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Espetáculo “Encantado”, de Lia Rodrigues:
para nos reconectar com a magia do mundo

Encantado, da Lia Rodrigues Companhia de Danças. Foto: Sammi Landweer / Divulgação

Vários tipos de corpos compõem criaturas mágicas e paisagens encantadas. Foto: Sammi Landweer / Divulgação

Espetáculo está em cartaz no Teatro Paulo Autran, do Sesc Pinheiros. Foto: Sammi Landweer / Divulgação

Encantado: particípio passado do verbo encantar. Encantar: submeter (algo, alguém ou a si mesmo) à ação de encanto, feitiço ou magia; enfeitiçar. Por extensão, envolver ou ser envolvido por algo sedutor; maravilhar(-se). Serve ainda como expressão de cumprimento social. No Brasil, a palavra ganha outros sentidos: designa as entidades animadas por forças desconhecidas, que transitam entre céu e terra, nas selvas, nas pedras, em águas doces e salgadas, nas dunas, nas plantas, transformando-os em locais sagrados.

Os bailarinos desenrolam uma enorme colcha de retalhos colorida, como se estendessem um grande rio de tecido, e desaparecerem. Quando a luz aumenta, eles voltam um a um, nus, andando para agarrar os tecidos, propondo maneiras de cobrir e descobrir o corpo ou a cabeça, e convocar os espíritos. Esses vários tipos de corpos compõem criaturas mágicas e paisagens encantadas: imagens, assombros, silhuetas, humanos, animais, vegetais ou minerais, que podem remeter a formas de tigre, sereia grávida, dragão, carruagem de sapo ou graças em transfigurações constantes. É um encontro de essências sobrenaturais.

Na cultura afro-americana, entidades animadas, os “encantados”, trafegam entre terra e céu, dunas e rochedos, e os transformam em lugares sagrados. São essas forças misteriosas, intimamente ligadas à natureza, ameaçadas no mundo de hoje que inspiram o espetáculo Encantado, da Lia Rodrigues Companhia de Danças.

Os artistas se metamorfoseiam ao som de trechos das melodias do povo Guarani Mbya do Brasil, mais precisamente da aldeia de Kalipety do território indígena Ténondé Porã. Esse material, utilizado em looping na trilha composta e mixada com Alexandre Seabra, foi cantado durante a marcha dos povos indígenas contra o marco temporal, realizada no ano passado, em Brasília. Em agosto de 2021, em frente ao Supremo Tribunal Federal, durante a maior manifestação de povos indígenas, 170 tribos exigiam a proteção de suas terras ancestrais, ameaçadas por lobbies agrícolas e seus métodos de desmatamento massivo, em grande parte incentivados pelas políticas de Jair Bolsonaro.

Concebida no contexto da crise sanitária, a peça foi criada entre abril e novembro de 2021, como todos os projetos da companhia desde 2004, no Centro de Artes da Maré, no Rio de Janeiro, instituição criada e dirigida pela Redes da Maré e pela Lia Rodrigues Cia de Danças em 2009.  

A peça segue as pistas da magia na busca da energia ancestral da dança, seu caráter festivo e revolucionário. As demandas política e ecológica estão no corpo criação da coreógrafa Lia Rodrigues.

Encantado estreou em dezembro de 2021 no Festival d’Automne de Paris, fazendo temporada em dois teatros da capital francesa dos quais Lia Rodrigues é artista associada: Teatro Nacional de Chaillot e o LeCenquatre. Está em cartaz no Sesc Pinheiros até 10 de abril, de quinta a sábado, às 21h e domingos, às 18h.

Fúria, de Lia Rodrigues. Foto: Sammi Landweer / Divulgação

O espetáculo Fúria, que passou por São Paulo em 2019 e faz apresentações nos dias Dias 14, 16 e 17 de abril de 2022, de quinta e sábado, às 21h e domingo, às 18h, está repleto do sentimento de perplexidade e indignação despertado pela realidade atual . No palco, os bailarinos lançam perguntas corporais como: “de que lugar estamos falando? Por que estamos falando? Sobre quem estamos falando? Como estamos falando? Para quem estamos falando?”

