todas as quintas-feiras, ela está na televisão interpretando a dona de casa Nenê, esposa do Lineu, mãe da Bebel e do Turco, sogra do Agostinho. Mas nem só de A grande família vive a atriz Marieta Severo. Muito pelo contrário. Ela estreou nos palcos em 1965 e geralmente tem projetos no teatro e cinema, administra ao lado da amiga e parceira de palcos e negócios Andrea Beltrão o Teatro Poeira e o Poeirinha, no Rio de Janeiro, é mãe de três filhas (fruto do casamento de 30 anos com Chico Buarque), tem netos e ainda arruma tempo para namorar o diretor Aderbal Freire-Filho.

Agora ela vem ao Recife no próximo fim de semana para apresentar a divertida montagem As centenárias, um texto que o pernambucano Newton Moreno escreveu especialmente para Marieta e Andréa. São duas carpideiras – aquelas mulheres que antigamente eram chamadas quando alguém morria, para “chorar o defunto”. Socorro e Zaninha convivem com a morte, mas fogem dela como diabo da cruz. No meio de muitos causos, encontram até com Lampião. A peça ainda tem no elenco Sávio Moll e a direção é de Freire-Filho.

Na conversa por telefone, Marieta fala muito sobre As centenárias, sobre o trabalho no Teatro Poeira, não encontra defeitos em Andrea Beltrão, cita Jô Bilac como um novo dramartugo especial. E revela como consegue arrumar tempo para fazer tudo e sempre muito bem.

Marieta Severo e Andréa Beltrão em As centenárias

Entrevista // Marieta Severo

Vocês estavam em dívida com Pernambuco. A peça é do Newton Moreno, tem um contexto regional, mas ainda não tinha dado certo trazer ao Recife?
A gente está muito feliz em levar, como a gente chama, “As veinhas”, ao Recife. O Newton como pernambucano, bebeu na cultura nordestina, isso está muito arraigado à peça. Usamos, por exemplo, bonecos que são manipulados. Fazer a peça aí tem um significado muito especial. Estreamos em 2007, ficamos dois anos no Rio, quatro meses em São Paulo, já fizemos outras oito cidades e estamos chegando aí agora.

Embora a montagem seja uma comédia, ela trata de assuntos bem sérios e tem momentos em que fala, por exemplo de solidão. O que você diria do texto?
Eu acho que isso é um pano de fundo. O assunto principal é a morte, elas estão fugindo da Dona Morte, que quer pegar o filho de uma delas. Então elas estão o tempo todo neste embate. Mas isso é feito com muitos signos e com a cultura popular nordestina que é debochada, irônica. E vejo que a esperança é colocada em cena. Elas lidam com a morte, já que são carpideiras, rezadeiras, são chamadas para chorar os mortos e a peça vai falando desses causos. É uma história divertida, engraçada, mas sim, como você disse, com muitos ingredientes: a fome, a solidão, a bravura dessas mulheres. Mas os causos são muitos bons. O homem que diz que a mulher era uma “quenga” e quer que no velório riam dela, o Lampião que não chora há muitos anos.

E como Aderbal Freire-Filho trabalhou com esse texto?
Ele abrigou toda essa história num cenário circense. É como se fossem três palhaços contando essa história através dos bonecos. Nós contracenamos com os nossos próprios personagens como fantoches. Então é uma riqueza de elementos muito grande e o Aderbal articulou isso.

E o Sávio Moll, que também está no elenco? Faz os papeis secundários?
É. Ele faz todos esses papeis e a Dona Morte. Mas nós também fazemos outros papeis. A Andréa faz o coronel que quer que riam da mulher dele, eu faço o Lampião. É tudo muito coreografado, muito marcado, o Aderbal conseguiu uma precisão nessa coreografia que é muito interessante.

Esse texto foi um pedido de vocês ao Newton. Houve alguma recomendação?
A gente encomendou esse texto a ele dizendo que não queríamos um texto em que fôssemos família. Tínhamos feito Sonata de outono. E ele veio com essa possibilidade dessas mulheres que atravessam o tempo. E também mostram na cena a modernidade, em cenas como quando a luz elétrica chega ao Sertão, elas se deparando com um rádio… Também tem o fator de que como o Newton está muito acostumado ao trabalho em grupo, ele troca muito com o ator, com o diretor, mudava o texto, de acordo com as necessidades. A gente ligava, falava pra ele, ele vinha. Então conseguimos essa sintonia, organicidade.

