Suassuna – O auto do Reino do Sol, o título já entrega, é sobre o universo do mestre Ariano Suassuna (1927 – 2014), escritor brasileiro “de Taperoá”, celebrado pela passagem de seus 90 anos. O musical que estreou há pouco e está em cartaz no Rio de Janeiro (RJ), até 20 de agosto, envereda pelos lugarejos do Sertão nordestino para tratar da guerra sangrenta entre as famílias rivais de dois jovens apaixonados. O espetáculo da trupe teatral Barca dos Corações Partidos abre nesta quinta-feira a 17º. edição do FIT – Festival Internacional de Teatro de Rio Preto, no interior de São Paulo.
A peça dirigida pelo ator paraibano Luiz Carlos Vasconcelos, com texto do compositor e escritor Braulio Tavares, também paraibano, e músicas de outro paraibano Chico César (em parceria com Beto Lemos e Alfredo Del Penho e colaborações de Braulio Tavares) articula elementos circenses e tragédias sertanejas. Um bando de artistas saltimbancos do circo-teatro vagueia em meio a retirantes, coronéis e jagunços atravessado pelo amor de um casal de castas inimigas
Nesta edição o FIT Rio Preto conta com 23 espetáculos. Em dez dias, 50 apresentações ocorrem em 14 locais da cidade.
Criado como Festival Nacional de Teatro Amador em 1969, o programa era uma referência brasileira. Em 2001 foi firmada uma parceria entre a prefeitura da cidade e Sesc e o programa assumiu o status internacional como Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto. Problemas políticos desfizeram o convênio, que provocou uma queda de produção no FIT.
Com a parceria refeita este ano, o festival busca se reinventar e é realizado com um orçamento em torno de R$ 1,5 milhão (da prefeitura e do Sesc). A curadoria é assinada por Adriana Souza, Graziela Nunes e Jorge Vermelho.
São quatro espetáculos internacionais – África do Sul, Colômbia, Polônia e Portugal, 16 encenações nacionais, três montagens na Cena Rio Preto, 14 ações formativas, 10 encontros no Bar Cultural do FIT, no Graneleiro da Swift.
Uma das atrações internacionais do FIT Rio Preto junta texto francês, diretor polonês e atrizes brasileiras. A versão do jovem encenador Radosław Rychcik para a peça As Criadas, de Jean Genet, é uma coprodução entre Brasil e Polônia (prod.art.br, em parceria com o Instituto Adam Mickiewicz atuando sob a marca Culture.pl) que estreia na sexta (7) e faz mais duas sessões nos dias 8 e 9.
Madame, a patroa que oprime as duas criadas, é interpretada por Denise Assunção, que é negra. Magali Biff, Bete Coelho, brancas, fazem as empregadas. Para ampliar as discussões sobre discursos de dominador e dominado.
Sabemos que as duas criadas arquitetam a morte da patroa. Enquanto experimentam as roupas e chapéus da Madame, Solange e Claire reproduzem uma rotina de opressão, em cenas de revelações de ódio e inveja. Nesta montagem, três poltronas são colocadas uma ao lado da outra. Uma banda fica atrás e produz os climas com a trilha sonora. E há também projeção que reproduz os semblantes das interpretes.
And So You See (Então Você Vê…), mistura dança e performance, criado pela coreógrafa sul-africana Robyn Orlin, que orquestra uma experiência sobre gêneros, em parceria com o performer Albert Ibokwe Khoza.
Los Incontados – Un Tríptico (Os Incontados – Um Tríptico), do coletivo colombiano Mapa Teatro, de Bogotá, trabalha artisticamente sobre a questão da violência histórica que domina o país há mais de 50 anos.
A quarta montagem internacional é da portuguesa Má-Criação, As Cidades Invisíveis. A partir do livro homônimo de Ítalo Calvino são traçados fios de conexões entre literatura, teatro e outras artes para buscar sentidos nos nomes femininos das cidades descritas na obra.
A programação completa pode ser acessada no site fitriopreto.com.br
FIT RIO PRETO
QUANDO 6 a 17/7
ONDE São José do Rio Preto (SP)
PROGRAMAÇÃO fitriopreto.com.br