Os dois começam a peça vestidos de branco e fazem as oferendas no altar dos santos protetores para contar o percurso incendiário do menino nascido em 14 de março de 1939, às 3:40, em Vitória da Conquista. E que morreu em 22 de agosto de 1981.
As cartas escritas por Glauber Rocha a Jomard Muniz de Britto e Miguel Arraes inspiraram a h(EU)stória – o tempo em transe, montagem do Coletivo Grão Comum e da produtora Gota Serena. A peça faz parte da Trilogia Vermelha, que terá encenações para celebrar Paulo Freire e Dom Helder Câmara.
Como passar da “alienação” e passividade à resistência e atividade? Essa é uma questão crucial para Glauber Rocha. E o espetáculo começa assim: “Eu sou todos os nomes da história. Dyonizyo, Kryzto, Napoleão, Corisco, Che, Fidel, Godard, Jango, Eisenstein, Orson Welles, Lampião, Antônio das Mortes…”
O espetáculo é carinhoso, como seus atores, queima na emoção da dupla e magnetiza a plateia a pensar e repensar em ideologia, arte, cinema, teatro, política, fome, povo, generosidade e de novo arte e vida. É caudaloso, às vezes exagerado no grito. Mas de uma potência singular de alcance plural.
Criar é revolucionar… Arte tem que ter ambição. Repetem.
Assisti ao espetáculo no segundo dia da primeira temporada (que os atores disseram que não foi uma boa sessão) e no penúltimo dia, ontem, desta quarta temporada. Hoje o espetáculo faz a última apresentação desse bloco e o que eu tenho para dizer agora é que não percam. Mas voltarei a H(eu)stória – o tempo em transe, que tanto me inquietou.
SERVIÇO
h(EU)stória – o tempo em transe, do Coletivo Grão Comum e Gota Serena
QUANDO: Hoje, às 20h,
ONDE: Teatro Arraial Ariano Suassuna (Rua da Aurora, 457, Boa Vista. Fone: 3184-3057)
QUANTO: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).
Informações: 8588.1388 (Aguiar) ou 8493.1650 (Fecher)
FICHA TÉCNICA
ATORES: Márcio Fecher e Júnior Aguiar
PESQUISA, ENCENAÇÃO, ROTEIRO e ILUMINAÇÃO: Júnior Aguiar
PREPARAÇÃO DE ATOR: Quiercles Santana
MÚSICA ORIGINAL: Geraldo Maia (Palavra), Juliano Muta (Brisa) e Leonardo Villa Nova (DiAngola)
ÁUDIOS: Glauber Rocha (programa Abertura), Marisa Santanafessa (italiano) e Manuela Ripane (espanhol) e Darcy Ribeiro (enterro de Glauber – filme Glauber o filme – Labirinto do Brasil). Trecho dos filmes Deus e o diabo na terra do Sol e Terra em transe
AUDIOVISUAL – Gê Carvalho
DESENHO DOS FIGURINOS – Asaías Lira
FOTOGRAFIAS – Arthur Canavarro
PROGRAMAÇÃO VISUAL – Arthur Canavarro
ASSISTENTE DE PRODUÇÃO – Rebeka Barros
PESQUISA – Tempo Glauber, Cinemateca Brasileira, Revolução do Cinema Novo (Glauber Rocha), Glauber Rocha – Cartas ao Mundo ( organização Ivana Bentes), Atentados Poéticos (Jomard Muniz de Brito).
PESQUISA SONORA – Lambarena (mamoudou), Heitor Villa Lobos (Bachiana brasileiras nº1), Nativi Americana Eagle Dance, Leo Artese (caboclo curador – Santo Daime)
PRODUÇÃO e REALIZAÇÃO – Gota Serena e Coletivo Grão Comum