Maurice Durozier lançou ontem seu livro Palavra de ator, editado pela Prefeitura do Recife, e rodado nas impressoras da Cepe. Antes ele exibiu o espetáculo-conferência em tom confessional sobre o ofício do intérprete ao longo dos anos. A apresentaçao ocorre novamente neste domingo, às 18h, no Teatro Capiba, que fica no Sesc de Casa Amarela.
No sábado, o teatro de 100 lugares nao foi totalmente ocupado. As reflexões de Maurice sao preciosas e deveriam interessar a um número maior de atores, diretores e acadêmicos da área. Bem, quem perdeu ontem, ainda tem hoje. Só nao vai ter o jantar, com cardápio do proprio Maurice, que foi oferecido ao público. Aliás, o jantar é uma tradiçao do Théâtre du Soleil.
A conferência de Maurice foi dividida em dois atos. Como numa entrevista, a atriz Aline Borsari fez as perguntas e as forças e fragilidades do ofício foram destrinchadas a partir da experiência de Durozier. Muitos momentos foram emocionantes. Ele lembrou primeiro o homem, depois o poeta. Lembrei de Brecht. Para ser um bom artista ou alcançar a excelência nao se pode descartar a ética e o respeito. Como em qualquer profissão, aliás, para uma pessoa de bem.
Maurice tocou em pontos nelvrálgicos, como o ego dilatado, o esgoísmo do ator em cena, que quer aparece mais do que o outro. Ele falou de sua vivência e de como contornar essas armadilhas de sentimentos.
“O ator deve deixar a parte da infância aberta”. E o melhor é que nao é apenas frase de efeito, mas uma prática profissional. O ator tambem falou da emoção. Se o ator é um ser que carrega dentro de si um mundo criativo que ele nao sabe bem o que é, no mar real, “a tempestade nao é uma metáfora”.