Os rumos de um festival

Coletiva de imprensa do Festival Recife do Teatro Nacional. Foto: Luciano Ferreira/divulgação

Coletiva de imprensa do Festival Recife do Teatro Nacional. Foto: Luciano Ferreira/divulgação

“Começou nesta sexta-feira (22) mais uma edição do Festival Recife do Teatro Nacional”. Talvez essa não seja a frase mais apropriada para iniciar esse texto. Talvez não seja só “mais uma edição”. Depois de 15 anos, é a primeira vez em que o festival sofreu realmente uma alteração no seu perfil. Se quando foi criado e ao longo de todos esses anos, a mostra serviu para trazer ao Recife espetáculos de grupos que estivessem se destacando no cenário nacional, fosse pela excelência artística, pelas novas proposições à cena, pelas experimentações de linguagem (além de congregar os espetáculos locais, mas nunca como foco principal), desta vez, esses não foram elementos norteadores.

Como explicou o gerente do Centro Apolo-Hermilo e coordenador do festival, Carlos Carvalho, durante a coletiva de imprensa do lançamento do FRTN, realizada no Teatro Apolo, “o que se apresenta para este presente e para o futuro é que aqui agora não vão estar só os grandes. Os grandes neste sentido daqueles que têm os melhores patrocínios, os melhores esteticamente, etc. Vai (sic) estar os grandes, os pequenos que fazem o melhor naquele lugar, etc, etc. A gente não está negando o passado. A gente está tentando encontrar um caminho novo”.

Para que a grade do festival fosse montada – com apenas dois espetáculos de grupos de fora de projeção realmente nacional – o Galpão e a Armazém Cia de Teatro, um edital foi colocado na praça para que os grupos se inscrevessem. De acordo com o coordenador do festival, 150 inscrições foram recebidas.

“O recorte é o teatro do possível do Brasil. Isso é lindo. Isso é lindo. Com todo o respeito, eu não sei qual seria o curador que iria a Taboão da Serra ou iria a uma tribo indígena. Mas a tribo indígena poderia dizer: olha, eu estou fazendo um teatro aqui na minha taba. E por isso ele não é moderno, ele não é contemporâneo, ele não é bom? Ele é bom no possível dele para o Brasil. Essa diversidade nos interessa neste momento. Eu acho que não tem nenhuma questão de ser contra ou a favor. É questão de opção política”, explica Carlos.

Uma comissão formada pela atriz, diretora e gestora cultural Maria Clara Camarotti, pelo ator e representante do Conselho Municipal de Política Cultural do Recife Paulo Maffe, e o ator, diretor e gestor Williams Sant’Anna escolheu os 18 espetáculos que serão apresentados no festival deste ano.

Segundo Gustavo Catalano, gerente Geral de Ações Culturais da Fundação de Cultura da Cidade do Recife, a participação da comissão retirada no Fórum de Artes Cênicas realizado em agosto, no Mamam, foi “efetiva” na construção da mostra.

Além de Carlos Carvalho e Gustavo Catalano, a secretária de Cultura Leda Alves também participou da coletiva de imprensa.

……

Questões que talvez devessem fazer parte de uma discussão com a classe:

– É importante para a cidade que o perfil do Festival Recife do Teatro Nacional (assim como o Janeiro de Grandes Espetáculos e o Palco Giratório têm os seus perfis) seja mantido?
– O FRTN precisa ser repensado. Mas esse é o melhor caminho de o festival fazer diferença para a cidade?
– Os grupos de maior projeção no país, que não necessariamente são ricos e têm patrocínio (na maioria das vezes não tem, como sabemos!), vão realmente se inscrever em editais para virem ao Recife?
– Como deve ser a valorização da classe artística na política cultural da Prefeitura do Recife? Garantindo, por cota e norma, que 50% das vagas do festival são dos pernambucanos?
– E as condições dos teatros no Recife?
– E o SIC?
– E o fomento municipal?
– E a formação?

……

Usando as palavras de Ivana Moura durante a coletiva de imprensa, nossa posição aqui no Satisfeita, Yolanda? sempre foi e será o questionamento.

…….

Uma das perguntas de Ivana Moura durante a coletiva foi sobre o gerente de teatro, já que estamos em novembro e a equipe de gestão relacionada às artes cênicas ainda não estava completa:

Ivana Moura: O nosso gerente de teatro já existe?
Leda Alves: Você está desinformada?
Ivana Moura: Estou perguntando. É porque devo estar, né? (risos)
Leda Alves: Há quase um mês que é Romildo.
Ivana Moura: Romildo é das artes cênicas, não?
Leda Alves: Das artes cênicas.
Ivana Moura: E o de teatro?
Leda Alves: Que teatro?

Gustavo Catalano: O gerente de teatro já está com nome, estamos só para publicá-lo. Ainda não podemos falar.

Leda Alves: Dos equipamentos, né?

Gustavo Catalano: Exato. Na realidade, na Fundação de Cultura existem o gerente de artes cênicas e mais três gerentes: circo, dança e teatro. Nomeamos o gerente de circo, de dança, o de artes cênicas e o de teatro já estamos com nome, já foi discutido com dona Leda e estamos só aguardando a autorização para publicação. E acreditamos que até o final do mês deve ser publicado.

