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Artes Visuais
Dossiê Aldeia do Velho Chico 2022
#8

 

Exposição Alumiando Afetos. Foto: André Amorim / Divulgação

Exposição Alumiando Afetos – Foto André Amorim

Peças em preto e branco na exposição Alumiando Afetos. Foto: André Amorim

Artista Alaido e a curadora Lys Valentim. Foto: André Amorim

Felipe Almeida, que adotou o nome artístico de Alaido em homenagem à mãe Alaide, é um artista visual que compõe sua arte a partir da relação com o cotidiano desacelerado da cidade grande. Suas peças são uma miscelânea de ideias e referências, emoções e memórias de sua trajetória. Para a Aldeia do Velho Chico expôs a primeira individual na região Alumiando Afetos, na Galeria de arte Ana das Carrancas, no Sesc Petrolina.

Nascido em Feira de Santana (BA), o artista mora em Igatú – Chapada Diamantina, onde o tempo impõe outro ritmo de vida, mais cuidadoso com as pessoas e com o Planeta. Alaido iniciou sua trajetória artística no Vale do São Francisco, onde viveu por 10 anos. E passou a mostrar sua arte urbana nas ruas da cidade de Juazeiro.

O universo lúdico de Alaido é projetado em cenas prosaicas e inspirações de paisagens marcadas pela cultura nordestina. As esculturas e telas predominantemente em preto e branco, ricos em detalhes das representações. Há acrílico sobre tela pensado sobre o samba de roda, de No batuque dos tamboretes. Ou acrílica sobre casca de árvore de Feixe de lenha.

Ele escolheu suportes que por si mesmo já carregam muitos significados. Como as cascas de pedra – da peça Multidão, por exemplo – um material habitualmente empregado para revestir o chão nas ruas e que guardam marcas e memórias a partir das pegadas dos transeuntes. A exposição contou com a curadoria de Lys Valentim.

Expressões da religiosidade na Mostra Flutuante de Artes Visuais. Foto: Andre Amorim

Peças com Inspiração nos bichos na Mostra Flutuante de Artes Visuais. Foto: Andre Amorim

Carranca é símbolo da cidade. Foto: Andre Amorim / Divulgação

Pequenas esculturas na Mostra Flutuante. Foto: Andre Amorim / Divulgação

A relação entre arte contemporânea e Natureza são pulsações comuns às obras participantes da exposição coletiva Rio adentro: influências do imaginário ribeirinho. Composta por trabalhos de artistas que moram no Sertão São Francisco, a mostra circulou em um barco por ilhas e comunidades ribeirinhas próximas à cidade de Petrolina, em Pernambuco, durante a realização da Aldeia do Velho Chico. Os posicionamentos decoloniais também marcam a criação das peças no que se refere às classificações entre artesanato e arte no sistema da arte.

O recorte destaca a produção de artistas/artesãos das cidades de Petrolina/PE e Juazeiro/BA. Experiências, religiosidades, atitudes diante da vida, utopias constituem os trabalhos. Da Paz revela histórias em colchas de retalhos coloridos.  Fredson Adjar participa com sua instalação eólica formada por peixes e carranca alada e Mestre Lisboa promove uma releitura da carranca; também estão presentes as esculturas em textura de papel machê Angelita.

O imaginário ribeirinho rende a cerâmica de Celinha Barros; a garça do mestre Joseilson Barbosa; a cobra da artesã Naide Liberato. A religiosidade é expressa nas criações do artesão Sandro na escultura de Nossa Senhora Aparecida ou no São Francisco do mestre Biu dos Anjos; ou ainda na Nossa Senhora da Rapadura e seus penitentes de Dona Alda e a cerâmica branca de outra versão de São Francisco de Dona Lucia Rego.

Com curadoria de Carina Lacerda e Victor Brandão, essa exposição embalada pelas suaves ondas do rio propõe experiências poéticas singulares. As escolhas dessas obras estão pautadas do diálogo entre a criação artística e o posicionamento político no mundo contra as discriminações de raça, gênero e classe numa perspectiva da construção de um mundo mais igualitário.

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