Destino trágico das gregas… ou nem tanto

Três Tristes Gregas, com Suzana Costa, Sônia Bierbard e .Foto Gustavo

Três Tristes Gregas, com Suzana Costa, Sônia Bierbard e Isa Fernandes. Foto Gustavo

Desforra, trapaça, morte por (in)justiça. Pathos pesado dessas gregas. Como se sabe, o mito de Orestes remonta ao ciclo troiano e trata da vingança dos filhos de Agamêmnon, Orestes e Electra, contra a mãe Clitemnestra e Egisto, pelo assassinato do pai. Aparece na Oresteia, do dramaturgo grego Ésquilo – composta pelas tragédias Agamemnon, Coéforas e Euménides; na Electra, de Sófocles e na Electra, de Eurípides.

O mito de Fedra ganha pequenas variações em Eurípides, Sêneca e Racine, a partir dos contextos grego, romano e clássico francês. Mas basicamente mostra a destruidora paixão de uma mulher por seu enteado. Fedra era esposa de Teseu. Apaixonou-se por Hipólito, filho ilegítimo do marido. Rejeitada, ela acusa, falsamente, o filho adotivo de violação. E depois se mata.

Sarah Kane diagnosticou a degeneração da sociedade em O Amor de Fedra. Na releitura da dramaturga britânica são expostas as feridas do mundo contemporâneo que recebe tempero da hipocrisia, do cinismo e da atitude misógina.

Antígona é a continuação dramática de Édipo Rei, de Sófocles, que parece ter deixado a desgraça como legado aos quatro filhos (Etéocles, Polinice, Antígona e Ismênia). Etéocles assume o governo, mas não respeita o trato de revezamento de poder com o irmão Polinice. Em conflito os dois se matam e o tio Creonte – irmão de Jocasta, esposa de Édipo – decreta que Etéocles, receba as honrarias fúnebres e Polinice não. E ameaça com morte a quem desobedeça suas ordens. Antígona não aceita a determinação que considera arbitrária, por não respeitar as leis naturais mais antigas ou divinas que pregavam que todo homem tem o direito ao devido sepultamento.

Três Tristes Gregas, com Suzana Costa, Sônia Bierbard e .Foto Gustavo Túlio /Divulgação

O texto é de Moisés Neto e a direção da leitura é de Cira Ramos. Foto Gustavo Túlio /Divulgação

A leitura dramatizada Três Tristes Gregas… é a única atração desta segunda-feira do 23º Janeiro de Grandes Espetáculos. Com direção Cira Ramos, a ação conta com Sônia Bierbard no papel de Elektra, Suzana Costa como Fedra e Isa Fernandes na pele de Antígone.

O escritor e dramaturgo Moisés Monteiro de Melo Neto vem com uma releitura da tragédia grega através das personagens femininas Fedra, Antígona e Elektra. Ele anuncia que tirou o mito do pedestal para fazer bulir ao rés-do-chão. E mistura o trio grego “com alcoviteiras, farrapos humanos e vícios” para ressaltar o papel das mulheres na Grécia antiga. Alardeia ambição esse texto que tem a “intenção de atingir o limite entre o justo e o injusto” daquela sociedade, mas para isso usa a lâmina do humor em combinação com a seriedade e o grotesco. Mas isso é apenas uma primeira leitura.

Ficha Técnica
Três Tristes Gregas
Texto: Moisés Monteiro de Melo Neto
Elenco: Isa Fernandes, Sônia Bierbard e Suzana Costa
Produção Executiva: Mísia Coutinho (METRATON)
Make up: Fê Uchoa
Design de luz: Eron Vilar
Sonoplastia: Fernando Lobo
Orientação corporal: Márcia Rocha
Criação de figurinos e adereços: Xuruca Pacheco
Programação visual: Ronaldo Tibúrcio
Participação especial voz na abertura: Magdale Alves

SERVIÇO
Três Tristes Gregas…
Quando: 23 de janeiro (segunda), às 20h
Onde: Teatro Arraial (Rua da Aurora, 463, Boa Vista), Recife
Quanto: R$ 20 e R$ 10 (meia)

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