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Recife mostra sua dança

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Balé Popular do Recife com Nordeste. Foto: Philip Moura / Divulgação

O 21º Festival de Dança do Recife começa neste sábado (22) com um Campeonato de Breaking e Popping, com grupos de hip hop, a partir das 9h, na Torre Malakoff. Durante todo o dia acontecem os confrontos artísticos individuais. A categoria breaking masculino mostra o talento e versatilidade com a palavra das 9h às 12h. Os duelos de de popping estão marcados para o período das 14h às 17h. O breaking feminino ocupa espaço das 18h às 21h. Cada categoria conta com 28 participantes.

A abertura oficial ocorre às 20h no Teatro de Santa Isabel, com o espetáculo Nordeste, a Dança do Brasil, do Balé Popular do Recife, que comemora seus 40 anos. O grupo leva ao palco os quatro ciclos festivos. As coreografias tratam das manifestações culturais e artísticas do Carnaval, de São João, do Natal, com seus autos e folguedos populares. Além de expressões de origem afro-ameríndia, entre eles Quilombiana, Afro Primitivo, Caboclos de Lança e Maracatu Nação. A direção de Ângela Fisher, com direção artística e coreografias de André Madureira.

A edição deste do festival ocorre entre os dias 22 e 29 de outubro. São 18 sessões nos palcos dos Teatros de Santa Isabel, Apolo, Hermilo Borba Filho, Barreto Junior e Luiz Mendonça. O Paço do Frevo, a Torre Malakoff e a Praça do Arsenal também recebem encenações.

O Campeonato de Batalhas de Breaking e Popping prossegue no domingo (23), com as batalhas em grupo. As 32 crews (tripulações) se enfrentam em trios das 9h às 12h. As eliminatórias continuam das 14h às 22h, até que o grupo campeão seja eleito. O campeonato acontece dentro da Mostra de Danças Urbanas, evento organizado pela Associação Metropolitana de Hip Hop, e que há 11 anos integra a programação do Festival. Um júri formado por integrantes da cena hip hop local, de São Paulo e Brasília processa as seleções.

A montagem Chetuá – a transição entre o universo do vaqueiro do sertão e o boiadeiro da jurema sagrada, da Cia Riacho de Pedra, de Olinda/PE, é a atração do domingo, no Teatro Hermilo Borba Filho, às 19h. A peça coreográfica investiga as vivências, crenças e histórias do povo. A figura do vaqueiro é focalizada no seu universo do Sertão e sua religião da Jurema Sagrada. É uma coautoria dos artistas Aldene Ferreira, Emerson Dias e Mestre Ulisses Cangaia.

Dùvido faz questionamentos existenciais

Dùvido faz questionamentos existenciais

O espetáculo Dùvido, da Cia. Sopro de Zéfiro & Aria Social, leva ao palco movimentos que exploram os conflitos existenciais. O espetáculo questiona a concepção de um outro universo, impalpável, abstrato e transcendente. Um mundo muito além do mundo conhecido, em outra dimensão. A apresentação é no domingo, às 20h, no Teatro de Santa Isabel.

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Um dos destaques nacionais é Saudade de Mim, que usa referencias de Portinari a Chico Buarque. A montagem celebra os 15 anos da Focus Cia. de Dança, do Rio de Janeiro, que se apresenta na terça-feira, 25, no Teatro Luiz Mendonça, no Parque Dona Lindu.

Como parte da ação formativa, Saudade de mim, também tem apresentações gratuitas nos dias 25 e 26, às 16h no Teatro Barreto Junior, e está direcionada a escolas de dança e da rede pública de ensino. Os interessados devem enviar uma lista com os nomes dos alunos para servicosdedancafccr@gmail.com ou confirmar os nomes pelo telefone (81) 3355-3137/38.

Na segunda (24), o grupo argentino Archipiélago Danza exibe Um animal dentro de um animal no Teatro Apolo, às 19h. A peça de dança-teatro e música especula a subjetividade feminina. O corpo aparece como território de indagação. E a produção adianta que a montagem propõe ao espectador ingressar em uma atmosfera de intensidades.

Processo Meia Noite, com criação e performance do bailarino Orun Santana, também indaga questões ligadas ao corpo. A montagem explora a capoeira como elemento criador e motivador do movimento dançado.

A realização do 21º Festival de Dança do Recife é da Prefeitura do Recife, através da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura Cidade do Recife.

