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O picadeiro da vida real

Palhaços - O reverso do espelho. Foto: Célio Pontes

Quando criança, ele queria ser artista. Fugir com o circo. No silêncio da madrugada, ia saindo de mansinho. Mas o pai e a sua vara de marmelo o impediram. Tirou essas criancices da cabeça. Cresceu. E virou vendedor de uma loja de sapatos que sonha em ser gerente.

Agora, só vai ao circo se divertir com as brincadeiras do palhaço quando está com a “cabeça cheia”. É esse o personagem do ator Sóstenes Vidal na peça Palhaços – O reverso do espelho, que estreia hoje, às 21h, em única apresentação, no Teatro Barreto Júnior. A montagem está na programação do festival Palco Giratório, promovido pelo Sesc.

Sóstenes contracena com Williams Sant`Anna, um palhaço que faz questionamentos sobre o que é ser artista e a validade das escolhas que fazemos ao longo do tempo. A direção é de Célio Pontes (essa é a sua primeira direção profissional) e o texto, inédito no Recife, foi escrito em 1974 por um dramaturgo paulista com nome que parece russo: Timochenco Wehbi.

“O texto foi uma grande resposta. Era realmente o que queríamos falar, discutir. O autor carrega nas cores, mas trata da dualidade entre o artista e a “pessoa comum”, explica Célio Pontes. Não é a primeira vez que atores e diretor trabalham juntos. Aliás, muito pelo contrário. Os três estão em cena no espetáculo Auto da Compadecida, que está em cartaz há 19 anos. Sant’Anna é Chicó; Vidal, João Grilo; e Pontes faz Severino do Aracaju.

Quando deixam o teatro, cada um deles tem um papel” na vida real: dois deles são gestores públicos e Sóstenes Vidal é corretor de seguros. “É um pouco do questionamento que fazemos sobre as nossas próprias escolhas. Uma mistura de discussão sobre sobrevivência e arte”, avalia Vidal.

“A gente tem muita afinidade no palco. E Auto da Compadecida, por mais que tenha circulado pelo país inteiro, é mais complicado para viajar, são 25 pessoas. Agora, temos uma produção mais enxuta, intimista e experimentando outro estilo, o psicodrama”, avalia Sant’Anna. Ao mesmo tempo em que discutimos nossas escolhas, estamos fazendo um teatro como antigamente, sem recursos públicos, mas com envolvimento. Uma peça que pretendemos que tenha carreira longa e não que o elenco seja dissolvido depois de algumas encenações”, diz Pontes.

A montagem faz única apresentação no Recife e depois deve ser mostrada noutros lugares do país, aproveitando que Sóstenes Vidal deve gravar nos próximos meses uma série para a HBO no Rio de Janeiro.

Serviço:

Palhaços – O reverso do espelho
Quando: hoje, às 21h
Onde: Teatro Barreto Júnior (Rua Estudante Jeremias Bastos, s/n, Pina)
Quanto: R$ 10 e R$ 5
Informações: (81) 3355-6398

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Boas vindas ao Dona Lindu

A gente ainda não conheceu o espaço, mas os mistérios que rondavam a inauguração dos equipamentos culturais do Parque Dona Lindu – o Teatro Luiz Mendonça e a galeria Janete Costa – parecem que, finalmente, começam a ser desfeitos. Como antecipamos esta manhã, a abertura será com um show de Lenine e da Orquestra Sinfônica do Recife, no sábado (26), mas apenas para convidados. No dia seguinte, às 18h, o show será virado para o pátio do Parque (já que o teatro moderníssimo permite apresentações tanto no espaço interno quanto externo).

O prefeito disse que tinha sim a ideia de inaugurar o teatro com um espetáculo de artes cênicas, mas que isso não teria sido possível por conta de agendas. Bom, a programação de teatro começa no domingo, às 10h, com O fio mágico, do Mão Molenga Teatro de Bonecos; às 16h30, estão previstas intervenções de artistas circenses. Na terça-feira (29) e na quarta (30), às 20h, é a vez da peça O amor de Clotilde por um certo Leandro Dantas, a peça vencedora – na categoria teatro adulto – do último Janeiro de Grandes Espetáculos.

Ainda vai ter o Grial apresentando Travessia, Palhaços em conSerto, dança de rua com o projeto Ubi Zulu Bambaataa, Decripolou, totepou, Polo Marginal – Opereta de rua e Auto da Compadecida. Na programação de música, no dia 2, tem ainda show de Silvério Pessoa, lançando o álbum No grau.

A mostra que abre a galeria Janete Costa é mesmo uma retrospectiva de Abelardo da Hora.

Segundo o prefeito, a coletiva de imprensa não foi realizada já no Dona Lindu porque Lenine e a Orquestra estavam ensaiando no Santa Isabel. Mas garantiu que está tudo pronto para a abertura.

Renato L, por sua vez, disse que será aberta pauta para o teatro e, quando questionado sobre as condições principalmente de iluminação dos outros teatros, disse que tanto o Apolo quanto o Barreto Júnior vão passar por reformas para resolver quaisquer problemas.

Estamos muito curiosas para conhecer o espaço! Esta manhã, tentei conhecer o teatro, mas não consegui entrar. Depois de algumas combinações, o fotógrafo Júlio Jacobina, aqui do DP, foi tirar fotos do teatro (ainda não deixaram entrar na galeria). E ele chegou aqui na redação dizendo que o teatro é muito bonito, tem dois elevadores para o palco, mas que o chão é de alcatifa. “Como vai ser a manutenção? Vai grudar chiclete!”, observou Jacobina.

Foto: Carlos Oliveira/Prefeitura do Recife

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O nome do teatro

O Parque Dona Lindu será inaugurado sábado. Com ele, o recifense ganha o Teatro Luiz Mendonça, homenagem ao ator e diretor Luiz Gonzaga Lucena de Mendonça, nascido no Brejo da Madre de Deus, em 1931 e morto no Rio de Janeiro em 1995.

Ele é descendente da família Mendonça, que fundou o Teatro de Nova Jerusalém, onde é encenada a Paixão de Cristo, na qual ele interpretou Jesus de 1952 a 1968.

Em 1956, participou como ator da primeira e histórica montagem do Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, pelo Teatro Adolescente do Recife, com direção de Clênio Wanderley. No Recife, a peça sai de cartaz no quinto dia. Mas no ano seguinte, obtém o primeiro lugar do 1º Festival de Amadores Nacionais, no Rio de Janeiro, consagrando o grupo e projetando para todo o Brasil o dramaturgo Suassuna.

Mendonça também participa ativamente do Movimento de Cultura Popular – MCP, no Recife, fundado por Miguel Arraes. Até sua morte montou dezenas de peças, no Recife e no Rio de Janeiro.

A programação da inauguração do Parque Dona Lindu ainda não foi divulgada pela prefeitura do Recife. A PCR já ensaiou alguns anúncios desse lançamento, o que deve ser feito hoje. (A Prefeitura anunciou hoje que a coletiva de imprensa será nesta terça. No Teatro de Santa Isabel! Oi?!)

O dramaturgo Luiz Marinho e o escritor Osman Lins também estavam no páreo para emprestarem seus nomes ao teatro.

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