Protesto contra uma lei antiquada na porta do Teatro de Santa Isabel, um show belíssimo e do maestro Spok com participação especial do Velho Mangaba, espaço para desdobramentos da parceria com TV Globo; reconhecimento por parte dos organizadores da atuação da deputada Luciana Santos e uma fala contundente de uma produtora, que da plateia cobrou ações mais concretas e união dos artistas para exigir uma política cultural efetiva do estado e do município. Teve de tudo um pouco na entrega do Prêmio Apacepe de Teatro e Dança, cerimônia de premiação do 22º Janeiro de Grandes Espetáculos. O clima dominante era de fraternidade. Alegria dos vencedores, confraternização.
O ator e produtor Júnior Sampaio subiu ao palco para dar a boa-nova. A secretária de cultura do Recife, Leda Alves, revogou a norma que proibia a entrada do público com trajes informais. Isso é de bermuda, ou short. Datada de 1960, a regra foi motivo do uso da peça, articulada e engrossada pelas redes sociais.
A realização do evento foi reconhecida como uma ação política de resistência nesses tempos de crise e da não prioridade dada à cultura pelos governantes.
Bem, como comentou o produtor Paulo de Castro, sentado ao lado, que prêmio é algo que mobiliza as pessoas da classe. E mais, Paulo Baixinho. Prêmio redireciona carreiras. Transforma um desconhecido em celebridade. Lógico que depende da área e do valor real e simbólico da honraria.
De todo modo, as escolhas passam pela subjetividade dos juízes. Neste ano o trio que definiu os melhores da dança foram Maria Paula Costa Rêgo, Mônica Lira, Sandra Rino, coreóografas e bailarinas de grande prestígio na cidade. A trindade do teatro para infantil e adulto foi formada por Fernando Limoeiro, Magdale Alves, Maria Rita Freire Costa, artistas e professores, profissionais experientes na comissão do Janeiro.
Sebastiana e Severiana levou muitos troféus numa edição de poucas disputas para a esse braço. A montagem para adulto Sistema 25 foi o principal vencedor da noite. Hilda Torres teve mais um motivo para celebrar seu aniversário, com o troféu de melhor atriz pela peça Soledad – A Terra é Fogo Sob Nossos Pés.
Fraturas, do Coletivo Trippé, de Petrolina/PE, arrebatou os títulos de melhor espetáculo de dança, coreografia, bailarino revelação, figurino. E o júri conferiu um prêmio especial para o bailarino e coreógrafo da Compassos Companhia de Dança, Raimundo Branco.
Senti falta nas indicações do espetáculo do Grupo Magiluth, O ano em que sonhamos perigosamente. Como a trupe sinaliza, “uma obra aberta a múltiplas interpretações, um ensaio de resistência ético-estético-político”.
Como também da indicação da atriz Fabiana Pirro, por seu desempenho no espetáculo Grito de Guerra, Um Grito de Amor, dirigida por Moncho Rodriguez, com Asaías Rodrigues e Gilberto Brito no elenco. Ela faz vários papeis e apresenta um amadurecimento interpretativo que merece ser reconhecido.
