MITsp traz ao palco conflitos, discussão e crítica

As irmãs Macaluso

As irmãs Macaluso

Na cidade mais cosmopolita do Brasil, um festival que discute o teatro feito além do nosso umbigo. Produzido no mundo. Que coloca em pé de igualdade a apresentação da obra e as reverberações que podem surgir a partir daí: encontros com diretores, grupos, pesquisadores, crítica. É exatamente pela combinação desses elementos que a Mostra Internacional de Teatro de São Paulo – MITsp – é, mais uma vez, tão potente de possibilidades.

A segunda do festival, aberto na noite de ontem, no auditório Ibirapuera, em São Paulo, com a presença do prefeito Fernando Haddad, de representantes do Ministério da Cultura, do Sesc, do Itaú Cultural e da Oi, traz este ano espetáculos da Rússia, Alemanha, Inglaterra, Ucrânia, Holanda, Itália, Israel, Colômbia e Brasil.

Matando o tempo. Foto: Juan Carlos Mazo

Matando o tempo. Foto: Juan Carlos Mazo

Antônio Araújo, diretor do Teatro da Vertigem, e Guilherme Marques, diretor geral do CIT-Ecum (Centro Internacional de Teatro Ecum) pensaram uma programação a partir da ideia de conflito, inclusive territorial. O espetáculo israelense Arquivo, por exemplo, com direção e autoria de Arkadi Zaides, usa imagens projetadas do arquivo do Centro de Informação Israelense pelos Direitos Humanos nos territórios ocupados. Voluntários palestinos que vivem na Cisjordânia receberam câmeras para gravar o dia a dia na ocupação.

As montagens geralmente também apresentam radicalidades com relação à encenação. Stifters Dinge, da Alemanha, direção de Heiner Goebbels, propõe uma performance sem atores, “uma instalação sonora e imagética que experimenta o cruzamento das artes visuais com a música erudita contemporânea”, diz o material do programa da MIT.

Stifters Dinge. Foto: Mario del Curto

Stifters Dinge. Foto: Mario del Curto

O festival traz ainda a sua primeira coprodução: o espetáculo Canção de muito longe, da Holanda, com direção de Ivo van Hove, que estreia no Brasil. Na montagem, “um jovem banqueiro retorna de Nova York para sua cidade natal, Amsterdã, para assistir ao funeral do seu irmão mais novo”, antecipa o programa.

As atividades de debate e formação incluem, por exemplo, uma ação intitulada Diálogos Transversais, que traz nomes geralmente de outros campos do conhecimento que não as artes cênicas, para discutirem os espetáculos logo após a apresentação. Para exemplificar, José Miguel Wisnik vai tratar de Canção de muito longe; Raquel Rolnik de Julia, espetáculo de Christiane Jatahy, e Bernardo Carvalho, de Arquivo.

Canção de muito longe

Canção de muito longe

Uma das mesas de discussão mais esperadas acontece no dia 15, às 11h, no Itaú Cultural, com Josete Féral, José Antonio Sánchez, Kil Abreu e Luiz Fernando Ramos.

Crítica

O Satisfeita, Yolanda? participa mais uma vez da MITsp como integrante do coletivo DocumentaCena, formado ainda pelos espaços virtuais Teatrojornal, Questão de crítica e Horizonte da Cena. Ao DocumentaCena, juntam-se outros críticos convidados – Beth Néspoli, Daniel Schenker, Michel Fernandes, Ruy Filho e Wellington Andrade – para que todos os espetáculos possam ter pelo menos três apreciações críticas. Os textos vão circular em publicações impressas nos próprios teatros e serão postados também no blog Olhares críticos, dentro do site da MITsp. Os textos dos integrantes do coletivo DocumentaCena serão publicados também aqui no Satisfeita, Yolanda?.

Oficina DocumentaCena

O DocumentaCena propôs também uma laboratório de crítica de teatro, que será realizado dias 11 e 12 de março, das 10h às 14h, no Centro de Pesquisa e Formação, no Sesc SP. O encontro pretende debater questões inerentes à crítica teatral, desde um recorte histórico sobre a crítica no Brasil, até a relação com outras artes, as especificidades da crítica jornalística e acadêmica e o local do espectador diante da crítica. As inscrições para a oficina estão abertas e podem ser feitas através do e-mail inscricoes@mitsp.org .

Confira a programação da MIT no site da mostra.

E se elas fossem para Moscou? Foto: Aline Macedo

E se elas fossem para Moscou? Foto: Aline Macedo

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