Bom, ontem à noite tivemos a informação de que o novo gerente de teatro foi finalmente escolhido: Jorge Clésio.

……

Coletiva de imprensa contou com as presenças de Leda Alves, Gustavo Catalano e Carlos Carvalho

Coletiva de imprensa contou com as presenças de Leda Alves, Gustavo Catalano e Carlos Carvalho

Trechos da coletiva de imprensa do Festival Recife do Teatro Nacional

Como foi a seleção dos espetáculos para o festival através de edital?
Carlos Carvalho: Tenho certeza que, para o (próximo) ano, consolidado o processo público de seleção, a gente terá com certeza a participação de mais espetáculos de diversas partes do Brasil. No entanto, tivemos 150 projetos inscritos. É um número significativo para um primeiro ano de edital. Desses 150 projetos inscritos, 36 projetos foram selecionados por uma comissão que selecionou esses projetos composta por um represente do Conselho Municipal de Políticas Culturais, um representante da Secretaria de Cultura, e teríamos a participação de um representante da Universidade Federal de Pernambuco. No entanto, nós recebemos uma comunicação do Centro (Departamento) de Teoria da Arte, que não era possível enviar um professor, uma vez que eles estavam com muitos problemas de reposição de aulas. Então nós tivemos que indicar outra pessoa para ocupar esse espaço que seria da Universidade Federal de Pernambuco. Mas isso em nenhum momento diminuiu a grandeza e a qualidade do processo de seleção. Então, desses 36 projetos que a comissão indicou, nós fizemos contatos, e aí começa um processo difícil que é de adequação daqueles projetos aos nossos espaços, adequação de espaços físicos, adequação de possibilidades técnicas, e adequação orçamentária. Então depois de passado esse processo de adequações e também de agenda dos grupos – uma vez que o grupo quando manda, ele diz que quer vir, mas do dia em que ele se inscreve até o dia em que ele é comunicado que está selecionado, a vida continua, então, muitas vezes, aparecem problemas de agenda e a gente não teria aquele grupo naquele dia, etc, etc, etc. Bom, então desses projetos indicados pela comissão, nós tiramos 18. A outra seleção se deu porque o edital previa, que também é novo isso, a garantia de que 50% da programação de espetáculos seria de espetáculos locais. Então a gente garantia, estamos garantindo, dentro dessa vitrine do festival, que na verdade o festival é uma vitrine de difusão, a participação da produção local, com 50% da grade de programação. E o edital também previa 30% de convites. A Secretaria de Cultura e a Fundação de Cultura ainda teriam a possibilidade de fazer 30% de convites da grade. Mas só convidamos um grupo, que foi o grupo Galpão, de Minas Gerais, que está abrindo o festival, no Sítio da Trindade, no dia 22 de novembro, às 20h, e também fará uma récita no dia 23, também lá, no Sítio da Trindade.

Agradecimentos à equipe
Carlos Carvalho: Gostaria aqui de registrar o meu agradecimento a três pessoas, fora o pessoal aqui do teatro, que tem trabalhado incansavelmente. A Ivo Barreto, a Eron Villar e a Margot. Que tem dado sangue, suor, lágrimas e risos, de manhã, de tarde e de noite para que a gente pudesse estar hoje aqui fazendo essa coletiva. E também a Catalano e a toda a sua equipe e também a todo o pessoal de comunicação da prefeitura, que é muito gentil, e também o pessoal da gerência de literatura….

Leda Alves: Desculpe interromper, mas eu não me referi e é uma exigência dentro de mim, que eu não posso adiar. A presença de Catalano nas nossas equipes. (….) E aqui a gente faz realmente o trabalho colegiado, todo trabalho aqui é de baixo pra cima. Ele tem contribuído muito e a gente tem aprendido também com ele. Então o projeto não é só da Secretaria. É da Secretaria e da Fundação de Cultura.

Homenageado do festival
Carlos Carvalho: Nesse processo de criação, a gente chega a quem homenagear? Durante os 15 anos de festival, sempre se homenageou alguma personalidade, um teatrólogo, um ator, etc, que contribuiu no teatro brasileiro e no teatro pernambucano. E chegamos então a Samuel Campelo e não por acaso. Quando a gente diz que depois do debut, a gente precisava repensar, depois de 15 anos, repensar e retomar outro caminho, nada melhor do que ter sido Samuel. Parece que foi escrito. Porque Samuel é a pessoa que começa no estado de Pernambuco e um dos primeiros no Brasil, a tornar possível um teatro brasileiro. Depois de Samuel, depois do grupo Gente Nossa, vem o Teatro de Amadores de Pernambuco e aí sucede-se uma série de realizadores, o Teatro do Estudante de Pernambuco, o TPN, e aí todas as outras experiências já nos anos 70, 80, e por aí vai. Então Samuel é importantíssimo. Samuel está no mesmo quilate de um Arthur de Azevedo, Samuel está no mesmo quilate de um Martins Pena. Ele funda a possibilidade de um teatro pernambucano e brasileiro com temática brasileira. E ele advogava também que, naquela época, como todos os teatros naquela época eram ocupados os seus tablados pelas operetas e burlescas francesas, que o teatro pernambucano e brasileiro precisaria, assim como Martins Pena fez, trazer o tema brasileiro, a problemática brasileira, e partindo da diversão. O que, de alguma forma, vem de encontro quando Hermilo – e é a minha frase predileta – que Hermilo Borba Filho diz que “ninguém se diverte na missa”. Então esse lugar sagrado que você não vai para se divertir, você vai para se religar, você vai para ter foco, no caso de Samuel, ele dizia que naquela época o teatro precisava tirar o foco do cotidiano e fazer diversão para fazer plateia. E ele foi um dos primeiros, digamos assim, grandes diretores do Teatro de Santa Isabel, do qual dona Leda foi uma grande diretora e eu tive o prazer de trabalhar com ela. (…)

