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Maurice Durozier faz nova conferência hoje

Maurice Durozier, do Théâtre du Soleil. Fotos: Pollyanna Diniz

Maurice Durozier lançou ontem seu livro Palavra de ator, editado pela Prefeitura do Recife, e rodado nas impressoras da Cepe. Antes ele exibiu o espetáculo-conferência em tom confessional sobre o ofício do intérprete ao longo dos anos. A apresentaçao ocorre novamente neste domingo, às 18h, no Teatro Capiba, que fica no Sesc de Casa Amarela.

No sábado, o teatro de 100 lugares nao foi totalmente ocupado. As reflexões de Maurice sao preciosas e deveriam interessar a um número maior de atores, diretores e acadêmicos da área. Bem, quem perdeu ontem, ainda tem hoje. Só nao vai ter o jantar, com cardápio do proprio Maurice, que foi oferecido ao público. Aliás, o jantar é uma tradiçao do Théâtre du Soleil.

A conferência de Maurice foi dividida em dois atos. Como numa entrevista, a atriz Aline Borsari fez as perguntas e as forças e fragilidades do ofício foram destrinchadas a partir da experiência de Durozier. Muitos momentos foram emocionantes. Ele lembrou primeiro o homem, depois o poeta. Lembrei de Brecht. Para ser um bom artista ou alcançar a excelência nao se pode descartar a ética e o respeito. Como em qualquer profissão, aliás, para uma pessoa de bem.
Maurice tocou em pontos nelvrálgicos, como o ego dilatado, o esgoísmo do ator em cena, que quer aparece mais do que o outro. Ele falou de sua vivência e de como contornar essas armadilhas de sentimentos.

Maurice Durozier e Aline Borsari

“O ator deve deixar a parte da infância aberta”. E o melhor é que nao é apenas frase de efeito, mas uma prática profissional. O ator tambem falou da emoção. Se o ator é um ser que carrega dentro de si um mundo criativo que ele nao sabe bem o que é, no mar real, “a tempestade nao é uma metáfora”.

Francês lançou o livro Palavra de ator, com o apoio da Prefeitura do Recife

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No outro lado do espelho

Uma colaboração de Paulo Carvalho…
A matéria saiu hoje, no Diario de Pernambuco.

“O teatro é um templo, uma alma. Tudo – histórias, personagens, ações boas e ruins – está inscrito nas paredes. É por isso que nós atores somos muito supersticiosos. Há forças que temos que, se não dominar, aprender a viver com elas”. Esses ensinamentos são do ator, encenador e professor do tradicional grupo parisiense Théâtre du Soleil, Maurice Durozier, e atualizam temas de sua mais recente passagem pelo Recife com a promoção da oficina O teatro é o outro (já em andamento e exclusivo para atores) e dos espetáculos-conferências Palavra do ator, nos próximos dias 24, às 20h, no teatro Marco Camarotti; e 30, às 21h, no Teatro Hermilo Borba Filho, abertos ao público e com entrada gratuita. Promovida pelo Sesc e Prefeitura do Recife, a vinda de Maurice é ladeada pela atriz e assistente Aline Borsari, uma da três brasileiras a integrar o grupo de 80 atores do Soleil em Paris.

O link com a cidade aconteceu através do cearense Grupo Bagaceira de Teatro e do nosso Coletivo Angu (mais especificamente através de um convite feito na sede do teatro francês pelo ator André Brasileiro). Neste momento, todo o grupo está em turnê, no Brasil, onde apresentam o espetáculo Os náufragos da louca esperança, a partir do dia 5 de outubro em São Paulo – com passagem prevista ainda pelo Rio de Janeiro e Porto Alegre. “Chegamos duas semanas antes desta estreia para realizar o curso e o ciclo de espetáculos-conferências no Recife”, explica Maurice, para depois oferecer algumas interpretações para o nome do curso, O teatro é o outro. Desde o último dia 19, a oficina acolhe 50 participantes pernambucanos, sendo promovida até o próximo dia 30 de setembro num total de 50 horas de convivência artística, nos teatros Hermilo e Marco Camarotti.

“São várias as interpretações para este nome. O Théâtre du Soleil trabalha muito com criações coletivas e tudo esta relacionado com o outro. Nesse sentido, a participação individual no processo de criação é uma coisa mínima em relação ao que você pode receber do outro, em relação ao estímulo de imaginação que o outro pode provocar em cena. Esse é um dos aspectos deste tema: nessa oficina trabalhamos juntos e tento transmitir o nosso método de trabalho. Outra face desse tema é a relação do ator com o seu personagem. O personagem é um outro, não é o ator. É outra personalidade que toma lugar no interior do ator e todo trabalho é chegar a essa despossessão que chamamos também de o dom de encarnação”.

