A temporada do espetáculo Abrazo, da companhia potiguar Clowns de Shakespeare, na Caixa Cultural Recife, ainda foi divulgada por um anúncio no Jornal do Commercio desta sexta-feira (13). O grupo deveria cumprir a última semana de apresentações da peça, com mais quatro sessões, mas a temporada foi cancelada no sábado passado, sem explicações, já com o público aguardando na fila para ver a segunda apresentação do dia. (Confira nossa matéria anterior)
Como resposta à atitude da Caixa Cultural Recife, os artistas do Clowns de Shakespeare e do Recife se mobilizaram. O resultado é uma apresentação única no Teatro Apolo, no bairro do Recife, que vai acontecer neste sábado (14). Todos vão se encontrar na Praça do Arsenal, às 15h, mesmo horário em que deveria começar a primeira sessão na Caixa. De lá, haverá uma caminhada até a instituição, onde será lido um manifesto, e depois o grupo segue para o Apolo. A entrada no teatro municipal será gratuita.
O ato em protesto contra a censura foi uma iniciativa dos movimentos Batendo o Texto na Coxia e Virada Cultural do Teatro do Parque, mas artistas de diversos grupos da cidade, movimentos sociais, e a sociedade em geral devem participar da manifestação. O festival Reside, inclusive, mudou o horário e o local da palestra Festivais e a Economia Criativa, com Márcia Dias, “Para que todos possam estar presentes na manifestação contra a censura e em solidariedade ao grupo Clowns de Shakespeare”, diz a chamada do facebook da Remo Produções. A palestra que seria às 14h, no Sesc Casa Amarela, será às 18h, no Apolo mesmo.
Ontem (13), o Clowns de Shakespeare divulgou uma nota oficial, informando que “foi aberto um processo judicial apresentando um pedido de tutela antecipada em caráter antecedente, junto à 2a Vara Federal da Justiça Federal/PE”.
Confira a nota oficial do grupo:
Este sábado marcará uma semana desde o cancelamento da segunda sessão da obra Abrazo, na Caixa Cultural Recife.
Desde então, as tentativas de comunicação com a Caixa tiveram retornos inconsistentes, resumindo-se a alegar que havíamos infringido o inciso VII da Cláusula Quarta, que prevê que a contratada seja obrigada a “zelar pela boa imagem dos patrocinadores, não fazendo referências públicas de caráter negativo ou pejorativo”, e que isso teria ocorrido no bate-papo realizado após a primeira sessão.
Ainda sem ideia do que poderia ser alegado, uma vez que não reconhecemos nada que pudesse gerar esse tipo de reação, e diante da ausência de informações adicionais, não conseguimos imaginar outra razão para essa recisão que não seja censura ao nosso trabalho e pensamento.
Dessa forma, nesta quinta, 12/09, foi aberto um processo judicial apresentando um pedido de tutela antecipada em caráter antecedente, junto à 2a Vara Federal da Justiça Federal/PE.
Paralelamente, com muita alegria e comoção tomamos conhecimento da criação de uma ação em protesto contra a censura numa iniciativa dos movimentos “Batendo o Texto na Coxia” e “Virada Cultural do Teatro Parque”, que rapidamente ganhou adesão de inúmeros grupos, movimentos sociais, artistas e da população em geral.
Agregando força a esse ato, e graças ao apoio de muitos parceiros, conseguimos uma pauta no Teatro Apolo, e lá faremos uma apresentação do espetáculo ao final do ato, que terá como concentração a Praça do Arsenal, às 15h (horário que iniciaria a primeira sessão), de lá seguiremos para a frente da Caixa Cultural, e então partiremos ao Teatro Apolo, onde faremos a apresentação, com acesso gratuito, mediante a limitação de lugares da casa.
Assim, acreditamos que fecharemos a primeira etapa dessa jornada tão intensa, difícil, mas ao mesmo tempo repleta de suporte e carinho de tanta gente, novos e antigos parceiros, instituições e pessoas que acreditam nos mesmos princípios que nós, e que lutam por um país livre e democrático.
Convocamos todos a juntarem-se a esse movimento neste sábado, 14 de setembro, às 15h, na Praça do Arsenal, Recife, com todos de camisas e bexigas brancas!
Abrazos a todas e todos!