Gustavo Catalano: Carlos, eu queria só fazer uma observação. Carlos falou sobre os 50% de artistas pernambucanos. Isso é uma determinação tanto da secretaria quanto do nosso prefeito Geraldo Júlio, da valorização dos artistas pernambucanos. Por consequência, isso transfere a nós uma responsabilidade de fazer com que isso aconteça e o edital nos ajudou muito a isso, não é verdade, Carlos? A gente sentiu que os grupos pernambucanos se interessaram, entraram mais dentro do processo, quando a gente colocou o edital na rua. Então acho que ele foi muito importante também neste sentido, no sentido de integrar os artistas pernambucanos nesse processo, e nesses novos festivais, para que a gente conseguisse executar as diretrizes da nossa secretária e do prefeito Geraldo Júlio na valorização dos artistas pernambucanos.

(…)

Perguntas dos jornalistas:

Ivana Moura: Quais grandes festivais vocês usaram como modelo para montar a programação do Festival Recife do Teatro Nacional através de edital?
Carlos Carvalho: Não conheço. Ou não tenho conhecimento assim geral de quais são os festivais que são por edital. Acho que a maioria é por curadoria. Mas isso também não quer dizer, assim, da gente mudar, que um é ruim e o outro é bom. É questão de opção. Quando é um curador, a opção é que alguém vai ter um recorte sobre uma vasta produção dentro de um tema. O tema é, sei lá, política. E o cara faz um recorte, mas o olhar é dele. No caso, ele vai procurar aqueles grupos, aquelas produções, que satisfazem aquela perspectiva que ele está fazendo um recorte. No caso do edital, é o inverso. Quando eu digo: eu procuro você, não é você quem me procura. Eu digo: olha, eu estou aqui. Você quer me ver? Então é diferente o olhar. Isso nem coloca pontos positivos nem para um, nem para outro, de dizer esse é melhor, esse é pior. É questão de opção. A opção que nós fizemos foi: se a gente se abre para o Brasil e os grupos do Brasil têm a possibilidade de dizer eu quero ir a Recife. Com isso você vai ter um olhar mais alargado. Nesse caso aqui, por exemplo, o festival deste ano não tem um recorte. O recorte é o teatro do possível do Brasil. Isso é lindo. Isso é lindo. Com todo o respeito, eu não sei qual seria o curador que iria a Taboão da Serra ou iria a uma tribo indígena. Mas a tribo indígena poderia dizer: olha, eu estou fazendo um teatro aqui na minha taba. E por isso ele não é moderno, ele não é contemporâneo, ele não é bom? Ele é bom no possível dele para o Brasil. Essa diversidade nos interessa neste momento. Eu acho que não tem nenhuma questão de ser contra ou a favor. É questão de opção política. É uma política de se abrir mais e essa eu acho que é a questão. Assim como também no carnaval, no são João, assim como foi no festival de inverno de Garanhuns, que não era por edital e nem por conta disso diminuiu a qualidade dos espetáculos, abriu-se para a diversidade. A gente não pautou nessa decisão “agora vamos romper com o passado”. De jeito nenhum. O que pautou foi nós vamos ter outro olhar para o futuro.

Leda Alves diz que edital é um instrumento da democracia

Leda Alves diz que edital é um instrumento da democracia

(….)

Leda Alves: O edital vai ser usado como um instrumento da democracia. A gente quer, que é uma das funções e missões da secretaria, criar ou abrir espaços para todas as pessoas que produzem cultura, que fazem a cultura, para todos os artistas, da capital e do interior. Você veja: o nosso São João foi alimentado por muita gente do interior. Como Carlos tinha passado sete anos trabalhando pelo interior com o Governo do Estado e estava disponível para vir para cá, ele integrou o meu grupo de trabalho e ele trazia informações de conhecer, de conviver, de testar, de saber que é bom. E foi uma coisa comentada pelas comunidades que conheceram grupos que nunca tinham conhecidos e ouvir deles a chance de virem ao Recife se apresentar, mostrar sua arte. É essa troca, esse angu que a gente quer que a cultura seja, dando acesso a todos. Segunda liberação para nós da democracia que o edital nos dá: sem injunção de pedidos. Uma das coisas mais difíceis pra gente: os amigos, os parentes, os políticos, a pedirem e a provarem que os seus candidatos são os melhores do mundo. E a gente tem essa grande arma de dizer: o edital está na praça. Se inscreveu? Não? Agora, inscreveu-se? Então fique tranquilo! Que a gente vai analisar cá e você entra. Então isso também facilita muito a democracia e dá credibilidade ao artista de que ele irá, de que é verdade o que ele assinou ali, e que nós realizaremos. Isso vem ao encontro, não é de encontro, ao encontro, a uma determinação do prefeito: a prioridade é o da terra.