Ficha Técnica – Encantado 

Criação:  Lia Rodrigues 
Dançado e criado em estreita colaboração com  Leonardo Nunes, Carolina Repetto, Valentina Fittipaldi, Andrey Da Silva, Larissa Lima, Ricardo Xavier, Joana Lima, David Abreu, Matheus Macena, Tiago Oliveira, Raquel Alexandre 
Assistente de criação: Amália Lima 
Dramaturgia:  Silvia Soter 
Colaboração artística  e imagens:  Sammi Landweer 
Criação de luz:  Nicolas Boudier com assistência técnica de  Baptistine Méral e  Magali Foubert 
Operação de luz: Jimmy Wong 
Trilha sonora/mixagem: Alexandre Seabra (a partir de trechos de músicas do  povo GUARANI MBYA/aldeia  de Kalipety da T.I. Tenondé Porã, cantadas e tocadas  durante a marcha de povos indígenas em Brasília em  agosto e setembro de 2021 contra o ‘marco temporal ‘, uma medida inconstitucional, que prejudica o presente e o futuro de todas as gerações dos povos indígenas). 
Produção e difusão: Colette de Turville com assistência de Astrid Toledo 
Administração França: Jacques Segueilla 
Produção Brasil: Gabi Gonçalves / Corpo Rastreado 
Produção e idealização do projeto Goethe Instituto: Claudia Oliveira 
Secretária: Glória Laureano 
Professores: Amalia Lima, Sylvia Barretto, Valentina Fittipaldi 
Uma coprodução de Scène nationale Carré-Colonnes; Le TAP – Théâtre Auditorium de Poitiers; Scène nationale du Sud-Aquitain; La Coursive – Scène nationale de La Rochelle; L’empreinte, Scène nationale Brive-Tulle; Théâtre d’Angoulême Scène Nationale; Le Moulin du Roc, Scène nationale à Niort; La Scène Nationale d’Aubusson; Kunstenfestivaldesarts (Brussels); Brussels, Theaterfestival (Basel); HAU Hebbel am Ufer (Berlin); Festival Oriente Occidente (Rovereto); Theater Freiburg; l’OARA – Office Artistique de la Région Nouvelle Aquitaine; Julidans (Amsterdam); Teatro Municipal do Porto; Festival DDD, dias de dança; Chaillot – Théâtre national de la Danse (Paris); Le CENTQUATRE-PARIS; e Festival d’Automne à Paris. 
Com apoio de FONDOC (Occitanie)/França; Fundo internacional de ajuda para as organizações de cultura e educação 2021 do ministério federal alemão de Affaires étrangères, do Goethe-Institut et de outros parceiros; Fondation d’entrepriseHermès/França, com a parceria de  France Culture 
Lia Rodrigues é artista associada do Théâtre national de la Danse (Paris); Le CENTQUATRE-PARIS 
Uma produção da Lia Rodrigues Companhia de Danças com apoio da Redes da Maré (Campanha “A Maré diz  não  ao  Coronavírus  – projeto  Conexão Saúde”) e do  Centro de Artes da Maré . 
Agradecimentos:  Thérèse Barbanel, Antoine Manologlou, Maguy Marin, Eliana Souza Silva, equipe do Centro de Artes da Maré. 
Encantado é dedicado a Olivier. 

Ficha técnica – Fúria 
Criação: Lia Rodrigues 
Assistente de criação: Amália Lima 
Dançado e criado em estreita colaboração com: Leonardo Nunes, Carolina Repetto, Valentina Fittipaldi, Andrey Silva, Larissa Lima, Ricardo Xavier, Joana Lima, David Abreu, Matheus Macena, Tiago Oliveira, Raquel Alexandre 
Também criado por: Felipe Vian, Clara Cavalcante, Karoll Silva 
Dramaturgia: Silvia Soter 
Colaboração artística e imagens: Sammi Landweer 
Criação de Luz: Nicolas Boudier 
Operação de Luz: Jimmy Wong 
Produção e difusão internacional: Colette de Turville 
Produção e difusão Brasil: Gabi Gonçalves/ Corpo Rastreado 
Secretária/administração: Glória Laureano 
Professoras: Amália Lima, Sylvia Barreto 
Coprodução: Chaillot – Théâtre national de la Danse, CENTQUATRE-Paris, Fondation d’entreprise Hermès dans le cadre de son programme New Settings,  Festival d’Automne  de Paris, MA scène- nationale, Pays de Montbéliard, Les Hivernales – CDNC (França);  Künstlerhaus Mousonturm Frankfurt am Main, Festival Frankfurter Position 2019 –BHF-Bank-Stiftung, Theater Freiburg,  Muffatwerk/Munique (Alemanha); Kunstenfestivaldesarts, Bruxelas (Bélgica); Teatro Municipal do Porto,  Festival DDD – dias de dança (Portugal). 
Uma realização da Lia Rodrigues Companhia de Danças com o apoio da Redes da Maré e do Centro de Artes da Maré. 
Lia Rodrigues é uma artista associada ao Chaillot-Théâtre national de la Danse e ao CENTQUATRE, França. 
Agradecimentos:  Zeca Assumpção, Inês Assumpção, Alexandre Seabra, Mendel Landweer, Jacques Segueilla , equipe do Centro de Artes da Maré e da Redes da Maré. 

SERVIÇO 
Fúria e EncantadoLia Rodrigues Companhia de Danças 
Onde: Teatro Paulo Autran (1010 lugares) – R. Pais Leme, 195 – Pinheiros, São Paulo
Encantado 
Quando: De 17 de março a 10 de abril de 2022. Quinta a sábado, às 21h. Domingos, às 18h  
Ingressos: R$ 40 (inteira), R$ 20 (credencial plena/meia)   
Duração: 60 minutos  
Classificação: 16 anos  
Fúria 
Quando: Dias 14, 16 e 17 de abril de 2022. Quinta e sábado, às 21h. Domingo, às 18h 
Ingressos: R$ 40 (inteira), R$ 20 (credencial plena/meia)   
Duração: 70 minutos  
Classificação: 16 anos 

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