Fora o Newton, que autores te instigam hoje? E grupos?
É um momento muito rico da mossa dramaturgia. Temos um Jô Bilac surgindo, por exemplo. E muita gente mais…é porque eu sou péssima de nomes. Quando desligar, vou lembrar de tanta gente. E também temos espetáculos muito interessantes, uma safra nova, forte, criativa. Os Atores de Laura, no Rio de Janeiro, que já tem uma trajetória, mas com uma pesquisa muito forte, uma riqueza. Acabei de ver O idiota, com a Cibele Forjaz, um espetáculo muito rico teatralmente.

Todo mundo pergunta sobre a amizade entre você e a Andrea e eu também tenho que perguntar. Mas vamos tentar mudar…o que te irrita na Andréa?
A Andréa não me irrita. Gosto muito de estar com ela. Criamos muita coisa e vivemos muita coisa. É uma relação contrutiva e criativa, como todas deveriam ser. As duas cresceram muito nesses 20 anos. Uma ajudou a outra, uma colabora com a outra. Ela tem um talento enorme como atriz. É estimulante estar com ela no palco. Jogar com ela em cena, o humor enorme que ela tem.

Vamos falar do “filho” de vocês e agora do “filhote”, que são os teatros. Como foi isso?
O Poeira tem seis anos e o Poerinha tem seis meses. Dá muito trabalho, muita despesa e um prazer enorme que segura esses dois outros lados. Temos o patrocínio da Petrobras para a programação, para fazer oficinas, para os artistas residentes, workshops, temos uma programação intensa e temos muito orgulho porque muitos trabalhos surgiram através daqui, com pesquisa, e isso é bancado. Mas o teatro em si é bancado por nós. Os dois teatros foram construídos por nós e mantidos por nós. Porque muita gente fala, mas a Lei Rouanet é muito rigorosa. Você não pode comprar nada, adquirir nenhum bem fixo. Então tudo o que é fixo, fomos nós.

Mas vocês tem lucro?
Não, minha filha! Não temos lucro. Temos um prejuízo financeiro.

Queria falar um pouco de política, do Ministério da Cultura, a sua opinião…
Não queria falar disso. Está caminhando tudo bem. Não tem nada especial para comentar.

Mas é mais fácil fazer teatro hoje?
Através da Lei Rouanet que possibilitou muitos e muitos espetáculos, vários e vários que não conseguiriam sem a lei. Mas temos a dificuldade que é manter um espetáculo. Tem uma coisa muito estranha. Hoje você não vive da bilheteria de um espetáculo. Quando o patrocínio acabou, acabou a peça. Tem que repensar.

Por conta da meia-entrada?
É basicamente a meia-entrada. E as produções foram ficando mais caras, são meandros, questões da própria lei. Não é detonar a lei, não acho que seja o caso.

E a televisão? Você não acha que a Nenê é muito retrógrada?
Hoje em dia é muito difícil encontrar uma mulher como a Nenê. Ela é de uma geração que tentou romper padrões, mas ela é tradicional, vive para o lar. E essa realidade ainda existe para muitas mulheres, os valores familiares. Mas sim, é mais difícil. As mulheres estão nas batalhas. O que mais me interessa nela é o que ela representa, a mãe, os valores familiares, a compreensão até acima das necessidades. É bom falar disso e representar isso.

E como você faz para conciliar tudo na sua vida? Televisão, cinema, teatro, três filhas, netos, dois teatros?
Eu faço isso todos os dias. E sempre foi isso. Também construi uma vida de acordo com as minhas necessidades. Sou muito ligada, ligada a muitas coisas, ao trabalho, ao lazer.

Mas você faz tudo ao mesmo tempo ou consegue tirar férias, por exemplo?
A única coisa que eu consigo preservar são as minhas férias porque eu normalmente vou para o exterior, só por isso. E aqui eu sou organizada, tenho o meu escritório, o Poeira, A grande família, um filme para rodar.

Qual é o filme?
Vendo ou alugo, com direção da Betsy de Paula. É uma comédia muito interessante, que reúne quatro gerações. A Nathália Timberg, que vai fazer minha mãe, a Sílvia Buarque, será minha filha e uma atriz jovem, a Beatriz Morgana, que será filha da Sílvia. Vamos filmar em setembro. Elas tiveram uma vida abastada e agora se juntam para vender uma casa e todas elas são representantes muito fieis das suas gerações.

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Um cara de teatro

Algumas trocas de mensagens por celular e estava marcada a entrevista com o ator principal da montagem Os 39 degraus, sucesso de público em São Paulo, que fez quatro apresentações no Festival de Curitiba. Dan Stulbach chegou ao hotel, depois do almoço, por volta das 14h30, com um aspecto cansado. Já tinha apresentado por duas noites a montagem e, naquele dia, tinha ido fazer uma palestra para alunos às 9h30. Fomos ao bar do hotel, ele pediu um café, e confessou que precisava dormir.