(…)

Ivana Moura: O Festival Nacional ele foi pensado, inclusive você está no nascedouro desse pensamento, em busca de uma excelência artística, que ela estivesse espalhada pelo Brasil e que se pudesse buscar isso. Você acha que, com esse edital, foi possível conseguir essa excelência para este ano?

Carlos Carvalho: Sim. A excelência do possível.

Ivana Moura: Pode ser possível, mas pode não ser excelência. Daqui a pouco vamos começar a filosofar!

Carlos Carvalho: A excelência pra quem? O edital abriu as possibilidades, os grupos se inscreveram, uma comissão analisou os projetos e a gente adequou os projetos às condições. Eu não sou um curador do festival. Eu não sou um curador. O curador é o edital e a comissão.

Leda Alves: Então foi feito por uma equipe de especialistas. O objetivo dele é principalmente a troca de experiências, de aprendizados, daí haver várias oficinas. Agora, geralmente, a gente só pode avaliar a eficácia e o fruto desse edital, quando avaliar o festival. É um caminho novo. O edital a gente lançou, respondeu, a gente montou o festival, vamos ver. Essa pergunta você faz a gente quando acabar.
(…)

Ivana Moura: É porque nós temos 15 anos de edição de festival antes desse festival. 15 edições conhecidas e acompanhadas.

Leda Alves: E o que é que tem?

Ivana Moura: O que tem é que, durante esse tempo, os grandes grupos brasileiros estiveram presentes nesse festival. O que estou pontuando…

Leda Alves: Vamos acabar o festival para ver.

Carlos Carvalho: Eu concordo. Agora, o que se apresenta para este presente e para o futuro é que aqui agora não vão estar só os grandes. Os grandes neste sentido daqueles que têm os melhores patrocínios, os melhores esteticamente, etc. Vai estar os grandes, os pequenos que fazem o melhor naquele lugar, etc, etc. A gente não está negando o passado. A gente está tentando encontrar um caminho novo.

Ivana Moura: O que é um caminho novo?

Carlos Carvalho: O edital para os 15 anos é novo. É o caminho.

Ivana Moura: Edital é um caminho novo? É porque edital eu acho que é um caminho já pensado, exercitado noutras situações.

Leda Alves: Não estou dizendo a peça jurídica edital não. A utilização dele para o acesso ao festival, para a pessoa participar desse festival está sendo através deste instrumento legal chamado edital.

Carlos Carvalho: Deixa eu perguntar uma coisa. Quando você me pergunta isso você está me dizendo que você é contra o edital?

Ivana Moura: Eu não sou contra nada. Minha posição aqui é perguntar.

Carlos Carvalho: E eu estou perguntando a você também.

Leda Alves: A pergunta transparecia isso. Você tem direito de estranhar, até de desconfiar, é um direito que você tem.

Ivana Moura: Eu me preocupo com a qualidade da programação de um festival que eu acompanho desde o começo.

(…)

Carlos Carvalho: “Eu estou dizendo que é preciso a gente discutir, mas discutir com o coração aberto. Porque não é interessante a gente ter uma discussão que seja sempre sólida e todo mundo estar a favor. O que é bom é que a gente tenha os discursos diferentes para a gente encontrar um caminho. Assim como o Janeiro encontrou um caminho que eu, inclusive, acho que não é o melhor. Eu, particularmente, Carlos Alberto Carvalho Correia, não acho que é o melhor. Já discuti isso com Paula (de Renor). Mas é uma opção de três pessoas ou quatro, mas três que assinam o festival. Nós estamos agora olhando outro espaço, outra forma de conduzir. E a gente pode ter, inclusive, a humildade, se fosse o caso, de dizer: olha, não deu certo. Mas porque não deu certo? Tem que fazer primeiro.

(….)

Ivana Moura: Qual foi a efetiva participação no festival daquela comissão de artes cênicas que foi tirado lá no Mamam, no Fórum de Artes Cênicas?
Gustavo Catalano: Após uma reunião que fizemos com o fórum temático de artes cênicas foi tirada duas comissões: uma comissão para o festival de dança e outra para o festival de teatro. E essas comissões vieram para que, junto com os gerentes, nomeados para coordenar cada festival, montassem a estrutura deles. O que seriam eles? Se o edital seria o edital, se o edital seria uma curadoria. Naquele momento em que já estava muito próximo já dos festivais. E a gente apresentou o edital, discutiu esse edital, discutimos texto, discutimos tudo dentro desse contexto. E aí após essa aprovação, após essa discussão toda, foi que a gente lançou o edital. A gente não lançou oficialmente da nossa cabeça.

