Inclusive, a escritora desenvolve um romance sobre a fundação de Garanhuns, a partir da trama da índia Simôa Gomes, que ofereceu suas terras para a construção da antiga Igreja de Santo Antônio.
Com 40 minutos de atraso, a abertura oficial, como de praxe, contou com a oratória das autoridades: presidente da Fundarpe, Márcia Souto; secretário de Cultura, Marcelino Granja; prefeito de Garanhuns Ízaías Régis. Além da presença do governador do estado, Paulo Câmara, que no seu discurso fez questão de destacar quão rica é a cultura pernambucana e o festival valoriza essa cultura. Depois da solenidade Câmara voltou para o Recife.
Porcelana é um espetáculo suave, em que os dois artistas celebram o valor da amizade. Isso foi traduzido no repertório escolhido, que passeia por clássicos da música brasileira. Mas também pontuam os desatinos do amor e os seus sofrimentos.A atriz Ceronha Pontes fez intervenções poéticas, recitando trechos do romance Rios Turvos. Ela narrou a trágica história amorosa do português Bento Teixeira com a brasileira Filipa Raposa. Com elegância e um acento emocionado na voz, a intérprete ganhou além da plateia, uma nova fã, a própria Luzilá.
Os dois cantores dividiram músicas e se revezaram no protagonismo do palco. Os dois contaram com uma banda de feras, os músicos Maurício Cézar (piano e bandolim), Cláudio Moura (violões e viola), Adilson Bandeira (sax, clarone e clarinete) e Tomás Melo (percussão).
Alaíde Costa iniciou o espetáculo com Bachianas Brasileiras nº 5, de Heitor Villa-Lobos, à capela. Um deslumbramento. Só isso, já valia a noite. Uma cantora com sua história artística, com quase 80 anos de idade, ali, entregue, generosa para o público que lotou o teatro. Uma mistura de elegância e timidez. E com interpretação única.
Ela também cantou Estrada do Sertão (João Pernambuco e Hermínio B. de Carvalho); Medo de Amar, de Vinícius de Moraes (interpretação tão linda quanto a de Nana Caymmi), Amigo Amado, uma parceria de Alaíde com Vinícius de Moraes) e Me deixa em paz.
A apresentação durou cerca de duas horas, em que os intérpretes passearam pelas músicas da MPB. Além do repertório que desperta uma sentimentalidade, da capacidade de aglutinar talentos, Gonzaga Leal tira partido de sua voz nas canções que apresentou como Amigo é Casa, de Capiba e Hermínio Bello de Carvalho.Porcelana é uma prévia do disco que a dupla vai lançar ainda este ano.
As outras vozes femininas que dominaram a noite no Palco Dominguinhos, antiga Praça Guadalajara, foram Kiara Ribeiro, Renata Rosa com disco Encantações, Isaar junto com o coral Voz Nagô e Ana Carolina. Mas minha garganta me mandou para a cama.