PROGRAMAÇÃO

Ginga B Boys e B Girls

Ginga B Boys e B Girls

DIA 22 – SÁBADO
Ginga B.Boys e B.Girls – Associação Metropolitana de Hip Hop Em PE.
Local: Torre Malakoff
Horário: 9h
Classificação: Livre
Entrada franca

Nordeste, a dança do Brasil – Balé Popular do Recife
Local: Teatro de Santa Isabel
Horário: 20h
Classificação: Livre

DIA 23 – DOMINGO

Ginga B.Boys e B.Girls – Associação Metropolitana de Hip Hop Em PE.
Local: Torre Malakoff
Horário: 9h
Classificação: Livre
Entrada franca

Chetuá – Riacho de Pedra
Local: Teatro Hermilo Borba Filho
Horário: 19h
Classificação: Livre

Dùvido – Cia. Sopro de ZéfIro & Aria Social
Local: Teatro de Santa Isabel
Horário: 20h
Classificação: Livre


DIA 24 – SEGUNDA

Un animal dentro de un animal – Archipiélago Danza Teatro (Argentina)
Local: Teatro Apolo
Horário: 19h
Classificação: maiores de 14 anos

Processo Meia-Noite – com Orun Santana
Local: Teatro Hermilo Borba Filho
Horário: 20h30
Classificação: Livre

DIA 25 – TERÇA

Saudade de mim – Focus Cia. de Dança (RJ)
Local: Teatro Luiz Mendonça
Horários: 16h (gratuita para escolas)
Classificação: Livre

Dupla Cômica
– Brow e Taw – & – 8°Sinfonia Fusion – Animatroonicz
Local: Área livre do Centro Apolo/Hermilo
Horário: 20h
Classificação: Livre
Entrada franca

Saudade de mim – Focus Cia. de Dança (RJ)
Local: Teatro Luiz Mendonça
Horários: 20h
Classificação: Livre

DIA 26 – QUARTA

Saudade de mim – Focus Cia. de Dança (RJ)
Local: Teatro Luiz Mendonça
Horários: 16h (gratuita para escolas)
Classificação: Livre

Saudade de mim – Focus Cia. de Dança (RJ)
Local: Teatro Luiz Mendonça
Horários: 20h
Classificação: Livre

DIA 27 – QUINTA

Tijolos do esquecimento – Acupe Grupo de Dança
Local: Teatro Barreto Júnior
Horário: 19h
Classificação: 16 anos

Majho Majhobê Olubajé – Cia. Pé-Nambuco de Dança
Local: Teatro Luiz Mendonça
Horário: 20h
Classificação:Livre

DIA 28 – SEXTA

Programa Duplo
Frevariando e Entre passos e sombrinhas – Cia. de Frevo do Recife & Studio Viégas
Local: Teatro Barreto Júnior
Horário: 19h
Classificação: 16 anos

Traz-humante – Camaleão Grupo de Dança (MG)
Local: Teatro de Santa Isabel
Horário: 20h
Classificação: maiores de 14 anos

Segunda pele – Coletivo Lugar Comum
Local: C. Lugar Comum (Rua do Lima, 210 – Sto. Amaro)
Horário: 20h30
Classificação: maiores de 14 anos

DIA 29 – SÁBADO

Palestra: Patrimônio Vivo, quem pode ser? – Com Marcelo Renan
Local: Paço do Frevo
Horário: 15h
Entrada Franca

Maracambuco: santos, rainhas e leões – Maracambuco
Local: Praça do Arsenal
Horário: 18h
Classificação: Livre
Entrada franca

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Palco Giratório Recife não irá mais acontecer

Ano passado, depois da coletiva do festival Palco Giratório, realizada no Teatro Marco Camarotti, o titulo da matéria que escrevemos aqui no blog dizia: “Palco Giratório mais enxuto no Recife”. A manchete era explicada pelo fato de que, em 2014, 33 companhias participariam do festival. No ano anterior, esse número havia sido bem maior: 42 grupos.

Agora, em 2015, a decisão do Sesc Pernambuco foi mais drástica: acabar com o Festival Palco Giratório Recife, que era realizado há oito anos no mês de maio e concentrava não só os espetáculos nacionais que estão circulando por todo o país, mas também uma programação local e convidados de outros estados. Como festival, era uma possibilidade de alcançar maior público com uma concentração de espetáculos e divulgação, de incentivar a troca entre os artistas e de propor reflexões sobre a cena, com um panorama bastante amplo, tanto da produção local quando nacional.

Com as dificuldades econômicas e sociais em todos os âmbitos políticos, não seria surpresa se o festival sofresse uma redução, mas não foi isso que aconteceu. A decisão de não realizar o festival, segundo José Manoel Sobrinho, gerente de Cultura do Sesc Pernambuco, “no momento é irreversível, ao menos para os próximos anos”.