Ivana Moura: Então esse grupo teve uma participação efetiva na formulação dessa história? Que são os representantes da classe?

Gustavo Catalano: Efetiva.

Carlos Carvalho: Ele foi consultado.

Leda Alves: Não só isso.

Gustavo Catalano: Também. Uma participação efetiva. Várias reuniões. Vieram.

Carlos Carvalho: O grupo foi consultado. Todos os pontos foram elencados, a gente discutiu. Samuel (Santos), Rodrigo Dourado…é….

Gustavo Catalano: A gente não excluiu a sociedade civil do processo não. Muito pelo contrário. A intenção é incluir a sociedade civil na discussão dos festivais.

Postado com as tags: , , , , , , ,

14 pensou em “Os rumos de um festival

  1. Tony Macedo

    Retrocesso. Esta é a palavra que primeiro vem a minha cabeça quando leio notícias sobre o nosso já tão festejado Festival Recife do Teatro Nacional . A ideia do edital me parece equivocada, ao ver a programação me deparo com uma confusa salada, será que isso cairá bem? um chá digestivo, por favor. Eu que acompanho há anos este festival, fico sinceramente preocupado com os novos rumos que estão dando a ele. Ele – o festival – merecia estar entre os melhores do nosso país, no entanto, olhem onde ele se encontra. Lamentável.

    Responder
  2. michelotto

    quando a gente se depara com uma mesa dessas
    é bem melhor sair de cena
    e deixar tudo para eles sozinhos
    -vamos ver o que conseguem fazer sem ter ninguém para montar em cima!!!!

    EU NÃO VOU MAIS A FESTIVAL NENHUM “DA PREFEITURA”
    tenho mais o que fazer

    Responder
    1. cristiano lins

      TUDO ISSO POR PURA HIPOCRESIA, NA REALIDADE O NOSSO TEATRO NUNCA TEVE TÃO RUIM DE GESTORES UMA DINOSAURA QUE JÁ FOI SECRETARIA 150 VEZES E NÃO ACRECENTOU NADA, E NÃO TEM SAUDE PARA CORRER ATRAS DE RECURSOS PARA RECUPERAR OS TEATROS, E UM HIPOCRITA PUXA-SACO QUE APENAS QUER DEFENDER O SEU SALARIO, O TEATRO PERNAMBUCANO ENCONTRA-SE NA SARGETA. E TODA A CLASSE TEATRAL SE CALA E FAZ QUE NÃO ESTA VENDO NADA SÃO CONIVENTES COM TODA ESSA SUJEIRA.

      Responder
  3. Pingback: Uma sexta-feira de muitos movimentos | Blog do Marcelo Sena

  4. ANDRÉ FILHO

    A POLÍTICA DE NINGUÉM PARA CULTURA NENHUMA

    PROFUNDAMENTE LAMENTÁVEL o que acabo de ler no site http://WWW.satisfeitayolanda.com.br . Como integrante da comissão de teatro, juntamente com Rodrigo Dourado, Samuel Santos, Roberto Carlos e Gilberto Brito, venho publicamente externar a minha profunda indignação com as declarações da Secretária de Cultura da Cidade senhora Lêda Alves, do senhor Carlos Carvalho e do senhor Gustavo Catalano, sobre a participação desta comissão na elaboração do edital referente ao Festival Recife do Teatro Nacional. Isto é uma mentira deslavada. Jamais tivemos qualquer participação nesta publicação, jamais aprofundamos sequer nenhum dos pontos ali contidos. Tivemos apenas uma reunião, onde foi apenas citado que iria haver um Edital de convocação para os grupos locais, mas nunca nos foi apresentado sequer uma cópia do mesmo para apresentarmos nossas reflexões, apenas nos foi dito que estava sendo elaborado e que em outra reunião nos seria apresentado, outra reunião que nunca aconteceu. Muito pelo contrário, as nossas tentativas de dialogo se esgotaram após inúmeros cancelamentos de reuniões, cancelamentos estes todos registrados através de emails, e da única ata de reunião redigida por mim e repassada a todos os integrantes da comissão, com cópia ao senhor Carlos Carvalho. E o senhor Gustavo Catalano, que aliás não participou de nenhuma reunião com nossa comissão, disse que houve vários encontros, eu gostaria que o mesmo apresentasse as datas desses encontros e os registros dos mesmos. E agora somos tomados de surpresa com esta declaração absurda de que participamos efetivamente na elaboração deste Edital, que prá mim é um verdadeiro Frankstein. Enquanto artista e cidadão, prá mim fica claro o completo despreparo da atual equipe governamental que comanda a nossa política cultural. Uma secretária de cultura que desconhece existir uma gerência específica de teatro, um gerente Geral de Ações Culturais da Fundação de Cultura da Cidade do Recife, que desconhece questões amplamente discutidas e formatadas nas Conferencias Municipais de Cultura e que vêm à publico dividir a responsabilidade com a sociedade civil pela elaboração de um edital pensado e completamente elaborado pelo próprio governo, é no mínimo querer nos tratar como bobos da corte. Quem elaborou este plano de governo diabólico para a nossa cultura? Quem elaborou este famigerado edital para selecionar os espetáculos que participarão do nosso Festival? Que se apresente, que traga prá si a responsabilidade. Eu, como integrante da comissão de teatro, não aceito esta pecha de corresponsável por nada do que está acontecendo neste Festival. Alguém se apresente e assuma a responsabilidade. Com certeza não fomos nós fazedores de teatro, sofredores de anos e anos de ignorância cultural de nossos governantes. Estes mesmos governantes que olham para a cultura apenas pelo viés do folclore e do mero entretenimento. É uma vergonha o que estamos presenciando, talvez o maior retrocesso de nossa história política cultural e o pior, querem responsabilizar a classe artista por isso. Lamento profundamente para onde estamos caminhando. A hora é de nos unirmos enquanto sociedade civil, enquanto artistas. Há uma lista de questões prioritárias que precisam ser colocadas na agenda dessa discussão com urgência. Até quando vamos ficar inertes assistindo a POLÍTICA DE NINGUÉM, PARA CULTURA NENHUMA?

