Nascida Abigail Izquierdo Ferreira, a nossa diva maior Bibi Ferreira, tem sabedoria suficiente para não levar a vida tão a sério. Ela brinca com as noções prosaicas de novo e velho já na abertura do seu espetáculo 4XBIBI, que celebra 75 anos de carreira, nas sessões de hoje e amanhã, às 21h, no Teatro RioMar, no Recife. Ela entoa o sucesso de Raul Seixas Eu nasci há dez mil anos atrás. “Foi meu maestro quem me deu para cantar. Já conhecia a música. E agora fiz uma versão para o inglês, que levarei a Nova York”, contou em entrevista coletiva a artista, que tem duas apresentações agendadas no Sky Terrace, em Nova York, nos Estados Unidos, nos dias 21 e 23 de setembro.
O 4X do título se refere repertório composto, principalmente, por canções de Carlos Gardel, Frank Sinatra, Amália Rodrigues e Edith Piaf. Mas também entram músicas gravadas por Elizeth Cardoso e Clara Nunes. Entre um número musical e outro, Nilson Raman – que assina o roteiro com o maestro Flávio Mendes e Bibi – narra algumas histórias da carreira da artista desde sua estreia, em 1941, como Mirandolina, da peça La locandiera, de Carlo Goldoni quando tinha 18 anos, sob direção do seu pai, Procópio Ferreira, um dos maiores nomes da história do teatro brasileiro.
Gardel a acompanha desde criancinha, pois sua mãe, a corista Aida Izquierdo Ferreira, espanhola radicada na Argentina, integrava a companhia Velasco, e ela viajou por toda a América do Sul, do Norte, Cuba, na companhia materna. De Gardel ela interpreta Esta noche me emborracho, Cuesta abajo. Piaf é uma marca na sua carreira e ela leva L’accordéoniste, A quoi ça sert L’amour e Non, je ne regrette rien. Da portuguesa Amália, ela mostra Fadinho serrano e Povo que lavas no rio. De Sinatra, sua grande inspiração ela canta, All the way e The lady is a tramp. Entre outras.
Aos 94 anos completados no dia 1º de junho, a artista reforça que não para de trabalhar enquanto estiver com saúde. E confessa que para garantir tanta disposição, leva uma vida simples. Não fuma, não bebe álcool nem toma gelado.
Sua última peça foi Às Favas Com Os Escrúpulos, de Juca de Oliveira. Depois disso não encontrou um texto que a motivasse. Mas ela já enviou vários recados cobrando uma nova comédia ao Juca, para fazer o público rir.
Dos espetáculos musicais ela avalia que o mais importante foi Bibi in Consert nº 1, sob a regência de Henrique Morelenbaum (maestro e professor de origem polonesa. pai do violoncelista, maestro e produtor musical brasileiro. Jacques Morelenbaum. “Foi um conserto eclético, com repertório de grandes compositores principalmente os nossos, Villa-Lobos, Francisco José e compositores populares”.
Bibi lembra de Capiba e do tempo em que passou no Recife, no período que dirigiu o elenco do Teatro de Amadores de Pernambuco (TAP), em 1956, no espetáculo Bodas de Sangue. “Foi um sucesso enorme, era gente muito apta para representar, que se entregou inteiramente ao trabalho”, saúda.
Publicamos sobre esse espetáculo: Diva absoluta celebra 75 anos de carreira
SERVIÇO
Bibi Ferreira em 4xBibi
Quando: sexta (9) e sábado (10), às 21h
Onde: no Teatro RioMar (Av. República do Líbano, 251, 4º piso).
Ingressos: R$ 220 e R$ 110 (balcão nobre); R$ 240 e R$ 120 (plateia alta); e R$ 260 e R$ 130 (plateia baixas)
Informações: 4003-1212