Mas esse era só o início da conversa. Quando fala em teatro, os olhos azuis brilham ainda mais. Só vi o mesmo acontecer quando ele virou empolgado para o ver o gol que o Real Madri tinha feito num time qualquer. Estrategicamente, antes do início da entrevista, já sabendo do seu amor pelo futebol, tinha colocado-o numa cadeira de costas para a televisão. Besteira. Independentemente da partida, Dan Stulbach é um ator compromissado, apaixonado pela técnica teatral, pelo desafio. Gosta de falar de arte e também de televisão, cultura, política. Depois de uma hora e meia de conversa, parecia que o cansaço não existia mais. “Poderia ficar aqui a tarde inteira conversando. Mas tenho espetáculo à noite”.

Dan Stulbach

A peça Os 39 degraus possui mais de 30 personagens, interpretados por quatro artistas. E você é o único que faz um só personagem e está em cena quase o tempo todo. Como foi essa preparação?
Comecei a malhar, a correr. Sempre fui um cara saudável, sempre fiz esporte, nunca tive problemas com isso. Mas a peça quis treinar mais. Mas não era só a questão física. Demorei a pegar o ritmo da encenação, correr, falar, isso muda o ritmo da respiração.

Porque você aceitou o convite para fazer Os 39 degraus? Já tinha feito comédia?
Fiz uma comédia no teatro há muito tempo. Foi Guerreiras do amor, em 1995, do Domingos de Oliveira. Quis fazer Os 39 degraus porque é uma homenagem ao teatro, à imaginação. Celebra o lugar do faz de conta, da brincadeira. É isso o que me interessa. Além disso, a peça trabalhava com várias linguagens. Drama, romance, comédia. Isso me encanta. E o jogo de você enganar a plateia, de todo mundo se arrumar, sair de casa, para isso.

Os 39 Degraus. Fotos: Pollyanna Diniz

Na peça, em determinado momento, há uma brincadeira com o personagem que te deixou conhecido para o grande público, o Marcos, de Mulheres Apaixonadas. Ter ficado “marcado” por esse personagem te incomoda de alguma forma?
De forma nenhuma. Eu acho ótimo. Discutimos isso antes de levar para a peça. Mas foi um personagem que mudou mesmo a minha trajetória, pelo menos para o grande público. E mudou uma realidade. Conseguimos transformar as coisas. Hoje, o homem que bate em mulher vai para a cadeia. E você faz televisão porque quer ficar mesmo mais conhecido. Não dá pra ficar irritado porque as pessoas vem falar com você, querem um autógrafo, tirar foto. Então você foi pra televisão por quê?

Você já trabalha com teatro desde a década de 1980. Mas realmente se tornou conhecido depois da televisão. O trabalho em televisão trouxe alguma mudança para o seu trabalho no teatro?
Na televisão, busquei trabalhos que fossem um desafio artístico para mim. Trago a televisão para o meu trabalho. Ao contrário do que as pessoas pensam, a televisão exige muita disciplina. É um trabalho exaustivo. Mas o que estamos fazendo é mais ou menos a mesma coisa. Tive a oportunidade de criar na televisão, propor coisas, amadureci. Até porque eu comecei a ter que falar mais sobre o meu trabalho, dar entrevistas. Entender melhor o que eu faço. Mas eu queria dizer que temos que tomar cuidado. Para que o ator que faça televisão não seja execrado por fazer TV, que ele não seja considerado menor; ou o contrário também. Acho que o teatro fica maior com as diferenças, juntando as pessoas. Não vejo esse preconceito comigo, mas ele existe. Até dos meios de comunicação. Sou o “global” Dan Stulbach. E esse título é um mérito ou demérito? Lembro que tinha começado há duas semanas a fazer a novela Mulheres apaixonadas e fui apresentar Novas Diretrizes. Aí me chamaram de global no jornal…O que é um demérito é ser reduzido, taxado.

E qual o papel do teatro?
O lugar do teatro no mundo é o lugar da imaginação, da provocação. Quanto mais o mundo fica digital, violento, e tudo isso, o teatro ganha mais espaço. Porque é o lugar de lembrar o que é ser humano. O teatro te surpreende, te emociona. Essa é a função da arte e do teatro. É um lugar de artistas que não se conformam, que querem o risco. Gosto do teatro como linguagem. Porque quando você lê, você usa a imaginação, como seria aquele personagem, como se portaria, como seria a voz. E o teatro é o próximo passo.