Ainda segundo José Manoel, a questão não é de ordem econômica: “O Festival Palco Giratório, a despeito de seu significado e importância é uma ação que concentra recursos em um único mês e em uma única cidade. Este princípio não atende ao entendimento que o Sesc Pernambuco vem buscando operar na operacionalização e execução de sua Política de Cultura”. De acordo com o gerente, a instituição “desde 2012 vem intensificando a sua inserção no interior, implantando um modelo de trabalho sustentado no conceito de Corredor Cultural, tendo como objetivo aprofundar e ampliar a oferta de serviços em municípios, sem que obrigatoriamente haja uma Unidade Executiva do Sesc instalada”.

Pernambuco continua recebendo, em escala muito menor e de maneira desconcentrada, a circulação dos espetáculos escolhidos pela curadoria nacional para se apresentarem pelo país inteiro. Apenas 12 dos 20 grupos selecionados virão ao estado até novembro. Nacionalmente, o projeto acontece em 154 cidades. Pernambuco terá dois representantes na programação nacional: o bailarino Dielson Pêssoa, com o solo O silêncio e o caos; e o Balé Popular do Recife, que será homenageado nesta edição.

O silêncio e o caos, do bailarino Dielson Pessôa, vai circular pelo pais. Foto: Renata Pires

O silêncio e o caos, do bailarino Dielson Pessôa, vai circular pelo pais. Foto: Renata Pires

Balé Popular do Recife será homenageado nesta edição nacional do Palco Giratório

Balé Popular do Recife será homenageado nesta edição nacional do Palco Giratório

Galiana Brasil, curadora do Palco Giratório em Pernambuco, está em Brasília para o lançamento nacional do projeto. E, segundo José Manoel, “ela faz parte de uma equipe técnica e a decisão de reordenar a grade programática do Sesc é uma decisão política, da qual ela participou, mas da qual não tem responsabilidade, nem responde”, disse por e-mail, explicando porque seria responsabilidade dele e não de Galiana responder a entrevista.

Ano passado, em longa entrevista ao blog, Galiana Brasil comentou a redução da programação do festival. As palavras de Galiana, no entanto, parecem fazer muito mais sentido agora: “O Palco Giratório é um projeto (um dentre centenas) financiado integralmente pelo SESC, gerido pela instituição até quando ela entender que ele é importante, necessário. Minha opinião quanto a isso importa bem pouco, eu procuro sempre seguir as diretrizes da instituição, e estou subordinada a gerências e direções, em âmbito regional (jargão do SESC para nos referirmos à administração nos estados) e nacional”.

De acordo com José Manoel, “O Sesc tem muita atenção para com o Recife e continuará tendo, mas não será o Festival Palco Giratório a ação motriz desta atenção”.

José Manoel Sobrinho, gerente de Cultura do Sesc Pernambuco

José Manoel Sobrinho, gerente de Cultura do Sesc Pernambuco

ENTREVISTA // JOSÉ MANOEL SOBRINHO

Qual o motivo da não realização do festival Palco Giratório em maio?
O Sesc em Pernambuco é uma instituição com atuação estadual e desde 2012 vem intensificando a sua inserção no interior, implantando um modelo de trabalho sustentado no conceito de Corredor Cultural, tendo como objetivo aprofundar e ampliar a oferta de serviços em municípios, sem que obrigatoriamente haja uma Unidade Executiva do Sesc instalada. De forma responsável o Sesc foi construindo uma metodologia de trabalho que distribui o seu orçamento equilibradamente em seus diversos projetos. O Festival Palco Giratório, a despeito de seu significado e importância é uma ação que concentra recursos em um único mês e em uma única cidade. Este princípio não atende ao entendimento que o Sesc Pernambuco vem buscando operar na operacionalização e execução de sua Política de Cultura.

O Festival Palco Giratório é uma ação do Projeto Palco Giratório e não o contrário, porque neste existem as Aldeias, os Pensamentos Giratórios, os Cursos e Oficinas, que estão para além do Festival. Há uma diretriz de descentro, de desconcentração e de reorganização dos projetos que constituem o Programa Cultura do Sesc em Pernambuco.

