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Auto de Natal com alma brasileira

Baile do menino Deus, no Marco Zero. Foto: Ivana Moura

A ópera popular de rua Baile do Menino Deus – Uma brincadeira de Natal, como define seu dramaturgo e diretor Ronaldo Correia de Brito, é um espetáculo que agrega manifestações nordestinas. Nesta peça Papai Noel não entra não é porque se tenha algo contra o bom velhinho. Mas aqui a história é contada de forma diferente. Estamos também em volta do nascimento de Jesus, e como todos sabem, existia uma ameaça de Herodes de exterminar as crianças menores de dois anos nascidas em Belém ou cercanias. Talvez por isso, os dois Mateus da peça levem tanto tempo para encontrar a casa da santa família e organizar o baile.

A temporada deste ano, na praça do Marco Zero, no Bairro do Recife, começou na sexta-feira e terminou ontem, sempre o dia mais lotado. Mateus, multiplicado por dois – os atores Arilson Lopes e Sóstenes Vidal, comanda a brincadeira. Os dois convocam muitos personagens para ajudar a encontrar Jesus, José e Maria. Entre eles o Jaraguá, a Burrinha Zabilin, a Ciganinha e o Anjo Bom, a formosa Ciganinha, entre outros.

Montagem reúne quase 150 profissionais

Com 28 anos de estrada e oito anos no Marco Zero, o espetáculo escrito por Ronaldo Correia de Brito, Assis Lima, ambos cearenses (o primeiro radicado no Recife e o segundo em São Paulo), e o potiguar radicado em Pernambuco, Antônio Madureira, trouxe algumas novidades.

Uma delas é a entrada dos atores Jorge de Paula e da também cantora Renata Rosa, que acompanham os protagonistas na empreitada de encontrar o menino e seus pais. Para contrapor à performance mais exteriorizada dos Mateus eles são investidos da carga poética de Arlequim, entre o terreno e o celestial. Esses dois personagens não têm fala e exercem a função de guia para mostrar o caminho da casa e da celebração. São aparições pontuais, mas bem exploradas e bonitas. Ele anda com um guarda-chuva e ela tira som de uma rabeca (que desafinou algumas vezes, devido ao vento, suponho).

A montagem reúne quase 150 profissionais, inclusive crianças. A assistência de direção é de Quiercles Santana, a direção de arte de Marcondes Lima, com um figurino rico de criatividade. A iluminação de Játhyles Miranda também acrescentou novos efeitos, como personagens luminosos – o Beija Flor e a Borboleta, por exemplo. A trilha sonora é executada ao vivo por uma orquestra de 15 instrumentistas, um coro adulto de 13 cantores (com preparação de José Renato Accioly) e infantil com 12 crianças (com preparação de Célia Oliveira), tudo sob a regência do maestro José Renato Accioly.

Além dos coros, a encenação conta com as participações dos cantores solistas Silvério Pessoa, a linda voz de Virgínia Cavalcanti, Jadiel Gomes e, estreando este ano, Renata Rosa, que também toca rabeca.

O entrosamento, a garrra, o talento e o domínio de palco da dupla Arilson Lopes e Sóstenes Vidal é para se aplaudir de pé. Esses dois Mateus comadam um grupo de crianças que tentam abrir a porta para celebrar o nascimento de Jesus. Sandra Rino e Tatto Medinni, interpretam com serenidade José e Maria.

Tatto Medinni e Sandra Rino

A coreografias também merecem destaque. E os dez bailarinos (Fláira Ferro, Isaac Souza, Inaê Silva, Jáflis Nascimento, José Valdomiro, Marcela Felipe, Renan Ferreira, Rennê Cabral, Gel Lima e Juliana Siqueira), em conjunto reforçam a alegria e a esperança desse baile.

A produção é da Relicário Produções, da produtora Carla Valença, com Patrocínio do Ministério da Cultura, governo do estado de Pernambuco e Prefeitura do Recife.

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Teatro nacional em destaque

As três velhas abre a programação do Janeiro de Grandes Espetáculos

O festival Janeiro de Grandes Espetáculos atinge a maioridade no próximo ano com uma programação nacional muito mais extensa. Em janeiro deste ano, apenas quatro grupos vindos de outras partes do país participaram da programação. Na próxima edição, serão nove. “Isso é fruto de uma parceria com outros festivais, que levaram as nossas peças e agora queremos conhecer melhor a produção desses lugares”, conta uma das produtoras do Janeiro, Paula de Renor, que divide a tarefa com Carla Valença e Paulo de Castro.