    Responder
    1. cristiano lins

      TUDO ISSO POR PURA HIPOCRESIA, NA REALIDADE O NOSSO TEATRO NUNCA TEVE TÃO RUIM DE GESTORES UMA DINOSAURA QUE JÁ FOI SECRETARIA 150 VEZES E NÃO ACRECENTOU NADA, E NÃO TEM SAUDE PARA CORRER ATRAS DE RECURSOS PARA RECUPERAR OS TEATROS, E UM HIPOCRITA PUXA-SACO QUE APENAS QUER DEFENDER O SEU SALARIO, O TEATRO PERNAMBUCANO ENCONTRA-SE NA SARGETA. E TODA A CLASSE TEATRAL SE CALA E FAZ QUE NÃO ESTA VENDO NADA SÃO CONIVENTES COM TODA ESSA SUJEIRA.

      Responder
  5. Paula de Renor

    Dizem que não se deve mexer em time que está ganhando… Neste caso as mudanças não são bem vindas! Lembro então as palavras do grande filósofo Chico “Um passo adiante e não estamos no mesmo lugar…” Um ano a mais e o que deu certo no ano anterior pode não satisfazer no ano seguinte, porque mudamos, nossas posições talvez se inverteram, amadurecemos, o país muda, lemos mais, ou talvez menos, nosso nível de exigência artística melhora ou piora, etc….
    Enfim, chega de viagem!!! Acho que toda mudança é bem vinda! Precisamos ver o resultado do festival para depois fazer uma análise de conteúdo. Acho que só um festival no Brasil trabalha com edital, o Festival de São José do Rio Preto. Ele mescla edital ( com um grupo de curadores de vários estados) e convites. Acho que a grande questão não é curadoria ou não, perfil deste ou daquele festival… a questão é: o que os festivais têm deixado para cidade e artistas? Não acho que somente apresentações sejam o caminho! Festival que não deixa ação de continuidade em alguma forma, não cumpre sua função e é sobre isso que temos que discutir.
    Tenho viajado bastante conhecendo as realidades e formas de produção de muitos festivais. Posso dizer que conheço quase todos os grandes festivais ( faltam uns 2). De agosto até novembro, estive nos estivais de Londrina, Brasília, em Edimburgo , Buenos Aires, México, Rio e estou agora num festival em Lima. Assisti cerca de 70 espetáculos em todos estes lugares e as estruturas e intenções de cada um desses. E a cada festival, mais a pergunta me persegue: para quê e para quem ?
    Fiquei encantada com o Festival de Edimburgo: 12 festivais acontecendo ao mesmo tempo na cidade, e ela passa de 500 mil habitantes no mês de agosto, para 1 milhão! O turismo aumentou, 2.000 espetáculos em cartaz, artistas trabalhando, a produção local sendo vista por 200 curadores , a cidade lucrando, empregos sendo gerados…
    E aí volto a pensar em nossa realidade: estreia agora o Festival Recife do Teatro Nacional, 48 dias antes do Janeiro de Grandes Espetáculos! Duas verbas que poderiam se juntar num único mês como Edimburgo e de fato se realizar um grande festival, com atrações internacionais maravilhosas, nacionais de grande porte, de grupos também emergentes e o local em destaque para um mercado que se abre cada vez mais! Ao invés de 2 festivais capengas! Capengas,sim, pois nenhum dos 2 garanto, programa exatamente o que deseja! Poderíamos ter residências artísticas que poderiam ser a ligação entre os meses de novembro e janeiro. Precisamos de formação continuada e prolongada! Ações de parcerias e co-produções ! Não estou sugerindo que o JGE fique com a verba do Festival Recife! Estou propondo uma fusão! Edimburgo tem 40 anos, e demorou bastante tempo para entender isso! Porque nós insistimos em não aprender com experiências exitosas? As realidades são as mesmas!!!! Temos que mudar, que pensar adiante! Um exemplo do que digo: menos de 2 meses para o JGE, não temos definição de verba da Prefeitura e Governo do Estado! São 20 anos, gente, desta mesma forma! Imagine se tivéssemos um orçamento de quase 2,5 milhões ( juntando os dois), o que poderíamos fazer! Recife poderia ver Bob Wilson, Teatro Cinema do Chile, Grecko do UK, Malayerba do Equador, Odin, Pansori Brecht UKCHUK-GA da Coreia, etc…
    Cada vez que venho a um festival vou ficando mais deprimida, pois não posso convidar o que acho que fará diferença no Janeiro, mas sim o que dá para trazer, assim, nossa curadoria não pode ser definida como realmente um perfil que tentamos seguir… tentamos sobreviver na cultura do “o que dá prá levar” e isso é muito angustiante! Sempre que vejo um espetáculo maravilhoso, penso na minha cidade, no público, nos meus colegas atores e produtores. Sinto uma momentânea felicidade e prazer em assistir ao espetáculo, mas depois bate aquela frustrante sensação de impossibilidade!
    Torço para que tudo siga bem no Festival Recife! Sei do esforço da equipe ,principalmente de Carlos Carvalho que é um cara de teatro que dedicou e dedica sua vida a ele e a melhoria de uma política cultural. Ele pensou democraticamente, pensou no teatro local, em outras possibilidades, e isso merece nosso respeito ! Edital, com 50% para produção local, é um fato inédito, gente!
    Mas pessoal, vamos discutir além! Os governos precisam ser mais fomentadores que produtores e precisamos juntar nossas ações para melhorar a cidade! ( Não sei o que me deu hoje! Tô muito sentimental! Acho que é saudade da terrinha!!!!!)

