Um velório simbólico marca hoje o centenário do Teatro do Parque. Uma imagem triste para a casa de espetáculos municipal mais popular do Recife. O grupo de teatro João Teimoso e o grupo Guerrilha Cultural lideram uma performance com flores, velas e cartazes, às 11h. Eles esperam o reforço de militantes e consumidores culturais. A passagem dos 100 anos também conta com exibições musicais e teatrais e outras ações. O ato repete os protestos realizados em 2013 e 2014.
O Teatro está fechado desde 2010. Já foram anunciadas várias datas de reabertura, não cumpridas. A reforma ampla foi anunciado em 2014. As obras começaram em janeiro de 2015. A prefeitura prevê a conclusão da obra para novembro de 2016.
Na última sexta-feira (21) foi feita uma vistoria técnica às obras de reforma e restauro do Teatro do Parque, aberto à imprensa. Estavam lá o presidente da Fundação de Cultura Cidade do Recife, Diego Rocha, o secretário executivo de Gestão Cultural, Williams Santana, e a arquiteta da Secretaria de Projetos Especiais, Simone Osias.
Os representantes da Prefeitura do Recife fizeram a função deles: defenderam que a obra segue em execução e que o restauro irá resgatar as feições originais do imóvel.
“Nós tínhamos problemas sérios com água, seja no subsolo do teatro, seja nas cobertas. As infiltrações estavam por toda parte e colocavam em risco toda a infraestrutura do equipamento. Por isso, nossa primeira ação foi sanar esses pontos críticos, para poder iniciar o restauro”, explicou a arquiteta Simone Osias.
O presidente da Fundação de Cultura Cidade do Recife, Diego Rocha, garante que o cronograma está mantido e a reforma é ‘prioridade da prefeitura. “A obra não parou, embora o número de funcionários envolvidos tenha diminuído. Há serviços que são feitos fora do teatro, por especialistas em restauro”.
O orçamento inicial da reforma estrutural foi fixado em R$ 8,2 milhões e ainda haverá uma nova licitação para a compra de equipamentos . O custo total deve subir para cerca de R$ 10 milhões.
Poucos funcionários da Concrepoxi Engenharia, responsável pela reforma, estavam exercendo alguma atividade no teatro.
“Considero a visita uma grande encenação”, diz o produtor e diretor do grupo João Teimoso, Oséas Borba Neto. “A obra estava parada. Em relação à visita do dia 10 de junho para hoje não mudou nada”, defende.
“Apesar de termos posições distintas, o presidente da Fundação de Cultura abriu diálogo. Este ano tivemos duas visitas ao Parque. Mas a cultura na cidade do Recife é um desastre. O Conselho de Cultura é só “pró-forma”, não aconselha nada; os prêmios literários acabaram; o Teatro Barreto Júnior está fechado há um ano e o Teatro do Parque está nessa situação”, analisa Borba Neto.
Os artistas sofrem com o fechamento do Teatro do Parque. O público de teatro, cinema, shows também. O entorno está numa situação lamentável de decadência. Os comerciantes da Rua do Hospício reclamam. A cultura do Recife lamenta.