No total, só de artes cênicas serão mais de 90 atrações nesta 18ª edição da mostra, que vai do dia 11 a 29 de janeiro. Ontem, saiu a lista dos espetáculos nacionais – e aí a confirmação da montagem que abre o festival, no Teatro de Santa Isabel: As três velhas, que traz de volta ao palco a atriz Maria Alice Vergueiro, também diretora. Ela divide a cena com Luciano Chirolli e Danilo Grangheia (ele substituiu Pascoal da Conceição). A peça do chileno Alejandro Jodorowsky recebeu três indicações ao Prêmio Shell e levou o de melhor ator com Luciano Chirolli.

O festival terá também montagens como R&J de Shakespeare – Juventude interrompida, com direção de João Fonseca, Metamorfose Leminski – Reflexões de um herói que não quer virar pedra, do grupo Delírio Cia. de Teatro (que apresentou este ano aqui no estado, dentro da programação do Palco Giratório, a peça O evangelho segundo São Mateus) e Heróis – O caminho do vento, do grupo Cena, de Brasília, com direção de Guilherme Reis. Essa última, mostra três ex-combatentes de guerra hoje vivendo no asilo; e tem elenco afiado: Chico Sant’Anna, João Antônio e William Ferreira.

R&J de Shakespeare – Juventude Interrompida. Foto: Sérgio Baia

Até o fim dessa semana devem ser divulgados os espetáculos internacionais que vão compor a programação. O Janeiro foi, aliás, contemplado pelo Programa Iberescena, que fomenta intercâmbio entre países iberoamericanos. “Somente o Janeiro e o Cena Contemporânea, de Brasília, ganharam”, confirma Paula. No início do ano, o evento entrou para o Núcleo de festivais internacionais do Brasil, formado por São José do Rio Preto, Londrina, Bahia, Belo Horizonte, Porto Alegre e Brasília.

A mostra ainda terá shows, projetos sociais, seminários, palestras e vai acontecer também em Olinda e Caruaru. O maior objetivo do Janeiro de Grandes Espetáculos é dar visibilidade à produção cênica local. Tanto que a programação dos espetáculos locais foi divulgada no último dia 6. Entre os adultos, Essa febre que não passa, do Coletivo Angu de Teatro; e O canto de Gregório, do grupo Magiluth.

Programação de teatro e dança nacional

Teatro de Santa Isabel
(Praça da República, s/n, Santo Antônio. Tel. 3355-3322)

ABERTURA
Dias 11 e 12 de janeiro (quarta e quinta), às 20h, R$ 10
As Três Velhas (Teatro Pândega – São Paulo/SP)

Dias 17 e 18 de janeiro (terça e quarta), às 20h30, R$ 10
R&J de Shakespeare – Juventude Interrompida (Turbilhão de Ideias, Cultura e Entretenimento – Rio de Janeiro/RJ)

Dia 24 de janeiro (terça), às 20h, R$ 10
Dolores (Ronaldo Negromonte Produções – Natal/RN)
Direção: Diana Fontes. Com trilha sonora ao vivo.

Dias 28 e 29 de janeiro (sábado e domingo), respectivamente às 21h e 19h
A Mulher Sem Pecado (Cia. Arlecchino de Teatro – Belo Horizonte/MG)

Teatro Hermilo Borba Filho
(Av Martin Luther King, Bairro do Recife. Fones: 3355-3319)

Dias 16 e 17 de janeiro (segunda e terça), às 19h, R$ 10
Metamorfose Leminski – Reflexões de Um Herói Que Não Quer Virar Pedra (Grupo Delírio Cia. de Teatro – Curitiba/PR)

Dias 23 e 24 de janeiro (segunda e terça), às 19h, R$ 10
Heróis – O Caminho do Vento (Grupo Cena – Brasília/DF)

Teatro Marco Camarotti
Sesc de Santo Amaro
(Rua Treze de Maio, 455, Santo Amaro. Tel. 3216-1728)

Dias 12 e 13 de janeiro (quinta e sexta), às 19h, R$ 10
9 Mentiras Sobre a Verdade (Cia. Teatro Líquido – Porto Alegre/RS)

Teatro Barreto Júnior
(Rua Estudante Jeremias Bastos, s/n, Pina. Tel. 3355-6398)
Dia 26 de janeiro (quinta), às 20h30, R$ 10
Continue Reto, Sempre em Linha Reta! E Vai com Deus… (Grupo Camaleão – Belo Horizonte/MG)

