Que os teatros do Recife estão acabados, todo mundo sabe. Não há nem como disfarçar. Onde chegamos, não só os artistas, mas agora até o público comenta. As deficiências são de todas as ordens: estrutura física, manutenção, de pessoal. O Teatro do Parque – parece piada, e de péssimo gosto – está fechado. Há quanto tempo? Por quanto mais quanto tempo?
Só para se ter uma ideia comparativa, desde 2008 para cá, o orçamento do Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (Mamam), gerenciado pela Prefeitura do Recife e que, como o nosso Festival Recife do Teatro Nacional, está completando 15 anos, caiu em 70%. E os teatros? De quanto mesmo terá sido essa redução? E a classe artística? Qual o papel dela nisso tudo? Ir para a avaliação do festival e ficar com a cara mexendo de raiva quando dizem que…”ah..a situação não é tão ruim assim como vocês fazem parecer”? Ruim não. É péssima.
Mas parece que há alguma luz no fim do túnel – ou ao menos uma tentativa de mobilização para discutir esse caos. Está circulando na internet uma convocatória para uma reunião que vai debater a atuação do Centro Apolo-Hermilo. Claro que as Yolandas apoiam e estarão lá para contar tudo por aqui. Segue a convocatória na íntegra:
“Convocamos atores, bailarinos, músicos, coreógrafos, diretores, professores, produtores, técnicos, iluminadores, cenógrafos, figurinistas e público em geral, para reunião na próxima quarta-feira, dia 15, às 18h30, no Teatro Hermilo Borba Filho (Sala Beto Diniz), Rua do Apolo, 121 – Recife Antigo, para discutirmos a atual gestão do Centro de Formação e Pesquisa das artes Cênicas Apolo-Hermilo, propondo formas de atuação que melhorem o seu funcionamento.
Grande parte dos artistas, que nos últimos anos apresentaram as suas obras no referido Centro Apolo-Hermilo, deparam-se com inúmeras dificuldades: a falta de manutenção do material técnico dos seus dois teatros, a escassez de refletores, o não cumprimento dos horários de trabalho e disponibilidade da equipe técnica e administrativa, e a ausência de um direcionamento, no que diz respeito ao fomento das reflexões e das práticas cênicas.
Sabemos todos que é de responsabilidade dos centros artísticos oferecerem as mínimas condições de funcionamento, e também temos consciência de que o atual momento brasileiro não nos permite responsabilizar a possível precariedade de recursos como o motivo do abandono. É preciso vontade política e um plano de trabalho.
Ao pensarmos que teatros são espaços públicos de potência, de encontros, e de criação de possíveis, devemos exigir da Prefeitura da Cidade do Recife o maior comprometimento das condições que oferece à pesquisa e à criação artística para proporcionar resultados satisfatórios à sociedade.
São muitos os artistas, jovens ou com larga trajetória, descontentes com esta situação. Compreendemos que as razões são variadas e propomos este encontro, objetivando juntar forças e defender este espaço privilegiado que é o Centro de Formação e Pesquisa das artes Cênicas Apolo-Hermilo, que com sua história, localização e características arquiteturais é de extremo valor para a cidade do Recife, enquanto polo irradiador de conhecimento e transformação.
Segue ordem de trabalhos do encontro:
1. Leitura de partes do Regimento do Centro de Formação e Pesquisa das artes Cênicas Apolo-Hermilo;
2. Ponto de situação (identificação das dificuldades, problemas e virtudes do Centro Apolo-Hermilo);
3. Espaço de fala para Gestão e/ou representantes da Prefeitura do Recife;
4. Sugestões para o melhor funcionamento do Centro Apolo-Hermilo;
5. Formas de atuação;
5. Redação de carta, a apresentar na prefeitura.
Recife, 12 Agosto 2012”