PRÊMIO APACEPE DE TEATRO E DANÇA 2016
TEATRO ADULTO
MELHOR ESPETÁCULO
Sistema 25 – Grupo Cênico Calabouço e Grupo Teatral Risadinha – Recife/Camaragibe/PE
MELHOR DIRETOR
José Manoel – Sistema 25
MELHOR ATOR
Alexandre Guimarães – O Açougueiro
Walmir Chagas – Saudosiar… A Noite Insone de Um Palhaço…
MELHOR ATRIZ
Hilda Torres – Soledad – A Terra é Fogo Sob Nossos Pés
MELHOR ATOR COADJUVANTE
Emanuel David D’lucard – Sistema 25
Robson Queiroz – Sistema 25
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Natascha Falcão – Luas de Há Muito Sóis
ATOR REVELAÇÃO
Filipe Enndrio – Cabaré Diversiones
ATRIZ REVELAÇÃO
Danielle Sena – Abraço – Nunca Estaremos Sós
MELHOR SONOPLASTIA OU TRILHA SONORA
Samuel Lira – Sistema 25
MELHOR ILUMINAÇÃO
Dado Sodi – Em Nome do Pai
MELHOR CENÁRIO
O Grupo – Sistema 25
MELHOR FIGURINO
Célio Pontes – Angelicus Prostitutus
MELHOR MAQUIAGEM
Célio Pontes – Angelicus Prostitutus
O JÚRI CRIOU UM PRÊMIO ESPECIAL
Companhia Cênicas de Repertório
CORPO DE JURADOS:
Fernando Antônio de Mélo (Fernando Limoeiro):
Magdale Alves
Maria Rita Freire Costa
Coordenação/Produção de Júri: Augusta Ferraz
TEATRO PARA A INFÂNCIA
MELHOR ESPETÁCULO
Sebastiana e Severina – Teatro Kamikase – Olinda/PE
MELHOR DIRETOR
Claudio Lira – Sebastiana e Severina
MELHOR ATOR
Anderson Machado – Cavaco e Sua Pulga Adestrada
MELHOR ATRIZ
Zuleika Ferreira – Sebastiana e Severina
MELHOR ATOR COADJUVANTE
Luis Manoel – Sebastiana e Severina
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Tâmara Floriano – Sabores e Saberes do Milho
ATOR REVELAÇÃO
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ATRIZ REVELAÇÃO
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MELHOR SONOPLASTIA OU TRILHA SONORA
Demétrio Rangel – Sebastiana e Severina
MELHOR ILUMINAÇÃO
Jatyles Miranda –Sebastiana e Severina
MELHOR CENÁRIO
Marcondes Lima – Sebastiana e Severina
MELHOR FIGURINO
Marcondes Lima – Sebastiana e Severina
MELHOR MAQUIAGEM
Marcondes Lima –Sebastiana e Severina
CORPO DE JURADOS:
Fernando Antônio de Mélo (Fernando Limoeiro)
Magdale Alves
Maria Rita Freire Costa
Coordenação/Produção de Júri: Augusta Ferraz
DANÇA
MELHOR ESPETÁCULO
Fraturas – Coletivo Trippé – Petrolina/PE
MELHOR COREOGRAFIA
Maurício de Oliveira – Fraturas
MELHOR BAILARINO
Gervásio Bráz – Passo
MELHOR BAILARINA
Karina Leiro – Bailaora
BAILARINO REVELAÇÃO
Wagner Damasceno – Fraturas
BAILARINA REVELAÇÃO
Rafaela Wanderley – Bailaora
MELHOR ILUMINAÇÃO
Cleison Ramos – Bailaora
MELHOR FIGURINO
Maurício de Oliveira – Fraturas
MELHOR CENÁRIO
Joana Veloso – La Plage
MELHOR SONOPLASTIA OU TRILHA SONORA
Eduardo Bertussi – Bailaora
PRÊMIO ESPECIAL
Raimundo Branco
CORPO DE JURADAS:
Maria Paula Costa Rêgo
Mônica Lira
Sandra Rino
COORDENAÇÃO/PRODUÇÃO DE CORPO DE JÚRI: Augusta Ferraz
Senti imensa falta das indicações de melhor espetáculo e direção para o espetáculo infantil “Sabores e Saberes do Milho”, que no seu hibridismo entre linguagens (ator narrador, bonecos, música, a linguagem do palhaço imbuídos nos atores Tamara Floriano e Fábio Caio e claro, o ineditismo da gastronomia valorizando no roteiro a lenda do milho tão importante para as nossas crianças da atualidade conhecerem. Um espetáculo de multirreferencialidades que envolve tanto o público de crianças como de adultos, e que busca uma nova fase do teatro, que já é de grande escala na Europa e em outros estados do Brasil. A trilha sonora original de Fernando Escrich é espetacular pois de certa forma foge das regras antiquadas e leva a criança a imediatamente cantar a música e sair do teatro cantando. Enfim, como dependemos das “subjetividades” dos jurados, devemos respeitar as escolhas e claro parabenizar o belo trabalho do espetáculo vencedor que também é lindo. Mas deixo aqui a minha surpresa pelas não indicações e a surpresa dos muitos que assistiram.