A dramaturgia grega e a cultura nordestina são articuladas pelo teatrólogo Hermilo Borba Filho na peça Electra no Circo, escrita em 1944 e publicada pelo TEP na coletânea Teatro de 1952, em conjunto com os textos João Sem Terra (1947) e A Barca de Ouro (1949). Electra no Circo tem leitura dramatizada nesta quinta-feira (27/07), às 20h, no Centro Cultural Raimundo Carrero, no Recife. A ação integra o Circuito de Leituras Teatrais Dramatizadas da Literatura Pernambucana do Centro Cultural Raimundo Carrero e reforça as celebrações dos 100 anos de HBF. Participam do programa os atores Fabiana Pirro, Ana Nogueira, Sílvia Góes, Cláudio Ferrário, Anaíra Mahin, Johann Brehmer e Rildo de Deus. O projeto conta com o patrocínio da Copergás e tem entrada franca.
Sófocles e Eurípedes criaram suas versões da tragédia grega Electra, textos inspiradores de outros, como Electra de Eugene O’Neill (Mourning becomes Electra/Electra torna-se enlutada). Na trama grega, Orestes, filho de Agamênon, rei de Micenas, se vinga dos assassinos de seu pai, com a cumplicidade de sua irmã Electra.
Borba Filho desloca o drama para a realidade popular nordestina, ambientado em um circo, com a inserção de elementos das manifestações da cultura popular cômica e das festas públicas e carnavalescas. “O texto apresenta diálogos ligeiros de forma a alcançar efeito circense, de grande empatia com o público”, pontua Carrero.
Ana Nogueira, uma das atrizes da leitura – que faz o Palhaço – foi quem insistiu por esse texto. “Carrero sugeriu Sol das Almas, que é um livro muito profundo, pouco falado, de Hermilo. Seria ele, mas não teria papel para todos. E ainda teríamos que fazer a adaptação. Quando eu estava comprando Sol das Almas na Estante Virtual, apareceu, entre as obras de Hemilo, a Electra no Circo. Lemos juntas, Fabiana (Pirro), Silvinha (Góes) e eu, e foi amor à primeira lida”, conta. “Amamos, sobretudo, os diálogos e as possibilidades cênicas da peça. E porque também somos todos de circo”.
O picadeiro vira palco de intrigas familiares e contendas por poder da trupe circense, desejo de vingança e mortes. A trama se passa em dois planos. Mas isso o espectador só irá entender ao final. O elemento fantástico aparece na obra, que conta com a presença dos coros dos serventes e das crianças que acompanham durante toda a a teia de ações dos personagens principais.
A Moça do Arame de Borba Filho seria o equivalente à Electra. Seu pai, o Dono do Circo, foi assassinado por sua mãe, a Equitadora, com o objetivo de se casar com o Domador. A protagonista anseia vingança e para isso conta com a colaboração do irmão, O Rapaz do trapézio e o apoio do Palhaço
No primeiro ato, “Antes do espetáculo”, é exposta a situação e a morte do Dono do Circo. O segundo ato, “Durante o Espetáculo”, mostra a efetivação do complô para forjar a queda do Domador do trapézio. Surge um segundo plano, que remete a um sanatório, com um paciente que se apresenta como Orestes. Os dois planos se interpõem. No terceiro ato “Depois do espetáculo”, o cara do sanatório tem alucinações com a Moça do Arame, o Palhaço e o Dono do Circo e a trama segue para uma elucidação com a junção dos planos.
Ficha Técnica
Direção: Coletiva (o grupo)
Produção: Fabiana Pirro e Ana Nogueira
Elenco: Fabiana Pirro, Ana Nogueira, Sílvia Góes, Cláudio Ferrário, Anaíra Mahin, Johann Brehmer e Rildo de Deus.
Serviço
Onde: Centro Cultural Raimundo Carrero (avenida João de Barros, 1648 – Galeria Alameda João de Barros – em frente ao supermercado Extra)
Quando: Quinta-feira (27/07), às 20h
Duração: 1h
Entrada franca.