    Responder
  6. Kil Abreu

    Amigos de Recife,
    A melhor posição ética, no caso, seria ficar calado. Como diz a Secretária Leda Alves, com razão, o melhor seria esperar o festival acontecer para avaliar. Como todos sabem, fui curador do Festival Recife do Teatro Nacional por quatro edições. Considero estes anos entre os mais importantes da minha trajetória profissional, e isso já tendo feito curadoria para quase todos os maiores festivais de teatro do Brasil, inclusive os internacionais. Entretanto, como os gestores citaram em vários momentos as edições passadas, e como conheço boa parte do que foi programado para esta edição, sinto que o melhor é fazer a réplica. Tentarei ser pontual.
    Como todos sabem, o Festival Recife do Teatro Nacional carecia de reformulação, e intuíamos que ela viria num tempo breve. Mas, bem ou mal, o que nunca se colocou em questão foi a necessidade de que se mantivesse a qualidade artística, sem a qual nenhuma discussão de política cultural sobrevive. Não quero dizer com isso que todas as escolhas feitas por mim e pelos outros curadores tenham sido acertadas, ainda porque, em qualquer caso, erros e acertos dependem de pontos de vista. Mas, sem dúvida, a questão da excelência artística, mesmo quando não tenha sido unânime na recepção, era um norte inegociável para todos – para a gestão, a curadoria, a classe teatral local. E assim foi.
    Olhando agora as falas na apresentação do Festival, me ocorre o seguinte – e aqui já me posiciono ao que é central no argumento dos gestores atuais: há uma lição já aprendida há mais de 50 anos no teatro brasileiro, a da conjugação entre estética e política. Dizia o bom e insuspeito Vianinha – um artista de esquerda – que um teatro político sem qualidade formal, sem estofo poético sustentado, é apenas um panfleto, e pode servir bem ao discurso, mas serve pouco à arte. O exemplo pode parecer distante, mas não é. A questão de fundo é a mesma. Ainda que não se fale de teatro político, é sobre uma visão de política para o teatro que se fala. Só que, salvo engano, na cabeça da Secretária e da equipe dela os termos ressurgem invertidos. Senão, vejamos: na opinião de Carlos Carvalho, basta criar um canal novo de acesso para que o quadro se democratize. Esquece ele, entretanto, que a arte felizmente não vive só de intenções. Conheço uma boa parte dos trabalhos selecionados via edital e me antecipo a dizer que, em geral, na parte que mais interessa, que é a do interesse artístico, o evento vai regredir. Isso é um prejuízo, porque como sabemos que havia muito espaço para mudanças e a expectativa era a de que elas viriam para melhorar, não para afundar o FRTN.
    Se o Carlos Carvalho me permite a revisão, é fácil perceber, ao menos nas edições que curei, que o Festival nunca em nenhum momento e nem de longe foi feito com “os grandes” e os patrocinados. O argumento é ruim, tendencioso e facilmente contestável. Muito pelo contrário, nossas escolhas sempre se pautaram pelo teatro de exceção, de pesquisa, de grupo e de apelo anti-comercial. Se em determinados momentos tivemos uma Beth Goulart, um Edu Moscovis, uma Debora Falabella, um Edwin Luisi, não foi por apelo comercial, mas porque aqueles trabalhos interessavam em algum aspecto no plano artístico. Ademais, se me permitem uma sugestão, o fato de termos atores da tv nos elencos, desde que em montagens com relevância estética, só deve ser comemorado, porque estes espetáculos, como vimos, agregaram ao evento a classe média regular, que não iria ao festival não fosse por esse chamado, e que acabou assistindo a proposições de outra ordem por conta disso. Só o preconceito cego colocaria em departamentos imexíveis essas estratégias. Ademais, junto a isso, o grosso do Festival sempre foi o da prospecção estética mais avançada (que em minha opinião é o princípio de uma política avançada – uma não se faz sem a outra). Vários grupos centrais na cena brasileira só puderam pisar em solo pernambucano a convite nosso, para participar do Festival. Lembro entre outros o Lume, que em 25 anos de trajetória nunca antes havia se apresentado em Recife, e o Club Noir, e Cia do Latão, e Cia São Jorge, e os Clowns de Shakespeare, e a Cia. Brasileira, e o Grupo Espanca, e o Teatro independente, e… muitos outros que definitivamente não são “grandes” (senão no sentido artístico) nem necessariamente patrocinados. Se não fosse pela porta do FRTN certamente ainda seria inéditos em PE.
    Quanto ao fato de a grande local ser mais enxuta, não me estendo muito, é de conhecimento de todos que havia a perspectiva de um jogo informal com o Janeiro de grandes espetáculos, que na sequência inverteria a estratégia do FRTN, compondo uma programação basicamente local, com alguns convidados de fora. Então é outro argumento parcialmente falho.
    Desfeitas essas imprecisões, gostaria de dizer que por princípio não sou contra nem a favor do chamamento por editais ou curadorias, e acho legítimo que uma gestão queira fazer uma política com base nesse ou naquele instrumento. A questão não deve ser esta. A questão é que uma visão estreita sobre o uso de qualquer desses instrumentos tende a fazer deles meios para uma política equivocada.
    De um modo ou de outro, vale a pena, sim, perguntar, como aliás já perguntou a Ivana Moura, sobre o porquê de os melhores festivais do país não se pautarem por editais. Aqui vale outra correção (na fala de Paula de Renor): o Festival internacional de São José do Rio Preto – que eu já curei – tem um chamado misto, de inscritos e convidados, mas a programação é de longe composta mais por espetáculos convidados que por selecionados via inscrição.
    A discussão, no entanto, não deveria ser pautada pela oposição curadoria X edital, porque isso seria redundar no tema do modelo. E cada modelo pode ter infinitas variações, inclusive as que misturam um instrumento a outro. A questão é que essas escolhas pedem, em qualquer caso, um ponto de vista firme sobre a política cultural como um todo. Se o ponto de vista for estreito, tende a empobrecer o processo, vagamente em nome de uma “democracia” que já no primeiro olhar rima prontamente com “demagogia”, qual seja, é discurso que na verdade tem interesse meramente retórico na questão de fundo (bom teatro, para usufruto e formação do olhar da população). Senão, para que se quereria um teatro cheio de boas intenções, senão para dar verniz à imagem do próprio governo? O problema é que boas intenções não significam necessariamente teatro de boa qualidade – e isso, por fim, não é só um formalismo, uma questão estética. É uma questão política também, sobretudo em se tratando de ações envolvendo o dinheiro público. Porque teatro morto, mesmo bem intencionado, não agrega. Tende a estimular que as pessoas fiquem em casa vendo a Tela Quente.
    Abraços muitos aos meus bons amigos do Recife, minha segunda Belém, que eu adoro.

