Projeto arquipélago

 

Iniciativa de crítica teatral. A identidade visual do projeto é assinada pela designer Fernanda Ficher.

Crítica teatral é um trabalho intelectual, emotivo, físico, metafísico, artístico, um projeto de vida. Pensamos que sim e apostamos nesse exercício de pensamento que tem como desafio se reinventar o tempo todo.

E temos uma boa nova. O Satisfeita, Yolanda? – ao lado do Guia Off, Farofa Crítica, ruína acesa, e Tudo, Menos Uma Crítica – participa do nascedouro do projeto arquipélago de fomento à crítica apoiado pela Corpo Rastreado. É um apoio financeiro mensal para a manutenção e a remuneração de um trabalho muitas vezes feito na “raça”.

O projeto está lançado. Sinais de novos tempos. E como já dizia Glauber Rocha, toda arte tem que ter ambição. E desejamos que em 2023, o arquipélago seja ampliado por outras ilhas, que cheguem outros subsídios para movimentar mais a crítica teatral no Brasil.

Nos últimos anos, observamos a diminuição de espaços e o consequente esvaziamento da crítica teatral em grandes veículos de imprensa. Ao mesmo tempo, há a emergência de plataformas online, desde sites e blogs até perfis em redes sociais, produzindo valorosas reflexões críticas em torno da produção teatral no país. A internet possibilitou a multiplicação de vozes, construindo passo a passo um panorama mais diverso em torno da fruição, registro e análise da cena contemporânea.

Quase a totalidade de tais veículos, porém, trabalham de forma independente e muitas pessoas se colocam como voluntárias no exercício da escrita crítica; algumas fazem desta seara seu campo principal de atuação, enquanto outras seguem desenvolvendo trabalhos em paralelo. A ausência de remuneração traz riscos para a continuidade da prática da crítica teatral a nível profissional, e a (pretensa) horizontalidade das redes também traz consigo desafios em torno da autoridade e da legitimidade da pessoa crítica.

Acreditamos que a crítica teatral é antes de tudo parceira da criação artística, sendo uma aliada no campo de disputa do simbólico e de produção de imaginários, especialmente em tempos de crise como os que vivemos. Desse modo, confiamos e apostamos na possibilidade de parcerias com artistas, grupos, produtoras e todas as partes envolvidas na complexa cadeia produtiva da cultura.

Na ânsia de seguir construindo juntes, insistimos por sermos apaixonades pelo teatro. Pela reflexão, pelas reverberações, pela escrita em suas variadas formas. Insistimos em estar lado a lado com artistas, grupos e produtoras independentes, na batalha diária que é viver nesse país trabalhando com arte e cultura. Insistimos e desejamos estar perto; insistir juntes.

Assim, coletivamente lançamos o projeto arquipélago. Com o apoio da produtora Corpo Rastreado, cinco veículos receberão um aporte mensal para a publicação de duas críticas teatrais no escopo do projeto. Somos, neste primeiro momento, Guia OffFarofa Crítica, ruína acesaSatisfeita, Yolanda? e Tudo, Menos Uma Crítica

Ambicionamos que, em 2023, o arquipélago ganhe novas ilhas; maiores dimensões possíveis para o subsídio e a consequente oxigenação da crítica teatral no Brasil. Neste sentido, estamos abertes para novas parcerias a fim de amplificar os investimentos e, assim, mais casas críticas possam ser também contempladas. Um apoio financeiro mensal para a manutenção e a remuneração de um trabalho muitas vezes feito apenas movido por desejo e insistência.

Acreditamos que haverá aderência de outros agentes, no sentido tanto de legitimar a produção crítica teatral independente quanto de captação de verbas para a ampliação do projeto – queremos este arquipélago espalhado pelo Brasil!

Neste momento de nascimento, da emergência destas ilhas em rede, pensamos ser fundamental sermos também transparentes: ainda que a verba para a viabilização do projeto venha da Corpo Rastreado, não se trata de uma filiação dos veículos à produtora, de modo que todas as pessoas participantes seguirão seus próprios critérios e desejos na escolha das obras que terão críticas publicadas dentro do projeto arquipélago.

A identidade visual do projeto foi feito pela designer Fernanda Ficher.

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