Nesta semana (mais precisamente na quinta-feira) a Prefeitura do Recife anunciou que estava com as inscrições abertas para os espetáculos pernambucanos que desejam participar do 15º Festival Recife do Teatro Nacional. O que me chamou a atenção foi a frase: “O material das peças será apresentado à curadoria do festival, responsável pela programação do evento, que acontece de 25 de novembro a 2 de dezembro deste ano”. Fica claro que o período do festival já está definido. E que existe uma curadoria do festival, que não estava nominada na nota.
Para quem acompanha mais de perto os festivais de teatro sabe que o curador apalavrado por dois anos pelo então secretário de cultura, Renato L, era o jornalista e pesquisador paulista Valmir Santos. Ele foi o curador do ano passado e avaliador no ano anterior.
Pouco tempo depois soube que os curadores deste ano são o diretor paulista Francisco Medeiros e a atriz pernambucana Lúcia Machado, que já foi diretora do Teatro Apolo-Hermilo e do próprio festival.
Francisco Medeiros já esteve entre nós, com pelo menos três trabalhos. Com o grupo paulista Pode Entrar que a Casa é Sua trouxe o espetáculo O que morreu mas não deitou, apresentada no Forte do Brum na 7ª edição do festival recifense. Na 10ª esteve na cidade com O pupilo quer ser tutor, texto de Peter Handke, com produção da Cia. Teatro Sim… Por que não?!!! , de Santa Catarina. Veio também com a Cia. Lazzo em 2009 com Réquiem. Francisco Medeiros é um artista respeitadíssimo e muito gente boa.
Em maio, durante o festival Palco Giratório, promovido pelo Sesc, o até então curador Valmir Santos esteve no Recife e conversou com a secretária de Cultura, Simone Figueiredo, e com o presidente da Fundação Cultura André Brasileiro. Estamos em julho e até ontem, quando falei com o Valmir pelo telefone, ninguém da Secretaria de Cultura do Recife ou da Fundação da Cidade do Recife teve a dignidade de avisá-lo que ele estava dispensado. Nem o diretor do festival Vavá Schön-Paulino ou ninguém da coordenação de teatro. O que, no meu entendimento, é mais que lamentável – é uma falta de respeito com um profissional sério, que já havia feito um planejamento para este ano com alguns espetáculos desde 2011.
Então temos de um lado um problema de ética, de não avisar ao curador Valmir Santos que ele está dispensado de seus serviços e do outro lado um novo curador com pouquíssimo tempo para compor a grade de um festival que chega ao 15º ano. Além de problemas pendentes tanto da Secretaria quando da FCCR que deixaram de fazer o pagamento a alguns grupos, que reclamam até hoje. A atuação de Renato L, na Cultura e de Luciana Felix, na Fundação de Cultura, é apontada pelos trabalhadores e consumidores de cultura como a pior dos últimos tempos.
Talvez seja o momento de cobrar dos candidatos propostas mais transparentes e compromissos mais firmes com a área. E espero que o silêncio não impere sobre o assunto.
Que situação… Falta de ética total.
Como a Prefeitura articula mais uma edição do Festival sem ter pago as dívidas (com grupos de teatro, por exemplo) do anterior? SE a imprensa tiver curiosidade vai descobrir que o buraco é maior: há serviços de edições ainda mais antigas que até hoje não foram pagos. Péssimo para a imagem da cidade. O Festival de Recife vai passar a ser reconhecido nacionalmnete como o festival do calote: vá, se apresente, mas não espere receber.
Vamos ver o que será dessas mudanças, espero que se tenha um olhar mais cuidadoso para com a produção local. Quem sabe teremos uma representatividade maior esse ano não é?
No aguardo das notícias…
Toni
Ciclo vicioso de uma gestão decadente, vício de um serviço público que não tem integridade nem capacidade de gerir as demandas da sociedade civil. Essa situação depassa os limites da falta de respeito, esqueceram de citar a famosa dança das cadeiras, um acoberta a sujeira do outro. Façam um retrospectiva quais foram os coordenadores do festival até os dias de hoje? a quem eles estavam ligados? de que “tchurma” fazem parte? Nas próximas “ouvidorias” organizadas pela classe, sejamos corajosos, coloquemos as cartas na mesa, arregacemos as mangas, “desnudemos o rei”…pois só assim avançaremos em nossas reinvidicações, principalmente na construção de políticas pùblicas eficientes que contribua de fato com a “cultura”.
É de espantar, realmente! Tantas promessas, tantas omissões, uma classe desprestigiada e muitos à míngua, desesperadamente tentando receber o que lhes é de direito. É assim que vemos o quanto a Arte é vista como apenas um negócio, sem respeito, sem ética, sem um mínimo de consideração, e mesmo sendo um negócio, apenas alguns devem lucrar. Artista está virando, para muitos, sinônimo de otário e pedinte! Vergonha!