    Responder
  7. Carlos Carvalho

    Bem-vindos todos os argumentos e opiniões.
    Convido todos para outros espaços de compartilhamento de ideias: A Experiência do Cooperativismo em São Paulo, com Ney Piacentini, no espaço Fiandeiros, dia 26/11, às 18 horas e Tecendo Redes – A Redemoinho no Recife, com Fernando Yamamoto e Ney Piacentini, no Teatro Hermilo Borba Filho, 28/11, às 18 horas. Como também a Avaliação do Festival, segunda feira, 02/12, no Teatro Hermilo Borba Filho, às 19
    horas.
    Uma abraço Carlos Carvalho

    Responder
  8. Wellington

    É uma vergonha essa administração – essa entrevista é o retrato do CANTO DO CISNE de uma prefeitura que não quer TEATRO – por favor FORA LEDA

    Responder
  9. Enne Marx

    Gente, o festival é apenas uma questão dentre tantas mais e mais importantes como criação do fundo SIC, fomento para pesquisa, equipamentos com luz e som de qualidade, RH competente nos equipamentos, mais formação para as artes cênicas, criação de mais salas de espetáculo, afinal estamos numa metrópole. No fim das contas edital ou curadoria neste festival não mudaria nenhuma destas questões que falei acima. O buraco é mais embaixo e nós precisamos nos articular e tentar mudar este cenário!

    Responder
  10. George Meireles

    Kil , as questões levantadas por você são muito pertinentes. Confunde-se, propositadamente, forma de seleção com processo democrático. A prioridade de um festival de teatro deve ser sempre a excelência artística. Democracia na execução de um festival democratizar o acesso ao bem fazer teatral à população e à classe artística. Afinal, é dinheiro público gasto na ação cultural. Para quem? A cidade assiste ao FRTN?
    A proximidade entre a realização de dois festivais de teatro, dois meses, na mesma cidade é um absurdo! Q O mais responsável seria somar esforços e realizar um único grande festival. Ou o mais importante é a ação, independente dos benefícios para a população que a mesma pode deixar?

    Responder

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *