Existe algo mais animador do que se estar diante da possibilidade de que tudo é possível? Em outra perspectiva, nada é impossível. Esse mundo extraordinário fica no fundo de uma floresta, no topo de um vulcão, e se chama Varekai. Lógico que isso é ficção, um terreno que encanta e alimenta sonhos e imaginação. O espetáculo do Cirque du Soleil, que chega ao Brasil em setembro e só acampa no Recife em 2012, traz como atrativo quase irresistível o gancho da celebração da vida, com explosão de energia e variedade de cores e acrobacias. No Recife, a companhia canadense deve ocupar o mesmo espaço no Complexo Salgadinho, mas tudo isso ainda está em negociação.
O discurso da coletiva de imprensa, realizada segunda pela manhã, em São Paulo, reforça essa ideia. Varekai foi criado em 2002 e já foi assistido por mais de seis milhões de pessoas. No Brasil vai circular por oito capitais – São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Brasília, Recife e Salvador. Serão 21 meses no Brasil. A estreia está marcada para o dia 15 de setembro, em São Paulo, e os ingressos para estas apresentações começam a ser vendidos hoje. Na capital paulista, o Varekai fica 11 semanas e em seguida vai para o Rio de Janeiro.
O Bradesco é o patrocinador exclusivo da turnê. Devido à polêmica gerada em 2006 com os incentivos públicos da Lei Rouanet, todo investimento do patrocínio é direto. Os valores não foram divulgados pelo diretor de marketing do Bradesco, Jorge Nasser, que argumentou que são informações estratégicas restritas à política de marketing. E os clientes rede terão alguns privilégios, como comprar antes e com valores divididos. As outras vendas serão comercializadas duas semanas antes do espetáculo começar.
“Na língua cigana, Varekai significa qualquer lugar, e esse espírito nômade representa a vida no circo com ousadia, números aéreos que surpreendem pela grandiosidade, além de acrobacias excepcionais”, vende o espetáculo o presidente da T4f (Time for fun), Fernando Alterio.
O diretor artístico do Cirque du Soleil, Mathieu Gatien, começou a coletiva dizendo que apesar de “Varekai nunca ter vindo ao Brasil, o Cirque se sentia em casa pelo espírito festeiro do brasileiro”. Ele também explicou que a história se aproxima da de Ícaro, herói da mitologia grega que caiu no mar ao tentar chegar perto demais do Sol. Mas a variação ocorre quando o protagonista aterrissa numa terra misteriosa. Lá, ele encontra uma personagem feminina, que se transforma no final. Com o vigia e o guia, eles formam as quatro figuras principais da história, criada e dirigida por Dominic Champagne.
Para reforçar seu argumento sobre a importância das famílias investirem no espetáculo, Gatien declarou que não diria nada de novo, “com tantas catástrofes no mundo, as pessoas precisam da beleza, que não acessível a todos”. Ele acredita que o espetáculo pode proporcionar esse caminho para fugir da dura realidade e alimentar de energia os espectadores.
Para os quase 100 jornalistas que participaram da coletiva (40 deles trazidos de outros estados) foram exibidos dois números. Os mergulhos aéreos de Ícaro, interpretado pelo artista russo Anton Chelnokov, promoviam contorções na rede que o mantinha cativo. Há uma brasileira no espetáculo, “uma pérola”, como a chamou o diretor artístico do Soleil. Ela participa do trapézio triplo, que ocorre no primeiro ato.
*A jornalista viajou a convite do Cirque du Soleil