Mas você faz teatro em São Paulo, que tem a lei de fomento ao teatro há dez anos, onde estão os artistas mais conhecidos. E os outros lugares?
É um espaço de resistência. Essa realidade paulista passa por São Paulo também por que, é verdade, lá estão atores conhecidos. Então no momento da empresa escolher um espetáculo para apoiar, ela quer visibilidade. Essa decisão fica nas mãos dos gerentes de marketing. Mas tem outras possibilidades, empresas que apóiam trabalhos continuados. O que eu acho é que há espaço para todo mundo e para o teatro de qualidade.

Podemos dizer que estão surgindo algumas tendências no teatro brasileiro, como os musicais. Como você vê isso?
Os musicais estão se consolidando, assim como o movimento dos stand ups. As pessoas querem ver. Mas o meu teatro, como já disse, é o da imaginação. Não aquele em que a pessoa é o que é. E o público tem se desacostumado com imaginação. Ele quer mais realidade, mesmo que seja a brincadeira com a realidade, a ironia. Muita gente tem raiva dos stand ups. Eu não tenho. Tem espaço pra todos. Mas pode ser só uma fase. O teatro já passou por muitas..pela fase da imagem, da fumaça, quando toda cena tinha que ter fumaça! Eu gosto da palavra, do diálogo, da discussão. Gosto do cinema argentino, por exemplo, que é muito calcado nisso. Gosto de tentar formular coisas. Foi o teatro que me deu isso.

Você se interessa por política? O que acha do nosso Ministério da Cultura?
É o Ministério mais discutido atualmente…Há ministérios, como o dos Esportes, que deveriam ser tão julgados quanto, que são muito incompetentes. O dinheiro para a Cultura é ínfimo. E isso acaba limitando as ações. Mas acho que a ministra ainda não teve tempo. Ela está sendo muito julgada antes do tempo. Falo do ministério dos Esportes porque acho que ele é mais próximo da saúde, um dos nossos grandes problemas. Não é para ter atletas campeões, ganhadores de medalha. Não só para isso. Para o país, era melhor ter 200 pessoas correndo do que um atleta profissional, campeão. Fora isso, me preocupa a intervenção na Vale, a infra-estrutura para o nosso país crescer na medida em que a economia está crescendo, mais portos, mais estradas.

O que você acha, por exemplo, do Vale-Cultura?
Não conheço bem o projeto. Mas acho a ideia muito boa. Só é preciso ter cuidado para não virar uma meia-entrada, que quem paga é o artista e o próprio público. No mínimo, acho que poderia ser opcional, facultativa.

Você continua no programa de rádio (Fim do Expediente, na CBN)?
Sim. O Paulo Autran disse que eu não deveria fazer. Que o artista não pode ser conhecido. Que ele não pode se dissolver nas suas opiniões. E eu concordo com ele. Mas lá eu falo da vida. Não falo de mim. Elas vão continuar não me conhecendo. E essa é a melhor resposta para aqueles veículos ou pessoas que querem que você seja uma celebridade. Coordeno também a programação do Teatro Eva Herz, da Livraria Cultura, há três anos e meio. Eles até vão abrir salas em outros lugares.

No Recife?
No Recife ainda não estou sabendo. Mas Recife é uma cidade que me interessa muito. Estive lá com a peça Novas Diretrizes, com o Tony Ramos, num teatro lindo (o Santa Isabel). É uma cidade que se interessa por cultura, que recebe as coisas de fora, mas que produz. É muito bacana.

Você sempre cita o Paulo Autran. É uma referência?
Gosto de celebrar a existência do Paulo. Meus pais sempre me levavam ao teatro e uma vez, quando decidi que queria ser ator, fui falar com ele, no camarim. Saber como era ser ator, ver o que ele me diria. Anos depois, ele entrou no meu camarim e me perguntou se eu era aquele rapaz que tinha ido falar com ele. Tenho um carinho muito grande por ele. Ele sempre estava ligando, dando dicas. Depois tive a oportunidade de fazer um espetáculo com ele, o Senhor Green. Aprendi com ele o respeito ao teatro. Ele vivia só para isso, abriu mão da televisão, até falava mal da TV. Tinha uma técnica…

E o que você diria para um ator que viesse te procurar hoje, como você fez com o Paulo Autran?
Que não perca a sua diferença. Que não tente fazer do jeito que o outro faz. Que aprenda a respiração, a técnica. Mas que não entre na “pastelaria’.

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