Dias 28 e 29 de janeiro (sábado e domingo), às 20h30, R$ 10
Diálogos Sobre Nijinsky (Virtual Companhia de Dança – São José do Rio/SP)

Diálogos Sobre Nijinsky. Foto: Marcelo Zamora)

Teatro Luiz Mendonça
(Parque Dona Lindu – Av. Boa Viagem, s/n, Boa Viagem. Tel. 3355 9821)

Dias 13, 14 e 15 de janeiro (sexta a domingo), respectivamente às 21h, 21h e 20h, R$ 10 (preço único promocional)
Tango, Bolero e Cha Cha Cha (Brainstorming Entretenimento – Rio de Janeiro/RJ)

Programação de Rua em OlindaGratuito

Dia 21 de janeiro (sábado), em horário e local a confirmar

Flor de Macambira (Grupo Ser Tão Teatro – João Pessoa/PB)

Dias 28 e 29 de janeiro (sábado e domingo), às 16h, em local a confirmar
Horas Possíveis… Enquanto Seu Lobo Não Vem (Camaleão Grupo de Dança – Belo Horizonte/MG)

Heróis - O caminho do vento

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Programação parcial do 18º Janeiro de Grandes Espetáculos

Essa febre que não passa. Foto: Ivana Moura

A grade com os espetáculos inéditos, as atrações nacionais e internacionais do 18º Janeiro de Grandes Espetáculos ainda está sendo fechada. Mas os produtores Carla Valença, Paula de Renor e Paulo de Castro anunciaram as peças pernambucanas selecionadas.

O programa será realizado de 11 a 29 de janeiro de 2012, no Recife, Olinda e Caruaru, com produção da Apacepe (Associação dos Produtores de Artes Cênicas de Pernambuco).

Também já estão definidas as comissões de avaliação de cada área, que decidirão quem receberá os prêmios ao final do festival. (Como Leidson Ferraz explicou nos comentários, foram essas as comissões que selecionaram os espetáculos que vão participar do Janeiro. O júri do prêmio ainda será escolhido) O júri para teatro adulto é formado por Elton Bruno Siqueira, Quiercles Santana, Fátima Aguiar e Roberto Lúcio. Para teatro para infância e juventude é composto por Ana Elizabeth Jápia, Cira Ramos, Williams Sant’Anna e André Filho. E para dança: Paulo Henrique Ferreira, Christianne Galdino, Sandra Rino e Marília Rameh.

TEATRO ADULTO:

A Inconveniência de Ter Coragem (Pontinho de Cultura Galpão das Artes/Limoeiro)
As Levianas em Cabaré Vaudeville (Cia. Animé/Recife)
Divinas (Duas Companhias/Recife)
Essa Febre Que Não Passa (Coletivo Angu de Teatro/Recife)
Manual Prático de Felicidade (Teodora Lins e Silva Companhia de Teatro)
Noturnos (Cia. Fiandeiros de Teatro/Recife)
O Canto de Gregório (Grupo Magiluth/Recife)
Palhaços: O Reverso do Espelho (Dramart Produções/Recife)

Palhaços, o reverso do espelho. Foto: Ivana Moura

TEATRO PARA INFÂNCIA E JUVENTUDE

Algodão Doce (Mão Molenga Teatro de Bonecos/Recife)
Assim Me Contaram, Assim Vou Contando… (Cia. de Teatro Enlassos /Recife)
O Circo do Futuro (Ilusionistas Corporação Artística e Chocolate Produções Artísticas/Recife)
O Pirata Tubarão e o Índio Xavante (Circus Produções Artísticas/Recife)
O Urubu Cor de Rosa (Grupo Scenas/Olinda)
Nem Sempre Lila (Grupo de Teatro Quadro de Cena/Recife)
Pluft, O Fantasminha (Cênicas Núcleo Paralelo/Recife)
Valentim e o Boizinho de São João (Cia. Máscaras de Teatro/Recife)

DANÇA:

Aluga-se Um Coração (Qualquer Um dos 2 Cia. de Dança/Petrolina)
Cordões (Grupo Peleja/Olinda)
Dark Room (Cia. Etc/Recife)
Espaçamento (Cláudio Lacerda/Dança Amorfa/Recife)
Estar Aqui ou Ali? (Visível Núcleo de Criação/Recife)
Eu Vim da Ilha (Cia. de Dança SESC Petrolina/Petrolina)
Ilhados – Encontrando as Pontes (Grupo Experimental/Recife)
Sob a Pele (Dante Cia. de Dança e Teatro/Recife)

Algodão doce, do Mão Molenga. Foto: Ivana Moura

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