Sobre a primeira conferência, a ser realizada no próximo sábado, Maurice acrescenta: “A minha família fazia teatro já há quatro gerações e então caí neste mundo quando era bebê. Não gostava de estar no palco: gritava, chorava, contaram-me depois. Fui criado por meus avós, que eram atores e, em casa, não havia separação entre as coisas da vida e do teatro. Depois, quando voltei a fazer teatro, com 16-17 anos, entrar no palco era como estar na minha casa. Mais tarde, entrei neste grupo. Nele fazemos peças muito longas. Portanto, são horas e horas nesse outro mundo, no outro lado do espelho. Nesse mundo, vivo tudo que tenho que viver como ator, mas, saindo do palco, sensações, reflexão, pensamentos, crônicas, sempre chegavam e pensei que agora era o momento para falar disso: da vida do ator, a partir do interior, do que está acontecendo dentro dele”.

Ator conversou ontem com o repórter Paulo Carvalho

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Ator do Théâtre du Soleil ministra oficina no Recife

Maurice Durozier ministra oficina O teatro é o outro

Assisti ao espetáculo Les éphémères três vezes. Duas sessões no Porto Alegre em Cena, uma na íntegra (de seis horas de duração) e outra dividida em duas partes. A terceira na sede do Théâtre du Soleil, na Cartoucherie, nos arredores de Paris, na França. Tive oportunidade de acompanhar a performance de Maurice Durozier em momentos diferentes. Lembro vivamente da atuação dele ao lado de Juliana Carneiro da Cunha numa cena em que ele fazia um marido meio nervoso, cheio de tiques. Atuações em outras peças só vi por DVD.

Mas fiquei encantada com seu desempenho, humano e sempre com um toque de humor.

Aguardamos ansiosos a segunda temporada no Brasil do Théâtre du Soleil, dirigido por Ariane Mnouchkine. Les Naufragés du fol espoir tem apresentações marcadas em São Paulo (5 a 23 outubro), Rio de Janeiro (de 8 a 19 novembro) e Porto Alegre (5 a 11 dezembro).

Antes disso, porém, o ator e diretor Maurice Durozier ministra oficina no Recife.

A paquera do Coletivo Angu de Teatro com o ator do Soleil vem há quase dois anos. E juntou o útil ao agradável. A oficina será aberta a outros participantes, além dos integrantes do Coletivo Angu. Isso foi possível porque a trupe conseguiu patrocínio da Prefeitura do Recife e do Sesc Pernambuco para a oficina.

O teatro é o outro é nome do programa ministrado por Durozier (e terá como assistente a atriz do do Théâtre du Soleil, Aline Borsari), e está marcado para o período de 19 a 30 de setembro, das 16 às 22h, segunda a sexta, nos Teatros Hermilo Borba Filho e Marco Camarotti. É um curso prático de interpretação e que tem por base o método de trabalho de criação coletiva do Théâtre du Soleil.

Ator está no Théâtre du Soleil desde 1980

Maurice Durozier está na companhia francesa desde 1980, e participou de inúmeras montagens, entre elas Richard II, La nuit des rois e Henry IV, de Shakespeare; L’histoire terrible mais inachevée, de Norodom Sihanuk; Roi du Cambodge, L’Indiade ou l’Inde de leurs rêves, Et soudain des nuits d’éveil, de Hélène Cixous; Les Atrides (Ciclo dos Atridas, reunindo peças de Eurípides e Ésquilo); Le dernier Caravansérail, Les éphémères, Les Naufragés du fol espoir, criações coletivas do Soleil.

Ele ministra cursos no exterior e, no Brasil, conta com três passagens por Fortaleza (CE): a primeira delas em 1988, em companhia de Georges Bigot, quando passou três meses entre Fortaleza e Cariri, trabalhando com atores locais; em 2008 e em 2010, na programação dos 100 anos do Theatro José de Alencar, ocasião em que, além de oficina, realizou um seminário sobre o Théâtre du Soleil.

O número máximo de participantes para a oficina no Recife é 50. Por isso será feita seleção de candidatos, a partir do currículo resumido e carta de intenção. As inscrições podem ser feitas até 16 de setembro, no Teatro Hermilo Borba Filho (Av. Cais do Apolo, s/n, Bairro do Recife, fones: (81) 3355 3319), das 9h às 17h, com Izolda Barreto. E também até o dia 16 on line – instruções pelo blog www.oteatroeooutroemrecife.blogspot.com. A taxa de inscrição custa R$ 30. O resultado da seleção será divulgado por telefone e/ou por e-mail.

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