Neste momento tão difícil para a cultura da cidade, lembrando que o Festival Recife do Teatro Nacional não foi realizado, porque a tomada dessa decisão? Aconteceu isso em alguma outra cidade do país? Ou é uma coisa isolada? Foi uma decisão do Sesc-PE ou do Sesc nacional?
Foi uma orientação do Sesc Pernambuco, proposta pela Gerência de Cultura e que a Direção do Sesc endossou, porque há uma sintonia entre o trabalho desenvolvido pelas linguagens. Este mesmo modelo gere as práticas de música, artes visuais, literatura, porque o Sesc não é uma instituição das artes cênicas, portanto constrói o seu módulo de trabalho pensando em atingir o público em sua dimensão simbólica com oferta artística multidisciplinar.

O Sesc Nacional não interfere na gestão dos estados, portanto é uma diretriz local, pensando no Estado de Pernambuco e não apenas no Recife e Região Metropolitana.

Ano passado, já percebemos que houve uma redução do orçamento do festival – com a não realização de ações paralelas, como o Cena Gastrô e Bacante. Qual era o orçamento do festival? Foi uma questão financeira?
Não foi uma questão de ordem financeira, foi o início de uma metodologia voltada para a desconcentração dos investimentos. O orçamento do Programa Cultura em 2014 (R$ 11.109.199,81) foi compatível com o de 2013 (R$ 10.669.150,27), isto para a execução de toda a grade programática do Regional. De fato houve uma redução no orçamento do Festival em relação a 2013, mas foi uma decisão estudada, para garantir o equilíbrio do Programa Cultura no Estado e não apenas em Recife.

O Sesc tem muita atenção para com o Recife e continuará tendo, mas não será o Festival Palco Giratório a ação motriz desta atenção.

Essa decisão de não realizar o festival em maio pode ser reversível?
No momento é irreversível, ao menos para os próximos anos.

As ações de descentralização do festival pelo estado foram realmente ampliadas? Como? Porque as Aldeias e as circulações pelo interior já existiam, não é mesmo?
Não há proposta de “ação de descentralização do Festival pelo estado”, o que há é o foco em uma atuação para além das cidades onde o Sesc atua, mas em todas as linguagens. Entre 2015 e 2018 a meta é consolidar as Mostras de Música e de Artes Cênicas espalhadas pelas diversas regiões, estrutura-las, intensificar as ações formativas, gradativamente, contando sempre com a participação da produção do estado. Também concentrar esforços em projetos para a qualificação de gestores culturais, participar de processos de construção de políticas para a cultura, manter regularmente a presença do Sesc com oferta de serviços culturais para as pessoas.

Particularmente em 2015 serão quatro Aldeias, quando em 2014 realizamos apenas a do Velho Chico, em Petrolina. Por sí só, este projeto, o das Aldeias já demonstra que o Sesc continua com seu investimento em Cultura de forma equilibrada e consequente, mas com critérios que demonstrem seu interesse em todo o território pernambucano.

O Nordeste é a região mais representativa na circulação nacional este ano. Em contrapartida, Pernambuco só tem o espetáculo O silêncio e o caos; e a homenagem ao Balé Popular. Noutros anos, tivemos mais representantes. Como você vê isso?
Não procede esta afirmativa, porque o que há é a confirmação da importância de Pernambuco no panorama do teatro e da dança no Brasil. Em 2015 teremos 2 importantes representantes do Estado, ambos da dança o que demonstra a qualidade e representatividade do trabalho aqui realizado. Mas para elucidar lembro que em 2014 tivemos igualmente 2 representantes do Estado ( Grupos Peleja e Magiluth), em 2013 tivemos 1 grupo, a Duas Companhias, em 2012, novamente 2, o Grupo Grial de Dança e a Trupe Ensaia Aqui e Acolá, em 2011 (Coletivo Lugar Comum e Mão Molenga Teatro de Bonecos), em 2010 a representação foi única com o Grupo Experimental e em 2009 com o Coletivo Lugar Comum, em 2008 e 2007 infelizmente não tivemos nenhum representante, em 2006 nosso recorde de 3 representações com a Remo Produções, Mão Molenga Teatro de Bonecos e Grupo de Artistas Independentes e ainda em 2005 tivemos o Terreiro Produções. Tomei apenas como referência os últimos 10 anos para mostrar que, ao contrário, há a consolidação da representação. Pernambuco ainda contou com espetáculos inseridos nas programações dos anos 2000, 2001, 2003 e 2004.

Aproveito para destacar que o Balé Popular do Recife está recebendo uma grande homenagem do Sesc no Brasil, indo a todas as regiões do país, a mesma homenagem que somente receberam Angel Viana em 2014 e Ilo Krugli e o seu Teatro Ventoforte em 2013. O Circuito Especial destaca a cada ano, desde 2013, um ícone, um expoente, uma referência. E é isso que o Balé Popular do Recife é, uma referência para o Brasil.

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