“Não há nada mais assustador à dignidade humana do que se perceber nu. Isso porque não se trata da nudez dos deuses, mas a de um mortal.”
“Aquele que não enxerga não sabe o que não vê, porque quando se sabe o que não vê, de alguma forma, já está vendo.”
“Tradição e traição são duas palavras de escrita e fonética tão semelhantes em nossa língua quanto o são interligadas em seu significado mais profundo. Não há traição sem tradição. Assim como não há tradição sem traição.”
“Enquanto as tradições trazem o poder das instruções do passado, colaborando com a reprodução da espécie, a Alma é a força traidora e transgressora, que traz o poder de instruções do futuro, colaborando com a evolução da espécie.”
O espetáculo Alma Imoral é um fenômeno de longevidade. Em temporadas pelo Brasil desde 2006, o monólogo já foi visto por mais de 230 mil pessoas. A adaptação do livro homônimo do rabino Nilton Bonder, feito pela atriz Clarice Niskier, resultou no provocante monólogo, que está em cartaz até sábado no Teatro da Caixa, no Bairro do Recife.
Sozinha em cena, Clarice Niskier hipnotiza a plateia com histórias e parábolas da tradição judaica. De elementos de palco, ela dispõe de uma cadeira e um pano preto que, concebido pela figurinista Kika Lopes, transforma-se em oito diferentes vestes (mantos, vestidos, burcas e véus). O cenário de fundo infinito é de Luís Martins, a luz de Aurélio de Simoni, a música de José Maria Braga, a direção de movimento de Márcia Feijó, a preparação corporal de Mary Lima e a preparação vocal Célio Rentroya. A supervisão de Amir Haddad.
A atriz discorre ou instiga à reflexão sobre noções de certo e errado, moral e imoral ou da necessidade de trair para romper limites. Essa história de trair é mais ampla do que o medo que assalta a quase todos de ser trocado por outro (a) (abrir mão de um pensamento ou raciocínio, mudar de posição diante de um determinado estudo). Clarice explode, seguindo os passos de Bonder, conceitos caros à civilização, como corpo e alma, obediência e desobediência.
A encenação já esteve no Recife em duas ocasiões: como parte da programação do Janeiro de Grandes Espetáculos, em 2008, e no ano passado, como a primeira peça a se apresentar no Teatro Eva Herz, no Shopping RioMar.
Clarice levou o Prêmio Shell de Melhor Atriz, em 2007 pela atuação espetáculo. A encenação parte da premissa que corpo e alma são duas naturezas conflitantes e interdependentes. A tensão gerada pelo confronto dessas duas forças, a conservadora e a transgressora, move os universos humanos.
Tudo depende da forma como olhamos para coisas, da maneira de interpretar o mundo. Clarice compõe sequências mentais, amplia raciocínios para trabalhar com reflexos. A peça busca discutir limites da ética do corpo moral (guardião) e a alma imoral (rebelde)
SERVIÇO
Espetáculo Alma Imoral
Texto: Nilton Bonder
Adaptação, direção e atuação: Clarice Niskier
Quando: de 11 a 13 de abril, Quinta e sexta-feiras, às 20h e sábado às 17h e 19h30.
Onde: Caixa Cultural Recife (Avenida Alfredo Lisboa, 505 – Praça do Marco Zero, Bairro do Recife).
Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia entrada para estudantes e professores, funcionários e clientes da CAIXA e pessoas acima de 60 anos). Cada pessoa pode comprar 2 ingressos.
A capacidade Do Teatro é de 96 lugares.
Classificação: Não recomendado para menores de 18 anos
Tempo de duração: 80 minutos
Informações: (81) 3425-1906
Linda, e conseguiu levar ao teatro gente que nunca vi nas filas de espetáculos. Um parcela dos ricos e finos estava lá para conferir.